Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy - adaptada | Tema: vondy adaptada
Desviei os olhos para a tela, que exibia as instruções de segurança. Eu odiava falar sobre aquilo. Odiava trazer os fantasmas de volta. Ainda assim, algo me fez abrir a boca e contar minha história nem um pouco cor-de-rosa.
— Nós morávamos num puxadinho do outro lado da cidade. A mulher que me pariu e eu. Ela era viciada em crack e tentou me vender para um casal de gringos. Os dois perambulavam pelo mundo comprando crianças e repassavam para casais estrangeiros, já com toda a documentação. A polícia apareceu e por sorte eu não fiz parte das estatísticas de crianças desaparecidas. Foi todo mundo para a cadeia, e, no fim, a tia Berê conseguiu a minha guarda.
— O quê? — ele perguntou, alto demais. Alguns shhhhhhh! ecoaram ali perto.
— Ela tentou te vender?
— Eu era bem pequena. Lembro de pouca coisa. — Dei de ombros, incapaz
de olhar para ele.
— E o seu pai não fez nada?
— Não sei quem é meu pai, Christopher. Ela simplesmente não sabia dizer quem ele é. Vivia tão chapada que nem sei ao certo se lembrava de ter engravidado.
— Você tentou descobrir a identidade dele? — Sua voz era suave, quase uma carícia.
— Teve um tempo em que eu até procurei, mas depois desisti. Ela vivia nas ruas, qualquer um poderia ser o sujeito. Além disso, o que mudaria?
— Dulce ...
— Não, tudo bem — cortei. A última coisa que eu queria despertar nele era pena. — Acontece nas melhores famílias.
Sua mão grande e quente envolveu a minha, apertando-a levemente. O gesto
colocou um nó em minha garganta. Saco. Era por causa disso que eu nunca, jamais contava aquela história para ninguém.
No entanto, não foi tão ruim como das outras vezes. Os fantasmas não conseguiram me alcançar, e eu desconfiei que era por conta daquela mão apertando a minha. Girei a palma para cima, e seus dedos calejados se entrelaçaram nos meus. Uma cálida e confortável sensação de proteção atingiu meu peito, fazendo minha concentração voltar aos poucos, até que consegui acompanhar o que estava acontecendo na telona.
O cara sentado ao meu lado se debruçou no apoio de braço lá pela metade do filme, invadindo meu espaço. Olhei feio para ele, esperando que se ligasse. Foi quando percebi que sua atenção não estava no filme, mas em minhas pernas. E uma de suas mãos desapareceu dentro do cós da calça.
Meu estômago embrulhou. Meio trêmula, me inclinei para mais perto de
Christopher. Ele sorriu para mim, o polegar brincando com a ponta dos meus dedos, mas seu sorriso esmoreceu por algo que viu em meu rosto.
— Pipoca? — ofereceu, estudando minha expressão.
Apenas sacudi a cabeça e voltei a olhar para a tela, esticando a saia do vestido até cobrir totalmente os joelhos. Um gemido rouco soou a minha esquerda.
Fechei os olhos, um misto de humilhação e raiva me inundando.
Eu queria bater naquele sujeito asqueroso. Queria matá-lo. Mas, de todas as sensações que me invadiram naquele instante, a vontade de vomitar era a mais imediata.
Desvencilhei minha mão da de Christopher , levando-a imediatamente à boca, e saltei da cadeira.
— O quê...? — Christopher perguntou, confuso.
Sem conseguir dizer nada, saí da sala aos tropeções, cega pelas lágrimas derivadas de tantos sentimentos diferentes, empurrando a porta com o cotovelo enquanto tentava dominar as contrações do meu estômago.
Olhei para cima em busca de uma placa que indicasse o banheiro. Já estava no corredor acarpetado quando alguém me segurou pelo pulso. Quando me virei e
vi que o cara havia me seguido, pensei que fosse desmaiar.
— T-tire as mãos de m-mim — gaguejei, tentando me livrar dele, mas ele me segurou com mais força. Senti o gosto da bile no fundo da garganta.
— Eu ainda nem coloquei as mãos em você.
Ele avançou sobre mim. Recuei um passo e acabei batendo as costas na parede. Eu estava encurralada.
— Me solta ou eu vou gritar.
— Eu espero mesmo que grite. — Agarrou os cabelos de minha nuca, aproximando meu rosto do dele. Seu quadril grudou no meu. Ele estava duro e começou a se esfregar em mim. Deus, eu ia vomitar. — Tudo o que eu quero
ouvir de você são gritos.
— Acho mais divertido se você gritar. — Uma mão grande pousou abruptamente no ombro do sujeito e o puxou para baixo. Ele perdeu o equilíbrio e me soltou para tentar se manter em pé. Falhando, acabou praticamente sentado no colo de Christopher, que rapidamente passou um braço em seu pescoço e começou a distribuir socos em sua cabeça.
O pervertido tentou se desvencilhar, mas Christopher era muito mais forte e não permitiu que ele fosse a lugar algum, continuando a socar na lateral de seu rosto com tanta fúria que eu ouvia algo estalar a cada pancada. O homem girou o corpo. Christopher se curvou, aplicando uma gravata desajeitada, e os dois terminaram no chão. O sujeito acertou o rosto de Christopher, uma, duas, três vezes. Foi nesse momento que meu estômago desistiu da luta e eu tive que me debruçar sobre a lixeira ali perto.
Quando as contrações cessaram por não haver mais nada que eu pudesse pôr
para fora, senti as pernas falharem e caí sentada ao lado do lixo. Christopher ainda estava sendo socado, mas dobrou o braço e acertou o queixo do sujeito com o cotovelo. O pervertido desabou, e Christopher rolou para cima dele, segurando-o pela gola da camisa e esmurrando sua cara repetidamente.
Avistei um rapaz e uma garota vestidos de preto vindo em nossa direção.
— Ajudem! — sussurrei.
A moça saiu correndo ao compreender o que estava acontecendo. Para buscar
ajuda, eu esperava.
Meio hesitante, o funcionário do cinema se jogou na briga e tirou Christopher de cima do pervertido. Ele arfava, os olhos cuspindo fúria. O homem caído no chão respirava com dificuldade; sangue escorria do nariz e da boca. Christopher se soltou das mãos do rapaz e usou a força dos braços para se locomover até mim, se recostando na parede ao meu lado. Ergueu um braço em minha direção, mas se deteve no último instante, como se não soubesse se eu queria ou não ser tocada.
E eu não queria. Não por ele. Eu me sentia imunda.
— Você está bem? — perguntou, com a respiração curta, a voz baixa.
Tentei abrir a boca, mas tudo que saiu foi um engasgo soluçado, então concordei com a cabeça.
Ele não se deixou enganar.
— Vai ficar tudo bem. Ele não vai mais te machucar, Pin.
Concordei, meio que no automático. O que mais eu poderia ter feito?
Outro funcionário do cinema chegou, e com ele dois seguranças do shopping.
Christopher rapidamente explicou a eles o que havia acontecido, se movendo até o corpo ficar na frente do meu, como se tivesse medo de que mais alguém pudesse me fazer mal. Alguém ligou para a polícia. Não sei ao certo o que foi feito do sujeito enquanto isso. Não consegui olhar para ele.
Christopher cuidou de tudo quando chegamos à delegacia. O delegado, muito gentil, ao perceber meu estado de perturbação, nos levou à sala de arquivos — bem menos assustadora que a sua — para tomar nosso depoimento. Eu me espantei com a frieza com que consegui contar o que havia acontecido.
Christopher, no entanto, parecia fervilhar de raiva, e eu temi que ele pudesse fazer alguma besteira.
Acabei descobrindo que o homem que havia me atacado era o maníaco do cinema, que a polícia estava procurando já fazia meses. Eu me lembrei de todas as manchetes que lera no jornal a respeito, e percebi a sorte que tive por sair ilesa.
Não que isso tenha me tranquilizado de alguma forma. Depois que fomos liberados e seguimos para o estacionamento da delegacia para pegar o carro de Christopher , eu me perguntei como diabos poderia ir para casa naquele estado sem matar minha tia de susto.
— Acho melhor eu ligar para sua tia e avisar que você vai dormir lá em casa
hoje — ele disse, com aquela habilidade estranha de ler meus pensamentos.
Christopher estava bastante machucado. A pele ao redor do olho esquerdo já começava a adquirir um tom arroxeado.
Assenti uma vez, surpresa e muito agradecida pela sensação de segurança que a presença dele me trazia. Com Christopher por perto, eu não me sentia tão vulnerável.
Autor(a): wermelinnger
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Notei algumas mudanças no apartamento de Christopher logo de cara. Ele havia instalado uma espécie de puxador no lado oposto à fechadura da porta, e eu me perguntei a razão daquilo. A bagunça de caixas havia desaparecido. — Quer comer alguma coisa? — ofereceu assim que passou a chave na porta.&nb ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 202
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Vondy Forever❤ Postado em 20/02/2020 - 19:32:55
Nossa eu amei essa história do começo ao fim, e uma história linda de amor e de superação e bastante engraçada. Amei a tia Berê ter casado com o médico que acompanhou o seu caso no final. Abraços..
wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 17:02:59
Oii eu tambem amei esse final feliz para a tia Bere. Obrigada por ler e comentar Beijinhos
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ana_vondy03 Postado em 18/02/2020 - 17:40:58
Aaaaa eu não acredito que acabou! Vou dar uma passadinha lá nas outras histórias! Simplesmente adorei o final da história, bem q poderia ter uma continuação né? Kkkkk
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:38
Pois É nem eu acredito:( passa sim tenho certeza que vai adorar
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mari_vondy Postado em 18/02/2020 - 10:31:29
Ai que final lindo, dona Berenice se deu bem. Vondy finalmente juntos, tão fofo. Amei a fanfic
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:06
Pois É dona Berenice finalmente realizou seu sonho de casar. Que bom que gostou
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ana_vondy03 Postado em 17/02/2020 - 13:19:11
Hahahaha amei a reconciliação! Aaaa eu n qro q acabe, vou sentir mta falta de ler a história! Continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:56
Eu tmb vou sentir falta
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mari_vondy Postado em 17/02/2020 - 10:30:22
continuaaaaaaaaa, que reconciliação mais fofa, amei
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:55
Gostou? Tambem achei fofo!!
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ana_vondy03 Postado em 15/02/2020 - 12:04:59
Naaaao cara tô chorando aqui! O Christopher eh um fofo! Espero q agora ela perdoe ele! Continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:36
Ele quando nao tá sendo um idiota É um fofo mesmo
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mari_vondy Postado em 15/02/2020 - 08:45:02
continuaaaaaaaaa, aí Dulce vai atrás dele logo kk ansiosa pelos próximos capítulos
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:08
Continuando
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ana_vondy03 Postado em 14/02/2020 - 13:10:15
Não tinha pensado q a Dulce era o alvo da Samantha, mas do msm modo ela tava louca kkkkk continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:40:09
Quando eu li eu também não imaginav que era esse motivo Continuando
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mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 10:34:21
continuaaaaaaaaa, tadinho do Christopher, ainda bem que Samantha vai ficar bem longe agora
wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:39:18
Continuando....
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mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 09:12:49
continuaaaaaaaaa, posta outro sim, nem imaginei que a Samantha queria era a Dulce, Vondy tem que se acertar logo
wermelinnger Postado em 14/02/2020 - 09:37:13
Prontinho... depois posto a continuação do cap