Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

Com tanta confusão na minha vida, havia esquecido que em poucos dias seria Ano Novo. O Natal já tinha sido longe do amor da minha vida, e pelo visto o Ano Novo não seria diferente. Era quarta-feira, e não tinha sinais de que nosso caso fosse solucionado até sábado. Eu na verdade não tinha esperança de que fosse solucionado mais. Talvez numa história que tenha tudo para não dá certo, não tem como se acertar de uma hora para outra.

Estava na casa da Angelique, mas ela havia saído com sua mãe para comprar algumas coisas para a ceia do Ano Novo. A Vitória estava em seu quarto se resolvendo com o Bingo, pois também tiveram um desentendimento por ciúmes. Eu fiquei no quarto da Angel torcendo pelos dois, porque virar o Ano querendo beijar seu amor, já bastava eu.
As horas foram passando, e eu ainda estava ali deitada na cama da Angelique lendo um livro de romance, chorando nas partes em que os protagonistas se beijavam, e visualizava o celular toda hora para ver se tinha algo do Alfonso no WhatsApp, ou em qualquer rede social. Mas não tinha. A única coisa que foi postada, era uma foto do Cris e dele em uma rocha que havia no fim da rua em que moravam. Os dois estavam fumando, e os olhos do Poncho estavam avermelhados e inchados. Respirei fundo para não chorar e continuei me perdendo na leitura para não pensar muito nele.

Por volta das 14h, Angelique adentrou seu quarto e me abraçou ao me ver. Ela sabia que eu estava lá, pois tinha mandado uma mensagem avisando, mas ainda não tínhamos nos vistos. Seu abraço era algo que eu realmente precisava. Um abraço esmagador, aconchegante, de mãe ou de melhor amiga. Aquele abraço que você sente que pode contar com a pessoa, e que pode chorar suas lágrimas até seu peito parar de doer. Era o que eu precisava.

Fiz de tudo para ignorar a vontade de chorar, mas acabei por me debulhar em lágrimas quando ela perguntou se Alfonso e eu não tinha volta. Essa era uma pergunta que eu queria evitar ao máximo, pois não sabia responder. Eu queria voltar, sim. Mas queria que ele fosse atrás de mim, que ele cedesse daquela vez. Queria que ele notasse que se eu estava no Brasil, era para poder me entender com ele, e que fosse atrás de mim, não jogando o recém relacionamento no lixo.

Angelique disse mil coisas. Que eu precisava esfriar a cabeça e que logo voltaríamos. Pois o amor que existia entre nós era enorme e mais outras coisas que eu preferi nem gravar. Eu acreditava no amor que eu tinha por ele, que era assim imenso. Mas, o que ele tinha por mim eu duvidava ser tão grande assim, pelo menos não era maior que o seu orgulho.

Na hora da janta, assim que descemos as escadas para irmos à cozinha, sua mãe já estava nos gritando fazia no mínimo cinco minutos, mas eu ainda tinha ido ao banheiro para lavar meu rosto. Tirar um pouco a marca do choro. Assim que nos sentamos à mesa, a campainha tocou. Angelique se levantou para atender, enquanto colocávamos comida no prato.

-Passa o suco, amor – Vitória pediu ao Bingo, que estava mais próximo da jarra. Ele colocou em seu copo, e nos demais que estavam à mesa. Eu quis apenas um gole. Não estava com fome e muito menos com vontade de tomar suco de maracujá.

Só tomei o suco porque poderia ser bom para os meus nervos. Se bem que considerando meu estado, eu poderia comer a própria fruta ou um boa noite cinderela e ainda não conseguir dormir, e nem me acalmar.

Quando estava colocando o arroz no prato, ouvimos passos adentrarem a cozinha. Não me virei para ver quem era. Pensei que fosse o Cris, e estava esperando que ele me cumprimentasse como sempre fazia. Enchendo meu rosto de beijo. Mas, não aconteceu.

- Any? – Angelique me chamou com voz estranha, parecendo estar apreensiva. Olhei em sua direção e pude ver quem eu menos queria encontrar.

- O que você está fazendo aqui? – afastei a cadeira da mesa e me levantei rapidamente. Beatriz estava parada perto da porta encarando o chão. Ela parecia estar completamente receosa para me encarar, ou dizer qualquer coisa.

Eu sabia que ela estava querendo esclarecer a história com o Alfonso. O mal-entendido ou armação. Mas, eu não queria ouvir. Não estava com paciência, e tudo o que menos queria era entrar no assunto que estava tentando esquecer. O assunto que me fez chorar a tarde inteira, e me enchia de agonia quando me lembrava que se não fosse a bendita foto, eu poderia estar nos braços do meu menino.

Beatriz me olhou com os olhos marejados e respirou fundo. Deu boa noite de longe à todos e pediu para conversar a sós comigo. Eu não queria, mas levei em consideração seu esforço, e também Angelique praticamente gritou comigo para que eu escutasse a menina.

Subimos até o quarto da Angel, fechei a porta e ela parou de frente para mim, olhando-me com pesar. Antes de falar qualquer coisa, deixei bem claro que eu acreditava no Alfonso, e só queria saber o motivo de toda aquela armação. Dito isso, Beatriz foi direto ao assunto. E sem delongas contou o que tinha acontecido, nos seus mínimos detalhes.

Alfonso narrando:

“Estou na casa da Vitória, a Beatriz veio aqui falar com a branquinha.”

Estava distraído na sala tentando esquecer Anahí, quando recebi a mensagem do Bingo que fez meu coração acelerar descompassadamente. Aquela mensagem me fez ter esperança de que ela voltasse correndo para mim, mas quando me lembrei de que não acreditava em mim e que não queria voltar por eu ter sido grosso, voltei a perder a esperança na hora.

Subi para o meu quarto e liguei o computador para checar meus e-mails. Ricardo às vezes se comunicava comigo por lá, e considerando que ele tinha me liberado mais cedo, poderia me mandar alguma coisa, então resolvi ver. Como supunha, havia apenas um e-mail dizendo que eu poderia tirar o resto da semana de folga, porque como era a semana do Ano Novo, ele também não iria trabalhar. Iria abrir somente no dia 10 de janeiro. Para ser bem sincero eu não gostei muito, pois era a única maneira de me manter concentrado e distraído para não pensar na branquinha.

Decidi mandar-lhe outro e-mail, mesmo que não fosse resolver nada. Pelo menos eu tentaria.

“Desculpe incomodar, doutor Ricardo, mas eu queria te pedir para não me liberar do serviço. Sei que é época de Ano Novo e que fechará o escritório por causa dos outros empregados, também, que tem suas famílias e muitos viajam, mas eu preciso de alguma coisa para não enlouquecer. Entregar documentos ou rever os que o senhor me encarrega, me distrai muito, e no momento eu necessito disso. Será que não tem algo que possa fazer nas férias? Se me responder me sentirei grato.” – Alfonso.

Resolvi ir tomar banho para espairecer. E era o quarto banho que eu tomava. Estava vendo a hora que minha mãe entraria no meu quarto me dando bronca pelo tanto de água que estava gastando. Eu não demorei, sai rapidamente e coloquei apenas uma bermuda folgada.

Antes de descer, chequei novamente o e-mail e vi a resposta do Ricardo.

“Boa noite, garoto. Incomodo algum! Acho que estamos no mesmo barco, então...Mas eu estou na verdade, tentando esquecer o quanto sou babaca. Bom, eu tenho muitos documentos para rever. E estou fazendo isso nesse momento, porque voltar para casa é ver cada cômodo esfregar na minha cara o quanto eu não fui bom pai. Ainda estou no escritório tentando encontrar serviço até na sala do Alberto ou de qualquer outro advogado para manter minha mente ocupada. Se quiser vir e me ajudar, fique a vontade. Ah! Não esqueça...Apenas Ricardo.” – Ricardo.

Coloquei uma camiseta, troquei a bermuda colocando uma jeans, um tênis, peguei meu capacete a chave da moto e desci sem esperar para mais nada. Acho que eu precisava disso, também. Não quis nem jantar. Apenas avisei minha mãe que, me passou um sermão dizendo que eu deveria ir atrás da Anahí ao invés de mergulhar no serviço, mas eu apenas deixei que falasse. Me despedi dela, do Miguel, e da Mai, e corri para a minha moto, tomando o rumo do escritório do Ricardo.

Anahí narrando:

Eu poderia estar surpresa se não conhecesse Alicia, mas eu conhecia o suficiente para saber que era egoísta, vingativa e tinha uma mente mirabolante que era capaz das piores sacanagens para colocar as pessoas nas piores enrascadas. Meu único remorso era não ter pensado nisso antes de terminar com o Alfonso. Era culpa dela que tinha saído de casa. Não era surpresa ter tentado me separar do Alfonso. Beatriz ainda pediu mil desculpas dizendo o quanto se arrependia, mas ao mesmo tempo fiquei com raiva, entendi a necessidade que tinha de continuar naquele emprego. Ela tinha uma família para ajudar, e a esperta da Alicia usou isso para tê-la ao seu lado. Usou seu ponto fraco para conseguir o que queria.

Beatriz ficou conversando comigo por cerca de meia hora, e no final das contas a achei bacana. Ela não parecia uma má pessoa, e apesar de estar separada do Alfonso por algo que ela ajudou, eu não tinha raiva dela, não consegui. Na verdade eu tinha pena por ter sido obrigada a passar por aquilo por conta de uma chantagem.
Assim que Beatriz saiu, coloquei uma blusa mais quente, penteei meu cabelo e tomei uma decisão séria. Dessa vez não iria ficar barato. Alicia iria me pagar.