Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy - adaptada | Tema: vondy adaptada

    — É claro que não precisa — ele prosseguiu —, mas nós avisaremos a sua tia quando for acontecer. Não quero deixá-la preocupada. Além disso, vamos ter que providenciar uma companhia para a senhora.
    Minha tia piscou, atordoada.
    — Quanta gentileza. É muita consideração sua pensar em mim, meu querido. E me perdoe por parecer tão atabalhoada. A Dulce nunca dormiu fora antes, e não me ocorreu que... — ela corou. E eu também. Sabia exatamente no que ela estava pensando: Christopher e eu fazendo sexo.
    Eu queria morrer.
    — Sim, ela deve ficar com você quando quiser. — Ela se recuperou muito antes de mim. — Vocês estão noivos, afinal. — Então algo cintilou em suas íris escuras. Oh-oh. — Já pensaram em uma data?
    Olhei feio para Christopher, acusando-o.
    — Vamos ver isso logo, logo. — Ele encolheu os ombros, se desculpando.
    — Todo mundo terminou? — perguntei, querendo mudar o rumo da conversa, antes que ela se levantasse, calçasse seu sapato de sair e fosse em busca do vestido de noiva perfeito. Ou, o que era pior e muito mais provável, fosse para
seu quartinho de costura e começasse a pedalar em sua máquina velha e pesada,
com a saúde tão debilitada.
    — Estou quase lá — Christopher brincou, piscando para mim.
    Cretino! Como se atrevia a tocar naquele assunto? Com a minha tia bem ali!
     — Opa, cuidado, minha pinguinzinha. — Christopher afastou o braço e com cuidado forçou meus dedos a se abrirem, libertando a faca que eu empunhava.
     Eu estava a um passo de cometer um noivicídio!
    — Deixa eu pegar um pouco mais de suco pra gente — tia Berê disse, já de
pé.
    Assim que ela sumiu na cozinha, eu me virei para Christopher, fuzilando-o.
— Pinguinzinha? Tenha dó, Christopher.
— Não posso te chamar de namorada,  Dul nem Dulcinha. Tive que inventar alguma coisa romântica. Sua blusa é preta e branca; foi o que me ocorreu.
   — Ah, certo. Porque aves são... — eu me detive ao ouvir a voz de tia Berê, na
cozinha.
    — Sim, Magda. E usou um trecho de Jane Eyre! Foi o pedido mais romântico
de toda a história do universo.
    Não acreditei que ela não pôde esperar Christopher ir embora para ligar para as amigas contando as “boas-novas”.
    Se bem que eu podia acreditar, sim. Ela esperava por isso desde que eu tinha completado vinte e um anos.
    — Aves são realmente muito românticas — completei, olhando feio para Christopher.
    — Na verdade, são sim. O pinguim tem apenas um parceiro durante a vida
toda. Mesmo que o parceiro morra, ele não escolhe outro. Fica sozinho para sempre. Era isso ou “minha zebrinha”, mas achei que seria forçar demais a barra. — Fez uma careta engraçada. — Agora, francamente, Dulce, não me surpreende que o cara do wi-fi tenha rodado. Você nunca dormiu na casa dele?
    Eu quis gritar.
    — Isso não é da sua conta. Só posso ter perdido a cabeça para aceitar que você...
    — Dulce... — Ele olhou por cima da minha cabeça.
   — Nada de “Dulce”. Você não devia ter...
Ele me interrompeu, segurando meu rosto abruptamente.
    — Desculpa — murmurou.
    — Não se atrev... — Mas seus lábios já estavam sobre os meus.