Fanfic: O Silêncio da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Herrera vergava sob o sentimento de culpa. Era o responsável pela miséria daquela querida amiga.

Enquanto vivia uma lua-de-mel de sonho com Anahí em St. Cathyrs, Maite sofria.

— Eu entendo, minha Senhora, porque também estou farto da corte e da vida fútil que se leva aqui. Mas existem muitos homens finos e decentes que tudo dariam pela honra de tê-la como esposa. Sei que seu coração pertence ao Sr. Chávez, mas, como ele não está mais disponível, não seria melhor unir-se a um homem respeitável com quem possa formar um lar, em vez de permanecer sob o jugo de seu pai pelo resto da vida?

A Srta. Perroni fechou os olhos, exausta e triste.

— Já não suporto as festas e bailes. — confidenciou. — As fofocas, os olhares... Estão por toda parte. Por toda parte!

— Oh, Maite... — Herrera tomou-lhe a mão. — Maite, o que foi que lhe fiz? Como posso ajudar?

A moça o encarou e deu um sorriso tênue, gentil e solidária como sempre fora.

— Não é sua culpa, meu Senhor, nem minha, nem do Sr. Chávez, nem de meus pais. Muito menos de Lady Anahí. Simplesmente é assim que a sociedade reage quando não nos encaixamos em seus padrões de perfeição. Por favor, não se preocupe. Sinto-me envergonhada por estar lhe contando meus problemas, sabendo que já tem tantos. Como está Lady Anahí? Por favor, diga-me.

Herrera recostou-se na cadeira com um suspiro.

— Ela está zangada comigo por tê-la deixado em St. Cathyrs. Nem responde a minhas cartas. Só sei que ela está bem de saúde por intermédio do capataz. Oh, como gostaria de tê-la trazido comigo...

— Com todos esses boatos à solta pela corte?! — espantou-se Maite. — Sei que ela jamais duvidaria de que o Senhor a desposou por amor, mas os venenos dirigidos ao irmão dela certamente a machucariam.

Herrera fitou a amiga.

Finalmente, saberia a verdade.

— Pode me contar o que comentam? Por favor, Maite.

A Senhorita Perroni parecia incrédula.

— Comenta-se que Lorde Vincent o chantageou para que se casasse com Lady Anahí. — revelou. — Dizem que ele comprou todas as suas dívidas, alguns insinuam até que conseguiu a hipoteca de St. Cathyrs. Mas é claro que é tudo invenção. Suas propriedades devem ser todas inalienáveis, estando a salvo desse tipo de coisa.

Herrera estava branco como cera.

A situação era bem pior do que imaginava.

— Como soube desses boatos?

— Meu pai foi o primeiro a comentar, e a acreditar nessas mentiras, pois era uma maneira de livrar-me da culpa por nosso rompimento. Mas há muito mais gente falando... Herrera!

Ele se levantara e atirara o chá no fogo, praguejando.

— Não me diga que é verdade! — pediu a amiga.

Ele se controlou com esforço.

— Perdão... Nem sei o que dizer. St. Cathyrs não é inalienável, antes fosse. Contraí dívidas, queria fazer tantas melhorias em minhas terras... — riu nervoso, desdenhando de si mesmo. — Quis melhorar St. Cathyrs e quase a perdi.

Também de pé, Maite tocou-o delicadamente na manga.

— É verdade, então? Mas sei que ama profundamente Lady Anahí. Lorde Vincent não pode ter exigido isso de você, mesmo que tivesse essa intenção.

Herrera voltou-se e tomou as duas mãos da amiga.

Como era bondosa e gentil. Sentia-se um canalha pelo sofrimento que lhe infligira.

— Sim, é verdade. — confirmou, e contou-lhe toda a história, sem omitir nenhum detalhe sórdido. — Só que amo Anahí mais do que um dia imaginei ser possível. Se sente o mesmo pelo Sr. Chávez, posso apenas me solidarizar ainda mais com você, pois preferiria morrer a perdê-la, Maite. — apertou-lhe as mãos com mais força. — O que devo fazer? Se ela souber disso tudo, ficará arrasada. Vai pensar que a desposei porque Vincent me ameaçou!

— Ela vai acreditar em você, até porque sabe que você a ama. É a participação do irmão que a machucará profundamente. Sei que deseja poupá-la.

Desvencilhando as mãos, Herrera apoiou-as na lareira e fitou as chamas.

— Como é que essa história veio a público? Os poucos envolvidos que a conheciam por inteiro não teriam se descuidado.

— Criados e capangas vivem escutando atrás das portas, Herrera. — lembrou Maite. — E vendem o que sabem por qualquer dinheirinho. Mas pouco importa, agora que os boatos correm à solta... Temos é que poupar Lady Anahí.

Herrera voltou-se.

— Mas como?

— Que tal sair em público na companhia de Lorde Vincent, provando que não existe inimizade entre vocês dois? — sugeriu Maite, arguta. — Quem acreditaria que possa ter havido chantagem entre dois homens tão amigos?

— Tem razão, Maite! — animou-se Herrera. — Só que Lorde Vincent deverá estar em Londres somente após a Páscoa...

— Paciência, então. O importante é manter sua esposa longe da corte. Talvez toda a temporada. Ela vai ficar chateada, mas antes isso do que vê-la arrasada...

— Está coberta de razão, mas isso é problema meu, não seu, Maite. — ele lhe tomou a mão e afagou-a. — Está sendo tão boa para mim, minha querida...

— Assim como foi para mim.

Fitaram-se por alguns segundos, incapazes de disfarçar a tristeza que dominava suas vidas.

— Permita-me compensá-la pelo que lhe fiz, ainda que minimamente, Maite. Permita-me acompanhá-la a alguns eventos e fazer-lhe companhia, para que eu tenha certeza de sua felicidade.

— Oh, Herrera, eu não sei... Haveria tantos comentários se fôssemos vistos juntos. Mais comentários. — emendou ela.

— E vão fazer diferença em nossas vidas, a esta altura? — replicou ele, quase recuperando o bom humor. — Se bem que acredito que podemos nos esquivar dos boatos, se mostrarmos que não nos relacionamos nesse sentido. Deixaremos evidente que somos bons amigos, e não amantes. Eu permanecerei fiel a minha esposa, enquanto você dançará e flertará com os admiradores que eu aprovar. Não permitirei que ninguém a importune, Maite.

— Sei disso, meu Senhor, e sou-lhe muito grata. Mas deve entender que sempre amarei Christian Chávez e só com ele me casaria.

— Entendo perfeitamente, mas sei também que não viveria sob o teto de seu pai a menos que se esforçasse ao máximo para fazer-lhe a vontade. Faça-o por si mesma, por sua própria paz de espírito, de modo que, no futuro, mesmo que não se case, não tenha de suportar a reprovação de seu pai por não ter tentado encontrar um marido. E... faça-o por mim. Sou egoísta o bastante para pedir-lhe isso, pois não suporto mais os benditos eventos sociais. Não indo sozinho, ao menos. Se for comigo, ficarei mais que animado.

Ainda hesitante, Maite sorriu de leve e aquiesceu.

— Pois bem, Lorde Herrera. Seu desejo é o meu. Vamos nos sair bem.