Pov Dul

Nós conseguimos salvar a criança. Nesse momento, eu estava lavando minhas mãos enquanto olhava as enfermeiras começando a recolher as coisas usadas na cirurgia e a limpeza da sala era iniciada. Eu me sentia entorpecida, como eu me senti ao realizar minha primeira cirurgia solo, anos atrás. Eu passei tanto tempo remoendo mágoas e pensando o quão minha vida havia dado errado quem me lembrava mais como era a sensação de operar, como era a sensação de salvar vidas. Abri a torneira e deixei a água escorrendo pelas minhas mãos enquanto eu olhava fixamente para a sala sendo limpa. Eu podia salvar, eu podia mudar a vida de várias pessoas. Como eu havia quase me esquecido disso?

Jack: Fez um bom trabalho (ele disse parando ao meu lado e começando a se lavar. Eu assenti e desliguei a torneira, saindo dali. Andei pelos corredores sentindo como se não houvesse ninguém ali, como se tudo estivesse começando do zero. Pela primeira vez em muito tempo eu pude me sentir livre novamente. Suspirei e entrei no elevador, me lembrando que eu tinha que ir até o Ucker. Apertei o botão e me encostei na parede, esperando que o elevador me levasse até o andar que eu queria. Assim que a porta se abriu, caminhei lentamente até a sala onde provavelmente o Ucker estaria esperando por mim. E, de fato, ele estava lá. Ele fez sinal para que eu fechasse a porta e eu assim o fiz, parando de braços cruzados em frente à ele).

Ucker: Pode sentar (ele disse e eu neguei, permanecendo em pé. Ele suspirou e se encostou na bancada atrás de sua mesa, me olhando e disse). Você quebrou uma regra hoje.

Dul: Eu sei.

Ucker: Eu não quero ter que ficar te repreendendo toda hora. Nós temos um problemas, mas não precisa trazê-los pra cá.

Dul: Espera (falei o encarando seria). Você acha que eu operei aquela criança porque eu queria te contrariar? (ele abriu a boca e pareceu não saber o que dizer. Eu revirei os olhos e abri a porta, pronta para sair).

Ucker: Dulce (ele disse e eu o olhei-o. Ele fechou a porta e colocou as mãos na cintura, suspirando). Eu… (o interrompi e disse).

Dul: Sabe (comecei a falar o encarando e abri um sorriso). Eu operei hoje. Depois de muito tempo, eu pude sentir como é operar novamente. E eu me senti viva. Eu preciso disso, Ucker. Eu não consigo mais carregar essa nuvem de azar que paira sobre minha cabeça. Se você vai me privar disso, eu sinto em lhe dizer, mas eu não posso continuar aqui).

Ucker: Tudo bem (ele disse depois de um tempo). Mas você acha que pode fazer isso mesmo estando numa gravidez de risco?

Dul: Posso é só eu não fazer muito esforço e quando eu achar que estou sobrecarregada eu vou pra casa ou pra alguma sala de descanso dos plantonistas

Ucker: Ok, e espero que faça isso mesmo, pois eu só quero o seu bem e o bem do nosso filho (sorrio pra ele e ele retribui e então ele diz). Então você pode voltar, enquanto a sua demissão ainda não saiu (assenti sorrindo pra ele e me virei para abrir a porta, mas parei assim que eu ouvi ele sussurrar). Nós ainda precisamos conversar.

Dul: Não tenho nada pra falar com você, a única coisa que vamos conversar a partir de agora é sobre trabalho e sobre o nosso filho.

Ucker: Dulce por favor me escute

Dul: Não quero saber de nada Uckermann

Ucker: Por favor Dulce, você tem que me ouvir (o olho e vejo a cara dele cachorro que caiu da mudança, não posso cair na lábia dele e é isso que eu vou fazer, não vou cair e então eu digo)

Dul: A única que coisa que vamos conversar agora Ucker é sobre trabalho e sobre nosso filho e nem venha falar que precisamos conversar sobre nós porque não existe mais nos (digo isso me viro e saio da sala sem deixar ele dizer nada. Eu me dirigi até a sala dos atendentes e coloquei meu uniforme, amarrando, por fim, meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Fui até a secretaria e peguei todos os prontuários dos pacientes que estavam sobre os meus cuidados até o dia do acidente e tomei nota do estado deles, se eles receberam alta, se sobreviveram, se houveram complicações).

Continuaaaaaaaa...