Fanfic: Fanfic sem Título

 Na noite em que a encontrei estava mais magra; isso me fez pensar em uma Dulce tranqüila, recuperada, distante de suas turbulências, mas, ao vê-la cair abatida, saí de meu engano momenâneo.

___Desde criança era valentona___ dizia orgulhosa.

___As professoras tinham pavor de mim. Uma vez arranhei a  cara de uma.

___ e o que aconteceu?

___ Me expulsaram da escola. Também me disseram que iam me botar na cadeia,  uma cadeia de crianças.

____ Toda essa confusão por causa de um arranhão?

____ Um arranhão com tesoura___ esclareceu ela.

  As tesouras eram um instrumento com o qual convivia diariamente: a mãe era costureira. por isso, acostumou-se a ver dois ou três pares permanentemente em sua casa; além disso, via que sua mãe não as usava apenas nos tecidos, mas também pra cortar frango, carne, o cabelo, as unhas, e,  com muita freqüência, para ameaçar o marido. Os pais, como quase todos da favela, deixaram o campo à  procura daquilo que todos desejam, e, como não encontraram nada, instalaram-se na parte alta da cidade para se dedicar a biscates. A mãe se empregou como doméstica, folgando aos domingos para ver os fihos e fazer visita conjugal. Ela era fã de novelas, e de tanto vê-las nas casa  onde trabalhava foi despedida. Mas teve mais sorte, conseguiu um emprego de diarista que lhe permitia voltar para casa e ver novela deitada na própria cama. Com  uma dessas novelas, aprendeu que se podia sair da pobreza freqüentando aulas de costura; o dificil era encontarr vagas nos fins de semana, porque parecia que todas as empregadas da cidade tinham o mesmo sonho. Mas a costura não a tirou da pobreza , nem a ela nem nehuma delas, e as únicas que  enriqueceram foram as  doans dos cursos de corte e custura.

_____ O homem que mora com minha mãe não é meu pai ___ explicou Dulce.

_____ E onde anda o seu? ___ perguntamos Emilio e eu.

____ Não faço a mínima idéia ___ enfatizou ela.

  Emilio já havia avisado para não falar no pai dela; no entanto, nesse dia, foi ela mesma que tocou no assunto. As bebidas a deixavam nostálgica, e acho que se comoveu quando nos ouviu falar de nossos pais.

____ Ter pai deve ser muito doido ___ começou.

Depois foi soltando pedaços de sua história. Contou que o dela as abandonara quando ela nasceu.

____ Pelo menos  é o que diz dona Rubi ___ falou.

____ Claro não acredito em nada.

 Dona Rubi era sua mãe .Mas em quem não se podia acreditar era em Dulce. Tinha a capacidade de convencer sem precisar recorrer a muitas histórias, mas, se surgia alguma dúvida sobre sua "verdade", apelava  para o choro  a fim de encarrar a mentira com a compaixão das lágrimas.

____ Estou envolvido com uma mulher da qula não sei nada__ disse Emilio __, absolutamente nada.

____ Não sei onde mora, nem quem é sua mãe, se têm irmãos, nada sobre seu pai, o que faz, não sei nem quantos anos tem, porque você já deu outra idade.

___ Então , tá fazendo o que com ela Emilio? ___ perguntei.

____ É melhor perguntar o que ela está fazendo comigo.

 Qualquer um podia enlouquecer Dulce, e se não caí nessa foi  porque não permitiu, mas Emilio...

No ínicio tive muita inveja dele, me deu uma raiva da sua sorte, conseguia as melhores, as mais bonitas, por outro lado, eu ficava com as amigas  da namoradas de Emilio, menos gostosas, menos bonitas,porque uma mulher bonita geralmente anda com uma feia. Mas como eu sabia que as aventuras dele não  duravam, esperava tranqüilamente com a minha feia até que ele trocasse para que eu trocasse também, e dava um tempo pra ver se sobrava  algo melhor pra mim. Mas com Dulce foi  diferente. Ele não quis trocá-la, e eu também não quis ficar com nenhuma amiga dela; também gostei de Dulce. Mas devo  admitir: tive mais medo do que Emilio, porque ela não era uma questão de gosto, de mor ou de sorte, com ela se tratava de coragem. Tinha de ser muito fodão para se meter com Dulce.