Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy - adaptada | Tema: vondy adaptada
Notei algumas mudanças no apartamento de Christopher logo de cara. Ele havia instalado uma espécie de puxador no lado oposto à fechadura da porta, e eu me perguntei a razão daquilo. A bagunça de caixas havia desaparecido.
— Quer comer alguma coisa? — ofereceu assim que passou a chave na porta.
— Não, mas adoraria tomar um banho, se não tiver problema.
— Por quê? — Seu rosto estava impassível, mas eu detectei um ínfimo apertar de olhos.
Desviei o olhar, sem coragem de dizer que o cheiro daquele homem parecia ter se grudado em cada centímetro de minha pele. Eu não conseguia sequer pensar em me sentar no sofá de Christopher com toda aquela imundície impregnada em mim.
No entanto, mesmo que eu não tenha dito nada, sua sintonia com meus pensamentos permitiu que ele compreendesse.
— Odeio que ele tenha tocado você. Odeio que ele te faça se sentir suja. Odeio saber que ele ainda respira. — Ele chegou mais perto, ficando a pouco mais de quinze centímetros de mim. — Dulce, olha pra mim.
— Não. — Encarei minhas sandálias.
— Por favor, Dulce. Olha pra mim.
A doçura e o desespero se misturavam em seu tom, e isso me pegou desprevenida. Ergui a cabeça, me deparando com sua expressão obscura, a mão fechada em punho, a raiva que eu testemunhara no corredor do cinema
retornando como uma avalanche.
— Não foi sua culpa. Jamais seria sua culpa — ele falou, entredentes.
— O vestido é meio curto...
Christopher proferiu uma porção de palavrões e socou a roda da cadeira com
força, me fazendo dar um pulo.
— Seu vestido não é curto! Ainda que fosse, mesmo se você estivesse pelada,
não seria sua culpa! Aquele monte de lixo é doente! Não. Foi. Sua. Culpa. Repete isso, Dulce.
— Mas, Christopher...
— Agora! — ordenou.
— Não foi minha culpa — murmurei.
— Mais alto. Eu não te ouvi.
— Não foi minha culpa.
— De novo.
— Não foi minha culpa! — gritei. — A culpa não é minha. A culpa não é
minha! A culpa não é minha!
As emoções que eu vinha mantendo sob rédea curta saíram de controle. Meu soluço ecoou pela sala, alto e dolorido. Enterrei o rosto nas mãos e, antes que pudesse pensar no que estava fazendo, me joguei sobre Christopher, me aninhando em seu colo e escondendo o rosto em seu pescoço.
— Não é culpa minha — solucei.
— Não, não é. — Ele hesitou, os braços imóveis enquanto eu o abraçava mais
forte, como se não estivesse certo de que me tocar fosse uma boa ideia.
Mas era. Naquele momento, eu não conseguia pensar em nada de que precisasse mais.
Ele pareceu entender, e seu braços por fim me envolveram. Delicados e receosos a princípio. Fortes e firmes instantes depois, me segurando junto ao
peito de maneira que meu coração se grudou ao dele, suas batidas se misturando às minhas.
— Shhhh. Está tudo bem — sussurrou, apoiando a bochecha no topo da minha
cabeça. — Você está segura. Não vou deixar ninguém te fazer mal. Eu prometo, Dulce.
E eu acreditei nele, mesmo sabendo que não devia, que as pessoas viviam
quebrando promessas. Acreditei porque naquele instante, com seus braços ao meu redor, nada parecia poder me atingir.
Não tinha sido minha culpa. Eu era inteligente o bastante para entender isso. Mas não pude deixar de me perguntar se, caso eu tivesse optado por um moletom velho e surrado em vez do vestido, aquele monte de lixo teria agido da mesma forma.
É claro que teria. Talvez não comigo. Provavelmente teria buscado outra vítima, e talvez ela também não soubesse nenhum golpe para se livrar do ataque nem tivesse a sorte de ter um Christopher por perto. Assim aconteceu com aquelas garotas do jornal. O problema não estava em mim ou nas minhas roupas, mas naquele doente pervertido.
— A culpa não é minha. Aquele sujeito é um monstro e deveria ser trancafiado em uma jaula. A culpa não é minha!
— Essa é a minha garota. — Ele beijou minha testa.
Sua garota.
Ele não falou sério. Estava apenas me confortando como podia. E foi isso que
trouxe um pouco de lucidez a minha mente perturbada. Saltei sobre meus pés, esfregando os olhos por entre as lentes dos óculos. Christopher suspirou, parecendo muito cansado.
— Vou pegar alguma coisa pra você vestir. — Ele foi para o quarto e eu esperei na sala. Quando retornou, tinha uma pequena pilha de roupas no colo. —
Isso deve dar em você.
Agradeci, mas então reparei no corte próximo a sua sobrancelha. E me
aproximei dele.
— Você precisa de um curativo. — Toquei o canto de sua testa, a crosta quase negra de sangue ressecado.
— Vou sobreviver — ele brincou. — Vem.
Christopher foi na frente e eu o segui, um pouco hesitante. Entrou no banheiro, acendendo a luz e deixando a pilha de roupas sobre a bancada da pia. Empurrou a cortina do boxe para o lado e puxou uma cadeira branca dali de dentro, então se esticou para abrir o chuveiro.
— Demora um pouco pra esquentar. Prédio antigo — explicou.
Eu me recostei na pia, sem saber onde colocar as mãos ou para onde olhar.
Christopher chegou mais perto, se movendo pelo banheiro espaçoso com muita agilidade.
— Me dá seu pé — ele demandou com delicadeza, parado bem a minha
frente.
Fiz o que ele pediu, apoiando o pé direito em seu joelho. Christopher soltou o fecho da minha sandália em questão de segundos, jogando o calçado no canto, perto da porta.
— Agora o outro.
Obediente, repeti o gesto e ele deu o mesmo destino à sandália esquerda.
Tocando minha cintura com delicadeza, ele me fez virar até que eu ficasse de costas para ele. Empurrando meu cabelo para o lado, desceu o zíper do meu vestido. Fazia muito tempo que ninguém me tocava daquela maneira. Apesar de me sentir imunda, de não querer contaminá-lo com aquela podridão, por alguma razão que me escapava eu precisava do toque dele.
— Vou lavar — ele disse. — Amanhã você vai ter o que vestir.
Mas o amanhã parecia a anos-luz de distância. E eu não queria pensar nele. O
agora era tudo o que me importava.
Olhei por sobre o ombro quando suas mãos deixaram meu corpo. Ele havia se
virado, de maneira que ficasse de costas para o espelho e para mim. Sem saber
ao certo o que fazer, deduzi que deveria tirar a roupa.
Joguei o vestido sobre o ombro dele, depois o sutiã e, por fim, a calcinha. Voei
para dentro do boxe, cerrando a cortina, mas não havia motivo para tanto alvoroço, já que em momento algum Christopher virou a cabeça. A água estava quente e pinicou minha pele de um jeito bom e... minha visão ficou embaçada.
— Droga!
— Muito fria? — ele quis saber.
— Não. Esqueci de tirar os óculos de novo. Vivo fazendo isso.
Rindo de leve, Christopher segurou a cortina de encontro ao azulejo, para que ela não se abrisse, e serpenteou a mão por entre um vão minúsculo.
Coloquei os óculos em sua palma e a mão desapareceu.
— Deve ter tudo de que você precisa aí dentro — ele disse. — Vou te esperar
na sala. Qualquer coisa é só chamar.
Comentem!!
Autor(a): wermelinnger
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— Christopher, espera! — A ideia de ser deixada sozinha com meus pensamentos me apavorou. A sensação era muito parecida com a que eu tinha quando, no meio da noite, despertava e percebia que havia acabado a luz. — Não... não quero ficar sozinha. A quietude no banheiro era quebrada apenas pelo ruí ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 202
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Vondy Forever❤ Postado em 20/02/2020 - 19:32:55
Nossa eu amei essa história do começo ao fim, e uma história linda de amor e de superação e bastante engraçada. Amei a tia Berê ter casado com o médico que acompanhou o seu caso no final. Abraços..
wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 17:02:59
Oii eu tambem amei esse final feliz para a tia Bere. Obrigada por ler e comentar Beijinhos
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ana_vondy03 Postado em 18/02/2020 - 17:40:58
Aaaaa eu não acredito que acabou! Vou dar uma passadinha lá nas outras histórias! Simplesmente adorei o final da história, bem q poderia ter uma continuação né? Kkkkk
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:38
Pois É nem eu acredito:( passa sim tenho certeza que vai adorar
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mari_vondy Postado em 18/02/2020 - 10:31:29
Ai que final lindo, dona Berenice se deu bem. Vondy finalmente juntos, tão fofo. Amei a fanfic
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:06
Pois É dona Berenice finalmente realizou seu sonho de casar. Que bom que gostou
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ana_vondy03 Postado em 17/02/2020 - 13:19:11
Hahahaha amei a reconciliação! Aaaa eu n qro q acabe, vou sentir mta falta de ler a história! Continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:56
Eu tmb vou sentir falta
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mari_vondy Postado em 17/02/2020 - 10:30:22
continuaaaaaaaaa, que reconciliação mais fofa, amei
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:55
Gostou? Tambem achei fofo!!
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ana_vondy03 Postado em 15/02/2020 - 12:04:59
Naaaao cara tô chorando aqui! O Christopher eh um fofo! Espero q agora ela perdoe ele! Continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:36
Ele quando nao tá sendo um idiota É um fofo mesmo
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mari_vondy Postado em 15/02/2020 - 08:45:02
continuaaaaaaaaa, aí Dulce vai atrás dele logo kk ansiosa pelos próximos capítulos
wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:08
Continuando
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ana_vondy03 Postado em 14/02/2020 - 13:10:15
Não tinha pensado q a Dulce era o alvo da Samantha, mas do msm modo ela tava louca kkkkk continuaaa amoreee S2
wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:40:09
Quando eu li eu também não imaginav que era esse motivo Continuando
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mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 10:34:21
continuaaaaaaaaa, tadinho do Christopher, ainda bem que Samantha vai ficar bem longe agora
wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:39:18
Continuando....
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mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 09:12:49
continuaaaaaaaaa, posta outro sim, nem imaginei que a Samantha queria era a Dulce, Vondy tem que se acertar logo
wermelinnger Postado em 14/02/2020 - 09:37:13
Prontinho... depois posto a continuação do cap