Fanfic: Encruzilhada - AyA | Tema: Ponny, Hot

POV Poncho

- Quanto tempo mais nós vamos esperar? – Ucker me perguntou impaciente.

Estávamos no bairro de Tepito, lugar onde se originou a máfia mais forte do México. Era conhecido por todos como o bairro da morte, de tão perigoso que era.

De um lado, só se viam barracos cinzas, cuja cor entristecia ainda mais aquele deprimente local. Do outro, na rua principal, lonas azuis e amarelas cobriam as mesas onde os comerciantes ambulantes mostravam seus produtos. Era uma rua larga e comprida, abarrotada de pessoas, que se espremiam para tentar comprar alguma coisa de 1,99 pesos. Bem diferente do resto do bairro, com ruas estreitas e que mais pareciam labirintos. Seria muito fácil de se perder ali e nunca mais ser encontrado.

Havia muito lixo por toda a parte, e urubus circulavam por ali, caçando seu alimento. Também podia se ver um ou outro rato morto afogado no esgoto a céu aberto.

- Eu não sei. Talvez eles não apareçam por aqui hoje. Ou talvez sim. – Bufei. – É melhor continuarmos esperando.

- Podíamos ter escolhido esperar em um bairro que não fedesse a xixi. -Ucker tampava o seu nariz.

- Aqui é a nossa melhor chance de achá-los, e você sabe disso. Foi aqui que formaram a máfia, é aqui onde eles mais se metem.

- Eu fico imaginando como essas pessoas não ficam doentes, com esses bichos e a falta de saneamento.

- Elas ficam, Ucker. Só que ninguém percebe. Essas pessoas são invisíveis para a sociedade.

Pareceu que ele ficou sentido quando se tocou como aquela gente realmente vivia, tanto que ficou calado por um longo tempo, o que não era o costume de Ucker.

Fiquei olhando ao redor, vendo os comerciantes chamando atenção para suas tendas, crianças jogando bola descalças em um canto mais isolado daquela muvuca, adolescentes grávidas e outras já com filhos no colo.

- Eles estão aqui. – Ucker me despertou de meu transe. – São o Arruda e o Fercho. Batem direitinho com as fotos.

Me virei no sentido que ele olhava.

- São eles mesmo. Vamos para aquela rua deserta.

Caminhamos até a tal rua e pelo canto do olho foi possível perceber que estávamos sendo seguidos pelos dois. Droga. Como não tinha pensado na possibilidade de dois bandidos tentarem fazer mal a mim e a Ucker? Eu realmente tinha acreditado que eles só nos observariam. Tinha de pensar em algo rápido, ou as coisas poderiam ficar bem feias.

Percebi que Ucker estava tremendo de maneira descontrolada por conta do nervosismo. Foi aí que tive uma ideia.

Saquei a arma de disparo falso de meu bolso e encostei-a nas costas de Ucker, tendo a certeza de que meu ato não passou despercebido para os mafiosos.

- Então quer dizer que você não tem como me pagar o que me deve? O que será que eu devo fazer com você? – Encenei da melhor maneira que pude.

- P-por f-favor, não me ma-mate. Eu vou t-te pagar tudo, eu vou dar um jeito. E-eu juro. – Acho que Ucker estava gaguejando de verdade, seu queixo tremia de maneira descontrolada.

Olhei novamente de canto e vi que os dois agora estavam parados, observando o que eu iria fazer.

- Eu não gosto de esperar. Sou um homem bastante impaciente, deveria saber disso quando me pediu dinheiro emprestado.

- Por f-favor, te-tenha piedade comigo.

Andei mais um pouco com ele, o suficiente para que não enxergassem muito bem nossos movimentos. Empurrei Ucker em uma parede de concreto e me posicionei de modo a tampar a visão que eles poderiam ter dele.

Rapidamente ele tirou uma seringa do casaco e injetou no braço, furando junto o couro marrom da manga.

- Quem tenta brincar comigo paga com morte.

Enquanto eu apontava o revólver em sua direção, ele pegou o tubo de corante do bolso de sua calça e jorrou tudo em seu lado esquerdo do peito, para fingir um tiro no coração.

Puxei o gatilho e ouvi o barulho de disparo. Ucker fechou os olhos e deixou seu corpo cair no chão. Ouvi passos em nossa direção.

Era agora que descobriria se meu plano funcionou ou não. Se eles acreditaram em nossa encenação ou se somos dois homens mortos.