Fanfics Brasil - O Início O Mundo de Dunas

Fanfic: O Mundo de Dunas | Tema: Futuro apocalíptico, guerra, aventura


Capítulo: O Início

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Nilo trabalhava no campo e morava na Fazenda das Dunas, a ultima grande fazenda a essa distancia do litoral. De lá era possível ver o deserto e receber seus ventos quentes durante o dia. Depois do trabalho, à medida que o se aproximava da sede, um conjunto de cinco prédios brancos em forma de colmeia, ele via as dezenas de janelas do seu alojamento, que ficava no prédio mais largo dentre todos. Aqueles prédios não eram conhecidos pelo conforto, mas graças à segurança que eles proviam, era um alívio trabalhar nessa fazenda.


Ouvir os diversos pés nos cascalhos do caminho, dos outros inúmeros plantadores, era como ser embalado por um som pouco agradável, mas repetitivo e suave, fazendo pesar para Nilo o cansaço e o sono do dia trabalhado. Depois de minutos distraído, a voz de seu companheiro de trabalho o assustou:


“Rapaz... o que eu não daria para ter uma casinha pequena, só minha, em uma fazenda menor” disse Gilmar.


“Para morrer no primeiro ataque das tribos do deserto...” respondeu Carlos, “...ou ter a casa levada por um vendaval ah, ah!” quem falou rindo foi Ivan, seguido de murmúrios de aprovação e risadinhas abafadas.


Para Nilo era possível entender a ideia de Gilmar, não viver com um bando de homens em quartos minúsculos na Sede parecia um sonho, mas a segurança falava mais alto quando as pobres cabanas dos trabalhadores das fazendas menores eram atacadas pelos tribais ou derrubadas pelo clima violento. A brisa do dia não era nada com que se preocupar, mas lembrava dos ventos que castigaram a região antes, sempre derrubando pequenos alojamentos e construções, mesmo nas fazendas maiores.


Quando estavam próximos das portas do térreo, na Sede, o céu se aproximava da escuridão mais do que era confortável para quem ouviu tantos rumore sobre os ataques noturnos. Nilo pensava em andar mais depressa de volta para o alojamento amanha. Ele sabia que seus companheiros se sentiam da mesma forma. Muitos daqueles que ficavam fora até muito tarde, sem companhias para voltar ao alojamento, sumiam misteriosamente. Mas ainda assim Marlon parou à porta, ele queria ver as ultimas luzes do sol, que já havia se escondido na serra além das dunas, mas ainda tingindo o céu de rosa. Nesses momentos o jovem voltava a pensar como Gilmar, em não viver nessa colmeia de humanos, em ser mais livre e conhecer o mundo que se via na televisão, que se ouvia no rádio, ou nas poucas informações achadas online sobre o que havia fora dali.


-


“Acorda Ni”-tap! tap! tap!- Nilo ainda sem entender sentia uma mão batendo de leve em seu rosto para que acordasse. Ao abrir os olhos viu uma sombra no escuro e pelo tamanho, reconheceu um de seus irmãos menores.


“O que foi Branco” disse sussurrando “você sabe que os vigias do alojamento não podem te ver fora do seu quarto a essa hora, ainda mais no quarto dos mais velhos!” Mas Nilo já sabia do que se tratava, amanhã Branco e seu irmão gêmeo começariam na Escola de Ofícios que a Fazenda oferecia para os parentes mais jovens dos trabalhadores.


“Eu estava ansioso e não conseguia dormir e...”


“Mas devia ir logo, para se preparar bem pela manhã, se você for com essa cara de cansado e mal arrumado os instrutores não vão escolher pra você num bom curso e vai acabar um plantador como eu” Nilo se preocupava com o futuro dos dois irmãos, sem pais vivos, os três só tinham uns aos outros e poucas chances de melhorarem de vida.


“É, eu queria falar com você sobre isso, mas no caminho..., na porta da sala dos vigilantes, eles estavam ouvindo o rádio ... as tropas da Liga dos Sete, elas desembarcaram pelos navios da Companhia do Atlântico e conseguiram tomar a capital!” Branco dizia isso ansioso e muito nervoso, controlando o tom da voz para não acordar os colegas do alojamento dos plantadores.


“Ah... bem... não sei o que...” Nilo não conseguia processar a informação, além da rota da capital, os recursos que iam e saiam da fazenda só poderiam ser transportados através do deserto. “Bem” suspirou, “com certeza os nossos oficiais estão lá também, lutando na cidade e...”


“Não Ni, o rádio, disseram que se sumiram no deserto, fugindo praticamente desarmados, a maior parte deles nunca vai voltar!” Branco hesitou, “e se te levarem para lá?”.


Ao que ouvia, Nilo tinha certeza que poderia ser chamado e que seria morto, uma guerra sem recursos contra um inimigo muito mais forte, em missões suicidas, até que eles tomassem as fazendas e tornassem os civis ainda mais miseráveis.


“Não liga pra isso, ainda falta muito para que as tropas cheguem até aqui, também tem muitos homens aqui para serem chamados antes de mim e eu vou poder continuar com vocês” apesar disso, Nilo sabia que muitos estavam em situações como a dele, sem outros parentes e tendo que cuidar de irmão e filhos, essa não seria uma razão que sensibilizaria os alistadores. “Vai dormir agora, mas não comenta isso com ninguém até a noticia ser anunciada amanhã”


“Tudo bem, boa noite Nilo” disse se virando.


“Boa sorte amanhã, Branco”.


-


Nilo acordou muito cedo com seus colegas de campo, precisavam sair mais cedo para cumprir as dez horas de trabalho antes do sol começar a se pôr. Para isso já estavam no refeitório, que já estava cheio quando chegaram, fizeram sua refeição e recebendo o pacote com o almoço. Saíram quando o sol tinha acabado de nascer, o grupo trabalhava em um dos limites da fazenda e levaria pelo menos quarenta minutos para caminhar até o local. Depois de vinte minutos caminhando, ouviram a temida sirene de alerta da fazenda, ao se virar viam a Sede na distancia, no primeiro toque a tensão encheu o ar, no segundo todos congelaram, após o terceiro a sirene parou de tocar.


“Foram só três?” disse Gilmar.


“Sim, é o sinal para retorno imediato, alguma coisa grave está acontecendo” alguém disse.


“Vamos correndo, larguem essas coisas... corram!” Nilo disse enquanto largava a enxada e os outros materiais de trabalho num canto, os outros o seguiram correndo até a Sede.


Depois de dez minutos eles chegaram, vendo a expressão tensa dos outros trabalhadores, lentamente se organizando alinhados de costas para a sede, virados para a direção da estrada, onde Jeeps com oficiais estavam estacionados.


“Ontem Guanabara caiu! O inimigo marchou sobre nossa capital e nossa única saída é reunir o restante das tropas, tentando recompor suas fileiras, com os bravos homens e mulheres saudáveis do campo! Vamos à luta, vamos retomar a cidade!” O oficial estava muito ofegante, pausou e continuou “nossos oficiais vão selecionar os mais aptos, que serão embarcados ainda hoje no fim da tarde em caminhões que ainda estão chegando, vocês poderão levar armas pessoais e pequenos pertences de bolso” Nilo sentiu seu corpo esfriar, não podia suportar deixar seus irmãos crescerem desamparados.


Era quase meio dia quando chegou a sua vez e nenhum desses argumentos bastava aos oficiais, ele era um jovem saudável e fisicamente preparado através do trabalho no campo, se não fosse, enfrentaria a morte por traição. O medo da morte não se comparava a tristeza de abandonar seus irmãos, ele precisava pelo menos se despedir.


Nilo correu para o alojamento dos adolescentes, lá descobriu por um vigia que os jovens já estavam à caminho das escolas quando o sinal soou. Chegando no edifício escola, ele viu um vigilante parado na porta.


“Bom dia, preciso ver meus irmãos antes de... ir” disse.


“É, eles estão isolados até a partida dos oficiais” disso com a voz meio embargada “nem eu posso entrar, também vou partir, queria me despedir, a porta esta trancada, esse foi o acordo dos professores com os oficiais, eles não alistariam professores e funcionários do prédio se evitassem comoções das crianças com a partida dos pais...” o vigilante não conseguia segurar as lágrimas e desviou o olhar. Nilo deu as costas, andou o caminho de volta, já era possível ver caminhões em que entraria em poucas horas.


Embarcado no ultimo caminhão, já muito longe na estrada, Nilo viu as crianças liberadas da escola, dos portões via dezenas de jovens saindo apressados, se movimentando confusos pelo caminho que levava para a Sede. De onde estava, só podia imaginar os irmãos o procurando.


 



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Autor(a): drumal

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Nilo estava no caminhão, havia um trecho desértico entre a área da Fazenda das Dunas e a próxima, nessa região os ventos levantavam largas dunas nos lados da estrada que, apesar de elevada, era quase tocada pelos cumes de areia em certos pontos. Ele imaginava uma dessas dunas se elevando e o engolindo como um monstro de areia, essa parecia ...



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