Fanfics Brasil - Capítulo 42 - Dulce Mentira Perfeita - Vondy - adaptada

Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy - adaptada | Tema: vondy adaptada


Capítulo: Capítulo 42 - Dulce

504 visualizações Denunciar



Acordei enroscada em Christopher, ainda no tapete da sala. Uma nesga de luz amarelada e quente tocava minhas costas nuas. Eu me aconcheguei mais a ele e deslizei os dedos nos pelos macios de seu peito, inalando seu aroma.
  Uma mistura inebriante de suor e óleo adocicado recobria sua pele escorregadia. Assim como a minha. Senti minhas faces se afoguearem.
   De uma coisa eu estava certa: jamais conseguiria olhar para qualquer vela que
fosse sem ficar vermelha.
  Apoiei o queixo em seu tórax e o admirei em seu sono. Das sobrancelhas
grossas à barba curta que recobria o queixo quadrado, o nariz reto, a boca larga e rosada.
  O que aquela noite teria significado para ele?, me perguntei.
   Provavelmente nada. Assim como não deveria significar para mim.
  Éramos dois adultos, solteiros, que tinham compartilhado uma noite de prazer.
   Acontecia o tempo todo.
  Mas, por mais que eu tentasse me sentir moderna e adulta, um eco barulhento berrava em minha cabeça que aquela noite poderia ser o começo de algo especial.
  Confusa e temendo a maneira como ele poderia olhar para mim quando acordasse, me desvencilhei dele com cuidado. Eu não era boa com aquele tipo
de conversa. Não era nada boa em explicar o que sentia.
  Christopher inspirou fundo, mas apenas moveu a cabeça para o lado. Na pontinha dos pés, recolhi minhas roupas e fui para o andar de cima. Tomei um banho rápido — ou razoavelmente rápido; havia muito óleo para remover — e vesti uma das roupas que tinham ficado em meu armário.
  Quando desci, Christopher estava acordado, já vestido, o cabelo meio úmido.
   — Bom dia — ele saudou com um sorriso de canto de boca, que tanto podia significar alguma coisa quanto nada. — Onde a gente pode comer alguma coisa por aqui, já que a despensa está zerada?
  — Tem uma padaria a duas quadras.
  — Beleza.
  Eu estava abrindo a porta quando um puxão me fez perder o equilíbrio.
  Caí sentada no colo de Christopher. Seus braços ágeis se enredaram em minha cintura e minhas coxas, e sua boca estava sobre a minha antes que eu pudesse entender o que havia acontecido. Não que eu fosse reclamar, é óbvio.
  — Esqueci de te perguntar ontem — ele disse ao interromper o beijo, afastando uma mecha de cabelo que tinha caído sobre meu olho e se enroscara na armação dos óculos. — Como anda a sua alergia?
  — Pior do que nunca — confessei.
  — Que bom! — Ele abriu um meio-sorriso. — Porque eu acho que também
desenvolvi uma. Qualquer lugar que você toca fica em chamas.
  — Em c-chamas?
  Ele assentiu, resvalando a boca em meu pescoço.
  — Agora, por exemplo, é como se eu estivesse dentro de uma fogueira. Mas não consigo me controlar. — Seus lábios subiram um pouco mais, acompanhando o desenho do meu queixo. — É muito difícil estar perto de você e não te beijar.
  — Difícil? — Ah, meu Deus!
  — Muito difícil — frisou. Então ele me beijou de novo, até eu ficar dormente e
fora do ar.
  Quando ele libertou minha boca, precisei de um minuto para conseguir me levantar, pois minhas pernas haviam se transformado em gelatina.
  — Podemos ir? — perguntou.
  — Ah, sim. Claro. — Eu fui na frente, mas Christopher me fez parar quando
chegamos ao portão e o abriu para mim.     — Obrigada.
  — Disponha. Pra que lado fica?
  — Ah, não! — Praguejei ao ver Marlucy, com sua inseparável vassoura, vindo
em nossa direção.
  — Que foi? — Christopher acompanhou a mulher com os olhos.
  — Você já vai entender.
— Dulce! Nossa, há quanto tempo não te vejo. Pensei que ia te ver ontem, mas você não voltou pra casa nova. Esse é o seu noivo? — Os olhos dela estudaram Christopher  de cima a baixo. — Ah. Não sabia que ele era aleijado. O que ele tem Foi alguma coisa na infância ou já nasceu assim?
  — Por que a senhora não pergunta para ele? — resmunguei, irritada demais para tentar ser educada.
  Ela franziu a testa, como se a ideia fosse absurda. Então se inclinou para Christopher , um sorriso benevolente na cara enrugada.
  — Oi, meu bem. Como você está? — Bateu de leve no braço dele.
Christopher apenas a encarou, parecendo não saber como responder.
  — Você consegue me entender? — falou alto e pausadamente.
  Esperei que Christopher  dissesse poucas e boas para ela — eu mesma já tinha um repertório bem grande querendo sair —, mas, em vez de gritar com aquela mulherzinha desprovida de cérebro, Christopher  começou a latir. E a rosnar.
 Marlucy pulou um metro longe.
  — Mas que diabos...! — ela cuspiu, de olhos arregalados.
Christopher  continuou latindo. 


  — Calminha. Comporte-se. — Dei leves batidinhas no ombro dele. Isso o incitou mais ainda. Encarei Marlucy. — Ele fica assim sem os remédios. Mas é um amor de pessoa, depois que toma um ou... três antipsicóticos. Juro.
Christopher  tentou morder meu braço. Dei um peteleco nele.
  — Então é melhor eu ir andando. Tchau, dona Marlucy. — Segurei o apoio da cadeira e comecei a empurrar. Christopher, como a praga que era, se esticou na cadeira, tentando fincar os dentes na mulher. Ela saiu correndo e entrou em casa em tempo recorde.
   Christopher e eu nos entreolhamos, e foi o que bastou para começarmos a rir
descontroladamente.
  — Você não devia ter feito isso, Christopher.
  — Por quê? Aposto que ela vai te deixar em paz agora. Pelo menos quando eu estiver por perto. O que deve acontecer mais ou menos umas dezesseis horas por dia.
  — Dezesseis? Eu trabalho, sabia? — Mas não pude deixar de sorrir. Ele me queria por perto.
  — Eu também. Por isso disse dezesseis em vez de vinte e quatro. — Revirou os
olhos. — Francamente, Pin. Você já foi bem mais inteligente. Estou meio decepcionado.
  — O que eu posso fazer? É como dizem por aí: diga-me com quem andas e ficará igualzinho a eles. — Dei dois tapinhas em seu ombro.
  Seus olhos se arregalaram numa surpresa fingida.
  — Você acabou de tentar fazer uma piada?
   — Eu não tentei! Eu fiz uma piada.
   — Uma muito, mas muito ruim.
  — Ainda assim é uma piada. E a culpa é do meu professor. Eu sou apenas um subproduto da sua ironia distorcida e do seu sarcasmo desaforado. — Olhei significativamente para ele.
  — Meu Deus! Eu criei um monstro! — Sua gargalhada gostosa ecoou pela rua
e por meu peito, aquecendo-o. — Acho melhor a gente ir comer agora, antes que você tente fazer mais alguma piada que me faça querer explodir os miolos. Não quero ter que fazer isso de barriga vazia. — Empinou a cadeira de leve, se
colocando na direção correta.
  — Você nunca quer fazer nada de barriga vazia. — Comecei a acompanhá-lo.
  — Mas é claro que não. — Ele ergueu aqueles incríveis olhos verdes para mim. E eles sorriam. — Nunca se sabe quando o mundo como o conhecemos pode acabar e podemos ser lançados em um apocalipse zumbi. É melhor estar de barriga cheia.
  Acabei rindo alto.
  — Você anda assistindo a seriados demais.


  Ele riu também, mas algo mudou em sua postura.
  — Dulce, andei pensando...
  Fiquei rígida. Aquele começo de frase podia ter milhares de continuações, e
algumas delas me fizeram engolir em seco.
  — ... será que você consegue tirar a sua tia de casa pelo menos na parte da manhã? — perguntou. — Meus pais vão querer conhecer o apê.
  Ah. Isso era algo com que eu conseguia lidar.
  — Acho que sim. Ela pode ficar na casa da dona Inês ou da Magda por um período.
  — Ótimo. Venho pegá-la assim que sair da fundação.
  Continuamos andando devagar, lado a lado. Então sua mão grande tocou a minha. Olhei para baixo a tempo de ver os dedos ligeiramente calejados se enroscarem aos meus. Se era mais difícil se locomover usando apenas uma das mãos, ele não deixou transparecer. Nem se mostrou surpreso quando percebeu que eu o encarava. Na verdade, me abriu um sorriso tímido (aquele de garoto) e
meu coração fez um loop.
  Inspirando fundo, levantei o rosto para o céu, recebendo de bom grado a brisa
fresca da manhã em minha pele agora quente.
  — O dia está lindo, não está?
Christopher observou o manto cinzento repleto de pesadas nuvens escuras sobre as nossas cabeças. Sorriu de novo. Mais um daqueles sorrisos raros. Que já não eram mais tão raros como antes, me dei conta.
  — Está perfeito, Pin. Não consigo imaginar um dia mais bonito que esse.
  Virei o rosto para o lado para que ele não visse o sorriso que teimava em esticar minha boca enquanto seguíamos pela calçada, nossas mãos ainda entrelaçadas.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): wermelinnger

Este autor(a) escreve mais 6 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Ajeitei a matriosca na mesa antes de desligar o computador, apontando aminúscula câmera em direção a minha máquina. Agora era só esperar. Mais cedo ou mais tarde eu pegaria o filho da mãe que estava tentando me causarproblemas.  Pensei nos possíveis suspeitos. Tudo levava a Ivan, mas eu conhecia o cara. Não p ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 202



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Vondy Forever❤ Postado em 20/02/2020 - 19:32:55

    Nossa eu amei essa história do começo ao fim, e uma história linda de amor e de superação e bastante engraçada. Amei a tia Berê ter casado com o médico que acompanhou o seu caso no final. Abraços..

    • wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 17:02:59

      Oii eu tambem amei esse final feliz para a tia Bere. Obrigada por ler e comentar Beijinhos

  • ana_vondy03 Postado em 18/02/2020 - 17:40:58

    Aaaaa eu não acredito que acabou! Vou dar uma passadinha lá nas outras histórias! Simplesmente adorei o final da história, bem q poderia ter uma continuação né? Kkkkk

    • wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:38

      Pois É nem eu acredito:( passa sim tenho certeza que vai adorar

  • mari_vondy Postado em 18/02/2020 - 10:31:29

    Ai que final lindo, dona Berenice se deu bem. Vondy finalmente juntos, tão fofo. Amei a fanfic

    • wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:06

      Pois É dona Berenice finalmente realizou seu sonho de casar. Que bom que gostou

  • ana_vondy03 Postado em 17/02/2020 - 13:19:11

    Hahahaha amei a reconciliação! Aaaa eu n qro q acabe, vou sentir mta falta de ler a história! Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:56

      Eu tmb vou sentir falta

  • mari_vondy Postado em 17/02/2020 - 10:30:22

    continuaaaaaaaaa, que reconciliação mais fofa, amei

    • wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:55

      Gostou? Tambem achei fofo!!

  • ana_vondy03 Postado em 15/02/2020 - 12:04:59

    Naaaao cara tô chorando aqui! O Christopher eh um fofo! Espero q agora ela perdoe ele! Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:36

      Ele quando nao tá sendo um idiota É um fofo mesmo

  • mari_vondy Postado em 15/02/2020 - 08:45:02

    continuaaaaaaaaa, aí Dulce vai atrás dele logo kk ansiosa pelos próximos capítulos

    • wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:08

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 14/02/2020 - 13:10:15

    Não tinha pensado q a Dulce era o alvo da Samantha, mas do msm modo ela tava louca kkkkk continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:40:09

      Quando eu li eu também não imaginav que era esse motivo Continuando

  • mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 10:34:21

    continuaaaaaaaaa, tadinho do Christopher, ainda bem que Samantha vai ficar bem longe agora

    • wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:39:18

      Continuando....

  • mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 09:12:49

    continuaaaaaaaaa, posta outro sim, nem imaginei que a Samantha queria era a Dulce, Vondy tem que se acertar logo

    • wermelinnger Postado em 14/02/2020 - 09:37:13

      Prontinho... depois posto a continuação do cap


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais