Fanfic: Encruzilhada - AyA | Tema: Ponny, Hot

POV Anahí

Após aquela noite muito fogosa com Poncho, meu trabalho estava feito. Andrés estava morto e provavelmente suspeitariam que seu irmão Rodrigo foi o mandante do crime. Não havia mais nada que me prendesse à Cancún, sendo assim voltamos para a capital no dia seguinte.

Mesmo depois de todo o sexo selvagem, nada tinha mudado entre mim e Poncho. Ele me instigava e eu me sentia atraída por ele, obviamente. Mas eu não era mulher de relacionamentos, nem nunca poderia ser. Minha prioridade tinha de ser sempre a máfia, não me restando tempo para dar atenção à homens e inflar seu egos.

E ainda que estivesse disposta a me envolver com alguém, esse não seria Poncho. Eu não confiava nele, mesmo não tendo feito nada de errado até o presente momento. Tínhamos esclarecido a questão das suas mentiras, mas ele continuava sendo muito suspeito, parecia que não se encaixava em meu ambiente violento. Sempre aparentava ser muito piedoso e honrado, o que ia totalmente contra a personalidade ambiciosa que ele disse-me ter.

Se fosse qualquer outro no lugar dele, já teria lhe arrancado a cabeça, por precaução. Eu estava correndo perigo ao permitir que Poncho continuasse por perto, eu sei, mas simplesmente não podia evitar. Eu o queria próximo de mim, e não podia fazer nada quanto a isso.

Mas se ele fizesse algo contra mim, eu esqueceria toda a benevolência que tinha por sua pessoa e o faria em pedaços, sem um pingo de remorso sequer.

Parei a Lamborghini Aventador na frente do barraco de meu pai e saltei do carro. Passavam naquele momento na rua dois homens grandes e intimidadores, moradores da região. Acenaram para mim com a cabeça, se aproximando.

- Precisa de alguma coisa, Anjo? – Um deles me perguntou.

Todos em Tepito me conheciam e respeitavam, sem chance de alguém abrir o bico para a polícia. A máfia fazia muito por aquelas pessoas, protegíamos e cuidávamos deles, a um pequeno preço, é claro.

- Estou bem. – Respondi séria, o rosto impassível.

Eles se foram e eu entrei na casa, usando a minha chave. Desci as escadas, indo até o escritório, onde El Paco já devia estar me esperando.

Encontrei-o sentado em sua poltrona, pela primeira vez em anos sem segurar um charuto cubano entre os dedos. Era de se estranhar.

- Parou de fumar? – Perguntei com uma sobrancelha arqueada, um pouco descrente, me sentando na cadeira à sua frente.

- Estou com câncer na boca, pode acreditar? – Disse em tom de zombaria, os dedos parecendo segurar um charuto invisível, ele nem parecia notar que fazia isso, como se fosse algo involuntário depois de tantas décadas de fumo. – Fui criado ouvindo que era seguro, ao contrário do cigarro. E então alguns dias atrás estava com uma puta e quando a beijei, ela ficou com nojo. – Riu com descrença. – A vadia me disse para não beijá-la mais porque eu estava cheio de aftas na parte interna do lábio, foi só então que notei-as. O Castilho me examinou depois e me deu esse diagnóstico. – Castilho era um clínico-geral que fazia parte do esquema.

- Eu lamento. – Disse educada, mas sem realmente me importar.

- O doutor disse que se me manter longe do tabaco, vou ficar bem. Estágio II, se eu me lembro bem. – Franziu o cenho, tentando lembrar. – O que ele me falou mesmo? Alguma coisa sobre administrar quimioterapia com algum outro tratamento.

- Radioterapia, suponho eu. – Interferi sem deixar transparecer a minha falta de paciência. Ele não havia me chamado para falar sobre seu câncer, disso eu tinha certeza. Só estava enrolando e adiando a verdadeira conversa.

- Isso, foi isso que ele me disse. Mas não estou preocupado, sempre fui duro de matar, meus inimigos enterrados no cemitério que o digam. Falando em inimigos... – Parou de repente, deixando subtendido no ar o resto da frase.

- Está querendo saber sobre os Maximilianos?

- Você é tão inteligente, Anjo. – Constatou com certa graça. Desde os quatorze anos, quando entrei para a máfia, nunca mais me chamou por meu nome.

- Matei Andrés e fiz parecer que foi uma ordem de Rodrigo. Através do nosso contato na 13º DP tive a confirmação que a polícia chegou a essa conclusão, e é óbvio que dentro da outra máfia os padrinhos pensaram o mesmo. – Ele sorriu levemente de canto ao ouvir isso. – É o fim de Rodrigo, vai ser indiciado e julgado pelas autoridades, e por causa do escândalo e da sua fragilidade momentânea, os outros cabeças vão retirá-lo de seu cargo e brigar por sua posição. Está para começar um guerra sangrenta na concorrência, que irá destruir a Mara Salvatrucha.

Surgiu no rosto de El Paco um sorriso medonho, que eu só via ele dar quando o inimigo estava para cair derrotado de joelhos.

POV Poncho

Estava trazendo para a fábrica abandonada um carregamento de heroína que recebi de um traficante espanhol, quando o delegado Garcia me ligou e gentilmente me ordenou à estar em sua sala em duas horas.

Entrei na 13º DP, cumprimentando à todos por quem passava. Já tinha se passado um mês desde a última vez que pisei naquela delegacia, no dia anterior à minha inserção na máfia de Tepito.

Andando pelo corredor, dei de cara com Dulce María encostada à máquina de café, assoprando sua bebida.

- Herrera, já estava começando a suspeitar que tinham dado um fim em você. – Disse com a sobrancelha erguida. – Ninguém me dizia o porque de você não aparecer mais por aqui.

- Peguei um caso complicado. – Me justifiquei fazendo uma expressão de sofrimento e ela riu.

- E esse caso vai te deixar ocupado nesse sábado? – Perguntou como quem não quer nada, mas com uma expressão travessa no rosto.

- Te conheço Saviñón, fala logo o que você quer. – Falei achando graça de seu comportamento.

- Você bem que podia sair comigo e com Christopher, faz tempo que não bebemos juntos os três. – Fez um biquinho.

- Tem um motivo para eu não sair mais com vocês, cansei de ficar vendo vocês dois se pegando o tempo todo de maneira obscena. – Fingi nojo ao falar e ela revirou os olhos. - Francamente Dulce, não conhece motéis, não?

- Com todo o respeito que eu tenho por você... – Pôs uma mão no peito e me olhou fundo nos olhos. – Vai te catar, Poncho. – Eu gargalhei alto, pondo as mãos na barriga. – Mas, enfim, se você não quer ficar sobrando, leve uma mulher com você. Que Christopher não escute isso, mas você é gostoso, eu admito. – Pôs as mãos para cima como uma criminosa pega no flagra, brincalhona. – Não deve ser difícil encontrar uma garota que queria sair com você.

Era estranho, mas senti que não podia sair com outra, como se fosse de alguma forma estar traindo Anjo, mesmo que não tivéssemos absolutamente nada.

- Eu não estou querendo saber de mulher nenhuma por agora. – Falei meio incomodado pelo assunto.

- Eu não acredito em uma palavra do que você disse. – Me olhou descrente, com aquela cara de sabichona dela. – Qual é o nome dela?

- Você está louca, não tem ninguém.  - Neguei. - Eu estou muito ocupado com o trabalho para ter tempo de sair com alguém. 

- Ah qual é, essa desculpa é mais velha que minha avózinha de 97 anos.

- Vamos fazer assim então, você esquecesse esse assunto e eu saio com vocês. Podemos ir até nessas boates que você tanto gosta. – Fiz cara de desprezo e ela sorriu triunfante.

- Einh? Do que estávamos falando mesmo? – Ela pôs uma mão no queixo e franziu o cenho. – Eu simplesmente não consigo me lembrar, que engraçado. - Eu olhei para o meu relógio no pulso e ela notou. - O que foi?

- Eu tenho que ir, o Garcia está me esperando. – Fiz uma careta.

- Boa sorte com aquele ranzinza. Talvez vá precisar.