Fanfics Brasil - Capítulo 33 - Dulce - parte II Mentira Perfeita - Vondy - adaptada

Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy - adaptada | Tema: vondy adaptada


Capítulo: Capítulo 33 - Dulce - parte II

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— Acho melhor você se sentar um pouco. Pode demorar até te deixarem entrar para vê-la — Christopher falou atrás de mim.
   Eu me virei, as mãos retorcidas em frente ao corpo.
   — Tá. — Parecia boa ideia.
   Agora que sabíamos que tia Berê estava relativamente bem, pensei que
Christopher fosse sair correndo, mas ele não fez isso.
   — Christopher... — comecei — eu não sei o que teria acontecido se você não tivesse aparecido lá em casa tão depressa.
   — Você teria dado um jeito.
   Neguei com a cabeça.
   — Não teria, não. O Christian está no centro, na festa de um amigo. E ele não tem carro. Eu poderia ter chamado um táxi ou uma ambulância, mas às vezes eles demoram tanto para chegar, e eu fiquei com medo de não ter todo aquele tempo. Você foi incrível. Ainda mais depois de hoje de manhã... — Desviei o olhar para a barra do vestido, agora suja. — O que eu quero dizer é... obrigada por ajudar a salvar minha tia.
— Eu não fiz nada, Dulce. — Ouvi Christopher se remexer na cadeira, parecendo desconfortável.
   — Fez sim. E nem tem ideia de quanto. O caso da tia Berê é delicado. Cada segundo perdido pode significar um passo em direção a... Bom... você sabe. Achei que você nem fosse atender o telefone. — Eu não conseguia olhar para
ele. — Eu não queria te ligar. Juro que não. Mas, quando ela passou mal, só consegui pensar em você.
   Ele ficou calado por tanto tempo que tive que espiá-lo. Seu maxilar estava trincado, as sobrancelhas apertadas, mas os olhos cintilavam para mim.
   — Ainda bem que... — Sua voz falhou. Ele pigarreou. Duas vezes. — Ainda bem que ela não passou mal por causa do cancelamento do noivado. Quer dizer...
você contou para ela? — ele quis saber.
   — Contei, mas olha só pra mim! — Toquei a saia do vestido. O alinhavado na barra já começava a desmanchar.
   E ele olhou. Olhou de verdade, até eu sentir como se estivesse me acariciando.
   — Isso é um vestido de noiva? — Sua testa se enrugou.
   — Versão tia Berê do vestido da Sabrina. — Como ele fez uma careta engraçada, adicionei: — Do filme, sabe? Com a Audrey Hepburn e o Humphrey
Bogart.
   Ele deliberou por um instante.
   — Eles são astros pornôs, certo?
  — Claro que são. Eu e a minha tia adoramos esse tipo de filme. Assistimos o tempo todo. — Acabei rindo de verdade. A primeira vez desde a noite passada.
Christopher respirou fundo, como se estivesse prendendo o fôlego havia muito tempo.


 


   — Eu imaginei. E esse vestido ficou... ele fez um gesto de mão — ... ficou qualquer coisa em você, Dulce.
— Obrigada. — Meu rosto se incendiou.
  Christopher chegou mais perto, se ajeitou entre os assentos, ficando tão próximo de mim que seu cheiro me envolveu como um abraço reconfortante. Perto o suficiente para, se eu inspirasse fundo, o movimento fazer meu ombro esbarrar em seu braço. Comecei a traçar o desenho da renda com a ponta dos dedos.
   — Então... — ele começou. — Sua tia não acreditou que a gente terminou.
   — Ela acha que estamos muito apaixonados e que o desentendimento não passou de uma briguinha à toa.
   — E o que você vai fazer agora?
 — Vou continuar dizendo que nós terminamos, até ela acreditar.
   — E o contrato com a agência de festas? — ele perguntou. Havia uma sombra em seus olhos agora.
   — Assim que ela acreditar em mim, vai querer cancelar o contrato. — Pelo menos era o que eu esperava que acontecesse.
   — Então nós... — Ele se interrompeu e pigarreou de leve. — Sabe...
   — Com certeza.
   Diversas emoções atravessaram seu rosto, e desejei ser capaz de decifrá-las.
Ficamos calados por um momento. Eu, brincando com a bolota que agora eram
as luvas brancas. Ele, se remexendo desconfortável, como se algo o ferroasse.
   Isso me lembrou:
  — Odiei o jeito que os enfermeiros te trataram — confessei.
   Ele ergueu os ombros.
  — É normal. Toda vez que chego perto de um hospital, é parecido. As pessoas me olham e veem alguém às portas da morte.
   — Isso é ridículo, Christopher. É cruel, é...
   — É assim que é — ele completou. — Já estou acostumado.
   — Eu sinto muito.
   Ele tentou sorrir.
  — Eu também.
   — Quer que eu desça lá e encha aqueles dois de porrada? — ofereci. — Ando precisando mesmo testar aqueles golpes que você me ensinou.
   O que antes não passava de uma insinuação agora se transformara em um
largo sorriso, e depois em uma gostosa gargalhada, que aqueceu meu coração.
   — É muita gentileza sua oferecer, mas não é necessário. Os caras não têm culpa. Antes do acidente eu também pensava assim sempre que via alguém na cadeira de rodas.
   — Eu nunca pensei nada disso, Christopher.
   — Eu sei, Pin. — Seus olhos de turmalina escrutinaram meu rosto e se
detiveram em minha boca. — Você é feita de outro material.


 


   Meu pulso acelerou e eu quis perguntar o que significavam aquelas palavras, mas uma enfermeira apareceu e avisou que eu já podia entrar para ver tia Berenice. Não hesitei um instante sequer. Corri até o quarto dela como se o mundo estivesse acabando.    Christopher me acompanhou com facilidade. Uau, eleera muito rápido quando estava com pressa. Não parei nem para tomar fôlego quando cheguei ao meu destino. E lá estava ela, ainda respirando, deitada naquela cama hospitalar. Sua pele tinha uma cor estranha, mas isso não importava. Seu peito subia e descia e isso era tudo.
   Eu me aproximei da mulher, da única mãe que conheci, e segurei sua mão. Estava fria. Beijei sua palma repetidas vezes, agradecendo a Deus por ainda poder fazer aquilo. Tia Berenice parecia cansada, mas fez o melhor que pôde para sorrir.
   — Estou bem, querida. No fim das contas, tudo que eu precisava era soltar p...— Ela se deteve ao ver Christopher mais atrás. — Ah, meu querido, você ficou!
   — É claro que fiquei. Quem vai garantir que a senhora siga as instruções do médico?
   — É muito bom te ver de novo.
   — Digo o mesmo. — Ele abriu um largo sorriso, que deixou nós duas um pouco abobalhadas. — Agora precisamos fazer a senhora melhorar logo — continuou. — Não gosto deste lugar. Já passei muito tempo em um assim.
   Ela estremeceu.
   — Nem me fale. — Então voltou seus olhos cansados para os meus. — O dr. Victor já te deu as boas notícias? Não posso nem subir uma mísera escada.
   — Vamos dar um jeito nisso. Não se preocupe com nada agora. Só descanse.
Ela sacudiu a cabeça.
   — Não me preocupar! Eu quero sair daqui o mais rápido possível, e aquele
médico nanico não vai me liberar se souber que tenho uma escada pela frente. Andei pensando... E se colocássemos uma banheira na lavanderia?
   Eu pretendia dizer que aquilo era um absurdo e que eu não permitiria que ela
se expusesse a uma situação tão humilhante. Contudo, Christopher falou antes:
   — Eu não vou permitir que a senhora tome banho numa lavanderia como se
fosse um cachorro sarnento. Além disso, os vizinhos podem tentar espiar a
senhora por cima do muro.
   — Ora, Christopher, ninguém jamais espiou pelo muro — ela rebateu.
   — Ah, mas isso porque nunca tiveram o incentivo de uma bela mulher nua no
quintal.
   Ela corou de deleite, e sua cor já não parecia tão agourenta. Christopher fazia bem a ela.
   — A friagem pode não fazer bem — concordei. — É muito aberto.
   — Mas o que vamos fazer, então? Não temos dinheiro suficiente para pagar um hotel por tempo indeterminado. Nem, Deus me livre!, uma casa de saúde. 


 


   — Nós teríamos, se a senhora não tivesse sido tão precipitada e gastado todas as economias naquela festa de casamento — murmurei.
   Ela revirou os olhos.
   — Detalhes, detalhes...
   — Vocês podiam ficar comigo — a voz grave e macia de Christopher reverberou pelo quarto.
   Voltei o rosto para ele de imediato.
   — O quê?! — Ele tinha perdido a cabeça de vez? — Não! Nem pensar.
De jeito nenhum. Não mesmo.
   — Por que não? Tem espaço suficiente para nós três. — Ele encolheu os ombros generosos.
   — Porque isso é a coisa mais ridícula que eu já ouvi na vida. E você acabou de
se mudar para ter o seu espaço, lembra?
   — Por isso mesmo estou convidando. Ando me sentindo meio solitário. — Sorriu sarcasticamente e eu desejei que ele não fosse tão bonito. Com calma, ele
se aproximou da cama. — Então, dona Berenice, o que a senhora prefere? Ficar
confinada entre a sala e a cozinha, tomar banho na lavanderia com uma plateia, ou ir morar comigo por uns tempos, num apartamento onde existem barras de
apoio no banheiro?
   Ela olhou para mim de imediato.
   — Quando faremos a mudança, Dul?


 



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Autor(a): wermelinnger

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   O relógio marcava dez e onze quando o interfone tocou naquela manhã de domingo, anunciando a chegada de minhas novas hóspedes. Dona Berenicetivera alta naquele dia, e ela e Dulce viriam do hospital direto para cá.    Eu tinha arrumado a casa toda, dei um tapa no banheiro e até coloquei uma vela aromática &mdash ...


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  • Vondy Forever❤ Postado em 20/02/2020 - 19:32:55

    Nossa eu amei essa história do começo ao fim, e uma história linda de amor e de superação e bastante engraçada. Amei a tia Berê ter casado com o médico que acompanhou o seu caso no final. Abraços..

    • wermelinnger Postado em 29/02/2020 - 17:02:59

      Oii eu tambem amei esse final feliz para a tia Bere. Obrigada por ler e comentar Beijinhos

  • ana_vondy03 Postado em 18/02/2020 - 17:40:58

    Aaaaa eu não acredito que acabou! Vou dar uma passadinha lá nas outras histórias! Simplesmente adorei o final da história, bem q poderia ter uma continuação né? Kkkkk

    • wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:38

      Pois É nem eu acredito:( passa sim tenho certeza que vai adorar

  • mari_vondy Postado em 18/02/2020 - 10:31:29

    Ai que final lindo, dona Berenice se deu bem. Vondy finalmente juntos, tão fofo. Amei a fanfic

    • wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:06

      Pois É dona Berenice finalmente realizou seu sonho de casar. Que bom que gostou

  • ana_vondy03 Postado em 17/02/2020 - 13:19:11

    Hahahaha amei a reconciliação! Aaaa eu n qro q acabe, vou sentir mta falta de ler a história! Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 19/02/2020 - 07:14:56

      Eu tmb vou sentir falta

  • mari_vondy Postado em 17/02/2020 - 10:30:22

    continuaaaaaaaaa, que reconciliação mais fofa, amei

    • wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:55

      Gostou? Tambem achei fofo!!

  • ana_vondy03 Postado em 15/02/2020 - 12:04:59

    Naaaao cara tô chorando aqui! O Christopher eh um fofo! Espero q agora ela perdoe ele! Continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:36

      Ele quando nao tá sendo um idiota É um fofo mesmo

  • mari_vondy Postado em 15/02/2020 - 08:45:02

    continuaaaaaaaaa, aí Dulce vai atrás dele logo kk ansiosa pelos próximos capítulos

    • wermelinnger Postado em 17/02/2020 - 13:08:08

      Continuando

  • ana_vondy03 Postado em 14/02/2020 - 13:10:15

    Não tinha pensado q a Dulce era o alvo da Samantha, mas do msm modo ela tava louca kkkkk continuaaa amoreee S2

    • wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:40:09

      Quando eu li eu também não imaginav que era esse motivo Continuando

  • mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 10:34:21

    continuaaaaaaaaa, tadinho do Christopher, ainda bem que Samantha vai ficar bem longe agora

    • wermelinnger Postado em 15/02/2020 - 07:39:18

      Continuando....

  • mari_vondy Postado em 14/02/2020 - 09:12:49

    continuaaaaaaaaa, posta outro sim, nem imaginei que a Samantha queria era a Dulce, Vondy tem que se acertar logo

    • wermelinnger Postado em 14/02/2020 - 09:37:13

      Prontinho... depois posto a continuação do cap


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