Fanfic: O Silêncio da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Ela conseguira. Após tanto tempo e tantas súplicas suas, ela por fim criara coragem para falar em público.

Fizera-o no dia do casamento, sem dúvida, mas desde então recusara-se.

Oh, ficara tão contente que quase a agarrara e beijara bem no meio da fila de cumprimentos!

O mais importante era que Anahí podia ter certeza de que ele nunca se envergonhara dela, e jamais se envergonharia!

No dia seguinte, ela saberia o que acontecera entre ele e Vincent.

Tendo em mente aquela noite, e a felicidade de ambos, talvez ela conseguisse perdoá-lo por sua participação, ainda que involuntária, em tantos logros.

Finda a dança, conduziu-a para junto de Lady Catherine e foi buscar ponche para todos.

Qual não foi sua surpresa ao encontrar Maite Perroni junto à poncheira.

Não a vira a noite toda e imaginara até que nem comparecera à festa.

— Olá, minha querida. — cumprimentou, afetuoso, tomando-lhe a mão. — Vim buscar ponche para Anahí e Lady Catherine. Permite-me conduzi-la para junto delas. Levo um para você também.

— Não, agora não... — replicou ele, encarando-o aflita. — Herrera, preciso falar com você. Em particular. Só um minuto. É muito urgente!

— Maite, você parece em pânico... O que aconteceu? Encontrou-se com o Sr. Chávez? Espero que ele não a tenha perturbado...

Ela pousou a mão em seu braço.

— Por favor, Herrera!

Ele olhou em torno, sem jeito.

Não lhe agradava correr o risco de desentender de novo com a esposa por causa da Srta. Perroni, mas não podia negar o apelo de uma amiga aflita, tampouco.

— Está bem. Espere-me no terraço. Encontro-me com você lá assim que levar o ponche. Conversaremos no jardim.

— Lady Herrera disse que o vestido foi feito por uma modista da Bond Street. — informava Eddy, a um grupo de Senhoras atentas. — Ela se chama madame Yvette.

Divertidas com o jeito informal do adolescente, as damas continuaram trocando impressões sobre as vestes incomparáveis de Anahí.

Ela mesma não estava tão descontraída, apesar do sorriso constante nos lábios.

Fazia exatamente meia hora que Herrera acompanhara uma tensa Srta. Perroni ao terraço, deixando-a num estado intermediário entre o medo e o pânico.

Lorde Axel e Camila tinham voltado ao salão havia já algum tempo, de braços dados, para espanto de todos. Desde então, não haviam dispensado uma dança, nem admitido outro parceiro exceto um ao outro.

A julgar pelos lábios inchados e faces coradas da sobrinha, apostaria como, dessa vez, o casal por fim se entendera.

Assim que conseguiu destacar-se do círculo de senhoras, Anahí se afastou chamando o intérprete.

"Gostaria de tomar ar no terraço?", indagou-lhe, com sinais. "Deve estar bem mais fresco lá."

Sem pensar duas vezes, o garoto ofereceu-lhe o braço, conforme Herrera lhe ensinara, e acompanhou-a rumo às portas francesas.

Assim que se acomodaram num banco, Eddy sussurrou:

— Quer que eu vá espionar o patrão e aquela moça?

"Eddy!", repreendeu Anahí, horrorizada. "Isso não se diz, nem se faz!"

— Não me incomodo com as convenções...

Um som de passos obrigou-os a se calarem.

Um casal subia os degraus do jardim para o terraço.

— Anahí?

Herrera não demonstrou surpresa ao vê-los, parecendo desconsolado.

A seu lado, Maite Perroni tinha uma expressão quase zangada.

— Saímos para tomar ar, meu Senhor. — comentou Eddy, e Anahí deu-lhe uma cotovelada discreta.

— Otima idéia. Anahí, lembra-se da Senhorita Perroni, pois não?

— C-cla-ro que s-sim. Q-que bom revê-la.

— Fico feliz que esteja de volta à corte, finalmente, Lady Herrera. Lorde Herrera sentiu muito sua falta.

Sufocando a raiva, Anahí sinalizou ao intérprete: "Por favor, diga à Srta. Perroni que tenho certeza de que ela se esforçou ao máximo para aplacar a solidão de meu marido."

Azedo, Eddy reproduziu oralmente as palavras.

Herrera e Maite mostraram-se constrangidos.

— Receio que tenha ocorrido justamente o contrário. — replicou a Srta. Perroni, hesitante. — Lorde Herrera é que me tem feito companhia, tão atencioso quanto um irmão, pelo que serei sempre grata.

Percebendo a honestidade no tom da moça, Anahí teve a desconfiança amenizada, mas ainda não sabia o que pensar.

— Perdão, mas receio ter de ir. Lady Herrera, foi maravilhoso revê-la. Espero sinceramente que se divirta em Londres. — voltou-se para Herrera. — Meu Senhor, muito obrigada por sua bondade para comigo. Vou me esforçar ao máximo para não importuná-lo mais.

— Maite... Srta. Perroni...

— Desculpem-me, mas preciso correr. Obrigada novamente.

Assim que a moça transpôs a porta, Herrera olhou para Anahí.

— Se já tiver dançado e se distraído o bastante por hoje, minha querida, podemos ir embora também. Eddy está com cara de quem daria o braço direito por uma cama.

O adolescente esfregou os olhos cansados e bocejou.

— Pode apostar, meu Senhor.

Sem se manifestar, Anahí levantou-se e tomou o braço do marido.

A Srta. Perroni estava entre eles, e continuaria por todo o trajeto até em casa.

— Preciso sair de novo. — informou Herrera, deixando Anahí à porta. — Não pretendo demorar, amor, mas não me espere. — beijando-a rápido nos lábios frios, tornou-lhe o rosto nas mãos e fitou-a nos olhos. — Caso ainda não tenha dito, Anahí, fiquei muito orgulhoso de você hoje. Foi magnífica, como sempre foi e sempre será. Sou o homem mais afortunado do mundo por tê-la como esposa. — deixou-a então, sumindo na noite.