Fanfic: O Silêncio da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Em vista do que Axel lhe contara numa carta recebida três dias antes, não poderia levar Anahí consigo para Londres.

Ex-colegas dele da universidade haviam passado em Iddington a caminho de Bath e comentado que na corte só se mexericava sobre o conde e a condessa de Herrera.

Até que conhecesse o teor dos tais boatos, teria que poupar Anahí.

Se a especulação girasse em torno apenas da possibilidade de ganharem um bebê antes de completarem nove meses de casados, considerando o casamento apressado, mandaria buscá-la imediatamente, pois a verdade calaria a todos no devido tempo.

Já se houvesse vazado algo sobre a chantagem que Vincent lhe fizera, manteria Anahí em St. Cathyrs para sempre.

Ela jamais poderia tomar conhecimento daquele episódio sórdido.

Jamais.

Anahí releu as páginas que acabara de escrever. Satisfeita, dobrou-as e colocou-as dentro de um envelope. Sobre a cera do lacre, fixou o brasão da casa.

Herrera bateu na porta e entrou.

— Bom dia, minha querida. Eddy me disse que você devia estar em seu estúdio, escrevendo cartas, e ei-la aqui. Importa-se se eu interromper?

Anahí levantou-se e foi recebê-lo com um sorriso, oferecendo o rosto para um beijo.

Ele a abraçou pela cintura e trouxe-a para junto de si, sentindo-se o homem mais feliz do mundo.

— Q-que b-bom vê-lo. Vo-cê é sem-pre bem-vin-do, Al-fon-so. — murmurou ela, com sua voz rouca.

— Terminou a carta? — Herrera desvencilhou-se antes que desistisse de seu propósito. — Quer que a remeta?

— S-sim, por fa-vor. — Anahí pegou o envelope e estendeu-o.

Herrera o guardou no bolso do casaco, então, levou a esposa para junto do fogo.

— Há algo que preciso lhe dizer, mas não vou tomar muito seu tempo, eu prometo.

Anahí riu.

— Oh, Al-fon-so, q-que bo-ba-gem! P-por mim, n-não nos se-pa-ra-rí-a-mos nun-ca!

A declaração o fez sentir-se ainda mais culpado, mas não havia como poupá-la.

Acomodaram-se em cadeiras lado a lado.

— Em primeiro lugar, Eddy vai passar alguns meses fora...

— N-não! — interrompeu Anahí, apavorada.

Herrera apertou-lhe as mãos.

— Sei que não quer que ele se afaste, Anahí, que depende dele, mas ele vai justamente se aperfeiçoar com Christian Chávez.

Anahí arregalou os olhos, maravilhada, e ele prosseguiu:

— Considerando a rapidez com que ele aprendeu a linguagem de sinais, perguntei-lhe se não gostaria de treinar melhor com a ajuda do Sr. Chávez, para ser seu intérprete e também para ensinar o método aos demais empregados. Quero que todos em St. Cathyrs a compreendam perfeitamente, Anahí.

Ela tinha os olhos cheios de lágrimas.

— Oh, Al-fon-so! O-o-bri-ga-da! — ela o abraçou e beijou em seguida, e ele aproveitou para colocá-la em seu colo.

Chegara o momento mais difícil.

— Eu mesmo vou levar Eddy até a escola do Sr. Chávez e, depois, irei direto para Londres para a abertura do Parlamento.

Anahí se enrijeceu.

— Mas...

— Vou ficar lá nos próximos meses, mas mando buscá-la na primavera. — prometeu ele. — Assim, você aproveita só os meses mais agradáveis, sem ter se suportar o período enfadonho que os antecede.

Ela balançava a cabeça.

— Q-que-ro ir com vo-cê.

— Nada me agradaria mais, mas assim será melhor. — declarou Herrera, sincero. — Vou preparar a casa para a sua chegada. Tudo vai estar em perfeita ordem, de modo que não terá que se preocupar com nada.

Ela o fitou detidamente nos olhos. Então, levantou-se e ficou de costas para ele.

— Por quê?

Ele se mexeu desconfortável na cadeira. Sem opção, teria de magoá-la agora.

— Porque quero assim.

— Le-ve-me com vo-cê. — pediu Anahí, fitando as chamas. — Pro-me-to q-que n-não i-rei en-ver-go-nhá-lo.

Ele se levantou e puxou-a para seus braços.

— Oh, Anahí, você jamais me envergonharia! Já é ruim ir sem você, ficar tanto tempo longe de você sem que pense dessa maneira. Amor, tem idéia da saudade que vou sentir?! Seria mais fácil passar esse tempo no inferno!

— En-tão, dei-xe-me ir.

— Não. — fechando os olhos, ele apertou o rosto contra seus cabelos sedosos. — Daqui a alguns meses, mandarei buscá-la. Enquanto isso, mamãe e minhas irmãs virão aqui fazer-lhe companhia. Prometo vir a St. Cathyrs sempre que a agenda no Parlamento permitir.

— Po-r qu-ê?! — insistiu Anahí, a dor evidente.

— É o melhor. — explicou ele, abraçando-a com mais força, desejando-a demais. — Confie em mim, Anahí. Você estará melhor aqui até que eu consiga ajeitar as coisas em Londres, Por favor, tente entender...

Rija, Anahí foi se desvencilhando aos poucos.

— S-sim, Al-fon-so, e-eu en-ten-do.

— Anahí...

Sem olhá-lo, ela estendeu a mão.

— Mi-mi-nha car-ta. Po-de de-vol-vê-la?

Ele a atendeu.

Sem hesitar, Anahí rasgou o envelope ao meio e atirou-o no fogo.

— V-vou pe-dir à se-nho-ra Hal-low-by q-ue pre-pa-re s-sua ba-ga-gem. — fitando o chão, Anahí deixou o estúdio.

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Tadinha, não?