Fanfic: Encruzilhada - AyA | Tema: Ponny, Hot

POV Poncho

Senti meu coração disparar enquanto escutava o som de passos em minha direção. A qualquer momento uma bala poderia perfurar minha cabeça. Estranhamente, a dor e a morte em si não me assustavam. Se atirassem em mim, aconteceria tudo tão rápido que nem teria tempo de realmente sofrer. O verdadeiro medo que sentia era o da espera e da tortura psicológica que esses segundos que pareciam eternos me faziam.

- Nunca te vimos por aqui. – Uma voz grossa e agressiva falou.

Inspirei profundamente para me acalmar, antes de voltar-me para eles.

O Arruda era um homem consideravelmente baixo, mas compensava em músculos. Era careca e parecia ser porto-riquenho. Ao seu lado estava Fercho, seu completo oposto. Alto, magro, loiro e com traços europeus e orientais misturados.

- Eu nunca estive por aqui, não é a minha área. Só vim atrás desse bastardo, que se escondeu aqui achando que eu não iria encontrá-lo.

- Qual é a sua área? – Arruda quis saber.

- A parte mais nobre da cidade, Polanco e toda aquela região em volta.

- E a sua grana? Não vai recuperá-la? – Perguntou Fercho.

- A grana não me faz falta. Matei por questão de honra, ninguém me faz de otário.

- Como se chama? – Novamente o loiro me perguntou.

Eu sabia que estava passando em seu teste. Se não tivessem acreditado em mim, já estaria do mesmo jeito que Ucker no chão.

- Sou Poncho.

Fercho e Arruda se entreolharam.

- Nunca ouvimos falar. – Falou o careca.

- Isso é porque eu comecei a pouco tempo. Ainda não consegui criar um nome de respeito no meio, mas é questão de tempo.

Fercho fez um sinal com a cabeça para o outro, então se virou para mim novamente.

- Acho melhor você vir com a gente. Vamos te levar num lugarzinho. – Sua expressão era completamente imparcial, dificultando saber se me aconteceria algo bom ou ruim.

Fiz o máximo de esforço para não deixar transparecer meu nervosismo enquanto os seguia. Me levaram até a rua principal de Tepito, onde estava estacionado um Falcon F7 preto. Abriram a porta traseira para mim e eu entrei sem contestar.

No rádio do carro tocava um reggeaton animado, e mesmo assim o clima não poderia estar mais pesado naquele ambiente. Olhei pela janela, procurando algum ponto de referência que pudesse me ajudar a me localizar. Não fazia ideia de onde eu estava. Só sabia que era um lugar bastante miserável, onde a polícia fecha os olhos e finge não existir. Exatamente do mesmo modo que eu inconscientemente fiz até hoje.

Estacionaram em frente a uma fábrica abandonada e sairam do carro. Eu, sem saber o que fazer, continuei ali dentro.

- Tá esperando que abram a porta pra você? Sai logo daí. – Fercho me disse.

Sai do carro e segui-os para dentro do local. Era imenso e por dentro bastante bem cuidado, o contraste da aparência acabada que tinha por fora. Eu analisava tudo o que podia com meus olhos, focando principalmente em saídas que poderiam me servir de fuga. Enquanto me conduziam pelos corredores, passamos por alguns homens, que certamente não me encaravam como se me dessem as boas-vindas.

- Entra aí. – Arruda apontou para uma pequena sala, onde tudo o que tinha era uma cadeira. Aquilo não me parecia nada bom, mas sem opção, acabei por fazer o que ele disse.

Fecharam a porta e pude ouvir o barulho de chave girando. Ótimo, agora estava trancado.

Deveria ter passado 1 hora, ou talvez mais, quando enfim ouvi a porta sendo destrancada e aberta. Dessa vez, um outro homem apareceu.

- Venha.

Foi tudo o que disse antes de virar as costas para mim e sair andando pelo corredor. Levantei-me e o segui. Notei que diferente de antes, agora aqueles corredores estavam desertos. Após subirmos 3 lances de escada, ele abriu a única porta daquele andar.

Quando entrei, pude ver uns 20 homens ali, me encarando. O que me acompanhava, me empurrou até uma cadeira no centro da sala, onde me sentei, e então os outros se puseram em volta de mim em um semi-círculo.

Ninguém falou nada, nem muito menos se mexeu. Ficaram ali estáticos e eu me perguntava que diabos estava acontecendo nessa sala.

Foi então que a porta se abriu de novo e quando olhei em sua direção, meu coração acelerou, sem que eu pudesse controlá-lo. Naquela porta estava o Anjo. Ou melhor, a Anjo.

Eu sabia que era ela só de olhá-la, porque era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Um verdadeiro anjo.