Fanfics Brasil - A nuvem de Poeira O Mundo de Dunas

Fanfic: O Mundo de Dunas | Tema: Futuro apocalíptico, guerra, aventura


Capítulo: A nuvem de Poeira

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Branco e Azul começaram a correr. Havia um treinamento para esse tipo de situação. Os estudantes deveriam retornar aos dormitórios o mais rápido possível. A multidão de alunos na hora do almoço causou um gargalo nos portões da Escola de Ofício, seria difícil passar por alí. Os dois resolveram tentar alguma das saídas de emergência. O prédio redondo da Escola tinha saídas de emergência, que davam para o exterior, nos corredores que o circulavam, sem necessidade de se passar por outros pátios como aquele. Antes de entrar novamente no prédio, os gêmeos cruzaram com diversos homens e mulheres de jaleco correndo para fora e viram os alunos vindos dos outros andares serem encaminhados pelos monitores e professores para o portão principal.  


Caminhando pelo corredor circular, Azul ia à frente. O ambiente era fechado, sem janelas. Branco ainda não conhecia aquela parte da Escola, mas via várias portas para diversos laboratórios ao longo do caminho. De repente as luzes foram apagadas.  


“Eu não to vendo mais nada Azul, vamos voltar…” mas Branco sentiu o irmão pegar sua mão e o guiar.


Azul estava tateando as paredes e falou:


“Devemos estar perto já, nós vamos conseguir ver a porta, ela tem uma luz vermelha em cima” os dois continuaram caminhando lentamente. O prédio era longo mas em alguns instantes viram a luz vermelha no escuro, abaixo dela estaria a porta.


Os dois se apressaram até lá e empurraram a porta com toda a força, virando a trava da porta. Os dois caíram para frente depois que a porta cedeu muito facilmente. O ambiente em que chegaram, para sua surpresa, era um laboratório enorme, que Azul não conhecia. O salão não era grande, mas tinha seu próprio gerador alimentando as luzes e equipamentos.


Os dois se levantaram e deram um passo a frente, aliviados em enxergar.


“Ah… vamos sair daqui Azul…”


A porta fez um click. Branco se virou muito rápido e a viu fechada. Onde deveria haver uma maçaneta, havia apenas um teclado de letras e uma pequena tela. Os dois estavam trancados.


“Azul tira a gente daqui” Branco apertou a mão do irmão por instinto, a situação era amedrontadora.


“Ai… calma, solta a minha mão. Eu vou olhar a porta, procura algum papel ou alguma coisa por aí que possa ter a senha da porta” Azul caminhou para a porta enquanto Branco vasculhava as mesas.


Ainda havia um copo com café soltando fumaça e também alguns biscoitos parcialmente comidos em uma mesa. Nas outras haviam muitas folhas reviradas. As folhas tinham análises de materiais, muitos números e tabelas, mas nada significativo para Branco. Parecia que as pessoas da sala tinham saído correndo de lá. Branco continuou lendo os papéis por alguns minutos.


Depois de desistir e ficar sentado por muito tempo, olhando Azul na porta em que entraram, Branco olhou em volta mais uma vez e percebeu que havia uma outra porta. Ela se abriu facilmente e ele encontrou um banheiro com uma janela.


Ele já se sentia livre e por um momento sentiu alívio. Mas novamente frustração de estar preso, haviam barras de ferro enormes. Ao investigar o banheiro, não parecia haver saídas nem ventilação fora a janela. Sem muito cuidado, subiu na pia para olhar através da janela no alto. A parede era extremamente larga. As barras também, e não se moviam, independentemente do esforço que ele fizesse.


Sem muito mais o que fazer, meteu a cara entre as barras para olhar o exterior. As tropas inimigas já haviam chegado em caminhões de guerra e estavam desembarcadas, totalmente armadas. Branco voltou ao salão com um péssimo pressentimento.


Azul se virou quando ouviu a voz do seu irmão.


“Eles já chegaram Azul… e eu não to conseguindo achar nada, o que você acha da porta?”


“Ela é de metal maciço, vem ver as paredes…” Azul mostrou o umbral da porta “é muito largo, deve ser reforçado para evitar arrombamento”


“Mas como a gente vai sair?” Branco perguntava.


“Precisamos acertar a senha ou esperar alguém vir nos buscar” Azul sabia que a segunda opção seria um desastre, os dois pegos presos numa sala tão bem protegida, ainda mais com a Fazenda inteira sitiada. Nenhuma ideia ocorria à Azul de como sair dali “ainda não sei o que fazer”.


O irmão ficou tentando senhas variadas enquanto Branco se sentou, mas o tempo passava e nenhuma opção estava correta. Azul estava tenso, com medo de disparar algum alarme no laboratório. Depois do que pareciam horas e centenas de combinações. Azul estava com a cabeça girando de tanto esforço e frustração. Ele desistiu e se sentou com Branco.


“Quanto tempo já deve ter passado?” Azul falou deitando a cabeça no ombro do irmão e fechando os olhos cansados.


“Pelo menos uma hora” Branco estava com a mente nos acontecimentos no exterior “os conselheiros da Fazenda já devem ter se entregado e assinando algum pacto de alinhamento com a Liga dos Sete... acatando todas as condições do exército… que outra opção eles teriam?” Azul balançou a cabeça concordando e disse:


“Da pra imaginar? A gente é oficialmente inimigo do Nilo agora” Azul suspirou enquanto falava “tomara que ele ainda esteja vivo…”


Branco não estava prestando muita atenção e interrompeu Azul, se levantando muito rápido. Tinha acabado de ter uma ideia.


“Azul! Olha as teclas mais gastas do teclado, E, R, P, A e D, tenta organizar uma palavra…” Branco sugeriu já pensando na fuga “eu vou olhar as tropas, tenta abrir mas não sai se conseguir, não vamos deixar eles verem a gente”


Azul se levantou rápido e acenou que sim com a cabeça. Branco foi correndo para o basculante, de lá viu vários soldados próximos do prédio. Um som alto chegava até ele, parecia o portão sendo arrebentado.


“Azul estão entrando mas não podemos sair, o prédio está cercado…” Click! A porta estava aberta, Branco veio correndo “ o portão é nesse mesmo andar, eles vão chegar rápido… apaga a luz Azul e deixa a porta aberta...” Azul obedeceu. Branco estava tentando manter o ambiente de um jeito que não levantasse suspeitas.


“Vamos para dentro do banheiro, deixa a porta aberta e vamos ficar lá num canto” completou Branco. Os gêmeos foram para dentro e quando se encolheram juntos na parede em um canto, começaram a ouvir os passos e as vozes de diversos soldados se aproximando.


“Vamos! Vamos! Parece estar tudo limpo aqui! Entrem e deem uma olhada em cada sala…” quem comandava falava muito rápido e mal dava tempo dos soldados obedecerem as ordens.


Um soldado entrou no laboratório, seus passo passavam pelo salão e chegavam cada vez mais perto do banheiro, os gêmeos estavam de novo de mãos dadas, segurando a respiração e parados, com medo de provocar o mínimo barulho.


“Comandante, tem um segundo cômodo aqui…” a voz era muito grave, mas claramente a de um homem jovem.


“Anda logo Chico, vamos voltar agora…” o capitão continuava falando rude e apressado.


“Mas e se tiver alguém escondido, senhor!” Chico falava com respeito.


“NÓS não podemos estar aqui… isso aqui tudo vai desa…” o capitão Capitão foi interrompido por uma voz feminina:


“Capitão, tem uma saída alí do lado, acho que é mais seguro do que voltar o caminho inteiro em tão pouco tempo…”


“Certo Tenente, prossiga por lá” e disse se virando para Chico “se alguém estiver escondido… pior para ele” e riu de uma forma grosseira “vem logo!”


“Sim senhor!” O soldado deixou o salão do Laboratório, o som dos seus pés se misturaram aos dos demais soldados. O barulho foi diminuindo até sumir. Depois de alguns minutos de silêncio, parecia seguro, então Azul falou aliviado.


“Branco, eles mal revistaram, pareciam ter medo de estar aqui…” Azul sussurrava enquanto Branco se apressava para a janela do banheiro. Ao olhar para fora, ele disse confuso:


“Azul, os soldados que estavam cercando a Escola, eles estão todos correndo para longe do prédio…” Branco se virou para o irmão que também não entendia nada e sinalizou com a cabeça para irem embora.


Os dois começaram a andar para fora e, quando chegaram ao meio do salão, os gêmeos escutaram um estrondo ensurdecedor vindo do alto, enquanto o prédio tremia. Eles dispararam correndo, desesperados, para a porta. O corredor agora estava iluminado pela luz da saída que os soldados deixaram aberta. Era possível ver as diversas portas tremendo e sentir o chão balançando, os estalos da estrutura do prédio eram assustadores. À poucos metros estava a saída.


Os dois não foram vistos pelos soldados inimigos, mas tinham conseguido fugir. Foram correndo, ocultados pela nuvem de poeira levantada pelo prédio que havia acabado de desabar.


-


Nilo e Volga já estavam caminhando por muitas horas no deserto, pela lateral da estrada. Mesmo no sol da manhã  a areia brilhava muito e fazia os olhos arderem. Exaustos, resolveram parar na sombra que a estrada, do alto, projetava na areia.


“Já deve ser umas oito da manhã” Volga disse olhando para o céu “vamos comer algo e beber um pouco de àgua” Nisso ela alcançou sua mochila e começou a retirar alguns pacotes de alimento seco e o cantil.


“Que horas você acha que vamos chegar lá?” Nilo ainda estava confuso com o que estava acontecendo, mas aliviado em voltar pra casa. “E você não acha perigoso a gente parar aqui em baixo, tão perto da estrada?”


“Não é perigoso, a estrada está à pelo menos três metros de altura, quem está lá em cima precisaria descer do carro e parar na beirada para nos ver…” Volga disse, olhando para cima e analisando a estrada “as dunas aqui se mexem muito, fizeram essa estrada alta para não ser enterrada...” Volga parou de falar, mas quando percebeu que Nilo ainda estava esperando, lembrou da primeira pergunta “ah… devemos chegar por volta de uma hora da tarde, é o horário de almoço lá né?”


“O intervalo de almoço acontece meio dia na verdade, para todos…” Nilo parou de falar e começou a comer. A comida era péssima, mas Nilo já tinha muita fome e comeu mesmo assim. Cada mordida parecia que estava cheia da areia onde eles estavam sentados, era muito difícil engolir sem água, mas eles tinham pouca, não podiam beber tudo de uma vez. Apesar da fome, parou de comer na segunda barra de comida, elas eram pequenas mas impossíveis de mastigar. Volga tinha comido apenas duas também


“Vamos continuar?” Volga falou levantando “ainda falta muito e precisamos nos apressar”


“O que deve ter acontecido com o nosso batalhão?” quando Nilo falou, percebeu que Volga não esperava aquela pergunta. Seu rosto ficou tenso e triste.


“Não tem como saber” Volga se virou e foi andando sem deixar Nilo continuar a falar.


-


Para Nilo já haviam passado muitas horas, mas segundo Volga eram apenas onze da manhã. Nilo sabia que se aproximavam da Fazenda porque a areia estava acabando. A paisagem das dunas estava dando lugar às pequenos arbustos e encostas com ervas daninha crescendo sem poda. Ela começou a falar com ele depois de informar a hora.


“Não sabemos se os soldados inimigos estão nos alcançando, nós tivemos uma vantagem boa e vamos demorar apenas mais duas horas. Mas nos veículos deles… não tem como saber quanto tempo demoraram para… no campamento…” Volga estava sem jeito em continuar falando.


“Então você acha que eles mataram todos mesmos? E que simplesmente vão continuaram viajando pra cá?” Nilo perguntou com um peso no peito.


“Nós vamos saber em breve, mas por enquanto, vamos andar”.


-


Os dois haviam passado a próxima hora sem conversar, quando escutaram o som de motores os alcançando por trás.


“Deita Nilo” Volga o puxou enquanto se jogava no chão, alí não havia mais areia, a estrada estava quase no nível do solo, se não fosse pela larga vala onde eles se deitaram.


Ao ser jogado no chão sentiu a dor de cair no chão pelado, as pedras soltas e pontudas o machucaram, mas era necessário manter silêncio. “Nós já estávamos tão perto…” Nilo pensava, se lamentando, só faltava uma hora de caminhada.


Em poucos minutos o barulho aumentou. A estrada começava a vibrar com o peso dos caminhões e eles começaram a escutar um por um, passando muito perto de suas cabeças. Depois de um tempo, o comboio passou. Nilo tinha contado nove caminhões.


Os dois se levantaram quando o som dos caminhões se perdeu na distância e continuaram andando, como Volga já havia dito, não havia outra opção se não invadir a fazenda.


-


As encostas com relva deram lugar ao mato alto, Nilo conhecia aquela região muito bem, já estavam no território da Fazenda. Ao chegar perto da Sede, os dois se desviaram da estrada e subiram uma colina com mato alto. De lá eles se esconderam e viam que a maior parte dos soldados estava cercando a Escola de Ofício. Ao perceber isso, o coração de Nilo ficou apertado.


“Meus irmãos estudam lá” disse antes de perguntar para Volga “será que a escola foi evacuada?” Volga respondeu:


“Eu já ouvi falar que isso acontecia, quando invadem, a primeira coisa que fazem é evacuar os prédios com laboratórios para detonar tudo com dinamite…” Nilo a interrompeu.


“O que? Vão explodir a escola?” ele estava perplexo.


“Parece que as ordens da Liga é roubar e depois destruir a tecnologia que possa existir aqui, uma escola dessa não vai ter muito o que interesse para eles… então eles só destroem” Nilo continuou olhando perplexo, queria correr até lá e achar os irmãos, mas sabia que um conflito só seria pior para todos na Fazenda.


Volga havia se levantado, Nilo estava com medo de serem vistos.


“Pode ficar calmo, eles estão todos envolvidos com o prédio e nossas roupas são camufladas…” ela se virou para ele “Nós precisamos chegar lá embaixo rápido” e sem mais explicações puxou Nilo pela mão. Os dois foram descendo a colina agachados, mas preocupando-se mais em chegar rápido do que estarem escondidos.


Quando chegaram na metade da colina viram alguns soldados correndo de dentro do prédio. Volga começou a correr ainda mais rápido. Ela e Nilo chegaram ao pé da colina e se esconderam atrás dos oficiais, que haviam corrido do entorno do prédio, se concentrando perto de onde eles estavam. Eles ouviram o primeiro estrondo, vindo de andares superiores da Escola. O prédio começou a desabar, produzindo uma nuvem de poeira que logo começou a se espalhar.


Antes mesmo dela chegar, Nilo sentiu a mão de Volga o puxando. Os dois foram correndo e quando estavam à poucos metros dos soldados, foram cobertos pela nuvem de poeira. Volga parecia vacilar, sem conhecer o local, não conseguia se guiar no meio da poeira. Nilo tomou a liderança e a guiou, contornando o edifício para poder correr até a Sede.


Depois de dar a volta na Escola, agora em escombros, Nilo olhou para o alto, onde a poeira já estava se dissipando estava o prédio da sede. Ele apontou para Volga e os dois foram correndo, se guiando na direção do prédio, até que tropeçaram em algo e caíram.


“Sai de cima de mim… sai… sai” Azul estava confuso e começou a se debater. Ele mal enxergava no meio da poeira e não conseguia se mover depois que havia sido derrubado pelo que achava que eram dois soldados inimigos.


Ele sentiu Branco puxar a sua mão, mas a voz que o chamava não era a do gêmeo:


“Azul?” Nilo saiu de cima do irmão e levantou Volga que estava se recuperando da queda.


“Nilo!” os gêmeos esclaramam surpresos. Eles param um instante e iam se abraçar até que ouviram:


“Não parem de correr” Era Volga, que foi empurrando os gêmeos e Nilo pelo caminho. A nuvem de poeira estava quase abaixando, mas eles conseguiram entrar pelo hall que havia sido abandonado.



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Autor(a): drumal

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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