Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

- Fala – disse entre as lágrimas, não ocultando o quanto irada estava. Alfonso seu uma pausa, como se tivesse com receio. Eu só conseguia ouvir o som da sua respiração.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que finalmente ele o quebrou.

- Você não está com dor de cabeça – constatou com voz fraca – Por que está chorando?

- Olha, Alfonso, não acho que será uma boa conversarmos sobre isso agora. Diga-me o que quer, que eu preciso desligar.

Alfonso fez outra pausa. Novamente aquela agonia, novamente as perguntas que vagavam em minha mente. Eu queria perguntar sobre a foto, queria perguntar porque tinha feito aquilo comigo, mas me conhecia o suficiente para saber que não seria gentil nas palavras. Talvez terminasse o namoro sem nem lhe dar tempo de explicar, porque a dor era tão grande, que eu simplesmente não conseguia ser racional.

- Estou preocupado contigo. Queria saber por que está chorando, amor – disse ele, tão calmamente, que estava me dando vontade de chorar de raiva.

Fiz uma pausa, e não respondi. Apenas insisti que me dissesse o que queria.

- Diga o que quer, Alfonso, por favor!

- Você promete manter a calma? – respirou fundo – Eu só não quero que termine comigo. Acho que isso é coisa de conversarmos pessoalmente, mas não consigo. Não vou pregar os olhos se não te contar uma coisa.

BINGO! Estávamos falando da mesma coisa.

- Diga, Alfonso! – suspirei, sentindo meu corpo inteiro tremer. Eu não sentia mais meus membros inferiores, e quase não conseguia segurar o telefone na orelha.

Queria esganar o Alfonso. Primeiro por beijar Beatriz, e agora por estar prestes a confessar.

- Fui almoçar com Beatriz hoje – disse calmamente – e sem que eu esperasse, ela me beijou. Amor, eu juro que não esperava. Eu não sei o que deu na mina, talvez as dozes de vinho que tomamos, mas eu não queria!

Apertei meus olhos com força e respirei fundo. Por muito, mas muito pouco não desliguei o telefone em sua cara. Mordi o lábio inferior até doer, e então respondi.

- Eu já sabia – disse rude – Que bom que confessou, agora posso terminar com você mais tranquilamente. Pelo menos deixei que você confessasse o crime!

- Anahí, não! – respondeu rapidamente – Por favor, não termina comigo, amor. Me ouve...

- E ouvir o quê? – ri, ironicamente – Acha mesmo que eu estava chorando por causa de uma dor de cabeça, Alfonso? Tenha dó! Eu recebi uma foto sua beijando a garota. Eu vi vocês dois com os lábios colados, e sabe o que mais me doeu? Foi ela beijar algo que eu pensava ser somente meu! – suspirei, tentando prender minhas lágrimas – Você acabou de jogar pelo ralo todo o carinho que eu sentia por você, todo o respeito e principalmente o amor imenso que eu infelizmente ainda sinto, e dediquei à você. Eu sabia que ia dar nisso, sabia! Você prometeu que não faria nada. Eu acreditei em você, Alfonso, confiei de todo o meu coração.

- Amor, - interrompeu-me, parecendo estar desesperado – Não diz essas coisas.

Você sabe que não sou assim, Any, você deveria saber que não sou! Quando me comprometo com alguém, não jogo isso no lixo como se não fosse nada. Ainda mais nós dois, cara! Eu te amo pra caramba, branquinha, não iria fazer isso com você – pausou – Não fala essas coisas.

- QUER QUE EU DIGA O QUE, ALFONSO? EU VI A FOTO! – gritei, mas logo me recompus, deixando que as lágrimas viessem à tona – Eu vi vocês dois, ninguém me contou, não!

- Anahí, não é verdade! – soluçou – Caramba, estou dizendo que não fiz nada, confia em mim. Acredita no que eu digo, por favor. Branquinha, não faz besteira. Olha, eu volto amanhã, nós conversamos melhor e...

- Não tem mais o que conversar. Juro que tentei me manter calma, mas você acabou de confessar, Alfonso. Acabou!

E sem esperar para ouvir mais nada, desliguei o telefone e o joguei sobre a cama, deixando meu corpo também cair de costas sobre a mesma. Permiti que meu choro saísse do fundo da alma, juntamente com os soluços doídos do fundo da garganta. Eu não podia acreditar que o meu amor, meu moreno havia feito algo tão doloroso comigo. Depois das noites que passamos, das palavras que trocamos, dos carinhos, das promessas de amor... Depois de tudo de mais doloroso que enfrentamos para estar juntos, ele simplesmente jogou ao léu. Por uma fraqueza estúpida, perdeu aquilo que tinha acabado de construir. Um relacionamento que eu estava disposta a levar adiante. Disposta a enfrentar meu pai se precisasse, só para tê-lo comigo para sempre.

Chorei até não haver mais água dentro de mim. Até minha cabeça doer, e eu não sentir mais meus neurônios. Chorei até que toda aquela angustia ao menos diminuísse em meu peito. Não passou por completo, mas foi como se lavasse minha alma. Eu precisava daquilo.

Alfonso narrando:

Estava doendo tanto saber que não éramos mais nada, que eu simplesmente pedia para fechar meus olhos e não ver o dia seguinte. Anahí escapou dentre meus dedos, sem que eu pudesse agarrá-la, força-la a nada. Sem que eu pudesse fazer nada. Estava completamente perdido, inerte. Minhas lágrimas caiam de forma brutal, e eu me vi chorando tanto quanto no dia em que meu pai saiu de casa sem nem ao menos se despedir de mim. Me senti acuado, uma criança sem proteção, sem ninguém para que pudesse aninhar-me em seus braços e dizer que estava tudo bem. Queria arrancar meu coração até parar de doer.

- Por que não acreditou em mim, amor? Por quê? – perguntei, olhando uma foto sua que estava em meu celular.

As horas passaram e nada da dor amenizar. Eu tomei outro banho gelado tentando me acalmar, mas as lágrimas pareciam não ter fim. Eu simplesmente não conseguia parar de chorar. A cabeça doía, o estômago doía, os olhos... Pensando bem, acho que o corpo inteiro doía.

Sai do chuveiro, vesti apenas uma cueca box branca e me deitei na cama, olhando o celular. Mexi no whatsApp, e vi que Anahí estava online. Pensei em falar com ela, mas não tive coragem. Metade era orgulho ferido, por ela não ter confiado em mim, e metade era receio, por ela não me responder e acabar me magoando mais ainda. Respirei fundo e mordi o lábio, reprimindo o choro novamente. Não queria mais chorar. Anahí não merecia, e eu não aguentava mais sentir minha cabeça latejar.