Fanfic: O Cavaleiro da Sereia - Ponny - Adaptada - Finalizada | Tema: RBD, AyA, Conto de fadas

            Incapaz de lutar contra a necessidade egoísta de conforto, Anahí inclinou o seu rosto em direção ao dele, os seus lábios buscando-o em um beijo urgente. Ela somente queria beijá-lo uma última vez, uma memória para acalentar quando partisse com Muffin e retomasse a sua vida após a morte.

            Para ser justa, esperava que ele a afastasse. Era o que ela merecia, depois de conduzi-lo em uma rede de mentiras que terminaram com sua humilhação. Mas para sua surpresa, ele retribuiu o beijo.

            Acariciou-a, acalmando a sua frustração com beijos lentos e sensuais que a fizeram querer chorar de novo, ao sentir a ternura em seu toque. Suavemente, os lábios dela acariciaram os dele, aliviando a sua fúria e substituindo-a pelo calor ardente. Ele a queria. Ele a desejava, mesmo que não a amasse.

            Ela aceitaria, Anahí pensou, quando Alfonso a colocou de volta entre as peles e começou a tocar o seu corpo. Ela aceitaria feliz, quaisquer migalhas que ele lhe desse, até a última vez pudesse ver o seu rosto.

 ***

             Quando Anahí acordou naquela noite, Alfonso ainda estava ao lado dela. Estava escuro como breu na tenda.

            Junto dela, Alfonso dormia num sono profundo, parecendo exausto. Ela sentou-se na cama e olhou para ele, as sombras escuras que rodeavam os seus olhos. Ele parecia devastado, e as linhas da preocupação que vincavam a sua fronte e o queixo não desapareceram durante noite, mesmo enquanto ele dormia.

            Ela era a causa dessas linhas de preocupação, e sabia disso.

            Alfonso rolou durante o sono de costas para ela, e Anahí deu um pequeno suspiro de alívio pois isso facilitaria para que ela, cuidadosamente, saisse da cama. Os movimentos faziam com que suas pernas protestassem, enviando ondas de dor através de seus membros, ondas que ela foi capaz de controlar a maior parte, reprimindo-as, mordendo o lábio com força, até sangrar. Vestiu-se e saiu da tenda, seu instinto dizendo-lhe que ela iria encontrar alguém.

            O Padre Andrew sorriu para ela, vestido com trajes simples.         

           — Podemos ir a algum lugar para conversar?

            Ela o seguiu, enquanto o homem a levava para fora do acampamento, passando pelo labirinto sem fim de tendas.

            Os relâmpagos atravessavam o céu, mas não choveu uma gota, pelo que Anahí ficou agradecida. A tempestade iminente parecia estar mantendo todos no interior das tendas, já que tudo estava quase deserto, e ocasionalmente quando eles passavam por uma tenda, ela ouvia a mistura suave de vozes e risos.

            Quando estavam a uma boa distância do acampamento, ele rumou para debaixo de uma árvore. Anahí olhou para o céu com cautela, lembrando-se dos relâmpagos, e seguiu seu exemplo. Ele sorriu para ela, e seus nervos estilhaçaram-se com a visão.

            —  Você achou?

            Anahí fingiu ignorância e piscou os olhos para ele.

            Enquanto ela o observava, a contrariedade varreu a benevolência presunçosa de seu rosto.

            —  O dízimo. Você encontrou?

            Ela balançou a cabeça. Não tinha sequer procurado. Ela não queria procurar.

            O Padre Andrew franziu os lábios, sua postura revelando a sua agitação.

            —  Você deve encontrá-lo. Lorde Gurfi está ansioso agora que sabe que Alfonso suspeita de algo. Ele planeja deixar o torneio amanhã, e eu devo levar o dízimo para ele.   

            Ele estava indo embora amanhã? Oh, era uma notícia maravilhosa. Anahí mordeu o lábio novamente para esconder um sorriso.

            O Padre Andrew agarrou-a pelo braço.

            —  Você acha isso divertido, mulher? Tenha certeza de que, se meus planos não funcionarem do jeito que eu quero, vou me assegurar de que Alfonso descubra a sua verdadeira natureza, diante do rei e de todos. Como você acha que a sua reputação ficará quando todos souberem que ele estava convivendo com uma bruxa?

            O ódio avolumou-se através dela e olhou para ele, lutando contra o impulso de esfregar os seus braços pelo frio que sua simples presença lhe causava. Ela já não se preocupava com sua própria segurança, mas o pensamento daquele homem destruindo a reputação de Alfonso era o suficiente para deixá-la alerta e obediente.

            Ele a agarrou pelo braço.

            —  Eu vou ter amanhã o dízimo?

            Ela balançou a cabeça, e em silêncio, prometeu que o mataria antes de entregar-lhe o dízimo.