Fanfic: Contos de Terror do Japão | Tema: Original
Diego, um brasileiro morando no Japão, recebe em seu novo apartamento alguns amigos: as garotas Chiaki e Keiko, além do casal Takashi e Nanako. Todos sentados na sala, tentando esquecer o forte calor de Tóquio, que mesmo a noite beirava os 30 graus.
- Como vocês conseguem conviver com esse calor? - Diego bebe mais um gole de chá gelado, constatando que a bebida é inócua à alta temperatura.
- Bem vindo ao Japão - Takashi sorri sarcasticamente, recostando-se na janela - Haaaa! Que quente.
-Por que tem que fazer tanto calor no verão japonês? - Keiko é outra que derretia na pequena sala.
- Quando eu era criança gostava do verão - Chiaki sorria como uma tradicional garota japonesa - saia para caçar insetos e passava as tardes ouvindo o som das cigarras.
- Eu prefiro a primavera - Nanako termina sua bebida e junta-se a conversa - principalmente do festival das cerejeiras.
- O que? - Diego estava confuso com mais essa tradição.
- O festival das cerejeiras é quando nós japoneses nos sentamos embaixo de uma cerejeira enquanto assistimos as pétalas se abrirem, foi em um festival desses que Takashi me pediu em namoro.
As garotas sorriem felizes, achando aquela história romântica, Takashi fica envergonhado.
- Bom, vocês japoneses moram nessa ilha há mais de mil anos, devem conhecer algum segredo para lidarem com o calor.
- Ar condicionado - Takashi gargalha sozinho.
- Contamos história de terror - Chiaki atravessa a conversa - ao ouvir histórias assustadoras os arrepios nos refrescam e conseguimos esquecer o calor.
- Estou gostando - Diego se anima, ele começa a se esquecer do calor - quem começa?
- Não é tão simples - Keiko interrompe a conversa - tem algumas coisas que você deve saber. Nossos contos de terror envolvem fantasmas, você sabe o que é um fantasma, Diego?
- Memórias impregnadas em um lugar?
- Típica resposta cética - Keiko sorri provocando - fantasmas são espíritos dos mortos que não conseguiram descansar. Existem três maneiras de um espírito permanecer na terra. Se a pessoa morrer com um desejo não realizado: sua alma fica presa aos desejos mundanos; se alguém morrer com muita raiva, o ódio a impede de entrar no mundo dos mortos. Outro fator é o suicídio.
- Não é só isso - Chiaki complementa - existem lugares especiais onde os mortos aparecem, em nossas casas um lugar especificamente assombrado é o banheiro. A água é um poderoso condutor espiritual e o espelho um portal para o mundo dos mortos, nunca se deve brincar com espíritos perto de um espelho.
- Mais alguma coisa?
- Sim - Keiko estava animada - existe uma tradição chamada "100 histórias de terror" se realiza em três cômodos, um onde os contadores se reúnem, um vazio e um com um espelho e cem velas acesas. A cada história contada o narrador deve-se levantar, atravessar o quarto escuro, entrar no próximo e apagar uma vela.
Diego levantava-se para procurar por velas, quando é interrompido por Keiko, que continua.
- Porém nunca deve-se contar as cem histórias, acredita-se que algo muito ruim acontece ao apagar-se a última vela.
- Como o que?
- Não sei, nunca contei a centésima história. Em geral contamos noventa e nove histórias e esperamos pelo amanhecer.
- Tá, mas por que?
- Esqueceu-se do espelho Diego? - Chiaki sorri - O espelho é um portal, a cada história aumenta a possibilidade dos espíritos aparecerem, porém com o raiar do dia os espíritos vão embora, se alguém sair durante o ritual pode ser perseguido.
- Mais alguma coisa que eu deva saber?
- Sim - Takashi levanta-se espreguiçando - caso veja ou precinta um espírito não fique com pena. Vocês brasileiros são muito gentis e calorosos e isso pode ser um problema, se o espírito sentir que você ficou compadecido ele vai começar a te seguir, imaginando que você irá ajuda-lo.
- E você Nanako? Tem alguma recomendação.
- Cuidado. Uma coisa é se divertir contando histórias, outra é brincar com aquilo que não se conhece, desde que não ultrapassemos essa linha tudo vai ficar bem.
Rapidamente os cinco preparam a casa, eles apagam as luzes, acendem cinco velas, cobrem todos os espelhos e sentam-se em círculo.
Começam as histórias:
Autor(a): diegot
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