Fanfic: Encruzilhada - AyA | Tema: Ponny, Hot

POV Poncho

- É aquele homem de bigode estranho ali. Você vai ter que ir lá sozinho, não posso deixar que ele me veja. – Anjo me disse enquanto apontava para o sujeito.

Estávamos em uma rua deserta em La Lagunilla, centro do tráfico de drogas, escondidos atrás de uma mureta. Quando o homem enfim parou de olhar para o lado que estávamos e se virou, sai do esconderijo e caminhei até ele.

Ele ficou me encarando desconfiado por um momento. Pude ver que mantinha as mãos bem perto do revólver em sua cintura. Ao menos eu também estava armado, para o caso de as coisas não saírem como planejadas.

- É da Tepito? – Ele perguntou por fim.

- Sim.

Notei que ele levou sua mão à arma, segurando-a ainda em sua cintura. Eu não podia pegar na minha também, porque isso o deixaria ainda mais nervoso, e certamente dispararia antes de eu pensar em fazer qualquer coisa para me defender.

- Nunca fiz negócios com você antes, tô achando que você tá é querendo me enrolar.

Tinha de me manter calmo, mesmo que ele agora estivesse apontando a arma para mim.

- Eu sou novo lá, entrei faz uma semana. Essa é a minha primeira entrega de droga.

Sua mão tremia um pouco, mesmo que ele estivesse fazendo força para disfarçar. Ele estava com medo, e quando se tem medo, a primeira coisa que os bandidos costumam fazer é atirar. Só por um milagre para eu sair vivo dessa.

- Você pode até estar falando a verdade parceiro, mas acho que eu não prefiro arriscar. Ainda mais com essa pistola cara que você tem aí na cintura. – Ele falou.

Tudo aconteceu de maneira tão rápida.

Antes que eu me desse conta, ele estava destravando o revólver e então eu ouvi um tiro.

Mas não fui eu quem foi acertado. O traficante caiu no chão com tudo e quando olhei para baixo, vi que tinha um buraco em sua cabeça, por onde saíam grandes quantidades de sangue.

- Francamente, eu esperava mais de você. – Anjo se aproximou de mim enquanto guardava sua arma. – Você ia mesmo ficar aí parado e esperar que ele te matasse? Que tipo de bandido você é? – Seu tom era desconfiado.

Droga, eu estava levantando muitas suspeitas. Ela era uma mulher inteligente, acabaria me descobrindo se eu não mudasse minha atitude.

Fiquei quieto, somente a olhando. Não tinha resposta no mundo que pudesse justificar minha atitude covarde.

- Você não é muito de falar, não é mesmo? – Ela suspirou. – Bem, vamos logo. Disse que ia te mostrar as redondezas e é o que eu vou fazer. Mas saiba que essa vai ser a sua última chance. Você é bem estranho, Poncho. Eu estou de olho em você.

Ela pegou o pacote de cocaína e caminhou até o seu carro, uma Lamborghini Aventador prata, e eu entrei no carona.

- Não tem medo de deixar seu carro estacionado num lugar como esse? – Perguntei curioso.

Ela deu uma gostosa gargalhada, e mesmo que estivesse rindo de mim, não pude evitar sorrir.

- Você é realmente suspeito, não entende nada de crime. – Deu uma rápida olhada para mim, enquanto dirigia. – Ninguém é doido de encostar em um carro como esses por aqui. Sabem que o dono nunca presta e que faria pedacinhos de quem ousasse fazer um pequeno arranhão que seja.

A conversa morreu ali e o rádio estava desligado, deixando-nos em absoluto silêncio. Poderia ser só impressão minha, mas senti o clima mudar dentro daquele carro. Me senti quente e inquieto de repente, só por estar ao lado daquela mulher. Comecei a respirar de maneira ofegante, buscando pelo ar que parecia estar em falta naquele ambiente fechado.

Achei que só eu estava me sentindo assim, até que a vi se remexer no carro, apertando mais suas coxas desnudas uma na outra. Notei também que mesmo que o ar condicionado estivesse ligado no mínimo, gotículas de suor escorriam por seu pescoço. Me perdi olhando para ela.

- Que é? Vai ficar aí me encarando para sempre? – Ela disse sem olhar para mim.

- Desculpe. – Falei e virei minha cabeça para a frente.

- Você é educado demais. – Ela novamente desconfiou. – E bonzinho também. Se Fercho não tivesse me dito que viu com os próprios olhos você matar um homem, eu não teria acreditado.

- Você me analisa demais.

- É a minha obrigação. Eu te deixei entrar em minha máfia, sem nem ao menos te conhecer. Você viu meu rosto, sabe onde trabalho, conheceu dois de meus esquemas, talvez até tenha decorado a placa de meu carro. É muito mais custoso criar uma confiança de minha parte do que da sua.

- Se é tão perigosa assim a minha presença, por que me aceitou?

- Precisamos sempre de novos membros. As grandes máfias trabalham com milhares de integrantes espalhados por alguns países, mas a maioria são como funcionários. Poucos são realmente importantes para o esquema, e estamos sempre à buscar alguém que poderia ser um padrinho.

Ela estava começando a falar, sem perceber. Tinha de me aproveitar desse seu momento de descuido.

- E você acha que eu poderia ser um padrinho?

- Honestamente? Eu não sei. Algumas vezes você me parece muito perdido no meio de tudo isso, mas tem outras que eu chego a acreditar que você não é o que parece, e que na verdade está escondendo quem você realmente é.

Fiquei nervoso com sua insinuação. Olhei para ela e vi que continuava atenta ao trânsito, não notando assim a minha reação.

- Como assim? – Perguntei.

- Talvez você seja mais inteligente do que deixa transparecer. Eu vejo potencial em você, Poncho. Não sei exatamente o que é, mas tem alguma coisa que me parece especial em você. E é por isso que você ainda está em minha quadrilha, e não deitado no chão com os miolos estourados.

Ela parou de falar e decidi não perguntar mais nada, para que ela não desconfiasse. Depois de um tempo ela para o carro.

- Bem, chegamos.

- Onde nós estamos?