Fanfic: Amor sem medidas (adaptação vondy) | Tema: Vondy

– Se não vai acontecer o quê? – indagou Jack.
O sorrisinho estampado no rosto do garoto só fez o sangue de Christopher ferver ainda mais.
Ah, ele adoraria ensinar Jack a não mexer com os amigos dele! Depois de um instante
de reflexão, porém, baixou a mão. Embora quisesse muito dar uma surra em todos aqueles que tinham
magoado Dulce, não queria entrar numa briga na escola. O pai dele ficaria uma fera.
– Ah, meu Deus! – exclamou Hannah, rindo ao ver que Christopher tinha se calado. – Esses dois são
patéticos. O Lanterna-Vergonhoso e a gatinha dele, Dulce, a Mulher-Maravilha que nem usa sutiã...
Ao lado de Christophe, Dulce fungava e ajeitava os óculos ao som dos risos que se espalhavam ao redor
dos dois. Sem pensar duas vezes, christopher apoiou a mão no ombro dela e apertou um pouco.
– Está tudo bem – declarou a menina, enquanto uma única lágrima escorria pelo rosto vermelho
dela, acertando Christopher como um soco no estômago.
– Ei, Hannah! – gritou ele, virando lentamente para encarar a garota. – Eu sei o seu segredo!
– O meu o quê?
– O seu segredo.
Ela revirou os olhos, com ar debochado.
– E qual seria esse segredo?
– Eu sei por que você é assim, uma vaca.
As exclamações que tomaram conta do corredor foram se tornando ensurdecedoras à medida que
mais e mais pessoas iam parando para ouvir aquela briga. Ao lado de christopher, Dulce ficou paralisada.
Hannah Grand empalideceu.
– O que foi que você disse?
– Já entendi tudo – acrescentou o menino, dando de ombros. – Você está com inveja. E com razão...
– Inveja? Eu? – perguntou a garota, com a voz ainda mais esganiçada. – De quem? Dela? –
acrescentou, apontando para Dulce, que agora olhava para o amigo em estado de choque.
– Claro – respondeu ele. – Explico melhor: a Dulce – disse, indicando a menina ao seu lado com
um gesto – tem milhares de opções... Não me entenda mal, ela já é linda, mas, quando for mais velha,
vai poder trocar os óculos por lentes de contato ou até comprar todos os sutiãs que ela quiser.
Hannah deu um sorriso irônico.
– Duvido. Mas, e daí?
– Já você, Hannah... Que opções você tem?
– Como assim?
– A sua cara. – Christopher deu um risinho de deboche. – Falando sério, você sempre vai ser feia. Um
sutiã e lentes de contato não vão conseguir mudar isso, né? – Ele se virou para Dulce, ignorando a
resposta despeitada que Hannah gritava naquele momento, e sorriu ao ver que a amiga também
sorria. – Venha. Vamos embora daqui.
Quando, graças a um telefonema da escola, a mãe de Christopher ficou sabendo do que tinha acontecido
pela manhã, ela deixou o filho de castigo por uma semana, sem poder sair de casa. Mas ela fez isso
por causa do linguajar que ele tinha usado, e não porque achasse que o filho tinha feito alguma coisa errada. Pelo contrário: ficou orgulhosa ao ver que Christopher tinha defendido Dulce e deu um beijo nele por
isso. Ele ficou feliz, embora tenha tratado de limpar a bochecha o mais depressa possível.
– Escolha melhor as palavras da próxima vez – disse ela.
Mais tarde, naquele mesmo dia, quando Christopher estava deitado na cama lendo uma revista em
quadrinhos, ele ouviu o som familiar de pedrinhas batendo de leve na vidraça. Deu um pulo da cama,
correu e abriu a janela, sorrindo para a menina ruiva de óculos cor-de-rosa que estava ali no quintal
dos fundos.
– Oi. Veio me libertar?
Dulce riu baixinho e respondeu num sussurro:
– Não. Não posso demorar. Mamãe não sabe que estou aqui. Só vim trazer uma coisa para você. –
Ela pegou uma bola de futebol da sacola que trazia pendurada nas costas. – Pegue!
Christopher estendeu os braços e conseguiu pegar a bola na primeira tentativa. Foi então que percebeu
que havia um papel preso nela por um elástico.
– Abra – ordenou a menina.
Christopher desdobrou o papel e viu um desenho da Terra com todos os detalhes dos mares azuis e dos
continentes verdes. Ele franziu a testa.
– O que é isso? – perguntou, desconcertado, enfiando a cabeça pelo vão da janela.
Por um instante, Dulce pareceu hesitar em responder, o que não era nada comum nela. A menina
deixou os braços caírem ao lado do corpo.
– É para agradecer por hoje. – Dulce deu de ombros. – Sei que o que eu disse... o que eu disse a
Hannah... que você não era...
– Seu namorado – completou Christopher.
As palavras dela ainda machucavam, quase como se alguém tivesse arrancado um band-aid do seu
coração.
– É. – Dulce assentiu, com ar solene. – Não é que eu não... Só queria dar alguma coisa para
mostrar o que você significa para mim.
Christopher contraiu os lábios e voltou a olhar o desenho.
– Um planeta?
Dulce fez que não com a cabeça.
– Não, seu bobo. – Dulce ficou mais séria. – O mundo. O mundo inteirinho.
Christopher mal conseguia respirar. Finalmente ele tinha compreendido o que ela estava querendo dizer:
“Você é o mundo inteirinho para mim.” Com toda a certeza o garoto agora estava parecendo um peixe
com a boca aberta, sem conseguir dizer nada.
– Ah!
Dulce subiu na bicicleta.
– Boa noite, Chris.
Ela saiu pedalando no escuro, deixando o menino com uma sensação de calor, apesar do ar gélido.
– Boa noite, dul.

Meu Deus que crianças fofas da vontade de morder uma coisa dessa😍