Fanfic: Encruzilhada - AyA | Tema: Ponny, Hot

POV Poncho

Eu estava na sala do Garcia, sentado diante dele, esperando enquanto ele analisava o relatório que eu tinha lhe entregado, contendo tudo o que eu tinha descoberto até então sobre a máfia de Tepito. Ali tinham informações importantíssimas sobre os esquemas de extorsão e narcotráfico, informações que poderiam muito bem mandar alguns membros do bando para a cadeia, mas ninguém realmente valioso para a polícia.

Eu só tinha provas concretas sobre meros funcionários dentro da máfia, aqueles caras que só obedeciam ordens sem pensar, sem questionar. Sobre todos aqueles que tinham um cargo importante dentro do esquema, eu não tinha absolutamente nada. Era frustrante.

Quando Garcia finalmente terminou de ler tudo o que estava na pasta, tirou seus óculos de leitura e me olhou de maneira impassiva, pelo menos não era a sua carranca habitual.

- Herrera... - Começou a batucar o dedo nervosamente sobre a mesa. – Sabe que não vamos conseguir nada com esse relatório que você me entregou? Quero dizer, sim, é claro que vamos poder prender alguns homens, mas que são completamente substituíveis dentro da quadrilha. Você se livra de um e logo aparece outro para tomar o lugar daquele.

- Senhor, eu estou ciente disso. Mas não é tão simples assim simplesmente se infiltrar entre eles e conseguir sua confiança da noite para o dia, requer mais tempo.

- Herrera, tem noção da importância dessa investigação para essa delegacia? Do reconhecimento que ganharíamos se prendêssemos os verdadeiros cachorros grandes? Eu poderia enfim conseguir a promoção a superintendente que tanto almejo, e você, o nível de investigador especial. Não é isso o que você sempre quis? – Perguntou com uma sobrancelha arqueada.

- É sim, senhor. – Falei sem graça.

O cargo de investigador especial acabou por se tornar um sonho meu ao longo desses anos de profissão porque seria uma confirmação para mim de que eu teria me tornado um policial excepcional. Embora eu só tivesse 5 anos de carreira, eu já tinha duas promoções, saindo do nível III para o nível I, mas sabia o quão difícil era conseguir a última ascensão de que precisava. Para ser promovido por antiguidade, levaria ainda 15 anos, e por merecimento só com um caso de tamanha magnitude como o de Tepito.

Eu não poderia perder essa oportunidade de conquistar tudo aquilo que eu almejava profissionalmente.

- Eu preciso de provas contra Fercho, Xavier, Arruda, Pepe, Romero, Luisito e os mais importantes, Anjo e El Paco. Não me importa como, eu quero um novo relatório sobre a minha mesa em dois meses. Estamos entendidos, Herrera?

- Sim, senhor.

(...)

Saindo da delegacia, fiquei pensando sobre o que fazer daquele momento em diante. Garcia tinha me dado um prazo de tempo muito curto e a única maneira de eu conseguir cumpri-lo seria mudando a minha estratégia.

Eu pensei exaustivamente e só consegui chegar a uma conclusão. Como seria impossível de conquistar a confiança de todos, eu devia me focar completamente em Anjo e fazê-la acreditar que poderia confiar em mim. Assim ela abaixaria sua guarda, que até o momento esteve sempre bastante alta perto de mim, e eu poderia retirar dela informações úteis sobre os outros, inclusive sobre seu pai.

Francamente, eu não tinha tanta esperança assim em meu próprio plano. Só me restava torcer para que desse certo.

Chegando na fábrica abandonada, fui direto para o escritório da Anjo, sem nem saber ainda o que iria dizer para ela. Estava tão perdido em meus pensamentos, pensando sobre o que eu poderia falar, que acabei abrindo a porta de sua sala sem antes bater.

Prontamente ela e o homem com quem conversava viraram-se em minha direção, surpresos pela interrupção.

- Uhm, Poncho? O que você está fazendo? – Ela me perguntou um pouco atordoada.

- Desculpe por entrar desse jeito, mas tenho uma coisa muito importante para te dizer.

Ela olhou para o homem que estava ao seu lado, alguém que eu nunca tinha visto pela fábrica, nem tinha a menor ideia de quem pudesse ser. Isso me fazia acreditar que ele não era outro mafioso, e sim um relacionamento pessoal de Anjo. Devia ter uns trinta anos, poderia muito bem então ser um namorado.

- Poncho, eu estou ocupada agora. Mando o Torres te chamar quando eu estiver disponível para conversar.

O namorado dela olhou para mim, parecendo achar graça de alguma coisa. Senti uma raiva súbita ferver dentro de mim, e o encarei de volta até que ele quebrar o contato visual para se dirigir à Anjo.

- Baby, o que ele ainda está fazendo aqui? Sabe, meu tempo é muito precioso, e eu realmente gostaria de aproveitar o pouco tempo que temos antes de eu ter que viajar de novo.

Ela se voltou para mim e abriu a boca para falar, mas não a dei tempo de dizer nada.

- Eu já estou saindo. – Logo após pronunciar essas palavras, fechei a porta atrás de mim.

Enquanto me afastava pelo corredor, ainda consegui escutar a irritante risada daquele cara.

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Quarta tem mais, amores :*