Fanfic: O Silêncio da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

A fome de ambos era um fogo que a tudo consumia e que nem o primeiro clímax abafou.

Permaneceram um tempo deitados no tapete, extasiados, ofegantes. Então, ele a agarrou pela cintura e a fez levantar-se, carregando-a em seguida para o quarto.

Na imensa cama com dossel, amou-a de novo, ambos ainda meio vestidos.

Ele foi com mais vagar dessa vez, movendo-se mais lenta e propositalmente, até que a dor se transformasse num calor doce a inundá-la como uma onda luxuriante, esgotando-a ao ponto da insensibilidade por alguns minutos.

Mas ainda não fora o bastante.

Ela mal percebeu quando ele a despiu por completo e juntou-se a ela sob o lençol, igualmente nu. Excitando-a com beijos leves, amou-a de novo, contando em murmúrios o quanto a amava e a solidão que sofrera.

Bem dentro dela, prometeu que jamais se separariam por tanto tempo outra vez, porque ela era sua própria vida. Depois, ela adormeceu em seus braços, num contentamento indescritível.

Estar junto do marido de novo era como estar no céu.

Herrera despertou sob os esguios raios de sol que atravessavam a janela no fim da tarde.

Espreguiçando-se, deixou o prazer dominá-lo, pela primeira vez em paz desde que chegara a Londres.

Todas as suas preocupações e ansiedades evaporaram-se no instante em que Anahí se lhe entregara tão terna e completamente.

Ela também sentira sua falta e precisava dele.

Seu alívio era imenso por saber que agora tudo estava bem.

Anahí o perdoara e ele garantiria que ela nunca se arrependesse disso.

Assim que possível, voltariam a St. Cathyrs e recuperariam todo aquele tempo perdido, retomando a vida a seguir.

Abrindo os olhos, procurou Anahí e descobriu que estava sozinho na cama.

— Anahí?

Ela estava sentada junto à lareira, vestida, mas com a vasta cabeleira loira sobre os ombros.

Ela o fitou por alguns instantes, depois voltou a encarar as chamas.

— Faz tempo que acordou, amor? — indagou ele. — Desculpe-me por ter dormido tanto, tendo você acabado de chegar. Mas, acho que precisava. — saindo da cama, vestiu a calça e foi beijá-la.

Ela aceitou o carinho a contragosto.

— Ainda está zangada, Anahí? — quis saber ele, apreensivo.

Parecia-lhe impossível, após o que haviam partilhado.

— É por causa do meu passeio com a Srta. Perroni? O que é que você foi fazer lá no parque, afinal?

Ela escreveu uma longa mensagem e estendeu-a.

"Cheguei a corte pela manhã e, informada de que você fora passear, decidi surpreendê-lo indo a seu encontro no parque.

Que burrice achar que ficaria feliz em ver-me estando já em tão agradável companhia."

— Oh, Anahí! Sei o que pareceu, mas juro que não há nada entre a Srta. Perroni e mim além de amizade! Tenho sido totalmente fiel a você, sob todos os aspectos, inclusive fisicamente. Dou minha palavra de honra.

Ela o fitou longamente com seus olhos azuis límpidos, como se cogitasse se sua palavra valia alguma coisa.

Voltou a escrever.

"Pouco importa. Casamo-nos por obrigação, para salvarmos a sua reputação, a minha e a da Srta. Perroni. Não é agora que vou questionar. Talvez nunca questione."

A resposta o magoou.

Esperara que ela viesse a amá-lo.

— Por que não respondeu a minhas cartas, Anahí?

"Por que me deixou lá?! Por que não voltou para casa nenhuma vez, nem mandou buscar-me?!"

Com um suspiro, Herrera afundou na cadeira.

— Eu a deixei em St. Cathyrs porque Axel alertou-me por cartas quanto a boatos envolvendo a nós dois aqui em Londres. Quis apurar a situação antes de sua chegada.

"Não ligo a mínima para boatos! O que é desta vez? O fato de termos passado uma noite trancados sozinhos num quarto antes de nos casarmos?"

— Em parte. — confirmou ele, franco. — Perdoe-me, Anahí. Achei que estaria melhor em St. Cathyrs, pelo menos até que eu ajeitasse as coisas por aqui. Vamos voltar para casa, amanhã mesmo, e recomeçar. Nunca mais partirei sem você, a menos que me dê permissão!

"Não quero voltar para St. Cathyrs. Já fiz planos que exigem minha permanência em Londres até o fim da temporada. Vá você para casa, se quiser."

Herrera ignorou a última parte do bilhete.

— Planos? Que planos?

"Contratei um especialista e vamos iniciar o tratamento amanhã. Em breve, você não terá mais por que envergonhar-se de me levar aonde quer que seja."

Ele abafou um gemido enquanto amassava o papel.

— Mas não é nada disso! Não me envergonho de você, nunca me envergonharei! Adoro seu jeito de falar, o som de sua voz. Adoro você do jeito que é!

"Não obstante, irei me aperfeiçoar."

— Se significa tanto para você, acho que deve tentar. Mas vamos voltar para St. Cathyrs. Esse... especialista poderá nos acompanhar.

Ela balançou a cabeça, irredutível.

"Não voltarei a St. Cathyrs antes do final da temporada. Quero ficar em Londres."

Herrera sentiu o coração afundar, mergulhado em tristeza.

Como impediria que ela soubesse dos comentários sobre a chantagem de Vincent?

— Está bem, Anahí, será como você quiser. Apenas me prometa que desistirá do tratamento se ele se revelar exaustivo demais. Não quero que sofra lesões, ou que fique doente.

Ela não respondeu, concentrando-se de vez no fogo.

Ante a expressão dura da esposa, ele imaginou como pudera, minutos antes, ter despertado tão feliz e satisfeito.

Agora, parecia não haver nada no futuro de ambos senão o desastre, e nenhuma maneira de evitá-lo.