Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

Eram 4h e eu ainda não tinha conseguido pregar os olhos. Escutei Ruth chegar por volta da meia noite, escutei Mai assaltar a cozinha como fazia quase todas as noites, a vizinha brigar com o filho que chegou as duas da manhã, e até recebi uma mensagem de boa noite do Bernardo por volta das 3h. Estava completamente sem sono, com o pensamento voltado no Alfonso. Eu estava praticamente seca de tanto chorar, e então tomei a decisão de levantar-me mesmo de madrugada, e arrumar as pequenas coisas que tinha deixado fora da mala. Arrumei tudo, tomei um banho de poucos minutos, coloquei uma roupa normal do dia a dia, arrumei a cama, e desci com a minha bolsa pendurada no ombro direito. Eu só queria esperar Ruth se levantar para agradecer a hospedagem e ir embora.

Fiquei de bobeira na sala apenas ouvindo uma playlist no meu celular, de músicas mais animadas para tentar parar de chorar. Nada ajudava. Acho que nem mesmo se tocasse Lepo lepo não iria conseguir me animar. Eu só queria passar mais algumas horas chorando para que eu entendesse o que aconteceu naquele dia. Estava tudo confuso demais para cair minha ficha rapidamente. Cheguei de Londres, iniciei um namoro, briguei com o meu pai, sai de casa, briguei com o Alfonso, terminei o namoro, e estava prestes a sair de sua casa também.

UFA! Era coisa demais para menos dois dias.

Respirei fundo e fiquei ainda ali esperando Ruth, que acordava por volta das seis horas. Miguel desceu inesperadamente, e tomou um susto ao me ver ali na sala com a luz acesa.

-Branquinha? – perguntou surpreso, enquanto dava passos largos em minha direção – Está passando mal ainda? Eu não consegui fazer seu dodói passar?

A carinha que ele fez foi tão linda, que me fez querer morde-lo. Porém não podia negar que era igual a cara que o Alfonso fez ao me ver chorando na porta da sua casa parecidos demais.

Aproveitando que estava em minha frente, o puxei e abracei. Seus bracinhos passaram pelo meu pescoço, e seus dedos começaram a massagear meu coro cabeludo de forma deliciosa.

-Claro que fez, pequeno – beijei seu rosto – Eu... eu só estou esperando sua mãe.
Miguel se desvencilhou do abraço e me olhou com as sobrancelhas erguidas, como se estivesse completamente confuso. Mordi o cantinho do lado inferior e suspirei já imaginando que ele faria uma pergunta que eu ficaria minutos pensando em como responder.

- Mas, são... – pausou, procurando algum relógio digital em sua volta, mas voltou a me olhar quando não achou um pequeno relógio azul que Ruth deixava em cima da estante, bem ao lado da televisão – Que horas são?

Olhei em meu celular e suspirei. Juro que pensei em mentir só para que não me achasse maluca, mas acabei por dizer a verdade.

- 5h29m.

- Ainda é cedo – arregalou os olhos – Por que quer falar com a minha mãe tão cedo? E... Por que essa mala?

Se eu pudesse fugiria daquela pergunta, mas Miguel era esperto demais para que eu inventasse alguma outra desculpa. Aliás, considerando que eu tinha sido pega de surpresa com ele surgindo na sala, não estava em condições de pensar em mentiras.
Respirei fundo e falei a verdade,mesmo correndo o risco de deixá-lo magoado.

- Seu irmão e eu brigamos, pequeno – entortei os lábios- Eu vou para a casa de uma amiga minha, mas estou esperando para agradecer sua mãe por ter me recebido em sua casa.

Os olhos de Miguel encheram de lágrimas, e rapidamente me envolveu em um abraço apertado e aconchegante que me deu ainda mais vontade de chorar. O sentei em minhas pernas e afaguei seus cabelinhos. Estava com meu coração partido, mas não poderia mudar de ideia. Eu precisava ir para a casa de Angelique para que Alfonso sentisse a minha falta. Já tinha cedido tantas vezes, o desculpado... Que dessa vez queria que ele sentisse o que eu estava sentindo. Apesar de não querer ir embora e nem me fazer de difícil. Eu precisava ser forte ou então Alfonso faria a mesma coisa toda vez que tivéssemos uma discussão. Se é que voltaríamos.

- Não quero que vá, Any – fungou – O Alfonso falou que você ia ficar pra sempre na vida dele. Na nossa vida – soluçou – Meu irmão mentiu pra mim! Mentiu!

- Calma, pequeno – o apertei em meus braços – Isso não são coisas que prevemos. Seu irmão tinha a intenção de ficar comigo, talvez, mas não deu.

- Mas ele disse – murmurou, completamente arrasado. Como se tivesse perdendo seu brinquedo mais valioso. E isso me partiu o coração – Eu odeio o Alfonso!

- Não diz isso anjinho! – beijei seu rosto – O Alfonso te ama muito! E olha, fui eu quem terminei com o Alfonso, e não com você. Sempre que quiser me ver, é só me falar que eu venho aqui brincar com você. Tá bom? – limpei suas lágrimas, e ele assentiu, ainda soluçando. – Vou estar contigo para sempre, tá? Eu prometo.

Miguel negou com a cabeça e saiu do meu colo, voltando a chorar.

- Não prometa nada – soluçou – Alfonso também prometeu que não ia te deixar, e deixou, mamãe prometeu que papai voltaria, e não voltou. Você vai embora, Any, igual o papai, e não vamos mais ser amigos. Eu sei disso.

Miguel subiu as escadas correndo e chorando, quase caindo na metade da escada.

Corri atrás dele antes que entrasse no quarto de sua mãe e o puxei pela cintura. O ergui em meus braços e o levei para o quarto do Alfonso, tentando evitar que alguém ouvisse seu choro. Ruth poderia acordar assustada, e eu não queria causar mais pânico em ninguém.

Fechei a porta assim que entramos e o deitei na cama do Alfonso.

- Pequeno, o meu relacionamento com o seu irmão, é diferente com o que tenho contigo. – entortei os lábios, pensando no que dizer à ele – Quando duas pessoas namoram, elas podem não dar certo por muitos motivos. Mas, quando duas pessoas são amigos mesmo, de verdade, como nós dois... A amizade dura para sempre – deitei ao seu lado e encostei minha cabeça à dele – Entendeu? Eu sempre vou estar contigo de alguma forma, mesmo que eu não tenha mais nada com o Alfonso.

- Eu senti saudades quando você foi para longe – sussurrou, ainda chorando – Pensei que não gostasse de mim como o meu papai.

O abracei com força e deixei que as lágrimas saíssem dos meus olhos também. Vê-lo falando de forma tão doida do próprio pai, me doeu demais. De certa forma eu sabia como era se sentir excluído da vida do pai. Eu entendia muito bem sua dor. E ainda mais que Miguel ainda era apenas uma criança doía muito mais.

- É impossível não gostar de você, Mi – beijei seu rosto – Eu amo você, entendeu bem? E não vou a lugar nenhum, apenas morar em outra casa – pausei – Eu sempre morei longe, mas isso não impedia de nos ver, não é verdade? E só iria passar alguns dias aqui, pequeno. De qualquer jeito seria para sempre.

Miguel virou-se de lado, ficando de frente para mim, e passou seu braço esquerdo em volta do meu braço, me apertando com toda sua força. Enchi seu rosto de beijos e nos deitamos novamente.

- Promete que não vai sair do meu lado? Não vai deixar de me ver? – olhou em meus olhos, deixando o pavor expresso no brilho que exalava.

- Eu prometo – beijei sua testa – Agora dorme mais um pouquinho que daqui a pouco tem que levantar para ir à escola.

Miguel me deu um beijo no rosto e se virou de lado para tentar dormir. Virei- me de barriga para cima e fiquei mirando o teto, pensando no Alfonso inevitavelmente.

Acho que já deve ter embarcado.

...........................

Tão fofo o Miguel, né? Essa amizade dos dois me derrete 

E tadinho por ainda sentir tanta falta de um pai que nao vale nada