Fanfic: Encruzilhada - AyA | Tema: Ponny, Hot

POV Anahi

Fui desleixada à noite inteira, mas não seria dessa vez.

Certamente não podia contar com Poncho para nos salvar. Precisava ser eu a fazer tudo sozinha.

Pensei em todo o meu plano em dois ou três segundos, ao mesmo tempo em que escondia o revólver na parte traseira de minhas calças, sem que os seguranças tivessem tempo de notar.

Olhei discretamente para o lado enquanto isso, me certificando de que a arma de Poncho também não estivesse à mostra, e não estava.

Os três grandalhões de terno se aproximaram e nos cercaram, impossibilitando qualquer tentativa de fuga desesperada.

- A gente ia simplesmente te deixar amarrada e quietinha, princesa. Mas parece que você não quer se comportar, e então vai ser necessário medidas mais extremas, pra você e para o seu amigo.

Poncho me olhava, querendo saber como agir nessa situação. Tentei passar para ele através do meu olhar o que eu estava pensando, que queria que ele ficasse quieto e me deixasse resolver tudo sozinha. Ele assentiu de leve, parecendo me entender.

Enquanto um dos homens virava de costas e ia até as estantes cobertas com objetos de tortura, os outros dois vinham com cordas nas mãos até nós.

Nenhum deles estava segurando uma arma, mas tinham repousadas nos coldres.

Eu teria que ser rápida. Muito rápida.

Saquei meu revólver e efetuei três disparos de maneira tão veloz que não lhes deu tempo de reagir. Os três seguranças caíram ao chão, seus sangues se misturando e formando uma poça vermelha que se expandia continuamente.

Um alarme ensurdecedor disparou, para lembrar-nos que logo a polícia estaria ali.

- Me segue. – Falei para Poncho e saí correndo até o quarto de Andrés.

Ele continuava dormindo dopado em sua luxuosa cama. Tinha até um pequeno sorriso no rosto.

Morreria feliz o bastardo, então.

Mirei exatamente no meio de sua testa, puxando o gatilho em seguida. Não precisava de um segundo tiro de segurança para garantir que estaria realmente morto, eu era boa demais no que fazia.

Como não tinha planejado matá-lo nessa noite, não tinha nenhuma prova falsa para deixar ali, nada que pudesse incriminar seu irmão, a não ser que...

Abri a boca do morto e com a minha mão, puxei sua língua para fora com tamanha força que pude arrancá-la. Um esguicho de sangue jorrou em meu vestido, mas não me importei. Só teria de jogá-lo fora depois, para não terem nenhuma evidência contra mim.

- Por que fez isso? – Poncho me perguntou atordoado.

- É um código das máfias. - Pus a língua sob o peito de Andrés. -Quando a língua cortada fica a mostra no peito significa que foi uma morte por luta de poder. Todos vão pensar que foi o seu irmão que o matou, e não eu.

- E por que você o matou? – Ele queria saber mais.

- Isso não é dá sua conta. – Lhe sorri com ironia e ele bufou.

- Não está preocupada com as digitais que você está deixando?

- Não estou deixando nenhuma digital. – Ele franziu o cenho, confuso. Mostrei minhas mãos para ele. – Eu passei camadas de látex líquido nos dedos.

- Isso é genial. – Me olhava impressionado.

- Vamos deixar o papo para depois e dar logo o fora daqui? A polícia já deve estar chegando. – Falei sem paciência, pegando minha bolsa do chão e indo até a porta.

Na frente da casa estavam se acumulando vizinhos curiosos, ao que só nos restou sair pelos fundos. Comecei a escalar um painel de jardim, com tábuas de madeira espaçadas uma entre as outras. Poncho me seguiu e ao chegar ao topo do muro, pulou desengonçado e caiu feio no chão. Tive vontade de rir.

Pulei e durante a queda me agachei e segurei em meus joelhos. Pousei com os pés firmes no solo, para em seguida me levantar com destreza e ajeitar o meu cabelo, sob o olhar de um Poncho embabascado.

- Como? – Me perguntou.

- Uma garota tem os seus truques.

Ouvi o barulho de sirenes, indicando que a polícia tinha chegado.

- É o seguinte, vamos correr por essa rua ali. – Apontei. – Até o muro que dá para fora daqui. E esconde o rosto entre as mãos. – Ordenei.

Corremos feito dois loucos, sem nos importarmos se estávamos sendo vistos. Eu não era acostumada a correr, sentindo assim minhas pernas tremerem e perderem força ao longo do trajeto. Poncho, percebendo que eu estava começando a ficar para trás, voltou e me pegou no colo, continuando a correr então.

Para nossa sorte, não foi preciso escalar outro muro. Uma das mansões próximas dali tinha uma escada bem grande encostada a uma parede, que devia estar sendo usada para pintar as janelas ou coisa do tipo, não importa. Poncho pegou-a e usamos para sair dali.

Já na rua, tinham alguns carros estacionados por ali. Fui até o melhor deles, um Audi A4 preto, e soquei a janela, quebrando o vidro. O alarme do carro disparou.

- Entra logo que daqui a pouco eles vão estar aqui. – Ordenei já destravando as portas e sentando no volante.

Poncho entrou no carona e eu apertei o botão de ignição, ligando o carro. Pisei no freio para liberar o engate e mudei o câmbio para a posição D, para então soltar o freio de mão. Manobrei e afundei meu pé no acelerador, disparando com o carro, já podendo ver a polícia pelo retrovisor.

- Nós nunca vamos conseguir despistá-los com esse alarme tocando. – Ele lamentou.

- Espere só. – Sorri confiante.

Enquanto dirigia, abri a caixa de fusíveis na cabine e arranquei o único fusível amarelo, que correspondia ao alarme. O som parou instantaneamente.

- Devo perguntar como você sabia qual era o fusível certo?

Muitos roubos de carro em minha adolescência, pensei.

- Eu acho melhor não. – Respondi rindo.

- Você é uma caixa de surpresas, Anjo. – Ele olhou para trás. – Estão se aproximando.

Eu não precisava olhar pelo espelho retrovisor para confirmar, o som da sirene que ficava cada vez mais alto já era um belo indício.

Poncho estava apreensivo, olhos arregalados e mãos tremendo. Pensava que eu não daria conta da situação e que fatalmente seríamos pegos. Assim ele me ofendia.

- Os tiras vão é comer minha poeira. – Falei com uma confiança que beirava arrogância.

Reduzi a velocidade para que chegassem bem perto de nós e Poncho só faltou enfartar.

- Mas o que você está fazendo? – Perguntou exasperado.

- Só olha e aprende. – Falei divertida.

Quando estavam quase encostando em nós, subi em um viaduto, sendo seguida de perto pelo carro da polícia.

- Se segure. – Mandei e ele me obedeceu, botando as mãos no painel.

Eu pisei com tudo no acelerador novamente e joguei-nos para fora do viaduto, voando no ar até cair em uma pista que tinha abaixo. O Audi quase não sofreu com o impacto por conta da alta velocidade e assim continuei seguindo aos 205 km/h pela pista. Os policiais pararam e ficaram só olhando nossa fuga, medrosos demais para saltarem com o carro também.

- Eu não sei se você é louca ou muito corajosa. – Disse me encarando fascinado.

Por que ele tinha de estar sempre me olhando desse jeito que fazia meu corpo arder?

- Acho que sou as duas coisas. – Fiquei um tempo em silêncio, pensando no que fazer em seguida. – Temos que nos livrar desse carro e eu preciso comprar uma roupa nova, já que não posso chegar no hotel com um vestido coberto de sangue, obviamente.

- Ou, se alguém perguntar, podemos simplesmente dizer que você não sabe comer direito uma macarronada com molho de tomate. – Sugeriu brincando e eu ri.