Fanfic: Encruzilhada - AyA | Tema: Ponny, Hot

POV Poncho

Estava em minha casa com Ucker, que me ajudava a recolher informações para que eu pudesse me aproximar da máfia de Tepito. Na mesinha da sala, de frente para o sofá, tinham uma pilha de papéis com anotações sobre a gangue, fotos dos cabeças e até um mapa onde marcamos os pontos em que eles mais atuam. Tínhamos quase tudo que precisávamos.

- Então só falta descobrir o local de onde saem as ordens. – Ucker disse.

- Não se esqueça que também não temos fotos do Anjo e do El Paco. – Lembrei-o.

- Mas isso não é tão necessário, não acha? Você pode descobrir facilmente quando se infiltrar.

- Não sei, acho que não. – Cocei minha nuca. - Ele é o chefe de tudo, não deve ser fácil se aproximar dele. Certamente não deixa que qualquer um veja o seu rosto.

- É verdade. – Ele ficou em silêncio por um minuto, enquanto pensava. – Você vai ter que subir dentro da quadrilha, ir se mostrando competente e necessário. Quando ganhar a confiança dos comparsas, vai ganhar também a confiança do El Paco.

- Quem realmente está me intrigando é esse Anjo. Não sabemos mais nada dele além desse nome. Não sabemos qual é a sua ligação com o chefe, qual é a sua posição na gangue, sua aparência e nem seu nome verdadeiro.

- Ele esconde seus rastros como ninguém.

- Até mesmo El Paco comete deslizes, mas o Anjo não. Esse cara deve ser muito inteligente.

- Está preocupado com ele? – Ucker me perguntou enquanto mexia em seu café.

- Estou. Queria descobrir quem ele é, antes de me aproximar. Ter alguma vantagem em relação à ele, para que não me pegasse desprevenido. Sinto que vou ter que pisar em ovos com ele.

- E se ele também se mantiver escondido, que nem o chefe? Se só quem conseguir chegar até ele forem os outros cabeças?

- Acho que não. Ele parece ser o braço direito do El Paco, e então deve comandar e observar de perto todos os subordinados.

- Vendo por esse ângulo, faz sentido. – Ele suspirou. – Você já sabe como vai fazer para que eles te aceitem?

- Antigamente só aceitavam quem tivesse tradição mafiosa na família, um pai ou avô que fez parte. Agora as coisas mudaram, é preciso mostrar crueldade e calibre criminal. E eu não sei como vou fazer isso. – Encostei a cabeça no sofá, frustrado.

Eu e Ucker ficamos em silêncio, tentando encontrar uma solução. O único som que se escutava era o tique-taque do relógio de parede. Ele se remexia o tempo todo na poltrona, não conseguia ficar parado toda vez que pensava demais. Depois do que pareceu uma eternidade, abriu a boca para falar.

- E se nós fingíssemos que você me matava? -Arregalei os olhos. Isso podia funcionar.

- Com uma arma de disparo falso e tubo de corante vermelho que imita sangue? Ucker, você é um gênio! – Fui eufórico até ele e o levantei do chão.

- Me solta cara! – Coloquei-o no chão. – Tá me estranhando, irmão? – Dei um tapa em sua cabeça.

- Engraçadinho. Mas falando sério, temos que planejar isso muito bem. Nós somos investigadores, não policiais de campo. Não temos as melhores habilidades de disparo e se formos descobertos, é bem capaz que não saiamos dessa vivos.

- Bem, nós temos as fotos dos padrinhos e os locais onde eles mais aparecem. Vamos para um desses lugares e esperamos até eles estarem perto o suficiente para notar-nos mas longe o bastante para não perceberem que é uma armação. – Ele sugeriu.

- Podemos fingir uma briga como motivo para eu te matar. No caso de eles quererem checar o seu corpo, para ver se está realmente morto, você injeta Xtropolium na veia, que vai diminuir seus batimentos cardíacos a níveis quase imperceptíveis, fazendo parecer que está morto. Acho que isso pode dar certo. – Sorri esperançoso.

- Vai dar certo, é um ótimo plano. Você só tem que bloquear a visão deles quanto à mim, para que não percebam quando eu despejar o corante.

- Parece que já temos tudo pronto, então. – Comecei a pegar tudo o que estava em cima da mesa e organizar.

- Quase tudo. Você realmente devia frequentar nos próximos dias um clube de tiro, não pode entrar nessa sem ser o melhor disparador. Caso alguma coisa dê errado dentro da quadrilha, vai ser só você contra todos.

- É, tem razão. Amanhã mesmo eu vou treinar.

- Já conseguiu uma nova identidade? – Me perguntou.

- Sim, a partir de agora sou Poncho Gutierrez. O Garcia botou o Heitor pra me conseguir uma identidade bem convincente e limpar todos os dados que se tem por aí de Alfonso Herrera.

- E como que você vai fazer quando acabar o caso?

- Heitor disse que consegue facilmente restaurar os meus dados. Sabia que ele era o melhor aluno de informática do MIT?

- É, eu ouvi dizer pelos corredores da delegacia que ele era um deus da informática.