Pov Dul

Depois de ser afastada do hospital, eu simplesmente me desliguei de tudo.

Quando eu digo desliguei, é literalmente desligar. Desliguei meu celular e meu notebook, guardando-os na cômoda que havia em meu quarto. Esse mês de “recuperação” que Ucker, Derek e Mere convenceu o Conselho a me dar estavam sendo para espairecer, tentar organizar minha vida. Eu frequentava um psicólogo duas vezes por semana e, quanto ao processo, a Ludwika desistiu ao perceber que ela poderia entrar em uma encrenca gigantesca se eu conseguisse provar o roubo dela. E eu tentei provar. Mas ainda não obtive êxito, mas meu advogado disse pra mim não desistir que íamos provar que fui enganada por uma falsa amiga. Vida que segue. Já faziam três semanas que eu não chegava nem perto do Ángeles Grey. Minha rotina se resumia em me deslocar até o psicólogo nas quartas-feiras e sextas-feiras e depois disso, aproveitando que a neve já começava a cair, eu passava o dia de pijama enrolada em cobertores no sofá assistindo à Grey's Anatomy ou a algumas atualizações de alguns procedimentos modernos cardiotorácicos ou algum documentário sobre alguma doença rara, meu passatempo preferido. Eram 22h50 quando eu ouvi batidas na porta. Pausei o documentário que estava vendo hoje e peguei o casaco que estava no braço do sofá, vestindo-o, assim como minhas pantufas. Enrolei-o ao redor do meu corpo e andei até a porta, destrancando-a e abrindo-a.

Dul: Hey (eu falei, surpresa ao ver o Ucker parado lá. Ele vestia uma sobretudo preto de inverno preto e uma calça jeans e seu cabelo estava levemente bagunçado).

Ucker: Hey (ele disse e sorriu de canto e continuou). Eu te liguei (ele disse e olhou para o chão). Eu mandei e-mail mas você nunca retornou).

Dul: Eu… (comecei a dizer e, por um momento, enquanto eu me perdia na imensidão dos castanhos daqueles olhos, as palavras pareceram desaparecer e então respirei fundo e disse). Desliguei (Falei e engoli em seco, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha). Eu queria ter tempo para arrumar tudo.

Ucker: Eu queria saber se você estava bem (ele disse e sorriu, olhando para o chão).

Dul: Eu estou.

Ucker: Bom (ele disse). Então eu já vou indo (ele começou a se distanciar e uma voz baixinha e distante começava a gritar em minha mente. Não deixe ele ir. Chame-o. Arrume um jeito de mantê-lo aí mais um tempo e então resolvi seguir os conselhos da minha mente e disse).

Dul: Ucker! (falei e ele me olhou, pouco antes de apertar o botão e chamar o elevador, respirei fundo e disse). Quer entrar? (vi o quão estranho pareceu aquela frase e eu fechei meus olhos e suspirei frustrada e disse). Quer dizer, você veio até aqui (vi ele começar a se aproximar e eu segurei a maçaneta com mais força e então olhei ele se aproximando e disse). Deve.... (dou uma pausa e me corrijo). Tem muita neve lá fora e tá frio. Eu tenho chocolate quente e… (dei uma pausa suspirei e passei a mão pelo meu rosto, percebendo a vergonha que eu havia acabado de passar e disse). Esqueça (ele sorri pra mim e diz)

Ucker: Eu aceito o café (ele disse e eu encarei-o, sustentando seu olhar por alguns segundos).

Dul: Okay (falei e recuei, dando espaço para que ele entrasse. Ele tirou o sobretudo e pendurou no porta-casacos ao lado da porta enquanto eu buscava duas xícaras de chocolate quente na cozinha. Entreguei uma xícara para ele e nós nos sentamos no sofá. Dobrei minhas pernas e sentei sobre elas, encostando-me no sofá. Permanecemos em silêncio fitando a tela da TV que reproduzia um documentário sobre Síndrome de Wolff-Parkinson-White. Nós já havíamos terminado o chocolate quente e eu estava olhando para a tela enquanto ouvia Ucker respirando ao meu lado, até que ele quebra o silencio).

Continuaaaaaa...