Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Alfonso narrando:

Caminhei até a recepção, ignorando o tal garoto que ainda estava parado no corredor. Sentei-me em uma das cadeiras que havia por lá, e suspirei imaginando como seria a conversa dos dois. Anahí não iria gostar nada do que seu pai tinha a dizer. Anahí com certeza surtaria, e ainda descontaria sua raiva em mim.
Mordi o cantinho da minha boca e bufei, jogando meu corpo para trás, relaxando-me na cadeira. Beatriz sentou ao meu lado e entortou os lábios.

-Não fica assim, gordo. Campinas não é passeio, é trabalho. Precisamos resolver nossas coisas. A menina vai entender, ou será obrigada a isso.

Beatriz passou a me chamar de gordo quando tivemos que almoçar juntos com Ricardo para resolvermos alguma coisas pendentes. A comida do restaurante estava tão boa, que repeti duas vezes e ainda comi duas sobremesas diferentes. A conta era toda paga pela empresa que Ricardo defenderia o caso, e estávamos liberados a comermos o que tivéssemos vontade. Bom, para mim missão dada era missão cumprida. E desde lá, Beatriz me apelidou dessa forma. Eu às vezes a chamava de gorda, mas tentava não colocar intimidade demais entre nós. Não iria ser legal misturar as coisas. Eu não tinha tanta certeza de que Anahí entenderia o que Ricardo queria impor, mas não tinha outro jeito, e a branquinha teria que ao menos aceitar. Ricardo não havia deixado que viajasse comigo, apesar de ter ficado feliz quando eu comentei que estávamos namorando.

Pelo menos foi o que pareceu.

Mas, mesmo assim, ele não queria que misturássemos as coisas, então, pediu para que eu fosse sozinho com a Bia. Aliás, não me deu escolha. Ou eu ia com a Bia ou eu ficava, mas poderia correr o risco de não ter uma próxima vez. Dinheiros extras não eram demais.

- Eu sei que é trabalho, sei separar as coisas. Mas Anahí é minha namorada, queria que fosse comigo.

- Estão namorando desde quando? Ontem? – ela riu – Poncho, é trabalho. Se reclamar com o Ricardo é capaz dele te achar abusado. Pensando que está namorando Anahí somente para colocar as manguinhas de fora.

A olhei incrédulo mas voltei a minha posição original, olhando para a Joana, mas com a mente na sala do Ricardo. Cocei a nuca e respirei fundo, tentando não ser grosso com a menina.

- Não importa se só faz algumas horas que estamos namorando – a olhei – Eu amo Anahí faz um tempo, e eu queria sim que ela me acompanhasse. Mas eu sei meu lugar, Bia, não se preocupe. Eu jamais namoraria a filha do Ricardo, ou qualquer outra pessoa, somente por interesse. Minha mãe me educou bem.

Beatriz se levantou sem graça, e eu percebi que talvez tivesse sido rude demais. Passei as mãos no rosto e a olhei arrependido.

- Me desculpa. Eu estou nervoso, Bia – suspirei – Eu só queria que entendesse que mesmo que ela fosse comigo, jamais deixaria meu trabalho para depois. E a Anahí entende quando tenho que trabalhar.

- Percebi isso hoje – balançou a cabeça negativamente – Mas, tudo bem. Não tenho direito de me meter na sua vida, e sinto muito por ela não poder ir junto.

Caramba! A menina simplesmente não entendia que Anahí havia chegado de viagem no dia anterior. A saudade era muita, a vontade de estarmos um ao lado do outro era ainda maior. Foi apenas um deslize, coisa que jamais ocorreu antes. A branquinha entendia quando eu tinha que trabalhar, entendia até minhas horas-extras.

Respirei fundo e preferi não dizer mais nada. Acho que Beatriz era tão cabeça dura quanto eu. E dois ímãs de polos iguais simplesmente não tinham conexão. Se eu fosse retrucar, poderia sair uma discussão ainda maior, e era tudo o que eu menos queria. Ainda mais de cabeça quente da maneira que eu estava.

Fiquei calado, somente olhando para frente e imaginando como estava sendo a conversa.

Quinze minutos e nenhum grito, nem porta batendo, nada que indique ser a pior conversa. Estava começando a relaxar, quando ouvir Ricardo chamar pela Anahí.

Pensei cedo demais que tudo estava resolvido.