Fanfic: Encruzilhada - AyA | Tema: Ponny, Hot

POV Poncho

- Passageiros, sua atenção por favor. Iniciaremos a decolagem em instantes.

Estávamos no jatinho particular de Anjo, indo em direção a Cancún. A aeromoça passou verificando se tínhamos apertado o cinto de segurança e então o avião começou a se mover e em pouco tempo podíamos ver a Cidade do México inteira aos nossos pés. A parte bonita dos ricos e a parte esquecida que agora fazia parte de minha vida.

Ela estava sentada de frente para mim, concentrada em um livro de psicologia. Eu não cansava de me surpreender com aquela mulher. Usava óculos de leitura, que a deixavam ainda mais sexy. Passei bastante tempo observando seus óculos escorregarem lentamente pelo nariz e o movimento que ela fazia com o dedo para colocá-los de volta no lugar. Tinha um coque frouxo e desajeitado no topo da cabeça que me permitia olhar melhor para seu rosto e pescoço, por onde escorriam algumas gotas de suor. Estava com uma saia curta, que me dava ampla visão de suas pernas bem torneadas que estavam cruzadas.

Ela percebeu que eu a estava observando e olhou por cima de seu livro. Tentei disfarçar, mas já não dava tempo.

- Tem alguma coisa que você quer me dizer? – Ela disse sarcástica.

- Na verdade tem sim. – Cocei minha nuca. – Você ainda não me disse o que estamos indo fazer em Cancún.

- Eu não te disse porque não é da sua conta. – Voltou sua atenção para o livro.

- Mas como você espera que eu te ajude no que você precisa de mim, se eu não sei ao menos o que tenho de fazer. – Tentei argumentar.

- Eu vou te dar simples comandos e você vai simplesmente obedecê-los, mas não precisa saber minha motivação. – Falou sem olhar para mim.

- Se não confia em mim, por que me trouxe? Por que não alguém realmente de sua confiança? – Perguntei frustrado.

- Fercho é o único em quem confio, mas ele já está ocupado com outra missão para qual eu o mandei.

Anotei mentalmente que Fercho é um capanga de confiança de Anjo, sendo assim, ele deveria saber de muitas coisas que me poderiam ser úteis. Eu deveria tentar uma aproximação com ele. Certamente seria mais fácil arrancar informações dele do que de Anjo.

- Ao menos pode me dizer por quanto tempo vamos ficar na ilha?

- Tudo depende da nossa sorte.

Eu bufei.

- É bem irritante quando você fica enigmática desse jeito.

Ela olhou para mim com um discreto sorriso.

- Digo o mesmo. Além do mais, eu voltei a estaca zero com você. Depois que descobri que suas informações eram falsas, não tenho nada sobre você. Nada além de saber que é ambicioso e manipulador.

- E não te incomoda que eu seja desse jeito? – Perguntei receoso.

- Quase todos os padrinhos são assim. Mas eles sabem me respeitar e sabem que mesmo que possam subir posições, não podem nunca me alcançar. Com eles eu não me preocupo realmente. Mas quando você me disse que era ambicioso, fiquei em alerta. Você é totalmente diferente dos outros, não iria me respeitar por simples medo e não se contentaria em ficar abaixo de mim a menos que tivesse um forte motivo. Que você disse ser sua paixão por mim. Eu sei que não deveria acreditar tão facilmente em sua declaração, mas eu simplesmente consegui enxergar verdade em seus olhos quando me disse aquilo. Tive uma estranha sensação de que poderia confiar em suas palavras.

Me senti suar frio com o que ela disse.

- Se confia em mim, por que não me conta o que estamos indo fazer?

- Não confunda as coisas. Eu acredito que você seja apaixonado por mim e que não me faria mal, mas nada te impede de ferrar com a máfia.

As vezes parecia que ela era capaz de enxergar através de mim, de ver minhas motivações e tudo o que eu planejava.

- E por que eu faria isso?

Ela me analisou por um momento.

- Destruindo-nos, você teria toda a área que era de nossa influência, livre para que pudesse tomá-la somente para você. – Seus olhos estavam vidrados nos meus enquanto dizia isso.

- Não tem medo de ter acabado de me dar uma ótima ideia que ainda não havia passado por minha cabeça?

- Como se uma mente ambiciosa como a sua já não tivesse pensado nisso antes. Não lhe disse nada demais.

- Não consigo entender por que me mantém por perto, se sou uma ameaça para a máfia.

- Eu já te expliquei que as vezes temos que correr riscos aceitando novos membros, porque realmente precisamos de mais cabeças. – Ela disse.

- Mas você acabou de dizer que eu sou diferente dos outros, que sou mais perigoso para seu esquema.

Mesmo tendo-a encurralado, ela mantinha a pose e a expressão calma no rosto.

- É mesmo mais perigoso, eu confesso. Mas tenho meus motivos para te manter por perto.

- E quais são? – Perguntei já no fundo sabendo que ela não iria me contar.

- Eu não posso te dizer.

Suspirei e fechei meus olhos. Era melhor tentar dormir do que continuar com aquela conversa que só andaria em círculos.