Fanfic: O Cavaleiro da Sereia - Ponny - Adaptada - Finalizada | Tema: RBD, AyA, Conto de fadas

            Ela se apegava aos dias, mesmo com a dor cega. Cada momento que passava era uma nova chance que tinha de poder ver Alfonso de novo. Então um grito raivoso ecoou no acampamento improvisado. Muffin piscou e foi embora e Anahí fez uma careta. Se ela tivesse que apostar, diria que o Barão Gurfi havia encontrado o dízimo falso. Quando os dedos dele envolveram sua garganta e ele começou a gritar no rosto dela, soube que tinha acertado.

            —  Sua putinha, —ele gritou. — Onde está o dízimo real?

            O ar, de repente, se tornou um bem precioso enquanto as mãos apertavam sua garganta. Ela lutou contra ele, mas estava fraca pela dor, além de suas mãos estarem ainda amarradas. Começou a ver estrelas e um forte zumbido ecoou em seus ouvidos.

            Ele a soltou em algum momento, quando o tempo tinha deixado de ser nada além de um vácuo, quando as cores pareciam explodir em seus olhos e pensou que ia chegar ao céu um pouco mais rápido do que ela e Muffin haviam previsto. Depois que o homem a soltou o ar correu de volta para a sua garganta ferida com ímpeto, denso e frio.

            —  Não importa, —o Barão Gurfi sussurrou, inclinando-se sobre ela. — Ela sentiu as gotas quentes de saliva respingarem em seu rosto enquanto ele falava. —  Alfonso virá atrás de sua puta, independente de termos ou não suas riquezas. E acho que vai machucá-lo ver o que eu fiz a você. Acho que vai ser muito menos encantadora para ele com menos dentes. A menos que você fale agora, é claro.

            Anahí sorriu, e os músculos de seu pescoço protestaram. Sua língua estava pesada, mas poderia ter rido na cara dele. Mesmo se pudesse falar, nunca iria revelar nada que prejudicasse Alfonso.Não importava o que lhe fizessem.

            Gurfi pareceu sentir isso, e enquanto ela o observava, seu rosto tingiu-se  de um tom vermelho vivo. Seu punho ergueu-se no ar, e ela o viu balançar antes de sentir o impacto em seu rosto. Anahí perdeu a consciência, caindo em um abençoado sono, sem dor.        

***

             Quando o cheiro de mar atingiu as narinas de Anahí novamente, estava quase insensível à dor. Dor em seu rosto machucado e a cabeça latejante, dor na garganta que sentia como se tivesse sido rasgada, as pernas latejantes. Um soldado tinha sido atribuído a ela quando escorregou do cavalo, pela terceira vez, e agora ela estava imprensada contra o peito de um homem suado, que cheirava como se não tomasse banho desde o Natal.

            Mesmo seu fedor não conseguia afastar o cheiro do oceano. Ele tirou-a de seu torpor e a fez erguer a cabeça. A brisa salgada estava vindo do oeste, e ela virou a cabeça em direção a ela, a boca salivando com a ideia da libertação da agonia. Seu olhar embaçado fixou-se no lugar conhecido, de pedras rochosas, e a visão a fez engasgar com o desespero.

            Northcliffe estava no horizonte.

            O barão Gurfi ganharia, apesar de tudo.

            Lágrimas quentes, decepcionadas deslizaram pelo rosto de Anahí. Ela tinha pensado que com certeza alguma coisa  iria acontecer, que Alfonso chegaria em tempo de fazer algo para impedir Gurfi, antes que ele pudesse mudar o rumo dos acontecimentos.

            Estavam perto. Quando as portas de pedra de Northcliffe foram avistadas, cada vez mais perto, o coração de Anahí afundou em seu peito.

            Os soldados do barão Gurfi foram estimulados pela vista das portas, e o murmurar entre os homens aumentou. Ela ouviu Gurfi rindo com  prazer, quanto esporeou o seu cavalo.

            —  Vamos retomar e tirá-lo das mãos do bastardo! Ele vai aprender a não atravessar meu caminho outra vez!

            Para o horror de Anahí, a ponte levadiça foi abaixada. As pessoas de Northcliffe estariam loucas? Eles não estavam cientes de que o Barão Gurfi estava voltando para retomar o castelo? Uma vez que entrasse, eles nunca seriam capazes de derrotá-lo.

            Ela pensou em si mesma e Alfonso. Lágrimas indefesas rolaram em seu rosto novamente, e ela fechou os olhos, virando o rosto em direção ao oceano, mais uma vez, esperando por uma brisa suave.

            Anahí semicerrou os olhos e observou o semi-círculo de soldados montados à frente deles...cinquenta homens fortes em armaduras reluzentes. De alguma forma, os homens de Alfonso estavam no pátio, preparados e prontos.