Fanfics Brasil - Partida e Procura O Mundo de Dunas

Fanfic: O Mundo de Dunas | Tema: Futuro apocalíptico, guerra, aventura


Capítulo: Partida e Procura

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Nilo estava no caminhão, havia um trecho desértico entre a área da Fazenda das Dunas e a próxima, nessa região os ventos levantavam largas dunas nos lados da estrada que, apesar de elevada, era quase tocada pelos cumes de areia em certos pontos. Ele imaginava uma dessas dunas se elevando e o engolindo como um monstro de areia, essa parecia a única saída para o futuro sombrio na guerra.


“Ei... rapaz!” Nilo se virou e viu uma oficial que olhava fixamente para um caderno onde fazia anotações, ela era mais larga e menos baixa que ele, mas não aparentava ser gorda, seu corpo demonstrava muita força e preparação física, a parte descoberta dos braços eram largas e musculosas. “Passa o nome...”


“Nilo Monteiro da Costa...”


“Idade?” ela era muito energética nas perguntas, tomando notas rápidas.


“Vinte e três comple...” o interrompendo ela continuou com o interrogatório acerca das medidas do novo recruta, enquanto ela perguntava ele viu na sua farda o nome da oficial e sua posição no exército, Tenente Volga. A tenente tinha o rosto e os braços bem sujos e manchados de terra e areia, não era possível ser bem seus traços, parecia ter enfrentado alguma situação grave e se dirigido imediatamente para a Fazenda.


“Parentes que dependam de você?” com essa pergunta, ela olhou, pela primeira vez, para os olhos do jovem.


“Dois irmãos ófãos” Volga balançou a cabeça e se virou para o próximo recruta.


Antes que ela acabasse, o caminhão chegou até uma parada, uma pequena área verde entre as dunas, no pequeno vale, como uma tigela que mantinha a areia fora, em seu fundo estreito havia uma lagoa, bem comprida, mas estreita e rasa, se alongando do inicio até o fim do local, com pouco espaço plano além do ocupado pela estrada. Lá informou que passariam a noite e realizariam um treinamento de 24h no dia seguinte, depois sairiam para a guerra imediatamente.


“Agora vamos precisar abastecer!” disse com uma pausa, “os menores de 25 anos, cada um pegue um cantil dos seus respectivos caminhões e me sigam até aquela poça que eles chamam de lagoa” Nilo foi o primeiro a voltar do caminhão com o cantil em mãos. Não encontrou Volga à principio, ela havia tirado o quepe do uniforme e estava de costas. Seu cabelo era preso em um coque louro, muito curto.


“Não para aí olhando rapaz, vem comigo e mande os outros se apressarem” Nilo obedeceu e seguiu a oficial. Eles desciam a curta encosta entre o lago e a área planificada da estrada, havia pedras soltas, mas era fácil descer se apoiando nas pequenas arvores do local.


“Como vai ser nosso treinamento?” Nilo falou mais para interromper o silencio que o incomodava.


“Pode começar a me chamar de Senhora ou Tenente Volga, mas o treinamento vai ser uma atividade básica, vão haver noções para sobrevivência no deserto, defesa pessoal e tiro com arma de fogo” Disse olhando para o rapaz.


“Perfeitamente... Tenente”.


Chegando à lagoa, a Tenente se ajoelhou na margem, e antes de começar a encher o galão, surpreendendo Nilo, começou a lavar seu rosto e braços na água. Isso revelou uma mulher entre trinta e quarenta anos. Suas olheiras demonstravam o cansaço acumulado na guerra. Fora isso, tinha uma beleza simples, que ressaltava os olhos, de tom verde azulado. A sua pele se destacava na luz do pôr-do-sol, que havia acabado de começar, por ser bem clara, se tingia de alaranjado.


“Rapazes e moças, quem precisar lavar o rosto e as mãos podem fazer agora, mas bem rápido, e me seguir pela margem até onde a agua vem” a medida que dizia já ia andando. Nilo havia se ajoelhado para lavar o rosto também, era um alívio tirar a areia que pregava seu rosto. Quando terminou, foi andando atrás, tentando alcançar a tenente, que já estava muitos metros à frente, quando parou próxima à um matagal que se estendia da margem do lago até as encostas mais altas do vale.


Quando Nilo e os outros chegaram, ela começou a falar.


“Aqui!” disse enquanto apontava para o meio do matagal, “esse riacho nasce no meio das pedras que estão entre as encostas e o lago. Naturalmente, depois de se limpar no lago, vocês vão preferir uma fonte mais limpa de água. É claro que normalmente a água disponível para beber é a mesma disponível para o consumo, mas existem certos modo de encontrar a fonte, onde se pode conseguir água mais limpa que a que está no entorno” ela antou ate mais próximo da margem, abriu o cantil e se abaixou, “Aqui, vamos coletar a água do riacho, bem no lugar onde ela cai no lago...” e continuou explicando as formas de coletar e encontrar água em diversas situações.


Depois de o grupo fazer a coleta de água, eles foram levados de volta ao acampamento, os homens e mulheres que estavam lá ajudavam os oficiais a descascar e picar os alimentos frescos que a fazenda havia oferecido aos oficiais visitantes. Pelo olhar dos oficiais para a comida sendo preparada, era possível perceber que havia muito tempo que não comiam bons alimentos. Além dos alimentos secos, a fazenda havia doado rações e barras de proteínas para a alimentação dos oficiais e recrutas, essa era a maior parte dos alimentos. Os oficiais explicavam que, mesmo seca e com o gosto ruim, era a forma mais fácil de ter uma alimentação balanceada estando constantemente em batalha. Mas apesar de dizer isso, era visível que os oficiais olhavam com desejo e ansiedade para os legumes que ainda estavam cozinhando.


-


“Azul! Azul! O que aconteceu? Por que a gente ficou preso tanto tempo nessas salas, onde estão os pais que costumam acompanhar a gente?” Branco tinha acabado de achar o irmão na multidão que saia da Escola de Ofício.


“Ah... não sei, mas olha” Azul tinha apontado pra estrada, aonde os caminhões e jeeps do exército já estavam em movimento, “Eles estão levando mais trabalhadores para a guerra...”


“E o Nilo? Ontem ele falou que achava que não ia ser levado... vem!” Branco puxou o irmão pelo braço e os dois foram correndo para a direção da Sede, se Nilo ainda estivesse trabalhando ia demorar algumas horas para voltar para o jantar, mesmo assim, foram tentar encontrar informações com as pessoas que ainda estavam reunidas perto da estada. Antes de chegar, viram um conhecido.


“Gilmar! Gilmar!” gritaram até chegar perto o suficiente, “e o Nilo?”


“Oi..., eh...” Gilmar estava tenso ao ver os meninos, “não vejo o Nilo desde que chegamos aqui, não vi se foi recrutado...” sua expressão era quase como se pedisse desculpas, “mas talvez não”.


“Talvez não” não era suficiente para os gêmeos, eles precisavam descobrir o que tinha acontecido com o irmão. Eles correram para o alojamento do irmão, não havia ninguém. Continuaram correndo, vendo muitos outros adolescentes na mesma situação, procurando pais e parentes. Eles chegaram na casa de materiais e foram falar com o almoxarife.


“O grupo do Nilo veio buscar mas até agora ninguém trouxe de volta os equipamentos... as vezes ele deve ter ido pegar para trazer enquanto vocês falaram com o Gilmar... as vezes está no caminho...” O olhar de pena do almoxarife era a pior parte em ouvir aquelas palavras, mas os jovens não se abateram e partiram correndo para a direção da plantação. Quando estavam virando em uma curva ouviram vozes de homens que caminhavam na direção deles


“O Gilmar falou que viu os meninos do Nilo, alguém me disse que acha que viu ele ser levado” disse uma voz mais grave.


“Não tem como ter certeza... tem? Eram tantos sendo levados, dentre centenas de pessoas...” disse outra mais insegura.


“Ah, acho que sim, com certez...” O homem parou quando viu os dois irmãos parados na estrada, com o rosto pálido e os olhos vermelhos. Os dois tinham parado de andar para escutar e ficaram mortificados com o que estavam falando, parecia que estavam presos no chão, esmagados pelo peso das palavras.


“Azul, vamos?” um disse com a voz embargada, o outro acenou e ambos começaram a correr na direção oposta. Só enquanto corriam que começaram a chorar, parando antes de chegar a Sede e subir para o dormitório.


Ao chegar, o vigia do andar estava esperando e pediu para falar com os dois. Ele deu a notícia que eles já sabiam:


“Seu irmão veio até aqui tentar se despedir”.



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Autor(a): drumal

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

“Eu não acredito que o Nilo foi levado” disse Azul quando chegaram ao alojamento. “Eu também não… o que a gente vai fazer?” Branco respondeu de cabeça baixa. “Não há o que fazer, eu acho, a gente precisa esperar ele voltar” Branco não concordava com o que ouvia de Azul. Afinal seu i ...


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