Fanfic: O Cavaleiro da Sereia - Ponny - Adaptada - Finalizada | Tema: RBD, AyA, Conto de fadas

            —  Pare! —  a voz suave de Padre Andrew havia assumido um tom nervoso, tornando-se um gemido agudo. —  Pare ou vai me forçar a fazer algo do qual vou me arrepender!

            Para sua surpresa, Alfonso parou, nunca desviando os olhos escuros do rosto dela. Com aquele olhar, ele acariciou seu corpo, notou cada hematoma em seu rosto, as marcas em seu pescoço, seu rosto expressando claramente o quanto se importava com Anahí.

            —  Deixe-a ir, —  ele repetiu, embora suas palavras fossem mais calmas agora do que antes. — Acabou. O Barão Gurfi está morto.

            —  Eu sabia que isso aconteceria, —  disse o padre. —  Você é o verdadeiro Lord do Castelo. Todos sabem disso.

            —  Então, por que me traiu? —  Seus olhos não se afastavam do rosto machucado de Anahí. — Por que roubar o que é meu e  dar a meu inimigo?

            A tensão irradiava-se pelo lugar, seu corpo tremia. Suas palavras eram para ela, tanto quanto para o padre. Alfonso estava dizendo a ela que sabia que não era sua culpa. Que ele a queria. Lágrimas quentes de alívio deslizaram por seu rosto.

            —  Estou tentando ajudá-lo, meu lord, — Padre Andrew disse, sua voz assumindo um tom perigoso. —  Por favor, afaste- se. Volte para o castelo e deixe-me terminar isto em paz. Acabou.

             Anahí admirou suas palavras.

            Algo duro e frio machucava sua garganta. Ela ficou tensa, os olhos brilhando selvagens com o medo. Sua garganta estava contraída e sentiu a ponta de uma faca cravar-se em sua pele machucada.

            —  Afaste-se, meu Senhor, — o padre disse suavemente. — Eu faço isso por você, meus motivos são puros.

            O olhar no rosto de Alfonso tornou-se fechado, congelante. Seus olhos se arrastavam de Anahí ao padre.

            —  Se você machucá-la, eu vou deixá-lo em carne viva.

            —  Ela o tem sob seu feitiço, — Padre Andrew explicou em uma voz calma e profunda. — Deus me mostrou o que devo fazer para quebrar este feitiço imediatamente. É o único caminho para a salvação.

            Oh, não. Oh, não, não, não.

            A mão do padre moveu-se, como se estivesse em câmera lenta, e quando Anahí percebeu, Alfonso saltou. Ela sentiu a faca cortar sua garganta, sentiu que perfurava sua pele, sentia o mundo inclinando-se em seu eixo, quando o padre foi atirado para longe dela. Sem o seu peso para apoiar o corpo dolorido, ela caiu ao lado da mula.

            Direto para a água, que batia contra a costa arenosa. Seu corpo inteiro coberto pelas águas geladas que deslizaram sobre suas pernas, molhando as suas saias imediatamente. Então, com uma alegria quase profana, seu corpo todo convulsionou-se, e ela começou a transformação naquele momento. Desamparada, Anahí enrolou os braços em volta de seu corpo e esperou que a mescla de alívio e dor que acontecia sempre que se transformava. As ondas batiam contra ela quando seus pulmões expulsaram o ar preso dentro deles, suas guelras formadas, e as pernas unindo-se, tornando-se uma cauda forte e poderosa.

            Na frente de Alfonso. Ela transformou-se na frente de Alfonso, apesar de todas as suas precauções e cuidados.

            Em algum lugar distante, além do barulho do mar e do rugir do seu próprio sangue nos ouvidos, ela escutou o padre rindo loucamente.

            —  Vê? Veja! O que eu lhe digo, meu lord! Feitiçaria!

            Sua dolorosa transformação terminara, Anahí se esforçou para sentar-se direito, mas tudo o que consegui foi levantar o torso, apoiando-se nos cotovelos enquanto as ondas do mar batiam contra ela, uma e outra vez. Estupidamente, ela olhou para os dois homens. O Padre Andrew tinha um ar de triunfo no rosto.

            O olhar no rosto de Alfonso? Atônito. Chocado. Traído.

            Humilhada, Anahí afastou o cabelo do rosto e tentou falar.

            "Sinto muito", ela queria dizer, mas nada saiu de sua boca, exceto um chiado. Frustrada, ela cerrou o punho e bateu contra a areia. Queria explicar-se, explicar o fato de que ela não conseguia respirar porque o vestido grudava nas suas guelras, mas sua cauda sacudiu-se por conta própria, os músculos contraindo-se com alívio.

            Ela viu seu olhar para a sua cauda cintilante, então Alfonso empalideceu e balançou a cabeça. Anahí já tinha a sua resposta. Ele descobriu seu segredo e não tinha declarado seu amor por ela. Havia perdido o jogo. Parecia que o coração estava se partindo em seu peito.

             Anahí voltou-se e deslizou para dentro da água, fugindo para longe da costa, longe dos olhares acusadores que se fixaram nela como se fosse uma aberração.

            Fugindo de suas falhas e da perda de um amor que ela nunca deveria vivido, em primeiro lugar. O mar acalmou sua alma, afogou suas lágrimas, e aliviou a dor da queimação, que ela havia suportado,  tão familiarmente, nos últimos dias.

            Mas não podia desfazer a dor em seu coração.