Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

A noite em que havia passado com Alfonso, foi incrível, mesmo que não estivéssemos juntos. Na verdade, conversar com ele através do computador, supriu de certa forma, não tê-lo presente. A única coisa foi não poder abraça-lo, mas dormir com o notebook ligado, o vendo dormir, foi especial.

No dia seguinte acordei renovada, disposta e cedo. Eram 7h, e como imaginava que Ruth e Miguel não estavam mais, decidi descer para não ser uma inútil naquela casa. Ruth trabalhava fora, limpando outras casas e tinha dias que até era babá para ganhar dinheiro extra. Eu não queria ser um estorvo, queria poder fazer algo. O notebook ainda estava ligado no Skype, mas Alfonso não estava mais online. Havia deixado uma mensagem apenas.

“Amor, vou desligar porque preciso trabalhar. Te ligo mais tarde, pode ser? Eu te amo muito, não esquece!”

Sorri como boba ao ver suas palavras. Antes de namorarmos, jamais pude imaginar que Alfonso pudesse ser tão romântico assim. Apesar de sempre ser fofo comigo, e até vê-lo ser fofo com a Maite, não esperava que fosse tão meloso como estava sendo. E confesso que eu estava amando aquele lado dele. Fechei o notebook o colocando sobre a mesinha ao lado do monitor do seu computador, e desci para fazer uma faxina.

Prendi meu cabelo em um coque frouxo, tomei apenas um leite puro com um pedaço de bolo de laranja que estava com uma cara deliciosa, e comecei a arrumar as coisas, tentando colocar tudo onde parecia ser o lugar certo.

Guardei a louça, lavei o resto deixando-as no escorredor, guardei as coisas do café, coloquei o café na garrafa térmica que sabia que Ruth guardava, e peguei uma vassoura no quintal, a frente, os quartos, os banheiros dos quartos, e passei pano em cada um dos cômodos, com um desinfetante muito cheiroso que tinha encontrado no armário da lavanderia. Confesso que não tinha muita experiência com faxina, mas com a música do vizinho que tocava alto, eu me senti em casa, e no fim até gostei de deixar tudo brilhando. A Maite ainda dormia, então o quarto do Miguel foi o único que não havia limpado, mas deixaria para mais tarde. Depois que terminei tudo, e vi tudo parecer brilho de cristal, guardei o resto da louça e sentei-me no sofá, pensando no que poderia fazer para ajudar mais. Roupas eu não sabia lavar, e preferi nem arriscar, porque sempre ouvia a Tereza dizer que não se mistura tal peça com tal peça, e para não fazer besteira, deixei pra lá. Tive a brilhante ideia de fazer o almoço, embora jamais tivesse feito na vida. Quem sabe até conseguisse fazer algo que pudesse sair gostoso.

Alfonso narrando:

-Está certo – disse Beatriz, enquanto conversávamos sobre a proposta do dia anterior, onde eu achava melhor recusar, e ela queria aceitar.

Eu havia conversado com o Ricardo, e ele concordou comigo que iria perder dinheiro se fizesse o que os outros advogados estavam propondo. Apesar de a Beatriz ser a estagiária, e ser a completa responsável pela reunião em que estávamos, Ricardo não quis ouvi-la, e então encerrei a reunião dizendo que não queríamos fechar o contrato, para a tristeza dos advogados, e da Beatriz que ganharia uma boa comissão.

Ainda era por volta das 14h, e como já tínhamos resolvido tudo, eu quis voltar para minha casa no mesmo dia, mas o dia não estava propício. Beatriz não quis ir embora, pois o tempo estava completamente nublado, e ela estava com medo de viajar de avião em meio a chuva. Acabei concordando com ela, e voltamos para o hotel. Almoçamos novamente naquele restaurante que havíamos jantado na noite anterior, e ela pediu novamente aquelas coisas cruas que eu tinha detestado. Peguei arroz, feijão, salada de alface, pepino, jiló, tomate, palmito e um bife à milanesa que estava divino, mesmo. De lamber os lábios. Não consegui nem conversar durante toda a refeição, porque falar era perda de tempo com toda aquela comida pronta para ser devorada. Beatriz acabou rindo de mim, dizendo que eu estava parecendo um esfomeado, mas nem me importei. Tomei café às 7h, e depois só passei a bolacha de água e sal que serviam de graça. Isso não satisfazia ninguém.

A chuva caia por volta das 15h, e ainda estávamos sentados no restaurante com preguiça de subir. Eu ainda tinha que ligar para Anahí, mas fiquei conversando um pouco com a Bia, enquanto fazia a digestão. Tinha comido tanto que era difícil até levantar-me da mesa.

No fim, acabei descobrindo bastante sobre a Beatriz. Ela já tinha tentado ser jornalista, mas descobriu sua paixão por direito quando ajudava seu ex namorado a estudar. Ficava fascinada com as leis e o português corretíssimo que eram obrigados a saber. Até as palavras mais estranhas e complicadas, eles tinham que saber, e ela amava. Descobri que terminou seu relacionamento de dois anos, porque ele não conseguia conciliar o estudo com o relacionamento, e isso fazia seis meses apenas. Fiquei com pena, porque dava para ver em seus olhos, que de certa forma ainda sentia falta do rapaz, e que embora o amor pudesse ter diminuído, algo forte ela sentia. O suficiente para soarem dolorosa a maneira que falava.

Tomamos vinho, e ainda ficamos conversando um bom tempo, enquanto a chuva deixava a paisagem bonita. Dava para ver pelo vidro enorme que havia ao nosso lado, e realmente acabou me encantando. Quando decidi fechar a conta, nos levantamos e ela olhou por cima dos meus ombros, fazendo um aceno com a cabeça que me deixou completamente confuso. Olhei pra trás, mas Beatriz puxou meu braço e me surpreendeu com um beijo. Coloquei as mãos em seus ombros e a empurrei, intrigado.

- Não faz isso! – disse, tentando ser educado, mas não conseguindo esconder o que estava muito bravo por sua atitude – Você sabe que tenho namorada!

Beatriz sorriu e balançou a cabeça negativamente.

- Mas ter namorada não impede uma pessoa de ficar com a outra – justificou, fazendo-me ficar ainda mais confuso.

Era inacreditável que ela estivesse falando sério. Parecia até não me conhecer, e acabou fazendo com que perdesse completamente o meu respeito. A minha namorada impedia sim, que eu ficasse com outras, porque eu a amava e a respeitava muito.

- Não impede? – ergui as sobrancelhas – E aprendeu isso com quem? Com homem de verdade é que não foi. Eu amo a Anahí e a respeito muito! Não quero que isso se repita! – balancei a cabeça negativamente e me afastei – Se você não soubesse que namoro, seria outros quinhentos, mas tu sabe, e viu como ela é nervosa.

- Ah, então é medo e não amor – constatou de imediato, fazendo-me perguntar de onde aquela garota havia saído.

Beatriz parecia ter bloqueado completamente a parte que eu falei que amava a Anahí, e só ouviu a parte que falei que se não soubesse seria outra história. Em que mundo ela estava afinal? Em momento algum tinha demonstrado ser a garota que estava em minha frente tentando ficar comigo, e isso me deixou ainda mais nervoso.

- Eu quis dizer que se você não soubesse, seria mais fácil desculpar, mas tu sabia, Beatriz! É melhor cada um seguir seu rumo, e só nos encontramos amanhã, beleza?

Sem esperar por resposta, virei-me de costas e caminhei até o elevador. Fiquei pensando se Anahí soubesse disso, qual seria sua reação. Por mais que eu não tivesse culpa, estava com medo de que tudo terminasse antes mesmo de começar direito. Havia pouco mais de vinte quatro horas de namoro, e eu já imaginava suas palavras “acabou, Alfonso”. Eu iria contar para ela, óbvio. Não só por medo de que soubesse pela boca de outra pessoa, mas também por ser homem o suficiente para assumir as consequências, por mais vitima que eu fosse da história toda.