Fanfic: 《• ↬ First Love ♡ Kim Taehyung ↫ •》 | Tema: imagine, longfic, fuffly, Kim Taehyung, BTS, V, music, colégio, romance, ficção adolescente
10 de fevereiro de 2012.
O meu abdômen estava dolorido de tanto que eu o contraia enquanto chorava. Minhas mãos estavam escondendo meus olhos banhados pelas lágrimas que caiam sem parar, enquanto eu estava sentada na neve gélida que já havia deixado meu corpo quase dormente. Eu sentia dor pelo meu corpo, mas o que me fazia chorar desesperadamente daquela forma, era o fato de que eu estava sozinha e de que aquela voz repetia sem pudor algum que, eu não teria ninguém mais e que eu nunca teria amigos ou seria feliz, porque eu estava destinada a viver sozinha. Gritei, esperneei, pedi para que aquela voz me deixasse em paz, mas tudo o que eu ouvi em resposta foi sua risada maléfica e debochada. Eu tinha certeza de que estava ficando louca e possivelmente estava entrando em depressão, ou já estava em uma, mas ainda não havia me dado conta. Porque a cada ano que vinha se passando, o meu estado ia se deteriorando e me assustava. Eu não tinha amigos, porque era considerada uma pessoa que trazia azar. Isso aconteceu quando eu tinha apenas 9 anos e todos com quem eu me relacionava ficavam doentes, perdiam alguma coisa, se machucavam e enfim... tudo de ruim acontecia com eles quando eu estava por perto. Mamãe costuma dizer que isso era apenas coincidência e que talvez, as pessoas me invejassem por eu ser a flor mais bela do jardim. Mas eu nunca acreditei nela, preferi acreditar no que a grande massa de pessoas a minha volta, diziam: eu era o azar em pessoa.
Mas a coisa toda piorou e as pessoas realmente passaram a levar a sério, quando aos 15 anos, eu perdi minha única amiga; Soon Young em um acidente em que o destino que ela seguia com seus passos animados, girando com seu lindo vestido floral, cantando alguma música que ela mais uma vez descobriu na internet, era a minha casa. Young morreu aos 16 anos, na rua de baixo da minha casa e era naquele mesmo local que eu me encontrava, chorando e soluçando alto pedindo a Deus que a trouxesse de volta.
Daquele dia em diante, ninguém mais ousou a ficar ao meu lado, a sorrir para mim, a desejar bom dia ou qualquer outra coisa. Kyung Mariah foi considerada inexistente, um fantasma, um terror, um mal, um monstro... e eu passei a ser sozinha. Sendo acompanhada apenas por aquela voz, aquela mesma voz que há quase três anos atrás, ela costumava ser dirigida a mim com amor e alegria, mas que agora tinha ódio e nojo. Aquela voz era a de Soon Young.
Eu estava pronta para fazer o que deveria ser feito desde quando aquilo começou. A minha mão tremula segurou o cabo da faca afiada que mamãe costumava cortar carnes, eu iria acabar com o meu sofrimento, era o melhor a se fazer.
— Por favor, Soon Young... me desculpa... — A minha voz saiu rouca por causa do tempo que havia chorado e então apontei para o meu pescoço, fechando os olhos, pronta para sentir a dor e agonizar por alguns segundos ou minutos, enquanto o sangue fosse jorrado e enfim eu estaria morta.
Porém, antes que eu pudesse fazer tal ato, uma mão quente segurou meu pulso e eu olhei assustada para quem estava parado a minha frente.
Seus olhos castanhos, orientais que desde que eu o conhecera eram misteriosos, estava me fitando com desespero e compaixão. Não tinha nenhum sorriso em seus lábios, nem mesmo aquele que ele carregava com malicia. Ele apenas apertava-os fazendo uma linha tensa se formar. Ele estava inteiramente de branco e quando percebeu que eu o reconheci, ele então sorriu aliviado e me pareceu tão genuíno que eu quis abraçá-lo. Retirou de minhas mãos o objeto que me ajudaria acabar com aquela dor e então segurou em minha mão.
— Você não precisa mais fazer isso, Kyung. — Sua voz grave estava profunda — Porque a partir de agora, você não está mais sozinha... — Então seu sorriso quadrangular se abriu, deixando seus olhos mais pequenos — Você tem a mim! — Piscou e me abraçou.
E foi tudo o que me recordei quando acordei soando frio e incrivelmente chorando, como sempre fazia quando tinha aquele tipo de pesadelos.
Mas naquela noite, ao invés de recorrer aos meus remédios para me ajudar a dormir, eu respirei fundo e sorri. Porque eu tinha ganhado um anjo e esse anjo era Kim Taehyung.
Já fazia três dias desde a última vez que eu havia visto Kim Taehyung. Meu pé havia melhorado, graças a Deus. Mas eu ainda sentia um pouco de desconforto quando pisava, por isso ainda andava com cuidado.
Nesses três dias Taehyung sempre me incomodava na parte da manhã e também a noite. E o pior, é que sempre era em horários cedo demais ou tarde demais.
Como nesse dia, era sexta-feira e ele me mandou mensagem ás 5:45. Tudo bem que eu entrava na aula na parte da manhã, mas não tão cedo assim. E eram sempre as mesmas baboseiras, ele dizendo o que estava com vontade de comer, o que eu estava fazendo, perguntando sobre o que eu achava das estrelas e se por acaso eu queria conhecer marte. Não precisei de muito tempo para concluir que ele era maluco. Fora ainda as vezes que ele me enviava suas fotos fazendo careta, e tenho que admitir que isso sempre me fazia sorrir. E naquele dia, ele havia me mandado uma foto fazendo biquinho enquanto ficava vesgo.
Tão fofo. Porém, ele era um completo idiota.... E um idiota que estava entrando na minha vida como um furacão.
Ele tinha me mandado mensagem na hora do almoço, dizendo para nos encontrarmos lá no colégio, já que ele estava indo resolver o assunto da sua transferência, porém, eu estava ocupada copiando o que a Sra. Yumi havia passado nos dias que eu faltei.
O sinal da escola bateu, avisando que era o fim de mais um dia de aula e eu suspirei aliviada, sabendo que teria o final de semana.
Meus pais estavam bem e me ligavam sempre que os horários batiam, nem muito cedo e nem muito tarde. Minha avó parecia estar melhorando e o médico suspeitava que isso era devido a minha mãe ter voltado. Logo sorri ao imaginar a senhora que não tinha os olhos puxados, como os que eu estava acostumada a ver, eram olhos amendoados e com grandes cílios e que assim como minha mãe, eu havia os herdados, porém, os meus eram levemente repuxados, visto que eu era mestiça. Suspirei mais uma vez e olhei para o céu. Sentia saudades.
Eu entrei em meu apartamento apressada. A neve estava indo embora, mas ainda assim o frio continuava lá gelando até meus ossos. Deixei meu corpo cair no sofá e liguei o aquecedor. Logo eu já estava tirando minhas blusas, sinal de que a casa estava aquecida. Então fui para o meu quarto me preparar para tomar um bom banho. Coloquei Kiss de 2ne1 para tocar em meu celular enquanto me banhava e cantava junto com as meninas. Eu adorava 2ne1 e lembrei das vezes que obriguei Jaebum a cantar comigo e fazer as dancinhas fofas. Bons tempos....
Após sair do banheiro, eu resolvi por uma roupa confortável. Agradeci pelo aquecedor estar fazendo um bom trabalho, deixando com que eu colocasse um short branco e uma camiseta larga preta que eu roubara do meu irmão, e que além de larga era grande, já que tampava o short e aparentava ser um vestido.
Fui para a cozinha preparar algo para comer. Era quase três horas da tarde, e eu só havia comido um lanche na escola, não estava afim de entrar na enorme fila para almoçar, por isso me contentei em ir comprar um lanche rápido e agora estava ali morrendo de fome.
Deixei meu celular tocando uma playlist onde havia BigBang, 2ne1 e SNSD.
Eu gostava de cantar e tentava dançar como as meninas. Jaebum sempre me dizia que eu tinha talento e que se eu quisesse eu poderia ser trainner de alguma empresa do K-pop, assim como ele era de uma. Porém, mesmo que eu gostasse de cantar e dançar, eu não queria ser isso, a minha vontade não era de ser dos palcos e sim das telinhas. Sim, eu queria ser atriz.
Eu estudava no SOPA, mais conhecido como Seoul Performing Of Arts High School. Eu também dançava e fazia aulas de canto, mas isso era porque na formação do meu curso de Arts&Film era indispensável aprender canto e dança. Por isso eu tinha facilidade para aprender a coreografia das girls groups. Fui elegida a melhor dentre todas as categorias na minha classe e estava confiante de que assim que terminasse eu conseguiria entrar para algum drama da televisão que eu era apaixonada.
Amarrei meu cabelo e comecei a preparar o meu almoço, enquanto cantava as músicas aleatórias dos grupos em meu celular. Estava animada cantando o refrão de The Boys das SNSD quando a campainha tocou me atrapalhando e eu bufei.
— Que droga! Quem é agora? — Indaguei para mim mesma, enquanto baixava o fogo e fui atender.
Logo me lembrei dos meus avós e xinguei baixinho quando vi que havia esquecido de ligar para eles dizendo que eu estava bem. Só podia ser eles ali, prontos para me darem uma bronca. Olhei pelo olho mágico e tinha alguém de touca com a cabeça abaixada, acabei sorrindo achando que era meu irmão.
— Ah, chegou em uma ótima hora! — Eu disse assim que abri a porta indo abraçar ele.
— Oh, que bom! Porque eu estou morrendo de fome e o cheiro está agradável. — Aquela voz. Aquela voz.... Eu parei muito próxima a ele quase o tocando e agradeci por não ter o abraçado.
— Kim Taehyung... — Disse surpresa abaixando meus braços — O que faz aqui? — Voltei para a porta.
— Ah, pode me abraçar, não tem problema, vem cá.... — Ele disse rindo tentando me abraçar, mas eu o afastei mesmo que a minha vontade fosse o oposto.
— O que faz aqui? — Indaguei de novo depois de ter batido em sua mão e ele protestou fazendo bico.
— Bom, era para a gente se encontrar no colégio, mas não te encontrei então conclui que você — Apontou para mim — Havia me dado bolo. Aí resolvi vir aqui. Não recebeu a mensagem? — Arqueou a sobrancelha e passou a mão em sua testa, mexendo nos fios lisos do seu cabelo que caiam ali.
Eu tinha que assumir que ele fazendo aquilo me deixava mais perdida ainda em meus pensamentos. Porque eu ainda continuava o achando um anjo. Ainda mais depois daquela noite, onde ele apareceu sorridente e de branco para mim, dando-me a mão enquanto eu chorava e soluçava. Dizendo que tudo ficaria bem, porque ele estava ali.
— Não. — Franzi o cenho — Bom, eu não me lembro de ter ouvido ele apitar. — Respondi pensativa e ele riu.
— Claro que não ouviu. — Rolou os olhos, apontando para dentro onde a música continuava tocando— Eu disse que viria te ver. — Bagunçou meus cabelos e olhou para dentro do meu apartamento — Não vai me convidar para entrar? Eu realmente estou com fome. — Pediu com os olhos pidões e eu suspirei deixando-o passar.
Eu jurava que ele havia desistido de me esperar e tinha ido para a casa, saber que eu havia feito o esperar e o deixado com fome fez uma raiva por eu mesma brotar dentro de mim. Ele passou sorrindo e foi em direção ao sofá enquanto eu fechava a porta. Caminhei até ele lentamente e o mesmo olhou meu pé.
— Não almoçou? — Perguntei só para confirmar, quando ele reclamou novamente de fome.
— Não. Estive ocupado de manhã e planejava almoçar com você. — Me fitou por um segundo, e eu me encolhi envergonhada por ter o deixado esperado — Como está? — Murmurou tirando a touca, puxando seus fios para trás, deixando sua testa livre e colocando a touca novamente. Ele aparentava ser mais velho quando a usava.
Ele estava mais bonito do que no outro dia — se é que isso seja possível —, seu moletom e sua calça jeans eram tudo preto, enquanto o casaco grosso que ele usava para se aquecer do frio lá fora era azul e usava uma touca cinza. Ele retirou o casaco e o jogou no meu sofá se aproximando de mim com o cenho franzido. Mesmo eu adorando ter sua imagem fresca em minha mente com ele todo de branco, preto combinava perfeitamente com ele.
— Kyung? — Disse estalando os dedos a minha frente então foquei meu olhar no seu — Me observando de novo? — Sorriu, dessa vez sem mostrar seus dentes e eu o observei mais atenta para o que havia acontecido com ele do que para sua beleza.
— Não, só estava pensando em algo do colégio. — Suspirei passando por ele, ouvindo sua risada nasalada onde dizia que ele não havia acreditado naquilo.
— E então, seu pé melhorou? Precisa ir ao médico. — Virou-se para mim e eu me sentei no sofá e apontei para o outro para que ele fizesse o mesmo.
— Já está melhor. — Apertei meus lábios o conformando e ele assentiu. — Desculpa por não ter avisado que eu não ficaria para o almoço. — Pedi enquanto ele se sentou ao meu lado.
— Está desculpada. — Não houve sorriso e isso me fez arquear a sobrancelha.
— Você precisa de algo? — Perguntei quando o silencio dominou o apartamento.
— Não. — Sorriu com o cenho franzido.
— Então por que está aqui?
— Eu vim para te fazer companhia, ué. — Deu de ombros e sorriu jogando seu corpo para trás no encosto do sofá.
— Não precisava. Não quero atrapalhar tua vida. — Comentei séria e olhei para a cozinha, vendo o fogão, ainda não estava pronto o meu almoço — Conseguiu resolver o que tinha no colégio? — Ele suspirou assim que me ouviu.
— Ah, sim... — Estava desanimado e eu virei meu corpo todo para ele.
Não sabia o que havia acontecido com ele e também não sabia como lhe perguntar sem que ele achasse aquilo um incomodo, como quando nos conhecemos. Ele não estava sorrindo como das outras vezes e mesmo que ainda não fizesse nem uma semana que nos conhecíamos, ele parecia estar bastante preocupado e eu senti vontade de ajudar.
— O que foi? Não gostou de lá? É legal, você vai fazer bastante sucesso entre as meninas. — Pisquei e logo seu sorriso convencido surgiu, me deixando alegre por ter o feito sorrir.
— Está assumindo que me acha bonito? — Endireitou seu corpo, ficando a poucos centímetros do meu rosto e eu rolei os olhos. E eu preocupada achando que algo estivesse acontecendo.
Mesmo que eu tivesse ficado um pouco surpresa e tivesse pensado que ele realmente fosse fazer seus lábios encostarem nos meus, eu fingi que não havia sentido nada. Ficar sozinha tinha me ajudado a usar um bom escudo para esconder minhas reais intenções e, as aulas de atuação me ajudavam e muito.
— Eu nunca disse que não era. — Estalei meus lábios e ele ficou parado em silêncio, e eu claro, estranhei — O que foi? Estraguei sua brincadeira? — Ri e ele continuou me encarando, um pouco desconcertado talvez?
Levou sua mão esquerda até sua nuca e depois a subiu para a sua touca, dando uma remexida nela e deixando escapar uma mecha do seu cabelo na lateral, deu uma levantada em seu lábio inferior enquanto dava o sorriso torto.
— Não... eu sabia que você me achava bonito desde que nos encontramos. — Piscar parecia ser uma mania sua, porque em quase todas as frases que ele proferia em voz alta para mim, no final, ele sempre piscava. Olhou para outra direção e eu sorri.
Queria ter a auto estima que Taehyung tinha. Porque meu Deus! Era demais! Mas se bem que ele tinha razão para isso, ele era muito bonito então com certeza estava acostumado com as meninas se derretendo por ele.
— E então, o que foi que não te agradou na escola? — Estava curiosa e ele sorriu envergonhado.
— Eu descobri que sou péssimo em inglês. — Deu de ombros olhando para baixo e eu soltei uma risada nasalada.
— E veio descobrir isso no último ano? — Indaguei e ele não me respondeu, como também não olhou em meus olhos — Como conseguiu chegar até aqui? — Perguntei e ele fez um bico não gostando do fato de que eu estava o caçoando.
— Não tenho culpa se a minha antiga professora não sabia explicar. — Deu uma desculpa que estava na cara que era mentira e eu escondi meu sorriso.
— Ok, Sr. Kim Taehyung. — Tentei não rir — Vou te dizer uma coisa que irá te animar. — Pisquei e ele tombou a cabeça para o lado, esperando eu dizer, porém, sua expressão fofa me deixou um pouco desconcertada e eu demorei alguns segundos para lembrar o que eu ia dizer — Nesse colégio há os melhores professores de inglês. — Apontei dois dedos para ele e o mesmo fechou os olhos.
— O problema, Kyung, é que eu tenho que fazer uma prova daqui um mês para isso. — Suspirou derrotado e eu arqueei a sobrancelha — E não tenho muito tempo para estudar e mesmo que tivesse, quem iria me ajudar? — Parecia perdido e eu puxei meus lábios para o canto, o entendendo.
Não tinha pensado no momento, naquela ideia, mas quando eu ia abrir a boca para dizer que poderíamos pedir para um dos professores ajuda-lo, a ideia surgiu:
— Olha... então se sinta muito sortudo. — Comecei dando um sorrisinho e ele me olhou curioso, mas no mesmo instante eu quis rir de nervoso por ter dito que ele era sortudo por me conhecer — Porque você está na frente da melhor aluna de inglês. — Pisquei meus olhos fingindo fazer uma carinha fofa e ele passou tempo demais olhando aquilo até que deixei o lado fofo e dei um tapinha em seu ombro — Então eu posso te ajudar. — Completei sorrindo e ele abriu aquele lindo sorriso que havia iluminado meus sonhos na noite passada.
— Estou começando a achar que foi o destino que te colocou na minha vida. — Disse pensativo apontando para mim e eu fiz uma careta, mas logo sorri ao lembrar do que eu havia pensado sobre ele — Muito obrigado, Kyung! — Em um rápido gesto ele beijou minha testa e eu fiquei sem reação enquanto ele sorria.
— Aish, para com isso. — Pedi e ele não entendeu — De ficar me tocando, pegando sem aviso prévio. — Suspirei cruzando meus braços, um pouco irritada.
Estar próxima dele me fazia perceber cada dia mais o quanto eu era parecida com Jaebum, meu irmão, pois, não havia gostado daquilo — ok, talvez um pouquinho — e por isso fechei a cara.
— Você gosta. — A presunção em pessoa falou e eu revirei os olhos pela milésima vez desde que ele chegara.
— Não gosto. — Retruquei e ele fez bico — E acho bom, caso você queira que eu te ajude, parar de fazer isso e focar nos estudos para passar nessa prova. — Dei um peteleco em sua testa e ele me olhou incrédulo.
— Aigoo! Você não fez isso, não é? — Disse surpreso levando a mão a testa com uma careta de dor e eu mostrei-lhe a língua.
— Então você pode me tocar, mas eu não? — Tombei minha cabeça para o lado e fazendo aegyo, com uma cara emburrada enquanto colocava minhas mãos fechadas em punho próximo ao meu queixo.
— Eu não... — Ele parou me observando e sorriu quando viu o que eu fazia — Para com isso, estou magoado. — Disse, talvez corando?
Sim. Kim Taehyung estava corando. E eu ri.
— Magoado? — Me aproximei e ele assentiu.
— Eu te toquei com carinho, não com agressividade. — Murmurou parecendo uma criança e eu revirei os olhos para o drama.
— Aish, Kim. Você é dramático. — Suspirei e então em um movimento rápido, suas mãos estavam sobre minha cintura, atacando-a com cocegas e me fazendo rir.
— Isso é para você começar a me tratar com carinho. — Ele dizia enquanto ouvia minha risada escandalosa.
Fazia séculos que alguém fazia cocegas em mim, a ultima pessoa havia sido meu irmão, mas isso já fazia quase um ano, então, eu estava mais sensível do que nunca. Eu pedia por socorro e para que ele parasse, não estava mais aguentando. Era tortura e eu era muito fácil de sentir cocegas. No fim, de tanto eu remexer, acabei deitando no sofá e o tentava empurrar com meu pé, enquanto tentava proteger o outro. Vendo que eu estava conseguindo o afastar ele ficou por cima de mim, deixando minhas pernas entre as suas e seu corpo estava curvado sobre mim.
— Peça desculpas. — Disse com o rosto próximo a mim e eu tentei o empurrar com as mãos, mas ele foi rápido ao captura-las e coloca-las acima da minha cabeça — Peça desculpas e diga que vai me tratar com carinho. — Disse divertido com o sorriso aumentando aos poucos enquanto eu tentava me remexer.
— Sai de cima de mim. — Pedi com um pouco de dificuldade e ele negou com a cabeça.
— Só quando você disser o que eu disse. — Sua língua pulou para fora e passeou entre seus lábios enquanto eu suspirei irritada.
Aquilo só podia ser provocação. Onde já se viu fazer aquilo tão próximo assim de mim? Tudo bem, eu assumo que eu nunca havia beijado na minha vida, mas não acham que é tortura ele fazer isso? Com certeza é muita. Eu me remexi mais uma vez, pedindo para ele me soltar, mas assim que ele negou o pedido algo passou pela minha cabeça, abri um sorriso e ele não entendeu.
— Desculpa, oppa! — Fiz uma carinha com aegyo e afinei minha voz. Senti suas mãos afrouxarem e seus lábios se separaram mostrando a sua surpresa enquanto seus olhos se perdiam.
Ponto fraco dos garotos, esse era o bom de ter um irmão.
As mãos dele estavam frouxas o suficiente para eu poder sair, porém, ele voltou a segurá-las com firmeza.
— Quase, quase conseguiu, Kyung. — Estava rindo eu bufei irritada.
— Por favor, Kim. — Pedi e ele negou com a cabeça.
— Só....— Ele ia falar quando parou e olhou para a cozinha — Eu adoro essa música. — Disse quando Say Yes das SNSD começou a tocar e eu demorei alguns segundos para entender.
Ele começou a se balançar e eu observei aquilo tentando sufocar a risada, mas era em vão.
— Mas o quê....
— Bring the boys out! — Começou a cantar e eu comecei a rir. Ele me deixou sair e eu o olhei incrédula assim que ele ficou em pé e começou a dançar a coreografia das meninas enquanto cantava.
Olhando ele dançar eu fiquei animada por ver que ele dançava bem a coreografia e que agora eu finalmente havia encontrado alguém para me acompanhar nas danças durante meus dias entediantes.
— Meu Deus, Taehyung! — Meu abdômen já começava a doer de tanto que eu estava rindo e ele dançava na minha frente, levando a sério e fazendo caras e bocas. — Isso é ridículo! — Eu quis o irritar, mas ele não se importou.
Não era ridículo, quer dizer, talvez fosse um pouquinho já que mesmo ele dançando tão bem, a forma como ele movia o corpo mais afeminado do que o normal, fazia aquilo ser estranho e engraçado ao mesmo tempo. Meus olhos estavam lacrimejados e eu não me lembrava de qual tinha sido a última vez que havia rido tanto como naquele momento. Ao sentir meu abdômen doer, me levantei com dificuldade indo até o meu celular e desliguei a música.
— Ah, mas que invejosa! — Ele protestou vindo atrás de mim enquanto eu me escorava no balcão ainda rindo.
— Eu estou morando sozinha, não quero ter pesadelos. — Brinquei enquanto ele me olhava sério.
— Há-há-há, só está dizendo isso porque está com inveja. — Ele dançava melhor do que eu, assumo, mas não tinha inveja.
Meu estomago roncou e eu agradeci por apenas eu ter escutado e ele estava com o meu celular em sua mão, colocando outra música para tocar.
— É o que? Você dança ridículo. — Falei me virando para o fogão e vendo que estava quase pronto meu almoço e meu estomago choramingou novamente.
— Sou melhor do que você. — Me virei pare ele — Invejosa. — Me deu um olhar semicerrado e eu só arqueei a sobrancelha.
— Eu sabia que tinha algo de estranho em você, só não sabia que era um fã de grupos femininos. — Dei risada e ele fez uma careta por eu estar rindo. — Agora eu estou impressionada, porque eu achava que você era bem másculo. — Não aguentei e ri mais alto, porém ele não havia achado graça.
— Muito engraçado. — Aproximou-se.
— Não é?!
— Está querendo dizer que eu não sou homem, Kyung? — Indagou ficando mais próximo e com aquele olhar misterioso de volta.
— Não disse isso. — Tentei ficar séria, mas acabei rindo e ele me prensou contra o balcão — Kim Taehyung! — Na hora deixei de sorrir e fiquei em alerta.
— Eu poderia ficar muito chateado com esse seu comentário... — nossos corpos estavam colados e ele estava sussurrando em meu ouvido, enquanto eu sentia o cheiro delicioso de colônia masculina vindo dele — Mas... — deu uma risada baixa, fazendo seu sopro atingir a minha pele e me arrepiar— Eu realmente adoro girl group, então.... — Sua voz havia afinado e ele já tinha me soltado e estava fazendo aegyo na minha frente, enquanto eu tentava assimilar tudo que havia acontecido um segundo antes.
— Aish! Você tem problemas. — Eu disse irritada enquanto ele ria e então fui até o fogão, desligando o fogo do meu japchae; um macarrão doce com legumes que era uma delícia.
— Hummmm. — Aproximou-se ficando atrás de mim e meu corpo ficou tenso, eu ainda não havia me recuperado da sua aproximação de minutos antes — Que cheirinho gostoso! O que fez? — Tocou meu ombro, ficando mais perto e olhando a panela — Japchae? Eu adoro japchae! — Disse animado, parecendo uma criança, ainda próximo demais de mim e com a mão em meu ombro.
— Se você não parar de me tocar você não vai comer e vai sair chutado daqui. — Eu disse e demorou dois segundos para ele entender e se afastar.
— Aish, você é tão chata. — Pude ouvir ele suspirar.
— Eu não sou igual quem você está acostumado a ficar sempre tocando assim. — Disse ríspida pegando a panela.
— Como se eu fosse fazer alguma coisa com você. — Sua voz soou mais grossa e eu franzi o cenho.
— Vai saber? Eu mal te conheço. — O olhei e ele estava com os braços cruzados.
— Você é minha amiga, Kyung. — Aproximou-se e eu semicerrei meu olhar — E eu não faço nada com minhas amigas, apenas gosto de demonstrar o meu carinho. — Tocou minha cabeça, dando um sorriso e eu senti um desconforto ao ouvir aquelas palavras.
—Sua amiga...? — Eu repeti aquela parte um pouco baixo, mas ele ouviu.
— Sim, minha amiga. Então pode ficar tranquila que eu não vou tentar te beijar e nada do tipo, só fiz aquilo para brincar mesmo. — Deu de ombros rindo e foi para o lado esquerdo — Já vamos comer?
Eu fiquei ali olhando para o nada, sentindo o peso daquelas palavras. Tudo bem, eu deveria estar comemorando por ele já me achar sua amiga, porém, aquele adjetivo não era dirigido a minha pessoa faziam quase três anos, não estava mais acostumada. E, por esse motivo eu sentia o peso, não deveria comemorar, porque não era bom sermos amigos... contudo, havia algo a mais dentro do meu peito se incomodando após ouvir aquela palavra, mas naquele momento eu fui incapaz de descobrir.
— Kyung! — Me chamou e eu o olhei após me recompor.
— É, está pronto... — Respondi sua pergunta anterior e então fomos arrumar a mesa para podermos comer.
Só o conhecia a poucos dias, mas eu sentia como se o conhecesse há décadas e achava incrível isso. Enquanto arrumávamos a mesa, ele cantarolava junto com Big Bang a música japonesa Koe Wo Kikasete. Sua voz cantando era mais linda ainda, era profunda e serena, além de ser mais grossa do que o normal e me fez ter vontade de ficar o ouvindo por horas. Ele parecia gostar de cantar porque eu pude perceber em como ele se concentrava na sua voz e esquecia do resto ao seu redor.
— Uau! Você canta muito bem, sabia? — O elogiei e ele me olhou um pouco confuso e depois sorriu.
— Ah... é, obrigado. — Agradeceu parecendo envergonhado e eu arqueei a sobrancelha ao perceber que enfim, tinha alguma coisa que o deixava envergonhado; elogios.
Ele estava saboreando meu japchae com arroz enquanto eu o observava. Ele tinha a mania de fazer caras e bocas fofas e isso o fazia parecer mais jovem, mas a verdade era que, quando ele estava sério e concentrado ele demonstrava que era mais velho.
— Por que me olha tanto assim? — Perguntou depois de dizer o quanto havia gostado do meu japchae e eu agradeci minha mãe por ter me ensinado a cozinhar.
— Você lembrou o meu pai.... — Menti e ele caiu.
— Ah.... espero que isso não te deixe mal... — Disse apreensivo e eu sorri dizendo que estava bem — Como eles estão?
— Ótimos! Curtindo o verão no Brasil, enquanto eu estou aqui quase morrendo congelada. — Suspirei comendo em seguida.
— Brasil.... — Disse olhando para o alto — Ainda vou para lá um dia. — Sorriu e eu quis dizer que sim, ele poderia ir comigo, mas apenas devolvi o sorriso e voltei minha atenção para o meu japchae, porque aquela voz estava voltando e dizendo que eu também estragaria sua vida — Você não precisa morrer congelada. — O olhei novamente e ele deu aquele maldito sorriso de canto, que significava merda — Você tem a mim. — Piscou e eu rolei os olhos.
— Não sou como suas amigas para dormir com você. — Devolvi e ele parou um pouco, pensando em algo e depois sorriu novamente.
— Mas eu como amigo tenho o papel de cuidar bem da amiga. — Retrucou e o olhei sem expressão.
— Come logo esse japchae antes que eu o jogue em você. — Apontei para ele e o mesmo me olhou emburrado enquanto eu sorri.
"E você deveria ter continuado me olhando apenas como uma amiga, Taehyung. Porque talvez nós ainda estivéssemos aqui..."
Autor(a): Black
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Algumas semanas depois... Desde que eu havia conhecido Kim Taehyung, eu me sentia mais leve e vinha sorrindo com frequência. Assim como também vinha me estressando com frequência. Ele chegou com um turbilhão de sentimentos e os jogou em cima de mim, me deixando confusa e sem tempo para parar e organizá-los. Mas eu estava incomodada com a ...
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