Fanfics Brasil - Capítulo 75 Os Opostos Se Completam

Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos


Capítulo: Capítulo 75

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Anahí narrando:



Eu queria descansar, mas minha cabeça não parava de latejar. Fiquei imaginando meu pai chegando em casa com a cara mais séria possível, e eu levar aquela bronca que marcaria minha vida para sempre. Castigo eu sabia que estava. Bom, é a cara do meu pai fazer isso.
Respirei fundo deixando meus pensamentos de lado e me despi ali no quarto, mesmo. Coloquei minhas roupas no cesto dentro do banheiro, liguei o rádio e entrei no box dançando. Tentando não pensar em mais nada que pudesse me entristecer.



Lavei minha cabeça e demorei cerca de quarenta minutos. Desliguei o chuveiro, me enxuguei, enrolei-me na toalha e saí do banheiro, dando de cara com Alicia sentada na minha cama.



- Cadê a privacidade? – disse irônica, enquanto caminhava até meu guarda-roupa para pegar uma calça de moletom e uma camiseta leve. Peguei uma lingerie e joguei sobre a cama, ao lado da Alicia.



- Hum – revirou os olhos, ao ver a cor das minhas peças íntimas.
Eram vermelhas.



- O que foi? Não usa? – sorri cínica – Fazer o que se não namora?



Eu poderia estar cutucando a onça com vara curta, mas só de sentir a presença da Alicia, eu já ficava na defensiva. Algo sempre me dizia que ela iria aprontar.



Seu olhar lançado à mim, foi o mais raivoso possível. Mas logo se transformaram em tristeza.



Pronto, o teatro iria começar.



- É, eu não tenho – entortou os lábios – Você tem?



Alicia pensava que era fácil jogar verde comigo para colher maduro, mas eu não era tão ingênua quanto pensava. Não que tivesse problema dizer que tinha namorado. Meu pai sabia e fez muito gosto quando soube que era Alfonso, mas, eu sabia que era tudo teatro da Alicia, e se eu confirmasse, com certeza viraria a cabeça do meu pai, ou faria alguma coisa só para me ver por baixo.



Não respondi. Desenrolei-me da toalha, coloquei minhas peças íntimas, a roupa e caminhei até o banheiro.



- Cadê meu pai? – perguntou com aquela maneira dela, como se fosse a dona do mundo.



- Escritório – pendurei a toalha – Acho que vai ficar a tarde toda por lá.



Voltei para o quarto, e ela mexia no meu celular. Infelizmente eu não tinha colocado senha, era apenas deslizar o dedo na tela de bloqueio e estava tudo liberado. Idiota da minha parte, eu sei.



Arregalei meus olhos assim que vi meu celular em suas mãos, e dei passos largos em sua direção. Alicia deu risada e esquivou-se de mim, dando continuidade a sua leitura.



- Dê meu celular, Alicia! – bradei, olhando-a com a imensa fúria que senti naquele momento.



Alicia não me devolveu, e continuou esquivando-o de mim, rindo não sei se mais pelo meu desespero como eu tentava tirar o celular de sua mão, ou pelo que lia.



- Branquinha linda, cheguei em casa – ela leu alto – Estou sentindo seu cheiro pelos meus lençóis e me perguntando se a noite anterior foi somente um sonho ou realidade.



Dei um tapa em sua coxa, mas não adiantou. Ela se levantou e continuou lendo.



- Será que se for real, podemos ter mais uma noite como essa? Não se esqueça que é você que coloca um sorriso em meu rosto e que...



- ALICIA! – gritei, voando em cima dela – ME DÁ MEU CELULAR!



Dei um tapa ardido em sua mão, e o celular rapidamente pulou, caindo diretamente no chão. Tentei alcançar para pegá-lo, mas Alicia colocou o pé na frente, derrubando-me de queixo. Ardeu, mas a fúria que sentia era tão grande, que na hora a única coisa que eu quis era pegar meu celular.



- Por que não posso ler? – pegou do chão – Fica fazendo saliência com um menino, que vou contar para o papai.



- CONTA! PODE CONTAR, ALICIA! – levantei-me do chão e dei passos largos em sua direção – O PAPAI SABE DE TUDO! ELE SABE DO MEU NAMORO COM O PONCHO, MAS QUER CONTAR, VÁ EM FRENTE.



Alicia trocou sua feição rapidamente, e sem que eu pudesse fazer absolutamente nada, meu celular saltou propositalmente de sua mão, chocando-se com toda a força contra a parede. Arregalei meus olhos e corri até ele, mas já não era mais um celular inteiro, eram apenas cacos espalhados pelo chão.



- Não acredito – a olhei incrédula – Você não fez isso, Alicia!



Ela riu, como se fosse a dona do mundo. Riu de maneira maldosa, como se estivesse fazendo tudo de propósito. E eu tinha cada vez mais certeza de que sim, ela tinha sim feito de propósito.



Naquele momento em que vi meu celular no chão em formato de pequenos cacos, não pensei duas vezes ao me levantar e meter um tapa certeiro em seu rosto.



Eu poderia me ferrar, poderia ficar de castigo até o fim da vida, mas naquele momento eu fiz o que realmente tinha vontade. E apesar das consequências que eu poderia encarar quando meu pai soubesse, eu estava realmente aliviada.



- Eu vou contar para o papai! – disse, como uma criança mimada, enquanto corria para fora do meu quarto em velocidade máxima.



Recolhi os cacos do chão e os ajuntei em minha cama, chorando por cima das peças estraçalhadas. Peguei o chip e o cartão de memória e coloquei ao lado. Respirei fundo e me sentei na cama com as mãos na cabeça. Estava em um beco sem saída.
Era o único meio de conversar com o Poncho, mas eu tinha perdido a oportunidade de ganhar outro celular no momento em que bati na Alicia. Eu sabia que meu pai ficaria ao seu lado. Aliás isso era tão rotineiro que nem surpreendia mais.



As horas foram se passando, e eu fiquei ali trancada no meu quarto implorando mentalmente para que o castigo do meu pai não fosse algo tão grave. Tomei banho, assisti a televisão, comi algumas besteiras que tinham na dispensa e então quando o relógio bateu exatamente 18 h, meu pai chegou. Deu para ouvir a porta da sala batendo com a toda a força do meu quarto. E meu coração se encheu de medo, mais do que já estava.



Apavorada talvez fosse a palavra certa. E eu não tinha para onde correr. Ouvi a voz enjoada da Alicia gritando por ele assim que chegou e então olhei diretamente para o relógio rosa que havia na parede acima da televisão. Contei dez minutos certinhos, e meu pai gritou da sala.



- ANAHÍ DESCE AQUI, AGORAAAA!



Fechei meus olhos e mordi o cantinho do lábio, deixando o medo agir em forma de ondas, passando por toda parte do meu corpo. Respirei fundo acho que dez mil vezes, mais isso só descontrolou ainda mais minha respiração. Prendi o cabelo em coque frouxo. Abri a porta, puxei todo o ar do pulmão e soltei, deixando meus olhos se marejarem. Sai do quarto. Fechei a porta devagar e olhei para a escada. Meu pai me olhava do primeiro andar, e a Alicia ao seu lado sorria triunfante, sem deixar que ele percebesse.



- Você bateu na sua irmã, Anahí? Perdeu a noção?



Desci dois degraus, e ele subiu um, como se quisesse me encontrar mais rapidamente.



- Pai, eu posso explicar – engoli em seco – Olha...



- Você foi longe demais, Anahí, longe demais!



Fiquei com medo pelo modo que seus olhos exalavam raiva, mas não me deixei abalar. O modo como Alicia me olhava fez-me criar coragem no fundo de mim para não me deixar abalar nem se levasse um tapa na cara.



Desci os degraus devagar até chegar onde meu pai estava. Respirei fundo e o olhei.
- Ela contou tudo como ocorreu? A parte que quebrou meu celular?



Meu pai olhou para Alicia e assentiu, voltando a me olhar em seguida.



- Contou sim – bradou – Presta bem atenção! Você vai ficar de castigo até segunda ordem! Nada de computador, telefone e nem Alfonso. Dar na sua irmã passou de todos os limites. Ou obedece ou volta para Londres.



E foi assim que minha vida parou no tempo. Tive a impressão que minha cabeça girou em torno do meu pai. Ou talvez ele girasse em torno da minha cabeça como desenhos animados. Respirei fundo e apenas assenti. Não fiz nada, apenas assenti com classe e me virei, subindo as escadas novamente.



Adentrei meu quarto, tranquei a porta e calmamente fiz o que me veio a mente.
Se meu pai preferia a Alicia, eu não fazia falta. Iria me juntar a quem realmente se importa, a quem realmente me tratava bem, como parte da família. Bem longe dali.
Arrumei uma pequena mala rapidamente, somente com as coisas necessárias para dar um tempo longe de casa. Sabia que minha mãe e meu tio não me deixariam longe de casa por muito tempo, mas precisava pensar. Precisava sair de casa e colocar minha cabeça no lugar. Meu pai estava conseguindo diminuir o amor que eu sentia por ele.



Assim que terminei de arrumar minhas coisas, dei apenas uma arrumada no cabelo e sai do meu quarto. Desci as escadas lentamente e vi Alicia sentada no sofá compenetrada na televisão. Abri a porta da sala e saí sem dizer nada a ninguém, quando fechei, pude ouvir sua voz irritante gritar pelo meu pai.



- Ô, PAIÊ... A ANAHÍ ACABOU DE SAIR DE CASA COM UMA BOLSA!



Soco inglês era isso que faltava nas minhas coleções de anéis que eu tinha sobre minha cômoda. Devia-me lembrar de comprar um urgentemente, pois nunca sabemos quando poderemos usá-lo.



Tentei apressar meu passos até o ponto de ônibus mais próximo, mas meu pai apareceu antes que eu curvasse a esquina. Não sabia que corria tanto assim daquela maneira, podendo me alcançar como um foguete. Senti sua mão me puxar, quase podendo deslocar minha coluna com a virada. Ele me colou em seu corpo com o impacto e me olhou no fundo dos olhos, com mais raiva do que antes. Sua respiração descompassada era indícios de que eu poderia levar um tapa na cara a qualquer momento.



- Você não vai a lugar algum – esbravejou, soltando o ar em meu rosto. Até a minha franja bagunçou com sua quase bufada.



Puxei meu braço em uma tentativa inútil de me soltar. Seus dedos apertaram ainda mais meu punho impedindo-me até de dar um passo para trás. Eu não consegui correr. Não consegui gritar, por mais que eu quisesse. O grito entalou com o nó que estava se formando, e as lágrimas só não caíram porque eu não deixei isso acontecer.



- Eu vou – cuspi as palavras – Vou embora para um lugar onde as pessoas gostam de mim. Onde até quem eu pensava que não gostasse, me trata melhor do que meu próprio pai!



- Você não vai, Anahí! Você é menor de idade, e vai para casa comigo, nem que seja arrastada.



Ser arrastada era menos humilhante do que gritar comigo no meio de uma rua movimentada. Até as pessoas que passavam de carro, colocavam suas cabeças para fora da janela tentando saber o que estava acontecendo.



- Eu não vou, Ricardo! Não vou a lugar nenhum com você, nem para a sua casa –soltei quase aos berros, fazendo seus olhos se arregalarem – Não aguento mais ser tratada como uma qualquer, sendo que sou sua filha tanto quanto Alicia! Não vou voltar para casa, porque a partir de hoje não te considero mais nada. Nem meu pai, nem herói, e nem o melhor amigo que passei a vida inteira tentando fazer com que fosse. Pensei que pudesse contar com você, pensei que pudesse me apoiar sempre em minhas decisões, mas estava enganada. Você prefere a Alicia, apoia tudo, até mesmo quando a pegou fumando uma vez com 16 anos. Se fosse eu, teria sorte por estar viva hoje – respirei fundo – O que tem contra mim, Ricardo? O que eu fiz para não merecer seu carinho, hein? Para não merecer seu amor? O que eu fiz para ter tanta raiva de mim? – deixei a primeira lágrima cair – Eu te amo tanto, tanto! Eu poderia fazer cafuné quando tivesse suas crises de enxaqueca, poderia fazer massagem em seus ombros quando chegasse exausto do serviço. Poderíamos ser amigos, conversar sobre assuntos aleatórios, banais... Rir de coisas normais ou anormais. Assistir televisão junto ou sair para um restaurante qualquer quando mamãe estivesse cansada de fazer a comida e a Tereza não estivesse em casa, mas você prefere manter um abismo entre nós. Prefere ser distante, pelas costas! – pausei, ainda olhando em seus olhos – Qual é, pai? Eu sempre aceitei suas decisões sem reclamar, sempre fiz tudo o que o senhor mandava e aceitava calada todas as suas broncas. Fui pra Londres como mandou, me distanciei do Alfonso e quase o perdi por um capricho seu... O que tenho que fazer para ganhar seu coração? Você era o meu herói, mas agora me pergunto onde o herói que eu imaginava está. Onde está? – balancei a cabeça negativamente – Eu não piso mais nessa casa até que me olhe como filha.



Pela primeira vez Ricardo não bateu de frente comigo, pelo contrário, suas lágrimas saiam facilmente, como eu jamais havia visto antes. Sua postura de durão, dono do mundo, tinha acabado com apenas poucas palavras. Um desabafo de anos. E então eu vi que meu pai era mais frágil do que podia imaginar.



Ele me olhou algum tempo depois e respirou fundo.



- Posso ao menos saber para onde vai?



- Vou para a casa do Alfonso – abaixei o olhar – Tenho certeza que a Ruth não vai negar abrigo á mim por uns dias. Não me impeça – o olhei – Se não me deixar, eu fujo para onde o senhor não saiba me paradeiro.



Seus dedos afrouxaram meu punho e seu olhar foi mais tristonho ainda. Não dissemos mais nada um para o outro, eu apenas virei de costas e saí de perto dele sem olhar pra trás.



Meu coração estava destroçado, e não foi nada fácil dizer aquelas coisas. Seria mais fácil dançar frevo do que ter que dizer ao meu pai o quanto eu estava decepcionada por tudo o que ele fazia comigo.



Conforme andava, minhas lágrimas caiam de maneira rápida e sem esforço algum. Minha visão ficou turva por causa das lágrimas e eu não sei nem como consegui enxergar a placa do ônibus que indicava o bairro que eu tinha que ir. Só sei que o peguei sem muita demora, e encostada no vidro, chorei ainda mais.



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Autor(a): anyeponcho

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Narração extra: Para Ricardo, ouvir aquelas palavras fora pior que arrancar seu coração a unhadas. Ao voltar para casa, as palavras de Anahí ainda martelavam em sua mente, e ele acabou por se sentir fracassado como homem, como pai, e em tudo. Acontece que para Ricardo as suspeitas de que Anahí não era sua filha, não p ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 246



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  • degomes Postado em 16/08/2019 - 07:06:00

    Contínua 🙏

    • anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:29:34

      Continuei =)

  • AnaCarolina Postado em 11/08/2019 - 18:54:57

    Mas como assim gente? Me diz que esse exame foi alterado

    • anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:30:28

      Será? Vamos saber o que aconteceu daqui a alguns capítulos... Só digo uma coisa: a história é AyA, então....

  • AnaCarolina Postado em 30/07/2019 - 09:17:33

    Aaaaah esse momento é todinho meeeeu Continua

    • anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:52:08

      =) Foi pequenininho o poste, mas, mais tarde tem mais ;)

  • luananevess Postado em 28/07/2019 - 21:35:41

    Continua

    • anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:51:23

      Continuando.... =)

  • AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:16

    Continuada <3

    • anyeponcho Postado em 18/07/2019 - 23:37:48

      Postei 2 vezes hoje &#128512;

    • AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:44

      Continua* hehehe

  • AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 18:36:10

    Caramba, que merda! Não vejo a hora de tudo se resolver de vez :'(

    • anyeponcho Postado em 14/06/2019 - 17:07:20

      Eu também :) Mas, infelizmente vai demorar um pouquinho pra acontecer

  • AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 13:59:58

    Oláaaa já já vou ler os capítulos e volto pra comentar <3

  • AnaCarolina Postado em 04/05/2019 - 00:05:27

    Cadê você?

    • anyeponcho Postado em 14/05/2019 - 20:49:51

      Volteiiiii!!! Passei por uns momentos ruins, mais agora estou de volta =)

  • AnaCarolina Postado em 09/04/2019 - 21:51:48

    Tadinha da Mai :(

  • AnaCarolina Postado em 31/03/2019 - 22:43:19

    Que bom que apesar de tudo o Ricardo entendeu e não demitiu ele... Continua


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