Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Alfonso narrando:

Ouvi a Maite perguntar se Anahí iria atender o telefone, e fechei meus olhos tentando me manter calmo antes mesmo de ouvir a resposta. Meu coração disparava tanto, mas, que eu quase deixei meu lado racional falar mais alto e desliguei o telefone. Minha mente gritava “atende logo, Anahí”, mas meu coração dizia “ desiste, ela não vai atender”. Tirei o celular do ouvido e coloquei no viva voz. Deitei do lado e fiquei esperando atender.

Alguns minutos de angustia foram o suficiente para eu simplesmente desistir de esperar. Peguei o celular, e quando fui desligar, ouvi sua voz finalmente.

-Vou atender!

Sabe quando você se sente relaxado? Como se tivesse acabado de sair de uma guerra e pronto para dormir em paz? Foi exatamente assim que me senti. Pelo menos um passo positivo eu havia dado.

- Oi – sua voz soou baixinha, talvez meio acuada, receosa.

- Oi – respirei fundo, tentando não ceder. Anahí estava errada, e eu não podia deixar que pisasse em mim por achar que eu tinha mentido. Se ela não acreditava em mim, eu não poderia me humilhar.

- Queria falar comigo?

- O Miguel me ligou dizendo que estava dormindo e falando meu nome, fiquei preocupado. Algum sonho ruim?

Já não bastava a realidade nos dando um banho de água fria.

Eu tive um sonho que me fez pensar, na verdade – pausou, e eu não disse nada – Quando estamos de cabeça quente, não pensamos, mas... – fungou – Volta pra mim?

Eu não aguentei e acabei soltando uma gargalhada espontânea. Não podia acreditar que Anahí estivesse realmente pedindo para voltarmos. Ela, que nem quis me escutar e praticamente desligou o telefone na minha cara, estava pedindo para reatar um namoro que em menos de vinte quatro horas se iniciou, encerrou e estava quase reiniciando.

Não consegui dar uma resposta no ato. Eu ainda tentava identificar se era sonho, realidade ou brincadeira da Anahí. Meu estômago se revirava de tal forma, que eu tive que respirar muitas vezes antes de falar alguma coisa.

- Como assim? Há poucas horas você nem mesmo quis me ouvir, Anahí. Está brincando comigo?

- Não! – disse rapidamente- Eu jamais brincaria dessa maneira contigo, Alfonso. Eu acordei com um pensamento, e não tem lógica você ter me traído. Mesmo que fosse verdade, quem perderia tempo em me enviar uma foto sua para mim? – pausou, e eu fiquei atento em tudo o que dizia – Quem me mandou a foto, sabia o que estava fazendo. Sabia meu número de celular, e sabia que eu iria brigar contigo, amor. Ninguém foi com vocês, só pode ter sido armação da Beatriz para nos separar.
Eu já tinha tido o mesmo pensamento. Seguindo a linha de raciocínio dela, batia com o que eu pensava, mas não acreditava ser Beatriz diretamente, talvez alguém que tivesse mais interesse em nos separar. Que teria mais ganhos se isso acontecesse.

- Eu pensei nisso. Mas não acho que foi Beatriz.

Anahí bufou e respirou fundo.

- Vai defendê-la mesmo? – perguntou nervosa- Sério, Alfonso?

- Não estou defendendo ninguém, Anahí. Só acho que a Beatriz não ia fazer isso, mal nos conhecemos. Mesmo se ela tivesse algum interesse por mim, seria muito cedo para tramar algo desse tipo.

- E existe tempo para isso? – se alterou, deixando explícito que se continuássemos conversando daquela maneira, não chegaríamos a lugar nenhum e não reataríamos namoro algum.

- Abaixa o tom, Anahí! Não estou gritando com você, então manera!

Anahí resmungou alguma coisa que não deu para entender, e bufou novamente. Ainda ouvi um “calma” no fundo da ligação, que parecia ser da Maite.

- Me desculpa, mas estou com medo – murmurou – Eu sei que terminei com você, que não te ouvi, mas se coloca no meu lugar, Poncho.

Sim, eu tentava me colocar no lugar dela, e talvez fizesse a mesma coisa e nem pediria desculpa caso descobrisse a verdade. Não era muito de mim me desculpar, tenho que admitir. Mas, o assunto ainda não era a nossa volta, e sim o motivo que nos levou a terminar.

Um passo de cada vez.

- Any...

- Amor, eu estava com a cabeça quente, entende? Vi vocês na foto se beijando, e isso me deixou maluca. Ela tocou os lábios que são meus por direito.

Eu sorri ao ouvi-la dizer dessa maneira. Foi impossível manter-me sério com ela.

- O assunto ainda não é esse, Any. Eu quero primeiro resolver sobre a foto que te mandaram. Tentei falar com a Beatriz hoje, mas ela não estava no quarto dela. Vou tentar amanhã antes de irmos embora. Tenho certeza que alguém quis nos prejudicar, mas não acho que ela ganharia algo com isso.

Anahí fez uma pausa imensa. Ficamos cerca de cinco minutos em silêncio, e a única coisa que eu ouvia era o som da sua respiração e alguns soluços. Mordi o cantinho da boca imaginando sua carinha tomada por lágrimas, e decidi quebrar o silêncio.

- Nós teremos tempo para conversarmos sobre nós dois, mas confesso que fiquei magoado. Eu esperava que confiasse em mim, Anahí. Nos conhecemos a tempo suficiente para você pelo menos desconfiar de que essas coisas, sejam verdade. Primeiro tenta conversar comigo quando algo acontecer, me deixa explicar o meu lado, e depois você faz o que achar melhor – respirei fundo – Você nem sequer me ouviu direito. Quis acreditar em alguém que nem sabe quem é, ao invés de acreditar em mim, seu namorado. Fiquei magoado demais, Any. Nós vamos conversar amanhã quando eu chegar, olhando nos olhos um do outro. Não vou voltar dessa maneira, porque quero ver se realmente acredita em mim – respirei fundo novamente – Entenda que relacionamento são duas cabeças, duas pessoas e uma não pode decidir pela outra. Você decidiu terminar por nós dois, e isso eu não consigo desculpar. Não agora. Eu sei que não fiz nada, tenho a minha consciência tranquila, então...

- Mas eu não sabia – interrompeu-me – Poncho, como eu ia saber se era verdade ou não?

- Você ainda não sabe, mas decidiu usar a cabeça e pensar melhor. Era isso que queria que tivesse feito antes. Tudo bem que a foto tenha te chocado, mas o mínimo que poderia fazer, era dizer que depois conversaríamos, e não decidir tudo de cabeça quente. Tem noção de como me senti?

- Tudo bem – sussurrou – Amanhã conversamos, então.

- Eu vou conversar com a Beatriz e tentar descobrir quem fez isso.

- Tudo bem – repetiu com a voz quase inaudível – Já sabe que horas chegará amanhã?

- Seu pai precisa de mim na parte da tarde no escritório, então vou no primeiro voo. Acho que às 5h45m, mas não tenho certeza.

Anahí fez outra pausa. Fiquei sem saber o que dizer. Acho que tudo o que realmente queria, acabei despejando de uma vez antes que morresse sufocado com minhas próprias palavras. Eu poderia ter pegado leve, mas o fato de ter terminado sem ter certeza de nada, sem confiar em mim, foi o que mais me magoou. Talvez a desculpasse, mas eu precisava de um tempo. Não para ter certeza dos meus sentimentos ou ver se valia a pena voltar, mas que para ela colocasse em sua cabeça a besteira que tinha feito, e não cometesse um novo erro parecido, caso alguém tentasse nos separar de novo.

- Você está com sono? – perguntou com a voz embargada.

Eu ainda estava agitado demais para dormir, mas tinha plena consciência que se continuássemos conversando, Anahí iria dar um jeito de me fazer ceder.

- Não muito, mas preciso desligar. Meu voo sai muito cedo, e eu preciso acordar mais cedo ainda.

- Tem alguma possibilidade de você não voltar? – pausou dando tempo para responder, mas não fiz – Você é orgulhoso demais, te conheço. Por isso estou com medo.

- Vamos conversar amanhã, Any. Já disse. Por telefone não se resolve nada – disse, tentando manter minha voz natural, quando ela queria falhar – Aprendi com a minha mãe que é olho no olho.

- Está bem, então- murmurou – Dorme com Deus, tá? E me desculpa novamente.

- Amém, você também. Manda um beijo para minha mãe, nem falei com ela esses dois dias.

- Ela está com saudades. Mando sim – suspirou – Beijos, amor.

- Beijos.

E então desliguei meu celular e fui me preparar para dormir, sentindo que não seria fácil pregar meus olhos. Não foi fácil ser tão duro com Anahí. Eu queria ceder e voltar, mas a outra parte minha, queria ter uma conversa olhando em seus olhos. Ela não tinha sido madura ao terminar comigo por telefone, e eu não seria impulsivo em voltar da mesma maneira, como se nada tivesse acontecido.