Fanfics Brasil - Prólogo: Erro não previsto Além de uma vida

Fanfic: Além de uma vida | Tema: Crepúsculo


Capítulo: Prólogo: Erro não previsto

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Ponto de vista de Bella


Tudo aconteceu tão rápido, chegava a ser desconcertante. Em um minuto estávamos no Porche amarelo - carro favorito de Alice - numa velocidade com toda a certeza acima dos 200 quilômetros por hora que o indicador marcava, então no outro, meus olhos só enxergavam a escuridão. Podia escutar a voz de Alice alternando entre me pedir perdão e implorar por nossas vidas – mais alguns minutos, e então eram apenas desculpas que eu ouvia.


Conseguimos entrar com o veículo na cidade, mas a multidão tomava conta da rua principal, tornando praticamente impossível nos movimentarmos com ele. Não tínhamos tempo para mais nenhum plano, então Alice destravou as portas e eu corri, corri desesperada para o lugar onde a vampira tinha dito que Edward estaria. Ele estaria ali, saindo daquela ruela escura, indo direto para o sol, no meio de todos aqueles humanos.


Ele estaria ali. Ele era para estar ali. E não havia nem sinal dele. Talvez tenha corrido por mais uns cinco, ou dez minutos, até de repente, um grito me chamar a atenção. Só consegui pensar no pior – nem considerei outra opção antes de me apressar para direção do barulho.


Quando cheguei ao local me deparei com uma enorme capela que carregava no topo um grande relógio prateado, e uma cena que não poderia ter acontecido. Uma garota brilhava demais – Alice se expusera no sol, e nem ao menos percebia, perdida em seu transe. Ela tinha errado, tinha errado completamente, talvez pela primeira vez em suas duas vidas.


"Bella, eu sinto muito! Sinto tanto." a voz já era apenas um sussurro. "Merda. Merda, Jasper, me desculpe Jazz..."


Fechei os olhos quando uma porta se abriu, deixando a luz invadir a sala. Não queria ver o rosto de quem iria acabar com a minha vida, não precisava dessa última imagem. Todos aqueles meses, todas as coisas que fiz que me deixaram tão perto da morte, e eu nem mesmo senti uma ponta de pavor. Pulara daquele penhasco com toda a coragem que não tinha no momento – talvez fossem minutos, ou somente segundos, até a morte chegar, e eu estava completamente apavorada. Queria vê-lo ao menos mais uma vez, senti-lo apenas mais uma vez contra mim, e viajei tão convencida de que esse meu desejo se tornaria realidade, que agora era terrivelmente doloroso considerar morrer sem isso. Por maior que fosse meu medo, ele não estava ao meu lado agora. Eu não conseguia escuta-lo agora.


"Eu faria qualquer coisa, qualquer coisa-"


E a voz quebrada se calou repentinamente, logo após eu ouvir o som de algo se partindo. Lágrimas que não conseguia mais segurar caíam, seguidas de um soluço. Ao menos ele estava vivo, ao menos ele estava bem. Aquilo teria que ser o suficiente para mim. Vozes falavam ao meu redor, rápidas demais para meus ouvidos poderem captar algo.


Uma mão fria no meu ombro quase me fez ter um ataque do coração.


"Edward." Ele sentou-se ao meu lado no refeitório da escola.


"Você não está muito normal. O que ouve?"


"Eu quebrei um espelho. São sete dias de azar, não é verdade?"


O riso dele era como uma melodia.


"Primeiro, são sete anos, e não sete dias. E segundo, nenhuma dessas bobagens de má sorte é verdade."


"E por um acaso você já testou? Já passou debaixo da escada, ou já quebrou um espelho?"


Ele pensou por um momento.


"Um gato preto uma vez cruzou meu caminho."


"E o que aconteceu depois?"


"Eu te vi pela primeira vez."


"Era verdade os sete anos de azar, Edward.", sussurrei com uma voz trêmula, enquanto absorvia aquela última memória feliz nossa. Por mais irônica que fosse, era um pequeno conforto, um último conforto que deixava o momento uma fagulha menos aterrorizante.


Senti algo cortando meu pescoço. Meu grito não conseguia sair, mas meu corpo entorpecia mais a cada segundo. A dor inicial já havia passado.


Eu mal sentia alguma coisa agora. A dor física nem mesmo fora tão intensa como imaginava que seria. Foi como Alice falou: rápido, quase instantâneo. Espero que a agonia dela tenha sido tão mínima quanto a minha – não a culpava por nosso destino. Como poderia? Não demorou muito até todas as sensações físicas cessarem.


Não sentia mais nada.


Não ouvia mais nada.


E então, não parecia mais que eu estava naquela masmorra escura, porque tudo ao meu redor parecia estar tão, mas tão claro. Reuni o pouco de coragem que me restava, e forcei meus olhos a se abrirem.



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Autor(a): ania_l.

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