Fanfic: O Silêncio da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Tentou voltar-se, mas ele a segurou pelos ombros.

— Não me culpe por isto! — ele tinha a voz aflita, como ela nunca ouvira antes. — Deus sabe que eu mudaria as coisas se pudesse, mas é impossível. Impossível, Anahí. Entenda. Muitas pessoas se feririam, talvez até você...

— E-eu não me im-por-to!

— Mas eu me importo. — replicou ele, brando. — Não tem idéia do que a sociedade pode lhe fazer. Pior, o que pode fazer a outras pessoas completamente inocentes...

Moveu a cabeça na direção do local onde haviam cruzado com Maite Perroni e Christian Chávez, e Anahí compreendeu.

— Talvez não liguemos para nós mesmos, mas não podemos permitir que outros se machuquem. — ele segurou seu rosto com as duas mãos. — Entenda, Anahí, por favor. Entenda o que estou dizendo e o que não posso dizer. — lentamente, ele inclinou o rosto e beijou-a novamente, com delicadeza e vagar.

Depois, fitaram-se nos olhos por um longo instante. Então, ele a fez pousar a mão em seu braço e conduziu-a de volta à mansão.

No meio do caminho, avistam o conde de Keller dando uma volta um tanto enfastiado.

— Ei-la aqui, minha querida! — cumprimentou ele, aproximando-se, — Estive a sua procura, pois está quase na hora da nossa maldita dança. Catherine jamais me perdoaria se eu aproveitasse seu sumiço para escapar do martírio.

— Já estávamos a caminho. — respondeu Herrera, soltando o braço de Anahí.

Notara a olhar desconfiado de Vincent, ainda que ele tentasse se mostrar indiferente.

— Aqui fora está fresco e agradável.

— Sei... — o tom de Vincent era sarcástico. — Fico imaginando quanto você já não se refrescou, Herrera. Deveria estar flutuando por excesso de oxigênio a esta altura. — ao sentir um puxão na manga, percebeu que a irmã estava contrariada. — Não, Anahí, nada disso, Lorde Herrera pode ser muito meu amigo, mas sei que ele compreende muito bem e reconhece meu direito.

— Claro. — retrucou Herrera, pacífico. — Peço desculpas por manter Lady Anahí fora do baile tanto tempo. Foi irresponsabilidade minha. Minha única justificativa é que, estando em tão agradável companhia, nem se nota o tempo passar.

— O tempo e o juízo — completou Vincent. —, ou o pouco juízo que você tem... Anahí, pare com isso! Herrera não é nenhum idiota!

— Obrigado. — finalizou Herrera.

Era um espanto ver o conde de Keller comportar-se como um ser humano.

Não sabia se o homem estava possesso por acreditar que ele se comportara de maneira imprópria junto à irmã, ou porque teria de dançar com ela. Talvez pelos dois motivos.

— Bem, os músicos os aguardam. Tenho certeza de que não querem se atrasar.

Vincent emitiu um grunhido.

— É o que mais quero, mas Catherine vai pedir minha cabeça se eu não bancar um completo idiota. Diante de testemunhas.

Herrera tossiu para disfarçar o riso, provocando mais ira em Vincent.

— Preparou seus lindos pés, Anahí? — indagou o anfitrião da festa. — Vou tentar não quebrá-los.

Ela acabara de pôr a mão sobre o braço maciço do irmão quando um grito feminino quebrou a tranquilidade do jardim, seguindo-se um tapa sonoro e o barulho de alguém caindo nos arbustos.

— Camila! — gritou Lorde Axel.

— Como pôde?! — rebateu a moça, furiosa. — Seu pulha! Como pôde?!

— Minha nossa... — murmurou Vincent. — Será que Axel bateu em Camila? Terei de matá-lo por isso, temo.

— Camila! — implorava Lorde Axel. — Espere!

A jovem correu pela aléia e atirou-se noa braços do tio, em prantos.

— Ca-mi-la! — exclamou Anahí, aflita, pondo a mão no ombro da sobrinha. — O-o que a-con-te-ceu?

— Acalme-se, Camila. — paparicou Vincent, dando-lhe tapinhas confortadores. — O que foi que aconteceu?

Soluçante, a moça não conseguia falar.

Lorde Axel surgiu espanando folhas e terra do elegante casaco.

— Ela me bateu! — contou ele. — Veja isto!

Mesmo à penumbra, notava-se um inchaço crescente em torno de seu olho esquerdo.

— Com um gancho de direita! — detalhou o visconde, indignado. — Nem Jackson teria conseguido se defender dele!

Camila voltou-se de repente, punhos erguidos, ao que Axel e Herrera deram um passo atrás.

— Bati e baterei de novo se um dia se atrever a me tocar novamente!

— Não precisa se preocupar com isso. — garantiu Axel. — Não a tocarei de novo nem que disso dependa minha salvação do fogo eterno!

Camila recomeçou a chorar, tomada por soluços.

— Seu imundo! Eu devia ter acabado com você! Eu devia ter quebrado esse seu nariz arrogante!

— Axel... — censurou Herrera. — Tente se controlar. Lembre-se de quem é e de onde está.

— Lembrar-me de quem sou?! — protestou Axel. — Tudo o que fiz foi tentar beijá-la e ela me golpeou!

— Mas estamos no baile de Lady Camila. — observou Herrera. — E você acaba de arruiná-lo. Tanto ela quanto Lady Anahí sofreram uma humilhação irreparável.

— Ele não tentou me beijar apenas! — esclareceu Camila. — Ele me beijou!

— O quê?! — Axel estava possesso. — Foi você quem começou! O que queria que eu pensasse?!

A moça pós as mãos na cintura.

— Devia ter pensado que uma dama tem uma certa prerrogativa que um cavalheiro não tem!

— Hum... — interrompeu Vincent. — Acho melhor, dadas as circunstâncias, que todos os envolvidos baixem o tom de voz. — pegou a sobrinha pelos ombros e virou-a de frente para si. — Camila, quero que entre pela porta de serviço e vá dar um jeito em sua aparência. A seguir, volte para o salão.

— Mas, tio Vincent, eu...

— Minha querida, vamos resolver esta questão mais tarde. Agora, vá.

Camila lançou um último olhar fulminante para Lorde Axel e, agarrando a saia, saiu bufando na direção dos fundos da mansão.

Vincent encarou Lorde Axel de um jeito assassino.

— Quanto ao Senhor...

— Não se aflija, Vincent. — adiantou-se o visconde. — Pretendo tomar a atitude digna.

— Que seria?

Axel empertigou-se ao máximo.

— Pela manhã, repararei meu erro pedindo a mão de Lady Camila.

Lorde Vincent olhou-o pensativo.

— Que vantagem teria nisso? É evidente que não quer tal união, nem precisa dela.

Axel respirou fundo.

— Eu disse, Senhor, que vou pedir-lhe permissão para tomar Lady Camila como minha esposa.

— Entendi muito bem o que disse. — replicou Vincent. — Mas minha resposta continua a mesma. Minha sobrinha só se casará quando quiser, não quando a sociedade quiser, e não vejo porque obrigá-la a se casar com um homem só porque andaram rolando nos arbustos. A menos que convença Camila a aceitá-lo por seus próprios méritos, não me faça perder tempo com visitas enfadonhas.

— Senhor, insisto em que ouça meu ponto de vista...

Lorde Vincent encarou-o bem de perto, o semblante empedernido.

— Acaba de cometer um grave erro, meu rapaz. Nunca insista depois que encerrei uma questão. Pode ser fatal. Tente não se esquecer disso. — delicadamente, fez Anahí recolocar a mão em seu braço, ao visconde, instruiu: — A fim de evitar mais constrangimento, gostaria que se retirasse discretamente pelo portão leste. Apresentarei suas desculpas se alguém perguntar. Herrera, você fica?

Nada o faria despedir-se agora, pensou Herrera, ante o olhar suplicante de Anahí. Jamais a abandonaria sozinha no que restava de sua grande noite.

Uma vez que seriam inevitáveis os comentários envolvendo Camila e Axel, ao menos tentaria poupar sua pequena Anahí.

— Naturalmente. — declarou, fazendo uma mesura ligeira e correta ao anfitrião. — Não há nada que eu queira mais.