Fanfics Brasil - Cap 3 part II Riscos da paixão (vondy)

Fanfic: Riscos da paixão (vondy) | Tema: Vondy


Capítulo: Cap 3 part II

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– Você acha? – perguntou.
Encolhi os ombros e respondi:
– Sei lá. A garota contratou você para trabalhar na casa dela mesmo
depois de ter contado que já esteve na cadeia, ela deixa que chegue perto da
irmã da Carla, e a gente sabe que a Sayer protege essa garota como uma
mamãe urso, então é óbvio que confia em você e se sente bem contigo. Talvez só
esteja esperando você dar o bote. Nem todas as mulheres vão tirar a roupa e se
enfiar embaixo dos seus lençóis apenas porque você sorriu para elas. Um dia
ouvi você dizer ao Jack que não liga se uma mulher der trabalho, se ela valer a
pena. A Sayer vale a pena.
Vale mesmo. A garota me ajudou em uma encrenca na qual eu me meti
há pouco tempo e, quando a namorada do Jack precisou de um lugar seguro
para a irmã se recuperar de uma situação terrível, a Sayer não pensou duas
vezes e levou a menina para a casa dela. Ela é tão gentil e generosa quanto
bonita. Merece um homem disposto a se esforçar por ela, mesmo que pareça
mais um lenhador tatuado.
O Zeb se afastou do balcão e levantou as duas sobrancelhas.
– Não sei se posso confiar nos conselhos sentimentais de alguém que deu
o fora várias vezes na bunda mais linda que já vi. Que desperdício!
Revirei os olhos, cruzei os braços e retruquei:
– Aí é que está: ela é mais que uma bunda, e não sei por que, de uma
hora para a outra, começou a agir como se não fosse. Além do mais, mulheres
que podem me jogar na cadeia se ficarem putas comigo estão fora de questão.
O que eu quis dizer, mas não disse, é que vou acabar fazendo merda, e
ela vai ficar puta comigo. É o que sempre faço.
O Zeb grunhiu e retrucou:
– Acho que eu correria o risco de passar uma noite na cadeia com ela.
Dizer “não” àquela beleza toda é uma tarefa e tanto. Alguém deveria entrar com
um pedido de canonização da sua pessoa.
Dei uma risada amarga e acompanhei o Zeb até a porta, para poder
trancá-la depois que ele saísse.
– A auréola pegaria fogo ao encostar na minha cabeça.
O Zeb me olhou feio e disse:
– Acho que você não é tão mau quanto pensa ser, ucker. Pode acreditar
em mim: entendo muito bem de fazer merda em proporções épicas, mas nunca
deixei isso definir quem vou ser pelo resto da minha vida.
Posso até ter sido preso várias vezes desde a adolescência, mas nunca
precisei ficar na cadeia por mais de algumas semanas. Já o Zeb passou vários
anos atrás das grades, pagando pelo erro que cometeu. A diferença entre nós dois
é que o Zeb desrespeitou a lei por achar que não tinha escolha. Eu desrespeitei a
lei porque quis. A lei estava no meu caminho, me impedindo de conseguir o que
eu queria ou achava que precisava, então simplesmente a ignorei e fingi que isso
não tinha a menor importância.
– Tem gente que faz merda, tem gente que é uma merda. Eu me
encaixo perfeitamente na segunda categoria.
Não há outra explicação para a minha irmã e eu compartilharmos metade da nossa herança genética, sermos tão parecidos no quesito atributos
físicos e tão diferentes em todo o resto. Claro que devo ter puxado ao escroto do
meu pai, que não é pai da Maitê, mas somos tão o oposto um do outro que fico
me perguntando como podemos ter sido criados na mesma casa e vivido a
mesma infância difícil. Não faço ideia de como a minha irmã consegue ser tão
íntegra, tão firme e estável. Não sei como ela conseguiu encontrar um espaço
para mim em sua nova vida nem por que ficou ao meu lado quando eu estava à
beira da morte. Sei que a Maitê tinha motivos de sobra para me dar as costas, só
que, em vez disso, fez tudo o que estava ao seu alcance para me ajudar e me dar
uma vida nova. Uma vida nova que, a cada instante, morro de medo de
estraçalhar.
O Zeb sacudiu a cabeça de leve, abriu a porta e concluiu:
– Acho que você precisa pegar mais leve consigo mesmo.
Encolhi os ombros e respondi:
– Talvez.
Empurrei o Zeb para fora do Bar pelo ombro e fechei a porta na cara
dele. Gosto do Zeb. A gente tem muita coisa em comum, mas ele não sabe da
missa a metade, não sabe de muitas coisas terríveis que fiz. Não sabe que,
quando fiquei em coma, quando tudo virou trevas e tive a certeza de que não
voltaria mais para o mundo dos reles mortais, cada uma das coisas terríveis,
horríveis, pavorosas que fiz na vida passou diante dos meus olhos ao vivo e em
cores.
A maneira como usei a Maitê. O fato de eu nunca a ter impedido de
fazer o que ela fazia apenas para eu conseguir o que queria. O sexo, as drogas.
Tudo formou um caleidoscópio de arrependimento tão duro e pesado que tive a
certeza de que iria me arrastar para o inferno. Amo a minha irmã mais do que
tudo neste mundo, mas isso não me impediu de tratá-la como uma marionete nos
meus teatrinhos. Ver o que fiz à Maitê e o que permiti que minha irmã fizesse
por minha causa foi pior do que cada pancada com taco de beisebol que levei
daqueles motoqueiros. Perceber a mágoa em seus olhos cor de chocolate quando
finalmente a vi, depois de anos, foi o que bastou para eu me sentir feliz com a
possibilidade de nunca mais poder abrir os olhos de novo.
Além disso, havia as velhinhas em quem dei golpe e os motoqueiros que
roubei. Os carros que furtei e os homens com quem minha mãe dormia para
pagar o aluguel, sem que eu fizesse algo para impedir isso ou para ajudar minha
família. A herdeira a quem convenci a me dar todo o seu dinheiro para pagar
minha faculdade e que torrei instantaneamente em um jogo de pôquer ilegal.
Um cavalheiro mais velho que buscava companhia e que convenci não só de que
eu era gay, mas de que estava interessado nele, apenas o suficiente para ele me
dar um cheque assinado como incentivo à minha paixão pela fotografia. Nem
preciso dizer que não sou gay, muito menos fotógrafo, mas os dez mil dólares que
ele me deu patrocinaram o golpe seguinte. O número de pessoas que fodi é
infinito e, à medida que seus rostos apareciam na minha frente, como em um
filme, e a vida se esvaía de mim, tive a certeza de que estava tendo o que
merecia.
Quando acordei, vi a Maitê me olhando enquanto eu tentava entender o fato de nem o demônio, lá nas profundezas do inferno, ter me querido. Nesse
momento me dei conta de uma verdade muito óbvia: sou um merda. Sou um
homem mau que fez muita maldade e sempre serei esse homem, mas nunca,
nunca mais mesmo, quero magoar minha irmã. Nunca mais quero que ela se
preocupe comigo, não quero mais que ela sofra nem perca nada por minha
causa. Sempre vou ser um bosta, mas vou tentar, com todas as minhas forças,
evitar mais estragos. Até agora as coisas têm ido bem. Só preciso me apegar a
essas lembranças, a esses arrependimentos e a esse remorso, me apegar com
bastante força para que minha cabeça não fique vazia e não vire oficina do diabo
de novo.



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Autor(a): beatris

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 12



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  • capitania_ Postado em 18/05/2018 - 15:28:20

    Continua logo

  • capitania_ Postado em 18/05/2018 - 00:04:11

    Continua logo

    • beatris Postado em 18/05/2018 - 09:11:23

      Postado linda

  • dulcete.vondy Postado em 17/05/2018 - 01:26:54

    Continua por favor, posta mais capítulos, tô ficando muito ansiosa para o desenrolar da fic

    • beatris Postado em 17/05/2018 - 17:33:52

      Postado linda. Mais tarde posto mais dois tá

  • dulcete.vondy Postado em 26/04/2018 - 20:22:39

    Li tudo de uma só vez e já amei demais a fic, continua por favoooor

    • beatris Postado em 28/04/2018 - 07:48:30

      Que bom que gostou linda. Capítulo fresquinho postado pra vc.

  • eduardaaaa Postado em 18/02/2018 - 18:26:53

    Continua posta mais

    • beatris Postado em 19/04/2018 - 13:46:10

      Postado linda

  • Perséfone♡ Postado em 15/01/2018 - 21:21:27

    Postaaaaaaa, já amei a sinopse...

    • beatris Postado em 15/01/2018 - 22:48:32

      Que bom a história é bem legal posto já


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