Fanfic: O Silêncio da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo Vinte E Um

— Viu como o tempo mudou de repente? De chuva para sol em dois dias. — Herrera conduziu os cavalos à vontade através dos portões do parque, satisfeito por Maite ter concordado em passear num horário tão tranquilo.

— É, parece que a primavera finalmente chegou, mais do que atrasada. — retrucou a bela jovem.

Era bom ver Maite sorrindo novamente. Chegara a pensar que ela jamais se recuperaria, tamanha sua desolação com a perda de Christian Chávez.

Mas nas poucas semanas desde que se encontraram casualmente, naquela tarde chuvosa, vira renascer nela o espírito alegre que tanto o encantara dois anos antes.

Viam-se com frequência agora, comparecendo juntos a eventos sociais, tentando não afundar na tristeza por estarem separados de seus entes amados.

Puderam constatar, então, que teriam cometido um grande erro casando-se.

"— Foi sorte não termos estragado uma amizade assim tornando-nos marido e mulher. — foi o sagaz comentário de Maite."

Nada mais verdadeiro.

Herrera admirava muito a Srta. Perroni, mas esta jamais lhe inspiraria o amor e a paixão com que Anahí ameaçava enlouquecê-lo.

— Saio de Londres no fim da semana que vem. — contou a Maite.

— Oh, Herrera, verdade?! Até que enfim! Lady Anahí vai ficar tão aliviada ao vê-lo em casa... Encontrou um representante para mantê-lo informado dos procedimentos no Parlamento?

— Encontrei. Aliás, gostaria de ter tido essa idéia antes e feito o contrário, ou seja, permanecer em St. Cathyrs e vir a Londres somente quando necessário. Não que eu tenha ido para casa alguma vez, esses boatos me aterrorizam, Maite.

— Não pode mantê-la em St. Cathyrs para sempre. — lembrou a amiga. — Além disso, visitarão e receberão amigos e temo que ela acabará sabendo de tudo.

— É um risco que tenho de correr.

— Talvez fosse melhor contar-lhe você mesmo. — sugeriu Maite. — Aplacaria a dor convencendo-a de seu amor, de que se casou por livre vontade.

— Ela pode até me perdoar, mas duvido de que perdoe o irmão. Não ligo a mínima para o conde de Keller, mas Anahí o ama. Ficaria arrasada ao saber da artimanha dele para nos conhecermos.

A Srta. Perroni teve outra de suas idéias brilhantes.

— E se ambos lhe contassem juntos?

— Juntos? — Herrera tentou imaginar a cena. — Sabe, Maite, você é surpreendente. De fato, pode dar certo. Vou escrever hoje mesmo para Vincent perguntando-lhe se concorda em encontrar-se comigo em St. Cathyrs, lá pelo fim do mês que vem, quando terei tido tempo de amainar a raiva de Anahí para comigo.

— Oh, espero que ele concorde.

Herrera sorriu e pôs a mão sobre a de Maite.

— É mesmo uma santa por ajudar-me em assuntos tão aborrecidos. Acho que nunca conseguirei retribuir tanta gentileza.

Ela pôs a outra mão enluvada sobre a de ambos.

— Só quero ajudar, principalmente a Lady Anahí. Se ela sente sua falta tanto quanto eu sinto a de Christian, tenho muita pena dela e rezo para que você nunca mais a deixe só por tanto tempo outra vez.

— Não deixarei. — jurou ele. — Nunca mais. — descalçando a luva, tocou-lhe a face brevemente e então agitou as rédeas a fim de impulsionar os cavalos.

— Herrera! — exclamou Maite, rija de repente. — Aquela não é Lady Anahí?!

Herrera paralisou-se de choque.

Sim, era Anahí montada em seu cavalo a uma certa distância, olhando direto para eles. Mais adiante, também montado, um de seus cavalariços fingia não vê-lo.

— Oh, não... — murmurou Herrera, dirigindo a caleche ao encontro da esposa. — Anahí!

Mas que diabo ela fazia em Londres?

Não sabia se devia saudá-la polidamente ou exigir uma explicação.

De qualquer forma, o encontro seria adiado.

Antes que se aproximassem o bastante para trocarem qualquer cumprimento, Anahí deu-lhes as costas e partiu a galope, seguida de perto pelo lacaio.

Anahí trocou o traje de montaria e passou a aguardar Herrera na saleta contígua ao quarto de ambos.

Ele logo estaria em casa. Era só o tempo de deixar a Srta. Perroni em casa.

Srta. Perroni... pensou Anahí, amargurada. Aceitara-a como amiga, acreditara em seus votos de felicidades quando se casara!

Mas era evidente que ela e Herrera continuavam apaixonados.

Por que Herrera insistira tanto em desposá-la, então? Não fazia sentido.

Teria se tornado sua amante, se era apenas seu corpo que desejava.

Uma suave batida na porta e Herrera entrou, corado, ofegante e com o cabelo embaraçado pelo vento. Nem sequer trocara de roupa.

Impassível, Anahí abriu sua pastinha dourada e escreveu.

"Bom dia, meu Senhor. Manhã ideal para um passeio no parque, não concorda?"

— Oh, Anahí... — ele se aproximou um passo, mas ela se levantou e passou a olhar pela janela. — Quando foi que chegou? — quis saber ele. — Por que não escreveu dizendo que vinha? Teria poupado a viagem, pois eu ia voltar para St. Cathrys na semana que vem. De vez.

"Verdade?", escreveu ela sobre o aparador. "Que incrível! Acho que teria morrido de surpresa!"

Herrera ficou olhando para o bilhete.

— Tem todo o direito de estar zangada. Não mandei buscá-la, como prometi. Anahí, olhe para mim... Pelo menos fale comigo!

Vendo-a rígida como uma montanha, Herrera se desesperou e encostou o rosto em sua nuca, abraçando-a pelas costas, impondo-lhe seu calor e vigor.

— Não deixei de pensar em você um só minuto. Sentia tanto sua falta... Lamento tê-la magoado, lamento tudo! — roçava os lábios em sua pele ao falar, provocando-lhe arrepios. — Eu te amo, Anahí. Muito. Eu ia voltar para casa, para você. — distribuiu beijos quentes por seu pescoço, da orelha até o ombro.

Anahí não previra o próprio prazer ao ser tocada por ele de novo, ao sentir os lábios dele em sua pele.

Começou a amolecer.

Percebendo, ele repetiu que a amava e virou-a de frente, encaixando seus corpos sensualmente.

Deslizando os lábios por suas faces, pálpebras e nariz, repetia-lhe o nome sem parar, até que colou os lábios aos dela e beijou-a, conforme sonhara todos aqueles meses.

Senti-lo tão perto de si, retribuir seus beijos, degustá-lo... Deixavam-na tonta.

Erguendo as mãos a seu pescoço, enterrou os dedos nos cabelos sedosos.

Foi tudo tão rápido que nem saberia explicar como tinham ido parar no chão, ela com a saia erguida até a cintura, ele com a braguilha da calça aberta.

Só havia o desejo devastador de tê-lo dentro de si, rija e profundamente.