Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy - adaptada | Tema: vondy adaptada
— Eu odeio esse cara. Um folgado do caramba — Christopher reclamou, de cara amarrada.
— Odeia nada. Vocês só ficam nessa disputa boba de meninos de sete anos para ver quem vai ganhar mais a minha atenção.
Ele me encarou com aquele seu meio-sorriso.
— Eu estou ganhando, certo?
— Por uma larga diferença. — Revirei os olhos. — Agora vamos. Não quero ter que sentar perto da dona Marlucy.
Tornamos a entrar na igreja, para pegar a saída lateral, com rampa. De mãos dadas, seguimos até onde ele havia estacionado o carro. Christopher sorria o tempo todo.
Ele sorria frequentemente agora. Estava superando tudo aos poucos, sem pressa, e a parte obscura já não dominava sua alma. Sim, às vezes ele tinha momentos ruins e eu o flagrava olhando para o vazio com a testa franzida, mas então ele percebia que eu estava por perto e a tristeza saudosista se dissipava.
Nessas ocasiões, ele me dava um sorriso tímido a princípio, que sempre terminava em um largo, cheio de dentes perfeitos (ou em beijos, se eu estivesse ao alcance de suas mãos). Ele também nunca mais usou a expressão “maldita cadeira”.
— Não consigo mais olhar para ela como uma prisão ou uma maldição, Pin — dissera ele. — Também não posso dizer que a vejo como uma extensão de mim. Mas não posso viver sem ela, então achei melhor sermos amigos.
Sua resposta me dera a certeza de que eu precisava. Ele estava realmente bem.
— Ainda bem que a sua mãe não está mais brava comigo — comentou quando já tínhamos nos acomodado em seu Honda. — A dona Berenice furiosa é uma coisa assustadora de se ver.
— Talvez você tenha achado assustador porque ela quase nunca se irrita. Mas ela ainda vai voltar ao assunto, Christopher. Pode esperar. Assim que voltar da lua de mel, já vai começar a fazer planos para o nosso casamento. Ela não vai aceitar que a gente more junto assim não.
Christopher estava de mudança para Munique, e, já que eu me instalara ali fazia dois meses, me pareceu natural convidá-lo para morar comigo. A casa era térrea, espaçosa, e só precisaria de alguns ajustes. Minha mãe não gostou da ideia. Nem um pouco.
O mesmo aconteceu com os Uckermann. Ainda bem que eles estavam ocupados com o casamento iminente de Anahi e Poncho, ou teriam nos enlouquecido.
— Humm... — Christopher murmurou, olhando para a frente enquanto saía da vaga.
— O que esse “humm” significa? — eu quis saber.
— Nada. É só que... talvez seja uma boa ideia.
— O quê?!
— A gente vai acabar casando mesmo um dia desses. — Deu de ombros. — Que diferença faz se for este ano ou daqui a dez? — Ele se virou, me dando a chance de ver seu rosto. Ele estava falando sério!
— Christopher! Você não pode simplesmente pensar que eu vou me casar com você assim, do nada.
— Por que não?
— Porque você nunca me pediu!
Ele revirou os olhos.
— Casa comigo, Pin?
— Para com isso. — Soquei seu ombro. — E mantenha os olhos na rua!
Para me provocar, ele me olhou fixo.
— Eu não estou brincando — repetiu, em voz baixa.
— Christopher!
Ele voltou a atenção ao trânsito.
— Não sei por que você está tão brava. Que diferença faz se nos casarmos aos vinte e três ou aos trinta, se vamos acabar casando de todo jeito?
Tentei pensar em alguma coisa, mas nada me veio.
— Eu não sei, mas deve ter alguma!
Um sorriso preguiçoso — e muito perigoso — esticou sua boca. Oh-oh.
— Parece que vou ter que te convencer de outro jeito.
— Que jeito?
Christopher ligou a seta e parou em uma vaga — destinada a cadeirantes, aleluia! — ao lado do parque da cidade.
Então se inclinou para mim e tocou meu rosto, correndo a ponta dos dedos por minha bochecha, depois os prendeu em minha nuca, me puxando delicadamente para mais perto, para me arrebatar com um beijo que fez minha cabeça girar.
Eu concordaria com qualquer coisa que ele quisesse naquele momento, desde que não parasse de me beijar.
Ele se afastou de súbito, me deixando confusa, cheia de vontade e com os óculos embaçados.
— Esqueci de dizer — disse ele. — Mudei nossas passagens. Vamos pra Holanda antes de ir para Munique.
— Por quê? — Tirei os óculos para limpá-los. Como usava um vestido de seda, puxei a ponta da camisa de Christopher para fora da calça e a esfreguei na lente.
Quando os recoloquei, vi a expressão em seu rosto. Eu conhecia bem aquela expressão. Bem demais, depois de todas aquelas noites em Munique.
Minha boca ficou seca.
— Christopher...
— Você não pode começar a tirar a minha roupa...
— Eu não estava tirando a sua roupa!
— ... e esperar que eu não pense em rasgar a sua. — Seu olhar viajou por minha silhueta vagarosamente, como se estivesse correndo os dedos por ela. Meu corpo se acendeu para ele, como sempre. — Eu já disse que esse vestido ficou uma coisa do outro mundo em você?
Fiquei vermelha, concordando com a cabeça.
— Por que você mudou as nossas passagens, Christopher ? — perguntei, para distraí-lo (e a mim mesma), ou acabaríamos presos por atentado ao pudor se ele continuasse me olhando daquele jeito.
— Já ouviu falar em Gouda?
— O queijo? Claro.
Ele riu.
— Não, Pin. A cidade. Fica só a uma hora de Amsterdã. — Ele exibiu o sorriso de menino que eu amava tanto.
— Tá. O que tem lá de tão importante para que você tenha mudado as nossas passagens sem me dizer nada?
Ele observou o lago à nossa frente, cercado de flores amarelas, a grama verdinha, uma família de patos. Estendendo o braço para mim, o passou por baixo de meus ombros.
— Vem cá.
Entendendo o que ele queria, manobrei o corpo até estar sentada em seu colo. Não foi nada fácil, com todo aquele tecido até os tornozelos. Fiquei prensada entre ele e o volante, as pernas sobre o câmbio, mas então seus braços fortes circularam minha cintura, me colocando na posição certa.
Ele buscou meu olhar.
— Eu estava aqui pensando... Já que a sua mãe vai estar fora, quer ficar esta semana comigo?
— Quero.
— E a próxima?
— Também. — Acabei rindo ao passar o braço por seu ombro. Deus do céu. Ele ficava tão lindo com aquele paletó...
— E quanto à semana depois dessa? — Sorriu, mas parecia um pouco nervoso.
Por quê?
— É claro que eu quero!
Ele levou a mão ao bolso do paletó cor de areia, pegou alguma coisa pequena ali dentro e ficou olhando para seu punho fechado. Então lançou a força daquele olhar de turmalina sobre mim, claro e brilhante como nunca.
— E o que acha de passar todas as semanas do resto da sua vida comigo? — murmurou, abrindo a mão. O anel que ele me dera meses antes reluziu em sua palma.
— Christopher... — arfei.
— Eu estava tão confuso quando você me encontrou. E não sei ao certo o que teria acontecido se você não tivesse aparecido e dado sentido à minha vida. Antes eu pensava em você como uma coceira de que eu não conseguia me livrar. Agora eu sei que é mais do que isso. É uma infecção grave, que afeta tudo dentro de mim. Uma infecção da qual jamais vou me curar. Você está dentro de mim de uma maneira que eu não sou capaz de tirar. Cada vez que olho para você,
cada vez que vejo o seu sorriso, cada vez que o seu olhar encontra o meu... Ah, caramba, Dulce... O meu coração dói. Nunca sei se estou tendo um ataque cardíaco ou se estou me apaixonando de
novo. Casa comigo, Pin.
Como eu poderia dizer não?
— Eu caso.
Uma miríade de emoções atravessou seu rosto. A alegria e o encantamento se sobressaíam, no entanto.
— Sério?
— Muito sério. Eu também amo você, Christopher.
Ele tomou minha mão e deslizou o anel por meu dedo com firmeza. Levou-o até os lábios e depositou um beijo em meu anular. Então trouxe o rosto para junto do meu e me beijou com força. Um beijo possessivo, quase rude, ao qual correspondi com a mesma intensidade. Quando ambos estávamos com problemas para respirar, ele libertou minha boca e descansou a testa na
minha.
— Não acredito nisso. Vamos casar! — Toquei seu queixo.
— Ah, nós vamos. E não quero esperar muito para poder te chamar de minha mulher. Pode ir pensando numa data.
— Minha mãe vai pirar quando souber. — Franzi a testa. — Mas acho melhor a gente esperar ela voltar da lua de mel pra contar. Podíamos dar a notícia para ela e para os seus pais ao mesmo tempo, num jantar. O que acha?
Ele grunhiu.
— Vamos ter que fingir outra vez, Pin?
— Só por uns dias! — Dei risada. — É que, se a gente contar agora, é bem capaz da minha mãe passar a lua de mel costurando meu vestido de noiva.
Ele soltou o ar com força, resignado.
— Tudo bem. Por uns dias. Mas assim que ela voltar da viagem a gente marca o jantar e conta tudo.
— Combinado. — Comecei a brincar com a gola de sua camisa azul. — Então... o que é que tem de tão especial em Gouda?
Ele acariciou meu lábio inferior com o polegar, depois continuou deslizando o dedo por meu pescoço até ele desaparecer no decote do meu vestido, repousando sobre meu coração, que subitamente batia furioso.
Inclinando a cabeça, aproximou a boca do meu ouvido.
— A noite das velas, Pin. Uma noite em que a cidade é iluminada apenas pelas chamas das velas mais bonitas do mundo. — Ele mordiscou meu lóbulo sensível. — É isso que tem em Gouda. — Sorrindo diabolicamente, ele levou meu dedo
anular direito à boca e o sugou suavemente.
Um tremor violento me sacudiu por dentro.
— V-velas?
— Velas. — Beijou o dorso da minha mão. Depois meu pulso.
Prendi a respiração e os dedos em sua cabeleira negra. Meu corpo sempre acordava ao menor toque dele. E, bom, Christopher me tocava com frequência.
Bastava um roçar suave e eu entrava em combustão. E Christopher era o único que conseguia me livrar daquela agonia. Ele até arranjou maneiras criativas para encurtar a distância entre nós nas noites em que dormimos separados por um oceano. E também me mostrou muitos outros truques envolvendo velas, o que me fez perder a cabeça mais de uma vez.
Apenas pensar em uma já fazia meu corpo vibrar. Uma cidade repleta delas?
— Vamos ficar em um hotel perto do centro — ele continuou. — Parece um castelo de conto de fadas. Já fiz as reservas.
— Você já fez? Está planejando me levar lá desde quando?
— Desde que você foi pra Europa. Parece ser uma cidade linda, muito romântica. Você vai gostar. Eu vou cuidar disso pessoalmente. — Beijou a ponta do meu nariz. Sua barba recém-aparada me fez cócegas.
Se alguém me dissesse seis meses antes que eu estaria ali, num vestido bonito, feito para o casamento de minha mãe, aos beijos com aquele homem irritantemente lindo, eu teria rido. Tanto havia mudado desde então, mas a maior mudança havia ocorrido dentro de mim. Eu me descobrira, me livrara de fantasmas, me arriscara, e nunca tinha sido tão feliz em toda a minha vida. Tudo isso por causa de uma mentirinha de nada.
Acabei rindo.
— O que é tão engraçado? — Marcus quis saber.
— Eu só estava pensando... Não é estranho que a nossa história tenha começado com uma grande mentira?
— Nós tínhamos que partir de algum lugar. — Ele brincou com um de meus cachos. — Começou com uma mentira, mas se tornou algo verdadeiro mais rápido do que eu posso dizer “tire a roupa”. Foi a mentira perfeita.
Dei risada outra vez, abraçando-o pelo pescoço.
— Mentira perfeita... Christopher, isso não existe.
— Existe sim. Você estar aqui agora é a prova disso. E este é apenas o começo da nossa história. O melhor ainda está por vir.
— Melhor? Como pode existir algo melhor do que isso? — Eu não podia imaginar nada.
Ele se inclinou até seu rosto estar a um suspiro do meu. Suas belas íris verdes foram engolidas pela pupila.
— Eu vou amar te mostrar como, Pin. — Então colou a boca na minha e provou seu argumento.
FIM
Autor(a): wermelinnger
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Oiii gente acabou essa história linda Quero agradecer a todo mundo que esta lendo, quem favoritou e quem comentou. Eu amei postar essa história para vocês!! Um obrigado especial a ana_vondy03 e mari_vondy que comentaram muito nesses últimos meses. Foi muito legal! &nbs ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 202
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Vondy Forever❤ Postado em 20/02/2020 - 19:32:55
Nossa eu amei essa história do começo ao fim, e uma história linda de amor e de superação e bastante engraçada. Amei a tia Berê ter casado com o médico que acompanhou o seu caso no final. Abraços..
wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 17:02:59
Oii eu tambem amei esse final feliz para a tia Bere. Obrigada por ler e comentar Beijinhos
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ana_vondy03 Postado em 18/02/2020 - 17:40:58
Aaaaa eu não acredito que acabou! Vou dar uma passadinha lá nas outras histórias! Simplesmente adorei o final da história, bem q poderia ter uma continuação né? Kkkkk
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:38
Pois É nem eu acredito:( passa sim tenho certeza que vai adorar
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mari_vondy Postado em 18/02/2020 - 10:31:29
Ai que final lindo, dona Berenice se deu bem. Vondy finalmente juntos, tão fofo. Amei a fanfic
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:06
Pois É dona Berenice finalmente realizou seu sonho de casar. Que bom que gostou
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ana_vondy03 Postado em 17/02/2020 - 13:19:11
Hahahaha amei a reconciliação! Aaaa eu n qro q acabe, vou sentir mta falta de ler a história! Continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:56
Eu tmb vou sentir falta
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mari_vondy Postado em 17/02/2020 - 10:30:22
continuaaaaaaaaa, que reconciliação mais fofa, amei
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:55
Gostou? Tambem achei fofo!!
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ana_vondy03 Postado em 15/02/2020 - 12:04:59
Naaaao cara tô chorando aqui! O Christopher eh um fofo! Espero q agora ela perdoe ele! Continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:36
Ele quando nao tá sendo um idiota É um fofo mesmo
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mari_vondy Postado em 15/02/2020 - 08:45:02
continuaaaaaaaaa, aí Dulce vai atrás dele logo kk ansiosa pelos próximos capítulos
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:08
Continuando
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ana_vondy03 Postado em 14/02/2020 - 13:10:15
Não tinha pensado q a Dulce era o alvo da Samantha, mas do msm modo ela tava louca kkkkk continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:40:09
Quando eu li eu também não imaginav que era esse motivo Continuando
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mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 10:34:21
continuaaaaaaaaa, tadinho do Christopher, ainda bem que Samantha vai ficar bem longe agora
wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:39:18
Continuando....
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mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 09:12:49
continuaaaaaaaaa, posta outro sim, nem imaginei que a Samantha queria era a Dulce, Vondy tem que se acertar logo
wermelinnger Postado em 14/02/2020 - 09:37:13
Prontinho... depois posto a continuação do cap