Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Alfonso narrando:

Vê-la tão próxima de mim, causou tantos sentimentos mistos, que me esqueci completamente que estávamos brigados. Eu quis abraçá-la, sentir seu cheiro, seu gosto e matar minha saudade que parecia estarmos a séculos sem nos ver. Seus olhos conectados aos meus, faziam-me esquecer completamente de tudo, e de repente não tinha nem mais Beatriz no nosso meio, e nem Alicia. Seus olhos estavam tirstonhos, e pareciam querer gritar o quanto seu peito doía, o quanto sua garganta estava repleta de palavras presas nela. Eu também tinha as minhas, mas nem meu orgulho sobreviveu ao encontrá-la. Confesso que minha vontade era de dizer “vamos esquecer tudo, mina. Sobe comigo para o quarto e vamos fazer as pazes,” mas não era isso que ela queria, e dava para notar. Ela parecia querer correr dali, e acho que só não fez pelo simples fato de não conseguir sair do lugar. Seus pés pareciam ter cravado no chão, e sua respiração estava meio falha, assim como a minha.

Ficamos minutos a fio nos encarando. Eu queria puxar assunto, mas ao mesmo tempo fiquei com receio. A Anahí não era orgulhosa como eu, mas era marrenta demais, e isso me fez ter um pouco de medo de que iniciássemos uma nova briga. Queria evitar isso. Respirei fundo e disse pelo menos oi, sabendo que talvez eu fosse ficar no vaco.

-

-Oi.

Anahí pareceu acordar do transe no momento em que minha voz saiu, e então, sem responder, ela se esquivou de mim e entrou em casa, sentando-se rapidamente no sofá. Meu estômago se revirou ao pensar que talvez tudo estivesse perdido, mesmo. Eu queria poder me entender com ela, mas parecíamos dois estranhos sem rumo. Isso doeu, confesso.

Entrei em casa e subi para deixar minha mochila. Deixei em cima da cama, e peguei a do trabalho que estava no guarda-roupa, pois ainda tinha que ir ao escritório deixar os documentos do Ricardo. Desci as escadas, dando de cara com ela li ainda sentada no sofá, olhando a televisão como se tivesse com total atenção. Mas eu sabia que era só pretexto para fugir de mim. Se eu perguntasse o que estava assistindo, não iria saber nem se era filme, novela ou desenho animado. Engoli em seco quando senti meus olhos arderem, e passei direto para a cozinha em busca de um copo d´água.
Peguei um copo do armário e ia pegar a jarra na geladeira quando ouvi sua voz. Fiquei paralisado instantaneamente, ouvindo-a falar. Deixei o copo na pia e fui até a porta da cozinha para ver com quem ela falava. Era ao celular.

- Mas, o que você quer conversar? Pode me adiantar?... Não. Eu quero saber do que se trata...Desculpa, mas não quero falar dele... Não quero falar sobre vocês dois!... Pouco me importa o que rolou entre vocês, já não tenho mais nada a ver com isso. Tchau!

Meus olhos se encheram de lágrimas no momento em que ouvir “já não tenho mais nada a ver com isso.” Com certeza era a Beatriz querendo contar o que tinha acontecido entre nós dois, e a marrenta não queria ouvir. Ainda fiquei parado um tempo prestando atenção em seus passos. Até que ela jogou o celular no sofá e sentou com as mãos no rosto. Aproximei-me dela e a puxei pelo braço, fazendo-a ficar de frente para mim de uma vez só. Anahí me olhou com o cenho franzido e trincou os dentes.

- Me solta!

Afrouxei meus dedos para não machucá-la, mas não soltei. Ela iria me ouvir nem que fosse a nossa última conversa. Mas iria!

- Não vou soltar! Você vai me escutar, Anahí! – bufei – Se quer que tudo termine assim, beleza, mas antes tu vai me ouvir.

Anahí não se mexeu, mas continuou de cenho franzido. Brava. Como se quisesse me bater, e faria isso a qualquer momento. Bom, isso realmente não ia me importar, contanto que ela me escutasse até o final.

- E ouvir o quê, hein? – puxou o seu braço, e eu a soltei – Desculpas? Eu estou farta das tuas desculpas. Toda vez que faz as besteiras pede desculpas e eu feito trouxa vou e desculpo. Uma vez que eu erro, você se faz de vitima, como se eu tivesse te ferido. Mas não se colocou no meu lugar em momento algum!

- Eu não fiz nada para você, e sem saber de nada, tu terminou comigo...

- Eu pedi desculpas! – interrompeu-me – Eu pensei bem, vi que você não tem nada a ver com isso, e me desculpei.

- Você não confiou em mim, Anahí! Isso me deixou muito irado, cara. Você como minha namorada deveria saber que eu jamais te trairia. Jamais faria uma coisa daquelas. Eu recrimino quem faz isso, acho nojento, velho. Para que te pediria em namoro se fosse para trair? Se liga, mina!

- Se liga você! – esbravejou – Se coloca um minuto no meu lugar, garoto! Pensa. Se fosse eu na foto com a boca colada no... – pausou – no Bernardo, que você tanto morre de ciúmes. E aí, o que faria? Confiaria em mim, mesmo vendo a foto, Alfonso? Confiaria? – mordeu o lábio, tentando inutilmente prender seu choro – Eu confiei em você, sim, porque não precisei de provas para te pedi desculpas! – fungou – Você é orgulhoso demais. Só você pode ter razão e eu estou cansada de brigar. Chega!

Talvez Anahí tivesse realmente razão. Se fosse ela com o Bernardo, eu não iria esperar por uma explicação. Com certeza terminaria com ela sem direito a nada, nem a uma conversa descente. Sim, sempre fui orgulhoso e não nego isso. Acho que eu poderia sim ser menos orgulhoso, mas sou assim. Desde pequeno que tenho isso comigo, e talvez não mude jamais.

Fiquei sem argumentos naquele momento. Poucas vezes fiquei sem palavras com alguém, mas eu não tinha mesmo o que dizer. Eu fui mesmo um idiota ao não querer voltar com ela, e só ali parado em sua frente, olhando em seus olhos...Pude ver a besteira que tinha feito. Anahí parecia decidida a não voltar comigo, e eu me senti novamente com 13 anos, como o dia em que meu pai saiu pela porta de casa com uma mochila minha que eu tanto amava, dizendo que não voltaria mais. Eu fiquei com medo de perdê-lo, e estava ali, com medo ainda maior de perder a minha menina.

- Any... – eu ia pedir desculpas, porque meu medo foi maior que perde-la. Eu sabia que deixasse sair da minha casa sem nos entendermos, não voltaríamos tão cedo. Porém, no momento em que abri minha boca, Maite desceu correndo em minha direção, e me abraçou forte.

Era um abraço assim que queria da branquinha.

- Que saudade, garoto! Não estou acostumada a ficar sem te ver, poxa – fez bico – Como foi de viagem? – sua empolgação era algo que dava até dó de cortar. Mas, eu não consegui responder sua pergunta. Queria me entender com a Any de vez. Ao perceber meus olhos presos na branquinha. Maite parou no analisando e recuou alguns passos – Foi mal. Estou atrapalhando, né? Vou para o meu quarto e volto depois.

Maite se virou, e a Anahí abriu a boca para protestar no mesmo instante. A puxei para perto de mim rapidamente e rocei nossos narizes, tentando fazê-la ceder. Eu precisava que ela cedesse. Precisava que conversasse comigo e que me desculpasse.

- Me solta – disse, irredutível, fazendo com que meu medo de perdê-la aumentasse – Solta, Al- Alfonso- soltou o ar dos pulmões e fechou os olhos quase sem perceber – Solta!

- Você não quer que eu te solte. Eu sei que não quer, amor! Vamos conversar... A Beatriz quer te contar a verdade. Foi armação, foi tudo culpa da...

- Eu sei que foi armação e não preciso da Beatriz para me contar – interrompeu-me ríspida – E também pouco me importa quem fez isso. Eu quero esquecer essa história toda! – Anahí se soltou de mim e se afastou, caminhando em direção a escadas – Você disse o que queria, Alfonso, e geralmente quem diz o que quer ouve o que não quer! Já que não quis voltar comigo quando pediu, eu não vou ceder – limpou a lágrima que escorreu do seu rosto – Não dessa vez!

Ela subiu as escadas rapidamente e me deixou ali feito um idiota, ainda repetindo suas palavras mentalmente. Tentando assimilar se ela tinha colocado um fim na nossa história mesmo, ou se foi apenas coisas da minha cabeça. Ainda pensei em ir atrás, mas sabia que só pioraria nossa situação, então decidi deixá-la em paz, pelo menos por aquele dia.

Fui novamente para a cozinha beber água, mas novamente quando ia pegar a jarra da geladeira, ouvi o barulho da porta bater. Corri até a sala, abri a porta e vi a Anahí destrancando o portão. Fechei a porta e a puxei pela cintura, a abraçando por trás. Ela estava com uma bolsa pendurada no ombro direito. A bolsa que tinha chegado em casa, com suas roupas. O que me fez pensar que iria embora.

- Você não vai! – a ergui nos braços e a levei para dentro – Não vai assim, desse jeito! Se quiser um tempo, beleza. Te deixo em paz por hoje. Você vai até esquecer que cheguei de viagem. Mas embora desse jeito eu não vou deixar!

- Alfonso, me soltaaaaaaa! – seus braços e pernas se chacoalhavam freneticamente, tentando se soltar de mim a todo custo. Mas eu não a soltei. Meu medo era maior que tudo naquele momento.

- Não vou soltar! Só se prometer que não vai embora! – sentei-me no sofá com ela no colo e a segurei ainda mais firme para que ela não fugisse. Porém, acabei falhando quando ela pisou forte no meu pé. A dor foi tanta que a soltei instantaneamente, querendo esganá-la por isso – Vai agir como criança, mesmo? Beleza, Anahí! Estou tentando, mas se quer agir assim e ficar nesse jogo de gato e rato, vai ficar sozinha. Não vou mais atrás de você, beleza? Quer ir embora? Vai! Fica a vontade!

Anahí se virou rapidamente e abriu a porta. Ainda deu uma última olhada para mim, mas acabou por sair, realmente, me surpreendendo. Não pensei que fosse ter coragem, mas a loirinha estava mesmo querendo me enfrentar. De coração partido a deixei ir. Mesmo querendo que ela ficasse.