Fanfic: A Modelo E O Monstro AyA | Tema: AyA Adp
Eu disse para o meu pai que era ridículo. Onde já se viu um homem levar a filha na lua de mel?
— Mas agora somos uma família — insistiu papai. — Eu, você, Vivian e Penny. É isso que famílias fazem. Saem de férias juntas. E já faz anos que não tiramos férias de verdade, Anny. Desde que sua mãe morreu...
Argumentei que lua de mel não eram férias, uma discussão que obviamente não venci, considerando que, uma semana depois, estava no convés do Enchantment of the Seas, o maior (e mais caro) cruzeiro do mundo, zarpando das docas em Miami.
Foi aí que o vi pela primeira vez. Ele. Estava sozinho em uma imensa varanda na extremidade do navio, bem acima das pessoas e dos paparazzi reunidos nas docas, tirando fotos do famoso navio e dos passageiros que partiam nele.
Só que ele não olhava para as docas. Olhava para mim.
Embora àquela altura eu devesse estar acostumada com isso — ultimamente as pessoas sempre me olham e cochicham sobre mim —, ainda assim foi um choque. Eu estava dez andares abaixo dele, na sacada do tamanho de um selo da “cabine padrão externa” que dividia com minha nova meia-irmã, Penny. Como ele encontrou o meu rosto entre os milhares de outros abaixo?
Para mim, foi fácil achar ele. Era uma figura muito perceptível ali, na varanda — a maior do navio, com metade do tamanho da quadra de tênis do Enchantment of the Seas — alto, moreno e anguloso, a cintura magra se tornando um peito forte com ombros largos que mostravam, mesmo de longe, que ele malhava... mas não demais. O que era bom, porque nunca fui fã de meninos que malhavam demais, embora soubesse que era errado julgar as pessoas pela aparência.
Ainda assim, o cabelo despenteado dele também me agradou, porque quem quer um cara que se preocupa mais com o próprio cabelo do que você? Não consegui distinguir os detalhes do rosto dele, porque parecia que a tempestade tropical que preocupara Penny o dia todo estava se aproximando. O céu estava roxo como um hematoma e lançava as feições dele em sombras misteriosas.
Foi assim que decidi que pensaria nele; como meu garoto sombrio e misterioso. Eu o chamava de meu porque havia alguma coisa nele, além da sombria aura de mistério: parecia triste, tão sozinho naquela varanda imensa.
A terapeuta que comecei a frequentar depois da morte de minha mãe teria dito que aquela última parte era uma projeção (mas eu costumava argumentar que não via nada de errado em ter pequenas fantasias inofensivas).
Uma coisa é fantasiar, Anahi, diria a Dra. Ling. Recusar-se a enfrentar a realidade porque tem esperanças de algo que jamais existirá é outra inteiramente diferente. Na psiquiatria, chamamos de delírio.
Ainda bem que a Dra. Ling não sabe da pilha de romances que eu tinha enfiado na minha mala para não ter que enfrentar a realidade daquelas “férias”.
— Ai, meu Deus, olha só aquele gato na Suíte Real!
Foi quando percebi que minha nova meia-irmã Penny também tinha visto o Sombrio Misterioso.
— Meu Deus, por que não trouxe meu binóculo? — Penny gemeu. — Ele está olhando para cá? Acho que está! Anny, você e aquele garoto já estão de azaração? O navio ainda nem zarpou e você já está provocando um cara fofo! Pelo menos eu acho que é fofo. Ele é? Sei lá, está longe demais. Ah, bem, quem se importa, ele é rico, se está na suíte real! Você tem ideia de quanto custa uma daquelas?
Penny pegou um dos folhetos que nos entregaram quando fizemos o check in. Na capa, havia um grande P decorado... A mesma letra P gravada no vidro da porta de correr da nossa sacada. O P era de Royal Prince Cruise Lines, a empresa proprietária que operava o Enchantment of the Seas.
— Está vendo, aquelas varandas lá em cima são só para passageiros VIP. Qualquer um que fique na Suíte Real tem um duplex exclusivo! — Penny leu o folheto em voz alta. — Além de vista panorâmica por janelas que vão do chão ao teto, uma imensa suíte máster com hidro, TVs de tela plana, wi-fi, salas de estar e de jantar e um mordomo exclusivo...
A voz de Penny ficou mais aguda de ultraje ao descrever todos os confortos que recebiam os passageiros da Suíte Real, comparando conosco, das “cabines padrão externas”, muito menos régias.
— A gente devia ter ficado na Suíte Presidencial também — declarou Penny, indignada.
— Mas você deu para mamãe e papai! Ah, por que, Anny, por quê?
— É meu presente de casamento — falei, sorrindo quando ela disse mamãe e papai. Era estranho mas legal ouvi-la chamar meu pai de papai. — Não acha que os recém-casados merecem a Suíte Presidencial?
— É, acho que sim. — Penny soltou um suspiro. Embora às vezes ela falasse coisas sem pensar, eu sabia que não havia um grama de maldade em Penny. — Mas o cruzeiro deu um upgrade para você. Imagina só, a gente podia ter nosso próprio mordomo também. — Ela voltara a meter o nariz no folheto. — Enquanto as cabines padrão dividem um.
— Para que precisaríamos de um mordomo?
— Bom, ele podia achar um lugar para todos esses livros que você trouxe, por exemplo — disse Penny com ironia. — Sabia que existe uma coisa chamada e-reader?
Antes que eu pudesse dizer a ela que gostava de sentir o cheiro de (e de pegar) um bom livro de papel, ela continuou a ler o folheto.
— Anahi, sabia que existem quatro piscinas, dez jacuzzis, um spa, uma academia de última geração com aulas de ioga, vinte e cinco restaurantes, uma sala de cinema, sete boates, um cassino e um shopping neste navio? Como é que você vai achar tempo para ler todos esses livros quando tem tantas atividades realmente interessantes a explorar?
Sorri para Penny. Eu gostava dela e estava feliz por meu pai ter se casado com a mãe dela, uma famosa fotógrafa de moda. Mas sinceramente esperava que ela não lesse aquele folheto a viagem toda.
— Vou achar tempo — respondi com um sorriso. — E o Sombrio Misterioso pode ser rico — acrescentei, mudando de assunto para algo que parecia mais seguro do que a indignação dela com minha preferência pelos livros em vez de minigolfe ou o fato de eu ter dado a nossos pais o camarote que o cruzeiro me ofereceu —, mas acho que ele parece triste.
— Triste? Por que estaria triste? — Penny parecia surpresa, o que significava que eu devia mesmo estar projetando. — Ele está em um cruzeiro de vinte dias no Enchantment of the Seas de Miami a São Paulo e tem dois andares inteiros só para ele. Você é quem devia estar triste: tem que dividir uma cabine padrão ridícula com a sua irmã emprestada mais nova e irritante.
Sorri mais uma vez.
— Não estou triste por isso. E você é só dois meses mais nova do que eu. Você é meio irritante, acho...
Ela me socou de brincadeira, e eu me abaixei, rindo.
— Eu estou triste porque daqui a cinco minutos terei que calçar saltos altos e posar para fotos na frente da nova loja Maison de la Lune Cosmetics do navio — falei com um suspiro
—, já que sou o novo rosto da Maison de la Lune Cosmetics e eles descobriram que estou a bordo.
Que férias eu teria. Por isso sabia que seria má ideia vir também.
Penny estremeceu.
— Lamento por isso. E eu tive notícias ainda piores. Fomos convidadas a nos sentar com mamãe e papai na mesa do capitão no Salão de Jantar Grand Nautilus. E, como o capitão é um homem, ele provavelmente vai querer tirar uma foto com você também, porque os funcionários lhe deram aquele camarote, mesmo que você tenha aberto mão dele.
— Penny. — Não consegui deixar de rir de sua expressão. — Acho que posso jantar na mesa do capitão.
Penny relaxou visivelmente.
— Ufa. Eu não sabia. Sei o quanto você detesta que tirem fotos suas, mesmo que eu não entenda isso, porque é o seu trabalho, e se eu fosse linda como você iria adorar. Eu tentaria deixar louco de desejo cada homem gato que visse.
— Obrigada. — Ainda bem que o Sombrio Misterioso estava longe demais para ouvir aquela conversa... Na realidade, ele tinha entrado na Suíte Real. As nuvens de tempestade pareciam prontas a explodir, e começara a chuviscar. — Mas cuidado com o que deseja.
Deixar todos os homens gatos loucos de desejo não é tão divertido como parece. É meio horrível que gostem de você só pela sua aparência.
Penny abriu a porta da cabine com uma expressão cética.
— Se eu fosse bonita como você — disse ela —, não estaria nem aí para isso.
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Autor(a): ponnyayalove
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— Sorria! — gritou o fotógrafo oficial da Maison de la Lune enquanto Penny e eu descíamos a grande escadaria para o Salão de Jantar Grand Nautilus.Por instinto, joguei o cabelo escuro e comprido para trás e abri um sorriso deslumbrante, enquanto Penny se abaixava para não ter que sair na foto.— Obrigado, Srta. Portilla &md ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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ginja2011 Postado em 12/08/2018 - 21:23:01
Inicialmente quero deixar registrado que você escreve muito bem, porém tenho uma observação a fazer você tem muitas fic's desde 2016 e eu as favoritei todas, só que você não concluiu nenhuma, algumas só tem um capítulo outras 3, 4, 5 é frustrante não se ter continuidade e conclusão para nós leitoras, isso uma crítica e sim uma constatação. Vou continuar esperando que você dê os desfechos delas. Adoro todas as histórias!
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sra.herrera Postado em 31/01/2018 - 03:46:39
Continua amore, adorei...
ponnyayalove Postado em 08/02/2018 - 23:44:06
Continuando Lindah
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sra.herrera Postado em 25/01/2018 - 03:13:37
Continua....
ponnyayalove Postado em 29/01/2018 - 20:57:35
Continuando Linda
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anahiiii Postado em 24/01/2018 - 12:30:41
posta mais to amando <3<3
ponnyayalove Postado em 24/01/2018 - 22:49:06
Continuando Linda <3 Que bom que está gostando
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Belle_Doll Postado em 23/01/2018 - 15:36:05
Hum, gostei! Muito interessante essa história 😆
ponnyayalove Postado em 24/01/2018 - 00:08:11
Owt que bom que gostou Linda, a História é pequena mais é bem apaixonante .Continuando
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sra.herrera Postado em 23/01/2018 - 02:04:47
Já amei essa história, continua... <3
ponnyayalove Postado em 24/01/2018 - 00:03:05
Que bom que gostou Linda . Continuando