Fanfic: O Silêncio da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Sim, eu a desejava. Tanto que chegava a sonhar. Na noite em que fomos sequestrados, pensei estar tendo um daqueles sonhos. — Herrera fitou o teto, sentindo-se leve sob o efeito do álcool. — Hoje sei que já amava então, mas foi mais fácil assumir o papel de cavaleiro resgatando a donzela, pois é evidente que eu não teria sacrificado a reputação da Srta. Perroni por motivo tão banal. Quem pagou o preço mais alto pelo esquema de Vincent foi ela.

— Po-de-rá com-pen-sá-la a-go-ra. — replicou Anahí, amarga.

— Receio que seja impossível, minha querida, porque ela se casou ontem com o Sr. Christian Chávez.

Por essa Anahí não esperava. Em choque, ela o fitou boquiaberta.

— Desculpe-me. — murmurou Herrera, oferecendo-lhe o conhaque antes recusado. — Eu devia ter tido mais tato.

Anahí tossiu ao tomar o conhaque, mas relaxou.

— V-ver-da-de?

— Verdade verdadeira. — brincou ele. — Lembra-se da noite do sarau de Lorde e Lady Orchard, pois não? Pois durante aquele encontro no jardim, Maite me contou que se encontraria secretamente com Christian dali a pouco e que ambos fugiriam para se casar. Depois que a deixei em casa, Anahí, fui ao encontro deles para tentar impedir que cometessem essa loucura. Felizmente, o Sr. Chávez tinha o mesmo pensamento que eu e deixou claro que só tomaria Maite como esposa com o consentimento de seus pais. Então, eu os acompanhei à casa dos Perroni para tentar convencê-los a deixar a filha ser feliz. — sorriu satisfeito. — Como vê, fomos bem-sucedidos.

Com isso, Anahí caiu em prantos e Herrera foi acudi-la.

— Querida, o que foi?!

— E-eu la-men-to! — gritou ela, agarrando-lhe a manga. — P-por vo-cê, Al-fon-so!

— Por mim?! Anahí, sua tolinha... Acha que fiquei desolado com o casamento de Maite? Eu a quero como irmã e lhe desejo toda a felicidade do mundo. O que vou ter de fazer para você entender que te amo?!

Soluçante, ela permitiu que ele lhe enxugasse o rosto.

— M-mi-nha voz. Vo-cê n-não po-de me que-rer...

— Adoro o som de sua voz! — jurou ele, ardoroso. — Amo tudo em você! E, já que chegamos a este ponto, diga-me, por que aquela teimosia em se tratar com o tirano do Sir Hatton, contrariando o diagnóstico feito há tanto tempo de que suas cordas vocais sofreram dano irreparável?

Anahí enterrou o rosto nas mãos, desesperada.

— P-por-que que-ri-a que vo-cê me a-mas-se, Al-fon-so...

— Oh, Anahí, mas eu te amo! — erguendo-lhe o rosto, ele a beijou longa e ardentemente.

— N-não, Al-fon-so! — ela o empurrou. — Vo-cê pre-ci-sa de u-ma es-po-sa per-fei-ta, pa-ra o par-la-men-to.

— Abrir mão do Parlamento é o preço que vou pagar para tê-la como minha esposa. — decidiu Herrera. — De bom grado.

— N-não é justo!

— Assim como não foi justo para você ser envenenada quando pequena. — ele a fitou nos límpidos olhos azuis. — Anahí, seria justo para mim perder você amando-a mais do que minha própria vida? Acha que eu compareceria feliz à Câmara dos Lordes sabendo que nunca mais a teria? Acha que algum dia vou me arrepender por ter escolhido você?

— Al-fon-so...

— Há mais um erro que devo confessar, depois, você decide se ainda me quer ou não. — Herrera concentrou-se nas chamas. — Já durante o sequestro, descobri por acaso que era seu irmão que estava por trás de tudo e não foi difícil adivinhar qual era seu intento, forçar-nos ao casamento. Com isso, tomei as rédeas da situação, pois ambos sabíamos que você o odiaria se soubesse a verdade. E eu me aproveitei.

— Vo-cê a-me-a-çou Vin-cen-t?

Herrera aquiesceu.

— Furioso, eu exigi que se mantivesse afastado de nós o máximo possível.

Anahí arregalou os olhos.

— P-por is-so... no Na-tal...

— Sim, é a mim que você deve culpar por não ter tido a companhia de sua família. Eles quiseram ir, principalmente seu irmão, mas não permiti. Arrependi-me logo em seguida, mas isso não me redime.

Ela fungou e tocou-lhe a face.

— E-eu o per-dô-o, Al-fon-so.

Ele tomou-lhe as mãos e beijou-as.

— Obrigado. Anahí, você me ama? Por favor, seja franca. Vou libertá-la, se for seu desejo, mas se me ama... Se existe a mínima chance de você um dia me amar, eu imploro que nos reconciliemos agora.

Ela o fitou nos olhos.

— Eu te a-mo, Al-fon-so. Há mui-to, mui-to tem-po.

— Anahí... — ele abraçou-a fortemente. — Por que me abandonou?! Quase me matou, sabia?!

Ele abriu a bolsa de couro que deixara de lado ao chegar, despejando no tapete todo o conteúdo.

Anahí ajoelhou-se diante das centenas de pedacinhos de papel, todos marcados com sua letra.

— M-me-us bi-lhe-tes! — sussurrou, espantada.

— Sim, seus bilhetes. — confirmou Herrera, beijando-a. — Guardei-os todos e sei todos de cor.

Beijaram-se de novo, leves.

— Não quer saber por que levei duas semanas para vir aqui?

— P-po-r qu-ê? — indagou ela, ébria de felicidade.

Ele levantou a mão e respondeu na linguagem de sinais: "Eu te amo."

Ante o rosto incrédulo de Anahí, completou: "Ainda não estou muito bom nisso, precisa ter paciência."

Anahí brindou-o com mais beijos.

Ele não podia ter dado prova maior de seu amor.

— Comecei a tomar aulas há mais de um mês, com seu irmão. — contou Herrera, feliz. — Depois que você me abandonou, botei Christian Chávez para trabalhar, mas, agora que ele se casou, receio que caberá a você o posto de professora. Terá de ser paciente, amor, pois sou meio lento, mas vou aprender direitinho, se me der uma chance.

"Mas por quê?", quis saber Anahí, sem entender.

— Porque eu te amo. — explicou ele, simplesmente. — E sempre vou amar.

FIM