Fanfics Brasil - Capítulo-06 A Modelo E O Monstro AyA

Fanfic: A Modelo E O Monstro AyA | Tema: AyA Adp


Capítulo: Capítulo-06

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Ah, olha. Ela está acordando.


Ouvi a voz de Penny antes de abrir um dos olhos e vê-la. Ela estava curvada sobre mim, com um enorme sorriso.


— Bom dia, dorminhoca. Adivinha o que eu trouxe? Suco de laranja. Feito agora, bem aqui neste quarto.


Cautelosamente, abri o outro olho. Não sentia dor.


Mais importante, descobri que, quando girei a cabeça e olhei em volta, não havia sinal dele.


Eu ainda estava no mesmo quarto, mas ele não estava lá. Só havia Penny e um enorme carrinho carregado de pratos, potes e travessas, com tampas prateadas (gravadas com a inevitável letra P) para manter a comida quente. Senti cheiro de bacon.


— Que horas são? — perguntei, um pouco tonta, sentando-me. Ainda não sentia dor nas costas e na cabeça. Era um bom sinal. E todas as lâmpadas do quarto estavam acesas. Outro bom sinal. — O que você está fazendo aqui?


— Que horas são? — repetiu Penny. — Devia perguntar que dia é.


— Por quê? Quanto tempo fiquei dormindo?


Ela olhou para um enorme relógio esportivo de ouro que tinha no pulso. Era novo. Pelo menos, eu nunca tinha visto.


— Quarenta e oito horas. Mas isso é bom. O médico receitou repouso total por pelo menos uma semana, então você só precisa ficar deitada mais cinco dias.


— Ah, meu Deus — falei, atordoada. — O papai e Vivian devem estar tão preocupados.


— Bom — retrucou Penny, devagar. — Eles ficariam, se soubessem o que aconteceu.


 


Arregalei os olhos. Isso também não me provocou dor.


 


— Penny! Eles não sabem? Como assim eles não sabem? Você não contou?


— Bom — disse ela, passando-me o prometido copo de suco de laranja. Estava tão gelado que as laterais do copo suavam e tive de segurar com as duas mãos para não escorregar. O suco tinha um sabor incrivelmente fresco, como Penny prometera. — Eles também não estão se sentindo muito bem — continuou. — Então, decidi que era melhor não incomodá-los. O médico disse que, a não ser por um pequeno desmaio que teve ontem de manhã, você está indo muito melhor do que eles...


 


Quase engasguei com o suco.


— Penny! O que houve com eles?


Ela assentiu para as janelas.


— É essa tempestade. Todo mundo no navio está botando as tripas para fora, inclusive mamãe e papai.


Acompanhei o olhar dela. O céu do lado de fora estava cinza-escuro. A chuva passara, mas o mar ainda estava agitado o bastante para ter espuma nas marolas.


— Não dá para sentir o navio balançar daqui — disse Penny, olhando com apreço o quarto bem-iluminado —, porque esta é a Suíte Real, o ponto mais alto no navio... Além da sala de controle, é claro, e a tirolesa. Pode acreditar, quanto mais baixo você vai, mais ele balança. Eu estou bem, é claro, porque nunca fico enjoada. Mas mamãe e papai nem conseguem sair do quarto sem vomitar. Então imaginei, por que sobrecarregá-los com toda a


história de você ter escorregado e caído quando eles já se sentem tão mal? Só vai deixar os dois preocupados sem necessidade nenhuma. Você está em ótimas mãos. Agora, quer french toast ou ovos de café da manhã?


 


Precisei de um segundo para processar o que ela havia contado.


 


— Como, eu escorreguei e caí? — Coloquei com cuidado o suco de laranja na mesa de cabeceira. — Foi isso o que o médico contou a você?


— Não — disse Penny, levantando-se e indo ao carrinho de serviço de quarto. — Foi isso o que Alfonso me disse. Ele falou que te encontrou no corredor naquela noite, depois que você escorregou por causa dos saltos durante a tempestade. A gente se sentiu tão mal por ter deixado você voltar sozinha para a cabine. Não foi, Gus?


— Sentimos mesmo.


Olhei em volta, assustada. Pela primeira vez, percebi que Gus Stanton estava em um dos sofás de couro preto, a pouca distância de mim. Eu não o havia visto porque o sofá ficava de frente para a janela, e Gus estava deitado, inteiramente escondido pelo encosto. Então ele se levantou e acenou para mim, com um videogame portátil nas mãos.


— Peraí — falei, ignorando Gus. — Quem é Alfonso?


Penny riu ao começar a tirar as tampas das travessas do serviço de quarto.


— É seu salvador, claro. O Sombrio Misterioso! Esta suíte é dele. Foi ele quem encontrou você quando caiu e chamou o médico. Não é uma coincidência muito estranha? Quando percebi que era o mesmo cara com quem você estava flertando na varanda no primeiro dia, quase surtei.


— Peraí — repeti.


Meus ferimentos não doíam, mas era informação demais ao mesmo tempo, e minha cabeça rodava.


— O nome dele é Alfonso? E ele falou que eu escorreguei no corredor? Foi só o que ele disse que aconteceu?


— Claro. Por quê? Aconteceu mais alguma coisa? — Sua expressão ficou preocupada, e ela abaixou a tampa que tinha acabado de erguer. — Anny, aconteceu mais alguma coisa?


— Não — respondi rapidamente. — Não, claro que não. Nada.


 


Nada, exceto que ele havia salvado a minha vida — na verdade, mais do que.


Simplesmente a minha vida. Ele me salvou de ser atacada sexualmente, depois manteve toda a história em segredo, simplesmente porque pedi a ele.


— Tem certeza? — perguntou Penny, desconfiada. — Porque o Gus acha toda essa história muito estranha...


— Na verdade, fiquei agradecido ao cara — interrompeu ele, do sofá. — Penny e eu temos a sua cabine toda para nós desde que você saiu. Meu colega Alex conheceu uma garota no cassino e eles andam usando meu quarto como se fosse...


— Anny, não dê ouvidos a ele — interrompeu Penny, ficando vermelha. — Quando estiver pronta para voltar para a cabine, será bem-vinda. Adam disse que talvez seja hoje.


— Então você conheceu... Alfonso — falei, cautelosa.


— Claro! — respondeu Penny animada, ao mesmo tempo em que Gus falava o contrário.


Olhei de um para outro, confusa.


— Bom, a gente não o conheceu — explicou Penny. — Não pessoalmente. Mas falei com ele por telefone umas mil vezes. Ele é super legal.


— Ele é super esquisito — disse Gus, sem tirar os olhos do celular.


Olhei alarmada para Gus. Sua avaliação combinava perfeitamente com a minha. A


lembrança do que Adam tinha feito com Raul — e o que vi sob a luz da janela quando ele se virou — me fez tremer.


— Ah, Gus, para com isso — disse Penny. — Ele não é esquisito.


— Ele é — falou Gus com certa autoridade. — Que tipo de cara daria um lugar desses a uma garota se não esperasse alguma coisa em troca?


 


Hummmm. Era exatamente o que eu pensava com meus botões.


 


— Tem um quarto de hóspedes no andar de baixo — observou Penny. — Ele dorme lá.


Dei uma olhada; a cama está desarrumada e as roupas, jogadas por todo o quarto. — Sob o meu olhar acusativo, ela exclamou: — Bom, você não achava que eu não daria uma volta por aqui! Quando é que eu teria a chance de entrar em uma Suíte Real? É linda, aliás. Tem até uma mesa de sinuca.


— Que ele não usa — queixou-se Gus. — Não tinha giz nenhum nos tacos. E não tem um único videogame à vista. Nem aparelhos de musculação. Só livros. — Ele gesticulou para um que encontrara na mesa de centro. Parecia pesado e difícil. — Pior ainda, livros de medicina.


Sobre doenças. — Gus estremeceu antes de deixar o livro na mesa e voltar ao jogo. — O cara é super esquisito, sem dúvida.


Penny olhou feio para ele.


— Gus — disse ela em uma voz de alerta. — As férias da minha irmã já foram estragadas.


Não precisa piorar tudo sugerindo que o cara de quem ela está a fim é um monstro simplesmente porque gosta de ler. Anahi também gosta.


Ele pestanejou, depois olhou para mim, arrependido.


— Epa. Desculpe, Anny. Eu esqueci.


— Está tudo bem, Gus.


Penny, claramente, não sabia nem metade da história. Alfonso podia ser verdadeiramente um monstro. Por que ele tomava tantas precauções para nunca mostrar seu rosto e não estava presente quando Penny e Gus estavam aqui? Eu sabia o motivo: porque eles desmaiariam de pavor ao vê-lo, exatamente como tinha acontecido comigo. Agora eu também sabia por que ele não estava no salão de jantar na primeira noite e por que tinha a Suíte Real, com serviço de quarto e funcionários exclusivos; Adam nunca


precisava sair do duplex. A não ser...


— Onde está Alfonso? — perguntei, cautelosa.


— Ah, quando ele ligou esta manhã, disse que tinha umas coisas a fazer — respondeu Penny.


— Deve ter ido comprar mais alguns livros — disse Gus.


Ela lhe lançou um olhar exasperado, mas estava claro que o adorava e, a julgar pelo olhar dele para ela — e o imenso relógio de ouro que dera para Penny —, o sentimento era mútuo.


— Ele disse, quando ligou — falei, para saber se tinha entendido bem —, que achava que quando eu acordasse estaria pronta para ir embora?


— Foi o que ele disse — respondeu Penny.


Em outras palavras, ele estava me expulsando por que eu tinha visto o rosto dele e desmaiara na mesma hora. Bom, eu me expulsaria também.


— Sinceramente, Anny — Penny se aproximou da cama e afundou ao meu lado —, pensei que você ficaria emocionada com tudo isso... Parece algo que aconteceria a uma das heroínas desses livros que você lê. Sabe, a garota faz um cruzeiro romântico, conhece o homem dos seus sonhos, o cara resgata a garota depois que ela cai dramaticamente... E se algum médico me colocasse sob ordens de fazer repouso absoluto, eu iria querer que fosse em um quarto desses, e não em uma cabine horrível como a nossa. Sabe quem espremeu as laranjas do


suco, bem neste quarto? O mordomo de Alfonso.


— O Sr. Worth — disse o Gus com um falso sotaque britânico.


Se Penny e Gus tentavam fazer com que eu me sentisse melhor, não conseguiam.


— Ainda assim eu acharia que na vida real a coisa toda era meio esquisita — continuou Penny, ignorando ele. — Tipo o que você disse sobre levar os homens à loucura com... Bom, você sabe. Agora que eu realmente fiz isso, entendo que você não faria o mesmo com alguém que não gosta também.


— Ei — disse Gus —, do que estão falando?


— Nada — respondeu ela. — Só estou dizendo, o que sabemos sobre Alfonso, de verdade, além de que ele gosta de ler?


— É verdade — falei, sentindo-me estranhamente amargurada. — Nada. Nada... apenas que ele salvou minha vida.


Na minha mente, ouvi o sino do elevador quando as portas se abriram, depois uma voz dizendo meu nome, Anahi.


E então ele quebrou a perna do outro cara — e o queixo. Mas fez aquilo para salvar minha vida.


Não pediu nada em troca.


E como agradeci? Desmaiando ao ver seu rosto.


Não admira que ele me quisesse fora de sua suíte.


— Mas o Gus deve ter razão — continuou Penny, afagando minha mão. — Quero dizer...


Não acredito que Alfonso seja um stalker, mas, se mamãe e papai soubessem, acho que diriam que a gente deve ir embora.


Suspirei. Lá se foi o Sombrio Misterioso. Lá se foram minhas férias. Lá se foi a minha vida.


— Eu não... Não sei como vou fazer para agradecer a ele — murmurei.


— Ah — disse Penny. — Essa é fácil. — Ela se curvou e pegou um papel timbrado do Enchantment of the Seas na mesa de cabeceira, assim como uma caneta. — Escreva um bilhete de agradecimento a ele. Minha mãe sempre diz que é a coisa educada a se fazer.


Escreva que o verá mais tarde em um dos restaurantes, talvez no cinema ou coisa assim.


Mordi o lábio. Eu sabia que não veria Alfonso em nenhum restaurante, nem no cinema.


— Enquanto isso, nem precisamos esperar por uma cadeira de rodas nem nada — disse Penny, animada. — O Gus pode carregar você para a cabine. Não pode, Gus?


Gus jogou o game de lado e se levantou, flexionando os bíceps em uma exibição


impressionante de masculinidade.


— Posso carregar você e Anny — declarou ele. — Tranquilo.


Não pude deixar de rir um pouco. Era tudo absurdo demais.


Ainda assim, meu pai tinha feito um bom trabalho. Gus podia não fazer o meu gênero, mas, para Penny, ele era o par perfeito.


— Que bom. — Ela ficou aliviada. — Você está sorrindo. Então, quer ir agora? Ou depois do café? Acho que devemos ir depois do café da manhã. Seria grosseria não comer, porque Adam teve todo o trabalho e a despesa de pedir.


— Uma grande grosseria. — Gus se levantou para pegar um prato.


 


Seria um alívio ir embora com Penny e Gus, decidi. Eu não teria de ver o Sombrio


Misterioso de novo, nem me preocupar com o que faria se olhasse mais uma vez seu semblante inquietante.


É claro que, se eu fosse, talvez nunca soubesse a verdade por trás daquele triste mistério, mas eu tinha certeza de que não queria saber.


Além disso, ele não me deixou opção. Basicamente tinha me expulsado.


Olhei o papel timbrado que ela me entregou. Tinha o mesmo P roxo da colcha que me cobria e das tampas prateadas que Penny retirava das travessas de comida... E notei, quando olhei para baixo, que o bolso do pijama imenso que eu usava...


O pijama dele.


— Penny — comecei, pensativa. — Ainda tem um daqueles folhetos que pegamos


quando fizemos o check-in?


Ela ficou surpresa.


— Claro. — E retirou um, muito amassado, do bolso de trás dos jeans, estendendo-o para mim. — Pode ficar com ele. Eu praticamente decorei. O que queria saber?


— Diz aí se os passageiros VIP recebem um pijama de cortesia da Royal Prince Cruise Lines como parte das conveniências?


Com a boca cheia de bacon, Penny falou:


— Não. Acho que não. Você recebeu pijama de cortesia no Camarote Presidencial, Gus?


Ele fazia um bom progresso no prato de french toast que tinha se servido.


— Não. Mas não sou exatamente um passageiro VIP. Sou só importante, e não muito Importante. Por quê?


— Eu só estava conjecturando — respondi. Mas não estava só conjecturando. Minha mente disparava a mil por minuto. De repente, coisas que nunca fizeram sentido começavam a fazer... Ou fariam, se eu tivesse razão. — Qual é o sobrenome de Alfonso?


Os dois se olharam com uma expressão vaga.


— Sabe que ele nunca disse? — respondeu Penny. Claro que não.


— Mas tenho certeza de que se escrever só o nome dele no envelope do bilhete de agradecimento — disse Penny, feliz — vai ficar tudo bem.


Assenti e deixei o papel e a caneta de lado.


— Sei disso — eu disse. — Mas, se não tiver problema para você, gostaria de ficar mais um pouco e esperar que ele volte. Assim, posso agradecer pessoalmente.


Ela ficou preocupada.


— Tem certeza, Anny ?


Eu nunca tive menos certeza de nada na minha vida, mas concordei com a cabeça.


— Eu vou ficar — declarei.


— Ah — disse ela, animando-se. — Que bom. Não porque eu queira a cabine só para mim — acrescentou rapidamente —, mas porque gostei mesmo de Adam e acho que você também ia gostar, se o conhecesse um pouco melhor.


Ela não fazia ideia de como eu já o conhecia... E o quanto a ideia de conhecê-lo melhor me apavorava.


Mas talvez a Dra. Ling tivesse razão — de novo —, e eu tivesse uma ou duas coisinhas a aprender sobre julgar os homens pela aparência.


 


 


 


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Autor(a): ponnyayalove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • ginja2011 Postado em 12/08/2018 - 21:23:01

    Inicialmente quero deixar registrado que você escreve muito bem, porém tenho uma observação a fazer você tem muitas fic's desde 2016 e eu as favoritei todas, só que você não concluiu nenhuma, algumas só tem um capítulo outras 3, 4, 5 é frustrante não se ter continuidade e conclusão para nós leitoras, isso uma crítica e sim uma constatação. Vou continuar esperando que você dê os desfechos delas. Adoro todas as histórias!

  • sra.herrera Postado em 31/01/2018 - 03:46:39

    Continua amore, adorei...

    • ponnyayalove Postado em 08/02/2018 - 23:44:06

      Continuando Lindah

  • sra.herrera Postado em 25/01/2018 - 03:13:37

    Continua....

    • ponnyayalove Postado em 29/01/2018 - 20:57:35

      Continuando Linda

  • anahiiii Postado em 24/01/2018 - 12:30:41

    posta mais to amando <3<3

    • ponnyayalove Postado em 24/01/2018 - 22:49:06

      Continuando Linda <3 Que bom que está gostando

  • Belle_Doll Postado em 23/01/2018 - 15:36:05

    Hum, gostei! Muito interessante essa história &#128518;

    • ponnyayalove Postado em 24/01/2018 - 00:08:11

      Owt que bom que gostou Linda, a História é pequena mais é bem apaixonante .Continuando

  • sra.herrera Postado em 23/01/2018 - 02:04:47

    Já amei essa história, continua... <3

    • ponnyayalove Postado em 24/01/2018 - 00:03:05

      Que bom que gostou Linda . Continuando


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