Fanfic: CHILDSTAR AyA- (Vol 02) | Tema: AyA Adp Hot

‘Um monte de atores mirins continuam atuando pelas razões erradas’.
- Nicholas Hoult-

ANAHI--

— Eu estou em pé na frente de Tenpoint Bridge, onde a amada estrela infantil Skylar DeGray de quinze anos, mais conhecida por seus papeis em Red Fame, The Honorable Tennyson e Forty-One Nights in Persia, foi envolvida em um acidente horrível que tirou a vida dela, junto com a vida de seu gerente, Jeremy Lowe, às 4h00 horas na noite passada. Como vocês podem ver atrás de mim, fãs de DeGray já começaram a deixar velas, ursos de pelúcia e flores para a estrela mirim, que na semana passada foi premiada como a Atriz Jovem do Ano pela Screen Actors Guild. Esta manhã, os policiais ainda não tinham certeza do que causou o acidente-
— Isso é o suficiente, — Alfonso sussurrou, fechando o laptop na minha frente. — Se levante, Anahi.
Mas isso não era o suficiente, e eu mal podia me mover mais. Meus olhos ardiam tanto com as minhas próprias lágrimas, mas eu ainda não podia impedir que elas caíssem. A única prova que eu estava viva, que isso não era um pesadelo horrível, foi ouvir o meu próprio coração batendo em meus ouvidos. Eu estava petrificada em meus próprios pensamentos neste momento. Eu me sentia como se o mundo tivesse caído em meus pés nesse momento.
Por dezesseis anos eu tinha desistido de qualquer senso de liberdade por uma pessoa - minha mãe - para que ela ficasse orgulhosa.
Não importava o quão decepcionada ela me deixava, não importava o quanto ela me empurrava, eu ainda a amava. Quando outras crianças estavam processando seus pais ou os cortando, eu me agarrei a ela. Por quê? Porque ela era minha mãe. Ela nunca foi perfeita; na verdade, ela foi egoísta, agressiva e às vezes simplesmente delirante. Mas eu nunca pensei que ela não me amava. Eu sempre me disse que ela tinha tantas questões em sua própria vida que era difícil para ela estar lá para mim o tempo todo. Que não era culpa dela.
Eu nunca a culpei e eu deveria ter feito. Porra, eu deveria ter.
Por que eu gosto disso? Por que eu sempre seguro pessoas como ela? No final, eu era a única certamente ferida.
— Anahi. — ele apertou as mãos no meu rosto, me forçando a olhar em seus olhos esverdeados. — Fala comigo, por favor.
Com o polegar, ele enxugou as minhas lágrimas, apesar de ter sido inútil. Elas apenas continuaram descendo. Parecia que alguém estava fazendo o meu coração chorar. De todos os segredos que eu pensei que ele estava escondendo de mim, nunca em meus sonhos eu achei que seria esse. Minha mãe era uma coisa, mas isso era algo completamente diferente. Por anos eu tinha tentado odiá-lo. Eu o culpava. Toda vez que ele estava na imprensa, eu desejava que ele tivesse se machucado tanto quanto eu. Porém, o tempo todo, ele estava carregando tudo isso em seus ombros por nós dois.
Anahi Portilla, você é tão estúpida. Você é uma idiota!
Alfonso, sentindo que eu estava me repreendendo, disse: — Eu sei que você está com dor. Acredite em mim, eu entendo, mais do que ninguém. Também sei que você não deve sofrer sozinha. Isso só faz com que seja muito pior. Então fale comigo.
Se ele sabia isso, se ele sabia que eu não deveria sofrer sozinha, por que ele se permitiu isso?
Porque ele me amava.
— Minha mãe é uma assassina. — eu finalmente digo as palavras em voz alta. — Ela matou a minha amiga. Ela sempre forçou você para longe de mim. Ela mentiu para mim e me usou toda a minha vida.Minha família é uma farsa. Tudo em mim é falso: o que eu faço, em que eu acredito, os que me rodeiam. É tudo falso. O que posso possivelmente dizer, Alfonso?
— Não me insulte desse jeito, — disse ele, franzindo a testa, as mãos ainda acariciando meu rosto, — Porque eu não sou falso. Eu estou bem aqui na sua frente, sendo o mais real que eu já fui em toda a minha vida. Como eu me sinto sobre você, o fato de que eu te amo, o fato de que eu sempre amei você não é falso, Anahi.
— Eu não sei o que fazer, Alfonso. — ele tinha acabado de me dizer que eu estava em perigo, que seu pai iria me machucar. Não havia dúvida em minha mente que, se tivesse que salvar a si mesma ou a mim, minha mãe sempre escolheria a si mesma. Eu não poderia me fazer esquecer. Uma vez que a caixa de Pandora foi aberta, não tinha como fechá-la. — Ela não pode ir longe com isso. Eu... Nós precisamos dizer... — gaguejei.
— Anahi, eu preciso que você me ouça, — disse ele seriamente. Seus lábios formavam uma linha fina e até mesmo os ombros estavam tensos. — Nós não vamos dizer nada. Nós não cometemos um crime-
— Não relatar um crime é tão ruim quanto cometer um. Nós éramos crianças. Sei que vamos conseguir sair-
— Anahi! — ele gritou, soltando as mãos de mim. Ele se afastou, respirou fundo e balançou a cabeça antes de voltar a falar com calma.
— Anahi, eu preciso que você confie em mim. Eu tenho mantido minha boca fechada por uma razão e apenas uma razão: você. Se alguma coisa acontecesse com você, eu... eu não sei o que eu faria.
Skylar DeGray era uma das minhas amigas quando eu era pequena. Ela era um ano mais nova do que eu, com uma massa de cabelos castanhos encaracolados e olhos castanhos profundos. Ela costumava me seguir ao redor do set durante a pausa. Ela era como minha própria irmã. Todo mundo achava que nós não nos dávamos bem, mas isso não poderia ter sido mais longe da verdade. Naquela época, nossos empresários nos disseram para fingir uma briga em público para ficarmos nas manchetes. Nossas brigas eram enormes e sempre tão divertidas para nós porque nós não podíamos acreditar que alguém poderia acreditar nelas.
Quando ela morreu poucos dias depois que Alfonso e eu terminamos, eu sinceramente queria me matar porque eu me sentia tão sozinha. Me lembro de sentar no chão do meu banheiro com apenas uma toalha em volta de mim e com o frasco de Valium da minha mãe.
Se a minha irmã, Dulce, não tivesse batido na porta, eu não sei o que teria acontecido.
Isso era uma mentira. Se Dulce não tivesse batido, eu teria me matado.
A dor - tudo isso era culpa da minha mãe, e ela só me deixou sofrer assim.
— Ela não pode ir longe com isso, Alfonso, — eu disse. Eu não iria deixar.
— Ela não vai. Nem o meu pai, — ele me assegurou. Sentado ao meu lado, ele segurou as minhas mãos nas suas. — Eu não estou pedindo para você deixar isso pra lá. Eu estou pedindo que você não conte nada, não agora.
Quando eu olhei para ele, ele apertou minha mão com mais força, me tranquilizando.
— Então o que vamos fazer agora? — perguntei.
Alfonso deu de ombros. — Nós fazemos o que somos bons - atuar. Nós vamos trabalhar, pedir desculpas pela ausência na filmagem hoje, e continuamos como se nada tivesse acontecido até que possamos provar isso sem destruir a nós mesmos no processo. Você trabalhou tão duro por tanto tempo. De jeito nenhum eu vou deixar sua mãe te tirar isso também.
Lá estava ele outra vez, apenas cuidando de mim, como se ele não tivesse trabalhado exatamente como eu, como se ele não sofresse tanto quanto eu.
Levantando nossas mãos, eu apertei tão forte quanto eu poderia.
— Alfonso, — eu disse.
— Sim?
Eu sorri e disse: — É você e eu novamente. Estamos de volta naquela árvore. — apesar de tudo, com ele, eu sempre podia sorrir.
Ele beijou as costas da minha mão. — Não há nenhum lugar na terra que eu preferiria estar.
Eu não tinha ideia do que diabos estava por vir no futuro ou como nós iriamos superar isso. Mas o que eu sabia é que eu amava e confiava nele e eu não ia deixar ninguém ficar entre nós novamente.
Então se ele queria que eu agisse como se nada tivesse acontecido, então nada tinha acontecido.

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