Fanfic: Amor sem medidas (adaptação vondy) | Tema: Vondy

Dezoito anos antes...

Blanca, a mãe de Dulce, abriu a porta da frente e sorriu.

– Oi, christopher. Como foi hoje na escola?

Em vez de responder, o garoto olhou por cima dos ombros dela, em direção à escada que levava ao
quarto da amiga. Blanca abriu bem a porta para deixá-lo passar.
Christopher entrou e, como sempre fazia, botou a mochila na parte inferior do cabideiro, ao lado da de
Dulce. Tirou o casaco de inverno e o pendurou ali.

– Ela melhorou?
Fazia três dias que Dulce não ia à escola, e christopher tinha que admitir que achava isso um saco. O
trajeto de ida e volta e a hora do almoço eram sem dúvida bem tranquilos. E chatíssimos. O menino
não queria admitir que sentia saudade da amiga.

– Dulce só desceu na hora do almoço – respondeu Blanca, indo para a cozinha. – Acabei de fazer
chocolate quente. Que tal levar lá em cima para ela?

Christopher deu de ombros e a seguiu. Normalmente, se sentia muito à vontade naquela casa, mas ainda
achava esquisito ficar conversando com a mãe de Dulce sem a amiga por perto.

– Ela ainda está doente?

Blanca despejou o líquido quente em três xícaras, olhando para o menino uma ou duas vezes.

– Não. Acho que já passou, seja lá o que tenha sido.

Ela pegou o pacote de açúcar e christopher fez que sim com a cabeça. Gostava de chocolate quente bem
doce.

– Então, talvez você possa me ajudar com uma coisa, christopher – acrescentou a mulher, colocando o
açúcar nas xícaras.
Ele franziu a testa e se aproximou um pouco mais.
– Ajudar?
Blanca concordou com um hã-hã e se virou para ele, passando uma das xícaras para o menino. A
mãe de Dulce se apoiou na bancada, soprando o próprio chocolate quente.

– Será que você conhece um garoto lá da escola chamado Jack Duarte ?
Ao ouvir aquele nome, christopher contraiu os lábios e fechou a cara. Claro que ele conhecia. Todo
mundo conhecia Jack Duarte. Era o aluno novo do quinto ano, que tinha aparecido um pouco antes
das férias de Natal. E ele conversava muito com Dulce. Também fazia a menina rir, e christopher não gostava
nada daquilo. Não gostava dele. Jack era tão metido... E tinha um cabelo estranho.

– Ele é legal? – perguntou Blanca.

Christopher ergueu os olhos para ela. Blanca tinha uma expressão preocupada no rosto.

– Não conheço ele muito bem – murmurou o menino.

Essa era uma grande mentira. Simplesmente não tinha feito o mínimo esforço para se aproximar
daquele cara. Dulce parecia gostar dele. Christopher passou a língua pelos lábios, irritado só de pensar
nisso.

– Por quê? – perguntou ele.

Blanca colocou a xícara na bancada, perto da pia.

– Dulce não quis me dizer nada porque sou a mãe dela e sei que uma menina de 11 anos não gosta
de contar certas coisas para a mãe, mas talvez ela conte para você.
Christopher estava confuso.

– Contar o quê?

– Acho que Jack pode ter... deixado Dulce chateada.

Diante dessas palavras, algo sombrio e furioso se remexeu no peito de christopher, fazendo o menino
apertar a xícara que tinha nas mãos. Se alguém tivesse magoado Dulce, ele não ia deixar as coisas
assim.

– O que quer dizer com isso?

– É só uma sensação. – Blanca deu um sorrisinho. – Pode não ser nada. Quem sabe você não
consegue descobrir? – Antes que ele pudesse responder, ela entregou a christopher a terceira xícara de
chocolate. – Tome. Leve para ela. Quer ficar para o jantar? Estou fazendo costeletas de cordeiro.
Era o prato favorito de christopher.

– Claro.

– Vou ligar para a sua mãe avisando.

Segurando as duas xícaras de chocolate quente, christopher subiu a escada em direção ao quarto da
amiga e bateu à porta com o cotovelo.
A voz que ouviu parecia cansada e não tinha nada a ver com a Dulce que ele conhecia.

– O que é?

– Sou eu! – gritou christopher. – Trouxe chocolate quente.

– Pode entrar.

Usando o mesmo cotovelo para baixar a maçaneta, o menino conseguiu abrir a porta. A primeira
coisa que viu quando entrou foi um montinho debaixo de um cobertor cor-de-rosa bem forte. Na
verdade, quase todo aquele quarto era rosa. Tudo, desde o carpete até as cortinas, tinha algum dos
tons de um flamingo. Só a escrivaninha e o guarda-roupa não eram dessa cor, embora Dulce vivesse
insistindo para mandar pintá-los.
Christopher se aproximou da cama de Dulce e revirou os olhos ao perceber os novos pôsteres que ela
havia colocado na parede ali perto, ao lado das Spice Girls e do sistema solar que ela já tinha havia
anos. Eram daquele sujeito do Titanic, de cabelo todo despenteado. Dulce dissera que ele era
“sonhador”, seja lá o que isso significasse. Na verdade, olhando para os tais pôsteres, christopher se
lembrou de Jack Duarte e da palavra nova que Tate havia ensinado a ele: repugnante.
Colocou a xícara de chocolate na mesinha de cabeceira da amiga e foi se sentar perto da cama.