Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy - adaptada | Tema: vondy adaptada

  — Para quando é? — Seu Víctor quis saber.
  — Ainda não definimos a data. — Meu rosto estava em brasa.
  — É tão delicado. — Alexandra suspirou.
   — O tipo de anel que não enroscaria na roupa ou no cabelo — Poncho completou, os olhos soltando faíscas em direção ao irmão. — Nem chamaria muita atenção. Não acha, Christopher?
   O caçula dos Uckermann travou o olhar no do irmão. Tenho quase certeza de que eu estava testemunhando uma briga, embora nenhuma palavra tenha sido dita.
  Desesperada para que o assunto fosse esquecido, escondi a mão embaixo da
mesa. Christopher, ainda encarando Poncho, a pegou discretamente, apertando-a de leve.
   Infelizmente Anahi captou o gesto. E engasgou com sua água, cuspindo grande parte na cara do noivo.
   — Ah, Deus. Desculpa, Poncho — se apressou ela, pegando um guardanapo.
  — Está tudo bem. Não foi nada. — Ele secou o rosto e parte da camisa.
  — O que foi, querida? — Alexandra olhou para ela com preocupação.
  — Eu... — Anahí começou, os olhos dardejando. — Acabei de lembrar que
preciso... humm...
  — Ligar para a Mariana — ajudou Poncho. — Vou com você.
  Os dois se levantaram e começaram a cochichar antes mesmo de desaparecerem no corredor que levava aos banheiros. Dona Alexandra  os acompanhou com o olhar preocupado.
   — Acho melhor ir ver o que está acontecendo — ela ponderou. — Anahí 
parece bastante exaltada.
  — Alexandra, deixe os dois. — Victor pousou a mão em seu braço com delicadeza.
  — Ficou claro que ela queria um minuto sozinha com o Poncho.
  — Mas ela pode estar precisando de uma mãe! A pobrezinha parecia abatida.
  — O pai está certo. — Christopher pegou seu garfo e começou a girá-lo entre os dedos. — Deixa os dois. Fica aí.
   — Ora, nenhum de vocês vai me ensinar como eu devo tratar a minha filha!
  — Amulher se levantou, decidida.
  Com um suspiro de dar pena, seu Víctor  ficou de pé e foi atrás da mulher.
  — Alexandra, espere. Você prometeu...
  Soltei os ombros e um pesado suspiro quando ficamos a sós.
  — Não precisa ficar tão tensa. Deu tudo certo. — Christopher pressionou os dedos ao redor de minha mão e então a soltou.
   — Fiquei com medo que eles fossem fazer mais perguntas, e eu não tenho
nada pronto. A Anahi sabe, Christopher. Ela viu você segurar a minha mão.
   — Não faz a menor diferença agora. — Ele pousou o talher na mesa com um
baque agudo. — Ela acabaria sabendo de todo jeito. O Poncho estava comigo quando eu comprei o anel. 

 — Desculpa, Christopher. Eu esqueci de tirar. Agora ele vai pensar que é pra valer.
   — Não foi culpa sua. E o Poncho é esperto demais, Pin. Ele sabe que você
precisava de um noivo. Estava no bar quando a Anahi sugeriu arranjar um noivo falso. E sabe que eu estava relutante em arranjar um cuidador. Ele já juntou as coisas. E, pelo jeito que ele me olhou, não gostou nada disso.
  — Você acha que ele vai contar para os seus pais?
  Ele negou com a cabeça.
  — O Poncho jamais faria uma coisa dessas. Mas te garanto que eu vou ouvir um sermão do caralho. — Soltou o ar com força.
  — Eu não queria que você se metesse em problemas. Que tivesse que contar mais mentiras para a sua família.
  — Eu vou te contar um segredo. — Ele se inclinou para mais perto, o meio- sorriso dando as caras. — Nem sempre a verdade é o melhor caminho.
   Acabei rindo.
  — Como você consegue distorcer as coisas e parecer que está certo?
  — Deve ser um dom. Eu tenho muitos. — Ele pegou uma mecha do meu
cabelo, enrolando-a no indicador. — E um deles é irritar você.
  — Até a morte. — Ergui o rosto para ele.
  — Não. Até a morte, não. — As íris estupidamente verdes percorreram meu
rosto, cada detalhe dele, até se fixarem em minha boca. — Apenas até que você
fique tão furiosa comigo que não consiga pensar em mais nada. Só em mim.
   Minha respiração ficou presa na garganta, a boca seca, e eu só conseguia
pensar em ter aqueles lábios macios e molhados sobre os meus.
  Contudo, Christopher se afastou de súbito, pois o garçom colocava os pratos na mesa. Precisei de um instante para me recompor, e consegui bem a tempo, já que praticamente no mesmo instante os pais dele retornaram.
  — São os preparativos do casamento. — Alexandra se sentou. — A Anahi está um
pouco nervosa, pobrezinha. Mas que noiva não fica, não é mesmo?
Anahi e Poncho voltaram. Ela evitava olhar para mim, e eu percebi que Christopher  tinha razão quanto ao irmão. Poncho estava furioso, pegando a faca e a girando entre os dedos enquanto encarava Christopher, que por sua vez aceitou o desafio com um largo sorriso. Eu não queria estar por perto quando aqueles dois fossem acertar as contas.
  Se os pais perceberam o clima estranho entre os filhos, não deixaram transparecer. A conversa logo se voltou para o casamento iminente de Anahi e
Poncho, e então eu comecei a relaxar.    Depois da sobremesa, eu estava quase à
vontade ouvindo Christopher e a mãe falarem sobre o sítio. Ele tinha saudades de lá, embora eu duvidasse de que fosse admitir isso um dia.
  — Sua tia ia adorar — ele me disse. — Minha mãe tem um jardim que é considerado o mais bonito da região. Não tem begônias, mas é bem bonito.
   — E desde quando você sabe o que é uma begônia? — Alexandra quis saber, surpresa.
  — Begônia, rosa, samambaia. É tudo flor. — Ele deu de ombros, afundando a
colher no seu sorvete.
  — Minha tia é doida por begônias — esclareci. — Tem um jardim repleto delas. O Christopher teve que escutar a história da planta quando a conheceu.
  — Ah. — O vinco na testa dela se aprofundou.
  — Ei, pai, sabia que o Christopher quase me venceu na piscina? — Poncho questionou, mas ainda não parecia amistoso. Era mais como se estivesse querendo mudar o foco da conversa.
  — É mesmo, filho? — Victor sorriu para o seu caçula.
   — Ele diz. — Christopher deu de ombros. — Mas não acredito muito nisso.
   — Eu não menti, Christopher. — O rosto de Poncho continha uma sombra agora. — Eu não minto.
  — Claro. Você prefere ocultar a verdade. Eu tinha esquecido. — Christopher  lambeu a colher e... eu me perdi do resto do mundo. Ah, caramba.
  — Posso ter ocultado algumas coisas — vociferou Poncho, me despertando do
transe —, mas pelo menos contei uma parte da verdade. O que era relevante,
pelo menos. E eu tinha os meus motivos.
   — Já chega. Esse assunto já foi resolvido — Alexandra disse, um pouco agitada.
  — Não seja hipócrita, Poncho. — Christopher  estreitou os olhos.
 Os dois se encararam por um momento. Ai, droga. Eles iam começar a brigar e a verdade acabaria saindo sem querer.
   — Sabia que o olho de um avestruz é   maior que o cérebro? — abri a boca e
soltei a primeira coisa que me veio à mente. Todas as cabeças se viraram em minha direção.
   — Acho que eu não entendi direito. — Christopher pressionou os lábios, reprimindo o riso.
   — Eu vi num documentário. — Empurrei os óculos para cima.
   — E o que mais tinha nesse documentário? — ele quis saber, achando graça.
   — Que os ursos-polares são canhotos.
  — Jura? — Anahí  perguntou. — Todos?
  — Todos — confirmei. — E também dizia que as estrelas-do-mar não têm cérebro. Conheço uma ou duas pessoas assim — encarei Christopher.
   Ele sacudiu a cabeça.
   — Definitivamente, preciso te levar pra sair de novo.
   Lembranças de nossa ida ao cinema preencheram minha mente.
  Estremeci de leve.
   — Prometo que dessa vez não vamos acabar na delegacia, Pin — ele se apressou, a voz doce como uma carícia.
  — Pin? — alguém perguntou. Anahi.
  — O quê? — Poncho esqueceu a desavença, e tudo o que seu rosto demonstrava agora era preocupação.
  — Delegacia? — o pai repetiu, com a testa franzida.
  — Ah, meu bom Deus! — Alexandra gemeu.
  — Ninguém foi preso! Não precisam surtar — Christopher ergueu as mãos.
  — Estou esperando, garoto. — Seu Víctor se empertigou, cruzando os braços sobre a barriga proeminente.
   Christopher olhou para mim, fez uma careta e suspirou, vencido.
 — Não foi nada de mais — explicou. — Arrumei confusão no cinema. Só isso
  — E por quê? — Victor insistiu.
  — Por nada.
  — Isso não é verdade, Christopher — interferi, ainda que falar sobre aquilo fosse a última coisa que eu quisesse. — Um sujeito tentou... me atacar. O Christopher o impediu. Tivemos que ir para a delegacia prestar queixa.
  — Você o conteve? — Poncho cruzou os braços, se inclinando de leve em direção
ao irmão.
  — Sim — Christopher disse entredentes.
  Pela primeira vez desde que vira o anel, Poncho sorriu para o irmão. Na verdade,
parecia quase reluzir de orgulho.
  — Christopher! — Alexandra arfou, horrorizada, levando a mão à boca.
  — Não foi nada, mãe — Christopher garantiu, voltando a sua sobremesa. — Juro. Estou inteiro.
   — Quem é Pin? — Anahí perguntou.
 — A Dulce — Christopher disse simplesmente, a atenção em seu prato.
  — Por quê? O que significa? Não faz sentido pra mim.
  — É o que eu vivo dizendo pra ele — comentei.
 — Mas faz pra mim. — Ele soltou o talher e olhou para cada membro da família. — Será que podemos mudar de assunto? A Dulce não gosta de ser o centro das atenções. Vamos ser educados com a minha babá, ok?
  — Christopher! — seu Víctor rosnou. — O que foi feito do agressor?
  — Ficou preso por duas semanas. — Bufou. — Mas, por ser réu primário, o
advogado dele conseguiu um habeas corpus e o cara está solto.
 — Como você sabe disso? — perguntei, espantada.
Ele voltou o rosto para mim, e sua voz estava muito gentil quando disse:
  — Eu queria me certificar de que aquele monte lixo ia ter o fim que merecia, então ligava de vez em quando para o delegado. Infelizmente ele foi solto, Pin.
Um arrepio gélido subiu por minha espinha e eu estremeci. Christopher pousou a mão sobre a minha, apertando-a com firmeza.
  — Está tudo bem. Ele não vai mais te fazer mal. Ninguém vai. Você aprendeu
os golpes, lembra?
  Fiz que sim com a cabeça, embora ainda estivesse mexida.
— Ah, meu Deus, Christopher... — Alexandra balançou a cabeça. — Victor, você tem que falar com ele. Esse menino não pode ficar se metendo em confusões desse tipo. Vai acabar sendo morto!
  — Pode deixar, mãe. Eu faço isso. — Poncho encarou o irmão demoradamente. — O Christopher e eu vamos ter uma longa conversa.
  Christopher concordou com a cabeça e, como se nada tivesse acontecido, partiu para o que restava da sobremesa.

Kkkk Dulce falando do Avestruz do nada é  ótimo.   Poncho descobriu  dos dois ...

Comentem por favor!!