Fanfic: My world was always you ( portinõn) finalizada | Tema: Rebelde
"Nós fizemos planos de envelhecermos juntos. Acredite, havia sinceridade em todas aquelas histórias que eu contei. Perdidos num simples jogo de gato e rato, somos as mesmas pessoas que eramos antes disso vir a tona?"
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Corri os dedos pela pele alva dos braços enquanto escutava as batidas suaves do peito no qual estava deitada. O leve afagar em meu couro cabeludo me trazendo a paz necessária para acalmar a conturbação que vivia dentro de mim. Fechei os olhos escutando a voz perfeita cantar aos sussurros roucos em meu ouvido.
- Extrañarte es mi necesidad
Vivo en la desesperanza
Desde que tú ya no vuelves más. - Sorri fraco aproveitando a melodia conhecida. - Sobrevivo por pura ansiedad
Con el nudo en la garganta
Meu coração estava inchado de tantos sentimentos bons, batia lentamente querendo perpetuar cada segundo que se passava, mas a batida suave na porta atraiu minha atenção e fez a leve canção em meu ouvido cessar.
- Perdão, mas já está na hora. - A enfermeira nos sorriu de leve antes de sair da porta.
Me levantei a contra gosto encontrando Aninha sonolenta no ombro da tia.
- Precisamos mesmo? - A caçula resmungou se agarrando ao braço de Anahí ganhando uma risada de nós duas.
- Eu vou voltar pra casa. - Observei a Anahí abraçar a abraçar. - Me ouviu?
- Quando? - Ana sorriu com aparência amarga tentando esconder as lágrimas.
Anahí suspirou cruzando o olhar comigo.
- Em breve.. - Beijou a testa de Aninha lhe dando um ultimo abraço. - Ana, você pode esperar na sala? - Pediu gentil.
Ana se levantou ainda tonta se arrastando para fora do quarto. Me levantei sentindo o coração acelerar, a saudade já começava a bater em meu corpo. Encarei os olhos azulados sem saber como prosseguir ou o que dizer, mas as palavras brotaram de meus lábios antes mesmo de eu perceber.
- Promete que está tudo bem?
Anahí suspirou se levantando e indo até a porta para a encostar, meu corpo gelou quando voltou a se aproximar. Queria manter a serenidade perto dela, queria pensar com clareza mesmo que o perfume que estava impregnado em mim alterasse minhas sensações ao subir pelas narinas, mesmo que a visão da garota a minha frente fizesse meu corpo estremecer e minhas mãos ficarem geladas. Mas nada disso sumia com o receio que ainda sentia pelo momento.
- Apenas se você me prometer que não virá mais. - O tom baixo e calmo de certa forma relaxou meu corpo das expectativas. - Mesmo que Ana te implore. Eu não quero que você venha.
- Eu sinto a sua falta. - Suspirei esfregando a testa procurando calma.
- E eu a sua. - A voz de Anahí oscilou. - Mas eu preciso de tempo..
- Tempo? - A encarei sem ar. - Mais tempo? - A indignação já apontando em minhas reações.
- Tenho que pensar em algumas coisas.. Eu sempre tive você perto de mim e talvez eu possa ter confundido as coisas. - Sussurrou mantendo a voz séria. - A bipolaridade pode exagerar certas coisas como a sexualidade e talvez ficando longe de você, seguindo com meus próprios pés sem ter você do lado, eu possa enxergar que a nossa amizade é muito forte e o nosso amor muito bonito..
- Ficar longe? Amizade? - Me sentei na beirada da cama respirando fundo. - É isso mesmo que você está me dizendo? Que tudo isso foi um exagero pela sua bipolaridade? - Fechei os olhos sentindo o quarto girar.
- Dulce, eu estou procurando ser sincera com você.. - Senti o corpo sentar ao meu lado. - Preciso pensar.
Esfreguei o rosto inquieta, minha vontade era de gritar as promessas que haviamos feito, as juras que haviamos proferido e as declarações espalhadas por todos os cantos, mas não o fiz. Talvez, no fundo, eu soubesse que a minha ida até a clinica iria se finalizar com algo no gênero.
Abaixei a cabeça olhando para meus próprios pés, a respiração saindo pesada pelos meus lábios entreabertos. Ainda sentia Anahí ao meu lado, mas meu coração parecia gelado. O sorriso sarcástico e debochado nasceu no canto dos meus lábios porque eu não precisava ir mais à fundo para matar de vez a espera por algo que nunca iria acontecer.
- Tudo bem. - Funguei procurando meu celular pela cama.
- Tudo bem? - A voz confusa de Anahí me fez a encarar. O ar me escapou por dois segundos, mas logo recuperei o personagem.
- Tudo bem, Anahí. - Afirmei olhando nos olhos azulados. - Você precisa pensar, mas não consigo ficar mais nisso. Não consigo ficar mais nesse jogo de gato e rato. Eu vou te deixar em paz e seguir com minha vida. - Declarei observando os lábios da loira ficarem brancos.
- D-d-dulce, e-eu... - Anahí começou mas a cortei.
- Não.. - Me levantei ainda a olhando. - Nunca deixei e nem vou deixar você. Só preciso seguir. Entende isso?
Anahí desviou os olhos marejados para a janela fazendo mais um pedaço do meu coração se dilacerar. Eu poderia insistir, mas não daria em nada. Na verdade eu já estava cansada de insistir e talvez aquela era a decisão correta a se fazer.
A tomei pelas mãos lhe beijando a testa me controlando para não tremer.
- Leva a gente até a porta? - Perguntei em tom sério e baixo.
- Claro..
**********
- Pode chamar a sua mãe pra mim?
Perguntei a pequena sentada no banco do carona estacionando o carro enfrente a casa grande enquanto segurava o volante com força. Aninha soltou o cinto abrindo a porta correndo em direção a casa. Apoiei a testa no volante controlando a respiração, já estava no meu limite e sentia que não aguentaria por muito tempo. Meu corpo tremeu quando a porta voltou a abrir e a fechar novamente.
- Dul? - A voz de Mari fez ceder a barreira que havia levantado. - O que aconteceu?
- Você tem conversado com ela? - Perguntei com a voz já embargada.
O silêncio me permitiu chorar, porque sim, Mari já deveria saber de tudo.
- Por que? - Levantei o rosto encarando a mulher ao meu lado. - Ela me ama, Mari. Eu senti isso.
- Talvez não do jeito que você quer.. - A voz baixa me fez socar o volante.
- Eu não quero nada, droga! - Gritei ofegante. - Ela me dizia, ela me mostrava! Agora vem me dizer que tudo não passou de um grande nada?!
Mais uma rodada silenciosa enquanto minha respiração alta era a única coisa a ser ouvida.
- A doença deixa as coisas mais intensas, Dul.. - Neguei com a cabeça enquanto Marichelo falava calmamente. - Ela está entendendo isso agora e está tentando seguir com o tratamento.
- Para, Marichelo! - Falei ainda com a voz alta limpando o rosto. - Você sabe! Você conhece a sua irmã! Olha nos meus olhos e diz que o que existiu entre nós duas foi por causa da bipolaridade!
A encarei ofegante, o silêncio se tornando absurdamente insuportável, o som da noite gelada me incomodando a cada segundo. Precisava de alguma certeza, qualquer que fosse. Eu não via mais saída, talvez porque não houvesse mais uma.
- Dul.. - O olhar de desculpas me fez jogar a cabeça contra o estofado, fechando os olhos e me rendendo ao choro mudo. - Eu não quero me meter nisso.. Não posso falar nada sobre isso..
- Está doendo. - Respirei fundo levando a mão ao coração. - Não quero mais sentir essa dor..
- Não precisa sentir. - Ouvi a voz preocupada. - Eu sei que ela é minha irmã, mas não é justo com você. Não é justo para as duas na verdade. Vocês precisam continuar seguindo o caminho de vocês.
- Preciso esquecer.. - Resfoleguei já mais calma. - Mas como vou esquecer, Marichelo? - A olhei novamente. - Como esquecer? - Repeti.
***********
Bufei girando o cubo mágico com violência. Já fazia mais de meia hora que os lados permaneciam misturados, e as cores embaralhadas me trazia uma profunda frustração. Minha visão girava tanto quanto o objeto entre minhas mãos. Me coloquei de ponta cabeça no sofá procurando afastar as lembranças que tentavam me assolar, mas lentamente meu corpo amoleceu, o cubo foi esquecido e com um suspiro meus olhos se fecharam, lá estava ela novamente. As lembranças importantes da infância, os momentos cruciais da adolescência, os recentes amorosos. Anahí parecia estar por todos os lados e eu precisava afastá-la, precisava esquecê-la.
Eu estava irritada, triste, magoada, mas não podia culpá-la. Eu não encontrava culpa nela.
- Cansada?
Abri os olhos tentando me livrar das lágrimas tímidas e limpei a garganta sumindo com o nó que se instalava ali.
- Só pensativa. - Minha voz saiu grossa. - O que faz aqui?
Observei a figura se sentar ao meu lado tomando o objeto de minhas mãos. Era dia de gravação e eu já havia terminado minhas tomadas, mas a preguiça em ir para casa me venceu fazendo com que me refugiasse no camarim até Pablo e Shirley terminarem de gravar.
- Ucher me mandou uma mensagem, e como eu estava na cidade.. - Girou o cubo algumas vezes me oferecendo logo após completamente montado. - O que houve, mamacita?
Meu mundo desmoronou ali.
Cobri meu rosto com as mãos tentando esconder o choro, mas os soluços me denunciaram. Senti meu corpo ser puxado pro abraço quente e leve beijo nos cabelos antes de começar a me balançar devagar.
- Sh.. O que foi? - A voz gentil no meu ouvido.
Me agarrei na gola da camisa com os olhos bem apertados. Me sentia perdida, confusa. Sentia raiva de mim. Raiva porque tinha uma pessoa que se importava comigo, que estava ao meu lado e tentava me fazer feliz. Alguém bonito, talentoso e carinhoso que dizia me amar.
- Por que está chorando? - A voz rouca e preocupada me fez fungar. - Dul?
- Me sinto um lixo. - Solucei enterrando o rosto no pescoço magro. - Não mereço ser amada.
Senti o abraço se intensificar em algo protetor, podia sentir o carinho passando para mim.
- Não fala isso. Você é tudo que alguém pode querer. - Disse em tom sério. - Eu sei disso, eu vejo isso. - Balancei a cabeça negando. - Dulce, eu sei que está magoada com alguém. Sei que ama outra pessoa, mas sei que gosta que as pessoas fiquem a sua volta. - Fiquei quieta ainda escondida no vão do pescoço. - Fica comigo, me deixa tentar curar o que fizeram com você.— Eu ainda estava perdida na névoa que estava minha vida, e não prestei a atenção nas palavras de Cristopher.
Parecia que estava de volta ao poço escuro, mas como uma pequena diferença. Cristopher me confortava, me fazia esquecer o que deveria ser esquecido e arriscar uma nova realidade. Queria um basta de uma vez por todas e ele estava ali, se abrindo para mim, por que não tentar?
Aos poucos minhas mãos se afrouxaram na gola da camisa fina e meu corpo relaxou no colo confortável. Consegui ouvir o riso contido do garoto e não consegui evitar que o sorriso nascesse em meus lábios em meio às lágrimas que ainda molhavam meu rosto.
- Essa é minha garota. - Ucher comentou risonho me arrancando um riso curto antes de começar a cantar aos sussurros. A pesar de algunos cuentos
Y la lluvia en el camino
A tu lado se que esta el destino
E mais uma vez a tábua aparecia em meio ao oceano de magoas e nostalgia para me resgatar até terra firme. Bastava eu me agarrar a ela, me segurar com tudo que havia em mim para que o oceano selvagem não me fizesse soltar a pequena tábua e acabar voltando a me afundar no mar de onde queria fugir.
Autor(a): portisavirroni
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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fernandaayd Postado em 06/03/2018 - 14:30:21
Já acabou?? Que pena, pois essa foi uma das melhores histórias que já li. E de alguma forma me ajudou muito. Obrigada pela dedicação e vc escreveu tudo com o coração, pq dar pra sentir isso em casa capítulo. Parabéns por tudo★
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fernandaayd Postado em 28/02/2018 - 17:41:23
Será que a Dul, vai falar para Anie sobre a depressão? ?
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candy1896 Postado em 25/02/2018 - 20:44:37
Continuaa, que não aconteça nada de ruim com Dul.
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fernandaayd Postado em 09/02/2018 - 14:16:33
Estou acompanhando e você escreve muito bem, parabéns! E que bom que você sempre posta.
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Lorahliz Postado em 31/01/2018 - 21:07:49
To acompanhando sua fic e to amando!!! Posta mais...o cap 7 tá dando erro!!