Fanfics Brasil - Capítulo 27 My world was always you ( portinõn) finalizada

Fanfic: My world was always you ( portinõn) finalizada | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 27

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"Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito. Você não sabe o quão amável você é. Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você, e te dizer que eu escolhi você. Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas. Oh, vamos voltar pro começo, correndo em círculos, perseguindo a cauda, cabeças num silêncio à parte. Ninguém disse que seria fácil, é uma pena nós nos separarmos. Ninguém disse que seria fácil, ninguém jamais disse que seria tão difícil assim. Oh, me leve de volta ao começo..."


**************


- Dulce, para!


Paralisei no mesmo lugar olhando para uma Cláudia mal humorada sentada na beirada da cama. Minha respiração saia ofegante contra minha vontade, não era para estar naquele estado. Maitê só havia me avisado o óbvio. Um dia Anahí sairia da clinica e certamente nos encontraríamos, mas o fato futuro estava presente demais para a minha cabeça.


Comecei a andar inquieta de um lado para o outro do quarto mais uma vez ignorando o rosnado de minha irmã até sentir as duas mãos em meus braços me puxarem para olhá-la.


- Se você não parar eu juro que te meto a porrada. - Falou séria me fazendo soltar o ar de uma vez relaxando. - Você precisa se acalmar! Não é como se fosse acontecer alguma coisa. Pare de ficar assim, caramba. Pensei que já havia superado isso. - Esbravejou me largando visivelmente irritada.


- Eu superei! - Respondi alto. - E-eu-eu só.. - Gaguejei desconcertada.


- Estou vendo. - Bufou debochada. - E pelo visto superou muito bem!


- Hey, por que está brigando comigo? - Perguntei sentindo minhas juntas tensionadas. - Eu não fiz nada!


- Ainda! - Rebateu. - Eu sei o que vai acontecer. Ela vai até você e como uma boa imbecil que é, você irá aceitá-la e continuar sofrendo até que ela canse de brincar com você.


- Cala a boca! - Gritei ofegante. - Você não sabe de nada. Eu não vou fazer nada!


- Acho bom mesmo você não fazer nada, porque, caso não lembre, você tem um namorado público agora.


Cerrei os dentes fuzilando os olhos escuros da garota à minha frente. Queria gritar com ela, voar em cima dela, mas no fundo eu sabia que ela estava certa. Eu estava eufórica por que? Tudo estava decidido, certo? Eu havia dado o espaço para Anahí e seguido com minha vida. Estava bem, estava feliz. Tinha uma carreira que crescia cada dia mais e um namorado quase dedicado. Precisava me acalmar.


- Escutei gritos?


A voz do garoto fez eu e Cláudia desviar a atenção até a porta entre-aberta onde Bruno se escorava. O cabelo bagunçado e os olhos avermelhados denunciavam ter acabado de acordar. Usava apenas uma calça de moletom cinza, o peito liso e amarrotado pela cama.


- Não se mete aqui, Bruno. - Cláudia ergueu a mão autoritária. Meu primo suspirou voltando os olhos para mim.


- Algum problema? - Cruzou os braços ignorando a pose conhecida da minha irmã.


- Não. - Menti.


- Não? - Cláudia ergueu uma sobrancelha para mim.


- Quer dizer.. - Cocei a cabeça. - Sim.


- Dá pra falarem de uma vez? - Bruno entrou no quarto fechando a porta atrás de si. - Não vejo vocês brigando desde o natal que eu eu ganhei um avião de controle remoto.


Olhei atônita pra Cláudia, não queria falar. Na verdade queria esquecer o assunto, sumir, morrer.


- Anahí saiu da reabilitação. - Minha prima falou simples apontando para mim. - Agora é só ligar os pontinhos.


- Dulce... - Bruno me olhou com censura.


- O que? Por que vocês estão assim? - Perguntei irritada.


Bruno e Cláudia se entreolharam em uma conversa muda que ignorei me jogando na cama. Minha cabeça girava rápido demais. Okay, Anahí não estava mais internada. Ainda éramos amigas. Eu namorava Cristopher. E por algum motivo filho da pu/ta meu coração batia mais acelerado do que uma batedeira.


Senti o colchão ceder e as mãos fortes massagearem minha panturrilha.


- Quer desabafar primeiro? - Ouvi Bruno perguntar. - Depois que Cláudia começar a impor suas regras vai ficar complicado de expor opinião.


- Bruno! - Escutei um estalar e o "ai" que meu primo soltou denunciou a agressão. - Cala a boca!


Gargalhei involuntariamente olhando para os dois ao meu lado recebendo um sorriso de Bruno e um quase levantar no canto dos lábios de Cláudia.


- Só estou com medo. - Suspirei mais aliviada. - Na verdade eu nem quero encontrá-la. - Confessei.


- E por que vai? - O garoto perguntou calmo. - Fique onde está, você está se reerguendo.


- Bruno.. - Olhei nos olhos claros do garoto. - Eu e Anahi somos amigas desde sempre, durante toda a vida. Não posso simplesmente ignorá-la. Preciso estar lá. - Pausei tentando acreditar em minhas próprias palavras. - Sempre estive..


- Sempre esteve. - minha irmã repetiu ganhando minha atenção. - E ela acha que sempre vai estar, mas não é assim que funciona, Dulce. Coloque na sua cabeça: Vocês não são mais amigas.


- Não é bem assim, Clau.. - Bruno começou a falar mais foi interrompido pela morena.


- É sim, Bruno. A coisa evoluiu. Vocês nunca voltarão a ser as mesmas, você me entende? - O arrepio foi forte quando os olhos negros da garota se conectaram aos meus. - Eu sei que dói, eu sei que é difícil, mas é a verdade. - Disse dura. - Ou você acaba com esse vínculo ou nunca irá se livrar desse sentimento que carrega. Nunca vai ser plenamente feliz, Dulce!


Engoli em seco estremecendo. Era verdade, Cláudia tinha toda razão, só que eu não poderia virar as costas assim. Apesar de tudo, o fato de termos sido amigas desde crianças pesava sobre meus ombros. Além do medo que sentia em deixá-la sozinha.


- O que vai fazer? - Bruno me despertou dos devaneios.


- Eu.. - Olhei para os dois à minha frente incapaz de dar uma resposta rápida.


- Ucher é um cara legal. - Bruno voltou a falar. - Acho que tem te feito feliz, certo? - Estreitou os olhos para mim.


- Tem. Ele é um ótimo amigo.


- Amigo? - Cláudia cruzou os braços. - Dulce, acho melhor você pensar muito bem no que está fazendo da sua vida.


Fechei os olhos com força e respirando fundo, muito fundo. Por que raios existia Anahí e Cristopher? Os dois não poderiam simplesmente explodir e me deixar livre de problemas?


- Tô com raiva. - Bufei me sentando na cama.


- De quê..? - Bruno instigou.


- De mim, de vocês, deles! - Soltei de uma vez. - Eu vou me encontrar com a Anahí, estou com saudade. E você. - Apontei pra Cláudia me olhando confusa. - Vai comigo.


- Eu?! - Exclamou. - O que eu tenho haver com essa po/rra toda?


- Tem haver que você é minha irmã e vai me impedir de fazer alguma loucura. - Suspirei aliviada. - Vai dar certo.


 


************


Busquei o ar com mais profundidade encostando a testa contra o vidro gelado do carro. As gotículas que se formavam ali me levavam de volta à um tempo gostoso que parecia ter sido em outra vida. Fechei os olhos inalando mais do ar fresco, meu rosto formigava, estava inquieta e aquele sentimento não era novidade. Desviei meus olhos da cidade chuvosa para o interior do carro. Ucher estava entre os dois bancos da frente conversando animado com o motorista e o segurança. Pelo visto a tarde com os amigos havia sido divertida, não diria o mesmo para mim.


Não que os amigos de meu namorado fossem chatos ou irritantes, mas sim pelo fato de Ucher sempre querer chamar a atenção para si a cada partida de Game a qual participava. Cláudia estaria chegando no fim da noite e no dia seguinte já seria o encontro que me fazia gelar até a alma. A única coisa que eu queria era ficar enfurnada dentro de casa sem fazer merda nenhuma, apenas engordando e vegetando enfrente a TV.


- O que houve princesa? Está tudo bem? - O segurança me perguntou olhando pelo espelho retrovisor. Dei um meio sorriso.


- Só cansada. - Aquela desculpa já estava virando um vício.


Sai do carro me despedindo do dois homens que ocupavam os bancos da frente assim que estacionamos no meu portão.


- Ainda tem tempo de vir junto comigo. - Escutei a voz do garoto junto a batida de porta do veículo.


- Não, Ucher. - Pousei a mão no ombro do garoto sentindo as mãos pesadas na minha cintura. - Você sabe que estou louca com o término da novela que mal começou. Não posso largar tudo aqui e seguir turnê agora. - Expliquei mais uma vez assistindo o suspiro de Cristopher.


- Eu tentei, né? - Encolheu os ombros visivelmente insatisfeito. - Okay, assim que eu puder te ligo.


Cocei a cabeça ao ver meu namorado partir no carro. Não sabia se ficava feliz ou triste, na dúvida dei de ombros entrando em casa. Estava louca para vestir uma roupa confortável e me estirar no sofá. Sofá esse que abrigava duas mulheres sorridentes.


Um nó imediatamente se formou em minha garganta e eu tinha quase certeza que as cores tinham se ausentado de meu rosto. Minha mãe disse alguma coisa na ponta da esquerda, mas minha atenção estava na mulher de cabelo longo e lábios fartos que sorria ofuscante em minha direção.


Tudo parecia estar em câmera lenta. Minhas mãos começaram a suar, meu corpo tremer, meu coração acelerar e o nó que antes estava em minha garganta desceu para a barriga explodindo em milhares de borboletas afobadas. Parecia que o tempo havia parado no instante em que encontrei Anahí sentada no meu sofá.


Dei alguns passos hesitantes em direção às duas ainda desconfiada e surpresa. A pergunta "O que você está fazendo aqui?" gritava na minha cabeça, mas não conseguia proferir som algum. Muito menos quando Anahí se levantou me envolvendo em seus braços.


Fechei os olhos sentindo o calor do corpo que me abrigava, o perfume era exatamente como me recordava. A apertei como se ela fosse evaporar a qualquer segundo, e segundo no histórico essa possibilidade era muito provável. Suspirei jogando o cabelo pra trás quando Anahí se afastou revirando os olhos marejados e sorriu abertamente.


- Ual. - Soltei olhando minha mãe.


- Anahí ligou perguntando se podia vir aqui, e eu, óbvio, a convidei pro café. - Comentou feliz.


Franzi a testa ainda tentando assimilar o que estava acontecendo, abri a boca tentando falar alguma coisa mas desviei a atenção para Anahí que riu descontraída me fazendo sorrir fraco.


- Bolo? - Perguntei sentindo o cheiro vindo da cozinha.


- Bom, agora que você chegou.. - Levantou olhando pra nós duas. - Se façam companhia.


 


Esperei minha mãe sumir em direção à cozinha para estudar melhor Anahí diante de mim. Usava botas, Jeans colado que deixava as curvas expostas, uma blusa azul decotada e a jaqueta preta de couro por cima. O rosto estava tão leve e sorridente. Talvez o cheiro do café da tarde e o clima chuvoso houvesse inibido o choque de reencontrá-la, porque só essa era explicação para meus atos subitamente racionais.


- Como você está? - Soltei a voz junto ao ar que nem sabia ter prendido.


- Hã.. - Anahí deixou um sorriso no canto dos lábios olhando em volta. - Melhorando.


- Bom.. - Me balancei nos calcanhares procurando outra pergunta. - O que lhe trás aqui?


- Precisava te mostrar uma coisa. - Deu de ombros colocando as mãos no bolso da jaqueta.


- Não podia esperar até amanhã? - Arqueei uma sobrancelha desconfiada.


Anahí mordeu o lábio inferior olhando para o chão e eu não pude evitar de achá-la maravilhosamente linda. Desviei o olhar pra janela notando que a chuva voltava à banhar a cidade.


- Não veio de carro? - Perguntei ao me dar conta de que não havia nenhum carro estacionado na frente de casa.


- Minha mãe me trouxe. - Suspirou chegando mais perto de mim fazendo meu corpo ficar tenso. - Preciso muito te mostrar uma coisa. - Disse séria.


Engoli em seco presa nos olhos azulados que sustentavam os meus. Havia me esquecido de como o olhar era intenso.


- O que? - Perguntei rouca dando a volta na mulher fugindo da proximidade.


- Vou precisar do seu piano.


A declaração me fez amolecer. Não, piano não. Suspirei cansada antes de me virar outra vez para a Anahí.


- Faz tempo que não mexo nele, nem sei se está funcionando. - Tentei escapar, mas a cara entediada da garota me avisou que eu perderia a batalha.


- Dulce, por favor. Eu me nego a tocar naquele seu projeto de violão. As cordas devem estar mais enferrujadas ainda porque se me lembro bem quem trocava o jogo era eu. - Suspirei ao ouvir o discurso. Eu nem sabia onde raios meu violão estava. - Dul..


Esfreguei os olhos inquieta. Primeiro porque Anahí estava ali na minha frente fazendo tudo o que havia tentado controlar se misturar em um sentimento muito estranho. Eu não sabia se sentia raiva dela por tudo o que havia acontecido, não sabia se ficava aliviada por estarmos frente a frente como amigas outra vez, não sabia se ficava empolgada com o fato de me procurar sozinha. Segundo que ela queria abrir tudo o que eu havia enterrado junto ao piano. Ela não podia voltar ao escritório, mas minha curiosidade era maior. O que ela queria me amostrar?


- Sobe.. - Disse baixo já subindo as escadas.


Ouvi os passos atrás de mim enquanto passava pelo corredor. Abri a porta do aposento almejado me despindo do casaco que começava a esquentar demais o jogando na poltrona. Abri a tampa do piano pegando a caixa média e a colocando debaixo da mesa.


- O que é isso? - Ouvi Anahí ainda na porta do cômodo.


- Umas agendas de minha mãe. - Menti não me importando em soar verdadeira. - Todo seu. - Apontei pro instrumento lustroso me sentando na cadeira giratória.


Anahí caminhou devagar pelo escritório até sentar na banqueta. Levantou a tampa que cobria as teclas com cuidado e atenção. Bateu uma nota entortando a cabeça estudando o som, sorri involuntária. Sentia falta daquela visão. Uma escala de Si crescente, logo após decrescente.


- Eu gravei uma música. - Anahí comentou parando de brincar com as teclas focando a atenção em meus olhos. - A gravação está no seu e-mail pessoal. - Disse séria me fazendo arrepiar. - Mas eu queria muito saber sua opinião assim que escutasse. Você sabe que a sua opinião sempre contou muito para minhas músicas.


 


- E.. - Limpei a garganta sutilmente notando minha voz rouca. - A música é sua ou..


- Não, não. - Me cortou já ciente da pergunta. - Foi um pouco antes da última turnê. Quando me mostraram a letra eu me identifiquei e gravei, mas ainda não tenho certeza do álbum que quero fazer.


- Não tem tema? - Me inclinei na mesa a fitando curiosa e interessada no assunto.


- Ainda não. - Suspirou coçando a nuca e pude ver a tatuagem em um dos ombros. Estreitei os olhos. - Tenho algumas músicas para escolher, alguns versos para incrementar.. - Sorriu de lado começando a ficar ruborizada.


Levantei me aproximando da garota a segurando pelas mãos. Estudei os pulsos pálidos com o coração apertado. Ainda podia avistar uma ou duas cicatrizes grandes. Corri o indicador sentindo as cicatrizes, era tão quente e me dava tanto orgulho. Respirei fundo tirando minhas mãos da garota que me olhava serena.


- Pode tocar. - Resfoleguei voltando a sentar na cadeira. - Juro que serei sincera.


Anahí sorriu de lado arqueando uma sobrancelha ao se voltar para o piano.


– Me hiere el ruido de los automóviles Perdí mi oxigeno y mi voluntad Mientras avanza el dolor Un km más Yo me quedo y tú te vas


A nota era batida seca, sem solo, sem acompanhamento. Só o acorde e a voz cantando o poema que me fez arrepiar com violência.


- En esta noche de estrellas inmóviles Tu corazón es alérgico a mí No late ni por error Un milimetro atrás Respiro en un congelador Y no saldré jamás


A voz frágil me fez inclinar ofegante sobre o tampo de madeira. Anahí parecia estar em um mundo particular, cantando e tocando para si. As sobrancelhas expressivas indicando a força que fazia para continuar a canção, os olhos fechados com força se aprofundando ainda mais na canção.


- Ya no curaré tu soledad cuando duerma la ciudad No estaré para oir tus historias tontas No porque tienes miedo de sentir Porque eres alergico a soñar Y perdimos color Porque eres alergico al amor


Tensionei o corpo sentindo as lágrimas aparecerem. Podia entender perfeitamente a identificação que Anahí havia encontrado em cada palavra cantada, a cada acorde formado. A música se encaixava tão bem com tudo.


- Voy caminando en tormentas electricas Buscando algun territorio neutral Donde no escuche de ti Donde aprenda a olvidar A no morir y a no vivir Tan fuera de lugar



Me recostei na cadeira alisando meus próprios braços tentando me livrar do arrepio constante que sentia a cada palavra que anahi dizia Tentava respirar, mas a tremedeira em meu corpo parecia me impedir de realizar tal ato. Senti os acordes irem se acalmando junto à voz que voltava a se tornar leve e frágil. Meus olhos ainda estavam fixos em Anahí quando a música terminou e seus olhos se abriram me procurando. Sua expressão parecia ansiosa.


- E então?


Ouvi a pergunta mais me mantive em silêncio ainda tentando respirar. Fechei os olhos com força tentando manter a sanidade. Amigas, Ucher. Amigas, Ucher. Eram essas as palavras que eu tentava gritar para a minha mente que me gritava: Anahí. Onde estava Cláudio para me ajudar?


- Dul?


- Anie.. - Ofeguei abrindo os olhos. - Você... - Respirei fundo procurando as palavras. - Independente do tema, coloque a música do álbum. A música é perfeita.. A música é você. - Expliquei com a voz fraca.


- Então você gostou? - Sorri com a pergunta idiota da mulher.


- Se eu gostei? - A olhei relaxando. - Mantem a música no piano. Seus fãs precisam disso. Vocês precisam disso. É um hino, é seu hino.


- Obrigada. - Disse segurando o sorriso me encarando.


Acenei a cabeça desviando o olhar pra janela. Por que tantos olhares intensos? Ela queria um tempo, queria pensar, queria que eu seguisse com minha vida e eu segui. O que tava rolando?


 


- Desculpa.


A palavra me surpreendeu a fazendo olhá-la novamente.


- Pelo quê? - Perguntei confusa já que havia no minimo milhares de coisas para que ela se desculpasse.


- Pelos olhares e sorrisos. - Disse baixo brincando com as teclas de piano. - Sei que não deveria e por incrível que pareça estou tentando controlar isso.


- Tente mais. - Retruquei voltando a atenção para a janela. Escutei uma risada curta, mas me controlei para não sorrir.


- Candy ... - O chamado junto ao suspiro não atraiu meus olhos, mas percebi Anahí levantar da banqueta e se aproximar. - Eu me sinto mal por esse clima. Eu.. Eu não sei como agir com você.


Cerrei os dentes arqueando uma sobrancelha pensativa.


- Me trate como a amiga de sempre. - Dei de ombros sem olhá-la. - Ainda sou a mesma, Anahí. Eu ainda continuo sendo aquela garota que cresceu ao seu lado e é nisso que estou tentando focar. Estou tentando focar na nossa amizade.


- Como consegue? - A olhei confusa. - Parece tão fria falando. - A voz lhe saindo por um fio.


- O que você queria que eu fizesse, Anahí? - Perguntei calma. - Você sugeriu que eu seguisse com minha vida, foi difícil. Está sendo difícil na verdade, mas estou tentando. Você ainda está em tratamento e eu não quero atrapalhar isso. Quero te ajudar.


Conclui dura observando a mulher do outro lado da mesa fechar os olhos suspirando. Não conseguia compreender suas expressões. Talvez estivesse triste, frustrada ou só arrependida.


- Seu namoro vai bem? - Me olhou séria.


- Você sabe que Ucher, é um ótimo garoto. - Respondi sentindo meu corpo gelar pelo olhar analítico.


- Muito bom. - Colocou as mãos de volta ao bolso da jaqueta olhando em volta. - Desejo felicidades.


- Corta essa. - Debochei.


- Não, sério. - Me olhou com o semblante plácido. - Mas isso não significa que vou ficar quieta.


O ar ao meu redor automaticamente ficou escasso e o único som que conseguia ouvir era as batidas do meu coração. O maxilar de Anahí permanecia rígido, os olhos quase alcançavam uma coloração vermelha de tanta intensidade que me encarava. Fechei os olhos soltando a respiração devagar sentindo um calor estranho correr por minha pele.


- Anahí.. - Suspirei tentando falar algo, mas a voz da Portilla me preencheu os ouvidos mais uma vez.


- Dulce, eu ainda estou tentando me encontrar nessa bagunça toda. - Disse firme. - Mas eu sinto sua falta. - Declarou prendendo minha atenção. - Sinto tanta a sua falta que às vezes dói. Eu não posso ficar longe de você. Não consigo. - Encolheu os ombros. - Eu sinto muito por tudo o que fiz você passar. Sinto muito por tudo o que aconteceu.


- Anahí, por Deus, eu estou tentando me reerguer...


- Eu também! - Me cortou segura. - Mas eu não posso ficar fugindo disso.


- Fugir do que, Giovanna? - Bati a mão na mesa a olhando irritada. - Você não sabe o que sente! Você não sabe o que quer!


- Eu quero você! - Soltou me fazendo paralisar ofegante. - Eu preciso de você, Dulce.


- Não precisa. - Neguei frustrada. - Por que não me deixa em paz? - Ofeguei começando a tremer.


- Porque eu não posso. - Encolheu os ombros. - Não posso te prometer ou garantir nada, mas quero que saiba que ainda estou aqui.


- Meu Deus. - Supliquei embrenhando as mãos nos cabelos tentando entender o que se passava.


- Eu sei que você está namorando, sei que eu estou com vários problemas e que te magoei, mas pretendo me redimir disso. - Cocei a cabeça inquieta escutando as palavras. - Só me dá essa oportunidade de reconquistar sua confiança.


 


- Anahí.. - Esfreguei o rosto. - Eu estou prosseguindo, Cristopher é legal..


- E você não o ama. - Me cortou mais uma vez. - Mas isso não vem ao caso. O assunto atual é que quero reconquistar o que perdi. Não é um pedido, já estou agindo.


Sorri incrédula.


- Você é muito abusada. - Me recostei na cadeira.


- Eu sei. - Sorriu de lado. - Estou mais confiante, isso é bom. - Gargalhou me fazendo soltar uma risada sincera.


Era incrível como a mesma pessoa podia me deixar a flor da pele em um instante e no outro conseguir me acalmar como se nada houvesse acontecido. Meu peito estava tão cheio de paz que era estranho. A presença dela era algo tão natural à mim, como se fosse parte do meu viver, parte de mim. Eu compreendia o lado dela, me identificava até, mas as decisões que eu já havia tomado e o medo de me ferir novamente me mantinha arisca à suposta tentativa de reconciliação.


- Você vai amanhã? - Anahí me perguntou quando fui levá-la até a porta.


- Vou. - Respondi simples indicando o caminho da saída.


- Obrigada. - Sorriu fraco. - Isso é muito importante para mim.


- Vai dar tudo certo. - A assegurei avistando o carro que lhe aguardava. - Então.. Até amanhã?


- Até amanhã. - Respondeu baixo antes de se aproximar rápido e beijar o canto de minha boca me deixando paralisada ao vê-la se afastar.


Fechei a porta me apoiando na parede. Minha cabeça latejava forte. Cláudia tinha razão, nós nunca voltaríamos ao normal. Não conseguiríamos manter a amizade.


- O que está rolando? - Levantei a cabeça encontrando minha mãe me olhando desconfiada.


- Eu vou enlouquecer.


**************


Estava no meu camarim após gravar minha ultima cena do dia. Parecia apenas mais uma etapa cumprida. Mantinha em uma das mãos uma folha. Corri os olhos pelas letras desenhadas no papel branco mais uma vez.


Sabes no voy a cuidar tus pasos No te puedo defender de ti..."


Sorri ao me lembrar do jantar no qual Anahí havia me entregado o poema. Cláudia tentava de todas as formas atrapalhar as interações que Anahí iniciava comigo até que se deu por vencida me dizendo que eu era maior de idade.


Fazia dias que não nos encontrávamos, mas as sms trocadas quando possível já era alguma coisa. Sentia que as coisas começavam a se ajeitar, há não ser por um detalhe.


- Senhorita Savinõn?


Olhei para a porta entreaberta sorrindo ao encontrar um dos câmeras segurando um buquê de rosas sortidas. Parecia um verdadeiro jardim em forma de buquê. Flores diversas, cores vivas, o perfume gostoso me chegando às narinas.


- Sim? - Perguntei deixando os objetos de lado ao me levantar.


- Pediram para entregar em suas mãos. - Me estendeu o buquê com cuidado. - A propósito; Meus parabéns. A senhorita foi incrível.


- Pablo.. - Meneei a cabeça já sentindo o perfume das flores em meu colo. - Você e toda a equipe merecem os parabéns.


- Nós. - Sorriu envergonhado. - Com licença.


- Pablo? - O chamei antes que fosse embora. - Quem mandou as rosas?


 


- Não tem cartão? - Perguntou confuso.


Olhei o buquê com atenção sem achar nada além de mais flores.


- Não.. - Respondi baixo. - Quem entregou?


- Um entregador de floricultura. - Respondeu olhando o buquê. - Só disse que era para a senhorita.


- Hum.. - Ponderei suspirando. - Tudo bem. Obrigada, Pablo.


- Por nada. Com licença.


Fechei a porta quando meu colega de trabalho se foi, ainda estudava o mimo com curiosidade. Não haviam apenas rosas, além das flores do campo, alguns lírios e girassol completavam o gesto carinhoso. Estreitei os olhos tentando descobrir quem havia sido o ser ao ter me enviado flores.


- Baby?


Me sobressaltei com a voz do garoto na porta. Levei a mão ao coração tentando respirar.


- Que susto! - Soprei quase sem voz deixando as flores na poltrona.


- Desculpa. - Observei fechar a porta antes de me abraçar. - Saudade?


- Sim. - Retribui o abraço sem jeito recebendo um beijo em cumprimento. - Quando chegou?


- Ontem. - Se afastou tirando o boné. - A gravação termina que horas?


Cerrei os dentes ligeiramente irritada com o fato de meu namorado estar na cidade à quase 24 horas e não saber que já havia terminado de filmar, mas outra coisa me passou pela mente.


- Já terminou. Foi você quem mandou as flores? - Perguntei curiosa assistindo Ucher olhar para o buquê na poltrona.


- Não, por que? - Perguntou confuso.


- Nada, esquece.


- Mandaram isso pra você? - Mordi o lábio o assistindo pegar o buquê. - Quem manda flores misturadas?


- Não sei, Cristopher. - Peguei as flores das mãos geladas começando a arrumar minhas coisas. - Me mandaram sem cartão.


- E você não tem nem ideia de quem tenha sido. - Disse arrogante.


Anahí. Em minha cabeça as cinco letras gritavam tanto quanto os lírios óbvios no buquê.


- Se eu soubesse não havia te perguntado. - Soltei irritada já pronta para ir embora. - Vamos pra casa ou quer sair?


- Na verdade.. - Cristopher levantou coçando a cabeça. - Os meninos marcaram de viajarmos essa noite.


Me voltei pro meu namorado tentando entender a notícia.


- Como?


- Passar uns dias sem compromisso. A turnê foi espetacular! - Disse animado.


- Então você chega ontem, não me liga, vem me ver hoje e diz que vai viajar pro pra Deus sabe aonde com seus amigos? - Perguntei séria.


- Se quiser pode ir. Dou um jeito com sua passagem na hora, isso não será problema pra mim...


- Pára, pára, pára! - O cortei irritada. - Você acha que vivo à sua disposição, Cristopher? Eu tenho minha vida e meu trabalho aqui na capital, não posso ficar viajando por aí o tempo todo.


- Dulce, eu..


- Não! - O cortei mais uma vez. - Você chegou ontem e não teve nem a coragem de me telefonar! Você sabia como estava ansiosa pro final das gravações. Você sabe como estou com a saída de Anahí?


- Dul..


- Se você quer ficar com seus amigos, ótimo! Vá ficar com eles, viaje com eles, faça tudo o que eles querem, mas esquece que eu existo.


 


- Pare com isso. Você está nervosa.


- Talvez eu esteja nervosa mesmo. - Respirei fundo. - E talvez eu precise de um tempo.


- Tempo? - Sua voz saiu mesclado entre assustado e surpreso. - Só por causa disso? Não acha que está exagerando um pouco?


- Não é só por isso. - Soltei o ar. - Talvez eu tenha me enganado. Esse relacionamento é muito conturbado e não sei se posso com isso agora.


- Olha só. Eu te levo em casa e conversamos melhor, o que acha? - Propôs calmo. - Eu não quero te perder assim.


Ele não queria me perder, Anahí não queria me perder, e eu só queria me perder no mundo só para não sentir a pressão psicológica que eu mesma estava me colocando.


****************


- E Cristopher? Como vai?


Brinquei com a barra de minha blusa escutando a pergunta do outro lado da linha.


- Eu não sei. Estamos dando um tempo. - Suspirei.


- O quê? Como, que não vi noticia nenhuma? - Sorri com a pergunta histérica da loira.


- Qual é, Angelique. Como se o mundo realmente soubesse de nossas vidas. - Debochei.


- Do tanto que nos seguem é para saberem. - Riu. - Mas ei, o que tá rolando?


- Hã.. - Cocei a cabeça andando pelo estúdio da gravadora. - Estou meio de saco cheio desse namoro a distância. E ele vem me irritando um pouco.


- Sei...


A palavra curta da garota me fez desconfiar.


- O quê?


- Nada.. - O tom era presunçoso.


- Angelique, fala. - Estreitei os olhos prestando atenção à chamada.


- Tem certeza que isso não tem nada haver com a linda loira que está de volta às ruas? - Perguntou debochada.


- Tenho! - Falei alto surpresa com a petulância da pergunta da garota. - Eu não terminaria meu namoro com o Cristopher por causa disso, Angel. Não seria louca.


- Certeza? - A pergunta ficou no ar enquanto tentava pensar e ver se eu realmente não faria aquilo, com a falta de resposta Angelique continuou. - Ela tem te ligado, te procurado?


- Não. Não nos encontramos desde o mês passado e perdemos o contato à algumas semanas. - Peguei uma baqueta distraída.


- E Cristopher?


- Como assim? - Rodei a baqueta entre os dedos.


- Tem te procurado?


- Algumas mensagens. - Dei de ombros. - Quer saber Angel, eu estou farta disso tudo. - Soltei entediada. - Eu e você sabemos muito bem quem faz meu coração bater mais rápido. Isso não significa que eu vá ficar com ela, mas não tem como fugir disso.


- Eu sei, e lamento tanto por isso, pequena.. - Suspirou me fazendo sorrir amarga. - Mas Ucher é bom para você, certo? Ele te faz feliz.


- Não sei mais disso, Angel. - Estalei as costas assistindo meu baterista entrar no estúdio. - Ele é legal, mas não sei se me faz exatamente feliz. Tem vezes que apenas quero matá-lo.


- Hey, isso se chama amor! - Brincou me fazendo gargalhar.


- É, pode ser. - Cumprimentei Eddy com um aceno mudo. - Só preciso desse tempo pra me encontrar, entende?


- Perfeitamente. - Sorri com a compreensão de minha melhor amiga. - Só cuidado para não ir pelo caminho errado e se perder completamente.


- Sim, senhora. - Ouvi os acordes leves saindo do violão. - Tenho que desligar agora. Nos falamos depois?


 


- Claro. Temos que marcar alguma coisa quando eu voltar pra casa.


- Marcaremos.


Encerrei a ligação indo de encontro ao garoto de chapéu cinza. Parecia concentrado no instrumento de cordas.


- Você não era baterista? - Comentei brincalhona arrancando um sorriso tímido do rapaz.


- E você não era atriz? - Retrucou continuando a dedilhar o instrumento.


- Boa, boa. - Sorri colocando o celular no bolso. - Só chegou a gente? - Perguntei olhando para a entrada do local.


- Aparentemente os outros tem uma vida social. - Deixei uma risada rouca escapar me posicionando ao microfone. - Só você, Eddy.


- Qual é. Sou um rapaz sério. - Brincou.


- Ah sim, muito sério. - Debochei. - Podemos começar a aquecer?


Recebi um aceno em concordância escutando a introdução da música conhecida. Aos trancos e barrancos estava sendo um momento bom. Meu lado musical estava zarpando e nada me incomodando me dava a sensação de liberdade. Estava precisando desse tempo sozinha e a música me ajudava nos momentos de recaída. Senti a nota mudar preparando o refrão.


- A las 6 de la mañana desayuno fruta fresca con limón,
A las 11 miro el cielo y veo en las nubes una opción.


***********


O media player do meu notebook estava tocando música eletrônica na última altura por dois motivos; Primeiro eu estava sozinha em casa e segundo eu não queria parar para pensar em nada. Fazia quase um mês que eu me perguntava quem havia me enviado aquele buquê de flores sortidas e a resposta era sempre a mesma: Anahí. Só ela poderia ter enviado algo daquele tipo, mas por que não entrou em contato? Na verdade, por que havia parado de entrar em contato comigo? Isso, entre outras coisas, não saía da minha cabeça dia e noite, eu estando acordada ou dormindo, Anahí sempre vinha parar em meus pensamentos.


Depois de muitos dias cheios, me deram um dia de folga. Liguei para todos os meus amigos e ninguém estava disponível para me tirar daquele momento agoniante no qual me encontrava. Ainda não havia me acertado com Ucher e minha mãe havia ido à um evento particular. E era por todos esses motivos que me encontrava sozinha no meu quarto dançando C-walk ao som de um Dj qualquer.


Estava funcionando, eu não estava pensando. Minha concentração estava em meus pés que faziam movimentos rápidos ao som da música eletrônica. A batida da música ia ficando cada vez mais rápida e me envolvendo mais e mais. Deslizei meus pés para a esquerda girando logo em seguida já entrando em outro passo. Lembrei das vezes que eu e Anahí ficávamos no quintal tentando fazer tais passos impossíveis. Balancei a cabeça em negativo tentando voltar a não pensar e acelerei mais os movimentos.


O aperto na boca do estomago junto com a vontade de chorar me dava mais gás para não parar de dançar. Se eu parasse não aguentaria. Senti a nuca suar com todos os movimentos que já havia feito, mas nada muito exagerado graças ao curto short branco e a regata azul que usava.


Minha respiração estava controlada graças às aulas de canto e meu corpo não estava pedindo para parar, porém a música terminou.


- Você realmente ficou boa nisso.


Pulei para trás surpresa com o som da voz tão conhecida. Olhei abruptamente para a porta aberta e vi Anahí de pé se apoiando a maçaneta. Usava um vestido marrom soltinho que à deixava com um belo decote e parava no meio de suas coxas. Havia assessórios dourados que combinavam com a rasteirinha. A pele bronzeada, os cabelos soltos paravam um pouco acima da cintura e os olhos carregados de maquiagem praticamente me devoravam. Parei de respirar começando a tremer.



- O quê.. O quê está f-fazendo aqui? - Minha voz saiu baixa e rouca devido à falta de ar nos pulmões.


- Desculpa entrar assim mas.. - Entrou e fechando a porta atrás de si se encostando em seguida. - Eu toquei a campainha e ninguém atendeu. Eu ouvi a música e peguei a chave extra. - Disse de maneira simples dando de ombros.


Ótimo. O que eu faria para fugir se a personificação do meu problema estava bem ali, diante de mim?


- Você tem que parar de fazer isso. - Fechei as mãos em punhos tentando processar alguma coisa diante daquela imagem. - Você não pode sair entrando assim na casa dos outros.


- Se você quiser não faço mais. - Correu os olhos receosos pelo quarto.


- O que você quer, Anie? - Perguntei irritada tentando parar de tremer e suar feito idiota. - Você some e volta quando dá vontade?


- É.. - Me olhou assustada. - Eu estive muito.. Ocupada esses dias. Eu queria ter perguntado antes, mas.. Bom, queria saber como foi esses dias. Deve ter ficado arrasada com sua nova agenda de compromissos.. E perguntar se você gostou do meu... presente. - Corou.


- Presente? - Indaguei mesmo já sabendo do que se tratava.


- As flores. - Mexeu na pulseira pendurada no pulso ansiosa.


Eu sabia que tinha sido ela, e mesmo assim algo dentro do meu peito explodiu em comemoração. Senti meu corpo relaxar e a irritação sumir. Ela não me fitava, mas eu não tirava os olhos dela. Tão linda! As bochechas ainda estavam coradas o que me fez querer sorrir, mas não o fiz. A tensão ainda era muita.


Então os olhos azuis cruzaram-se com os meus e eu engoli em seco. Estávamos sozinhas, com saudades e nossos corpos praticamente imploravam pelo toque um do outro. O frio intenso que a tempos não sentia voltou a se instalar em minha barriga fazendo meu ventre revirar e um prazer imenso encher meu peito. Eu ansiava por ela, o que mais podia fazer a não ser me entregar? Me entregar ao que sentia, me entregar ao que eu queria, me entregar à ela.


Ainda sustentava o olhar quando cruzei o quarto a passos largos a imprensando contra a porta tomando a boca carnuda com urgência. Sem pedir permissão, minha língua invadiu aquele lugar que a acolheu imediatamente. Um gemido baixo saiu de minha garganta ao matar a saudade e a vontade que tinha de provar daquele sabor novamente. Uma de suas mãos entranhou em meus cabelos me puxando para mais perto enquanto a língua provocava a minha sem vergonha alguma. Minhas mãos apertavam a cintura delgada com força a trazendo para mais junto de mim. Senti a outra mão entrar por debaixo de minha blusa e apertar a pele de minhas costas. Mordi os lábios entre os meus tentando continuar, mas as mãos, que antes me tomavam com possessividade, seguraram meus ombros me fazendo recuar um pouco.


- Que foi? - Ofeguei ainda próxima do rosto bem desenhado.


- A gente não pode. - Sussurrou encostando a testa na minha. - Você tem namo..


- Não tenho. Não fala nisso. - A cortei de imediato com a voz baixa. - Agora, nesse momento eu tenho você. Eu só quero você. - Busquei ar enquanto levava minha mão até a chave da porta a trancando.


Anahí fechou os olhos acenando timidamente com um sorriso no canto dos lábios. A respiração pesada batia na minha boca fazendo meu ventre revirar em uma sensação de frio gostosa. Dei meio passo para frente a prendendo de vez contra a porta e meu corpo. Queria senti-la colada em mim, o calor do corpo pequeno me aquecendo. Podia sentir minhas juntas tensas e minha pele sensível, o desejo em lhe dar carinho pulsando em todos os cantos de meu corpo. Anahí voltou a abrir os olhos pincelando o nariz no meu enquanto me encarava pedinte, sorri antes de beijá-la novamente com menos urgência.


Relaxei a abraçando enquanto sentia o gosto doce em minha língua, sentia tanta saudade daquele gosto, daqueles movimentos do músculo atrevido vasculhando minha boca. As mãos pequenas me prendiam com mais firmeza enquanto o beijo ia se aprofundando, minha camisa subindo levemente até o arranhado leve ser feito na minha barriga. Meu lábio inferior sendo chupado com vontade antes do beijo cessar.


- Dul... - Ouvi a voz baixa e rouca de Anahí enquanto apertava a cintura em minhas mãos. - Melhor parar por aqui... - Arranhou minha nuca me fazendo arrepiar.


- Não. - Soprei balançando a cabeça em negativo. - Quero você. - Senti Anahí estremecer respirando pesado. - Eu quero isso.


- Você já.. - Pausou buscando oxigênio ainda com as mãos em mim. - Já..


- Não. - Respondi ciente da pergunta que estava na cabeça de Anahí. - Eu quero com você.


Anahí me olhou surpresa e curiosa ao mesmo tempo, e eu não sabia dizer se a suavidade em seu rosto era por felicidade, mas o sorriso minimo brotou ali enquanto me puxava pela cintura. O beijo carinhoso depositado em meu rosto, os lábios se arrastando para meu pescoço, as mordiscadas e beijos molhados por minha garganta. Meu corpo se arrepiava a cada ponto acariciado, senti minha blusa ser levantada devagar até estar jogada pelo chão. Meu corpo sendo empurrado gentilmente para trás, eu só conseguia me concentrar nos carinhos que a garota distribuía por minha pele. Senti a boca se arrastar do pescoço até meu ouvido onde chupou a cartilagem da orelha sem pressa.


- Quero fazer amor com você. - Estremeci ao ouvir a voz rouca de Anahí - Quero amar cada pedacinho o seu corpo.


Ofeguei sentido o arrepio forte subir por minha espinha. Meu soutien foi aberto e pude sentir as unhas me arranharem as costas de cima à baixo, mas eu queria tocá-la. Segurei as mãos de Anahí a fazendo me olhar sem entender. Suguei os lábios em minha frente antes de chupar o queixo desenhado, minhas mãos se enroscando na alça do vestido a fazendo deslizar pelos braços bronzeados até cair ao chão. Sorri alisando as costas despidas.


- Adorei esse seu vestido. - Sussurrei recebendo um sorriso largo da minha Anahí.


Arqueei na cama tentando respirar, mas a sensação da boca em meu seio impedia que o ato se realizasse. Uma das mãos massageava o outro devagar, a outra apertava minha coxa com força. A língua circulava pelo bico rígido fazendo minhas forças se esgotarem, o ventre explodir em um rebuliço novo e meu íntimo pulsar forte.


Eu poderia memorizar cada detalhe, como poderia me entregar tanto ao momento que não me lembrasse de quase nada. No entanto, fiz os dois. Posso dizer que os toques da garota transbordavam possessividade e carinho ao mesmo tempo, que o cheiro que preenchia o quarto era único, que quanto mais eu recebia mais eu queria. Lembrava de Anahí, e mais nada.


Tomei a boca doce com vontade quando Anahi levantou o rosto para me beijar, as unhas arranhando levemente minha virilha.


- Dulce? - Ofeguei escutando a voz rouca ao separar nossas bocas. - Candy..


Gemi sentindo o dedo acariciar minha entrada sem pressa. O rosto de Anahí colado ao meu, o corpo se apertando em mim.


- Tem certeza? - Ouvi a voz distante e choraminguei movendo o quadril em direção ao dedo carinhoso. - Responde..


- Anie.. - Arfei tremendo porque não havia maneiras de eu dizer nada além de seu nome.


O polegar me estimulando fez com que o gemido saísse mais alto de minha garganta, meu corpo tensionando e o calafrio violento correr por minha carne. Meu coração parecia que estava a ponto de explodir de tão veloz que bombeava o sangue quente que corria por minhas veias. Senti um dedo deslizar com calma pra dentro de meu corpo e uma ardência leve me fazer apertar os braços da garota que se mantinha quieta sobre mim.


- Tudo bem? - A voz rouca me parecendo longínqua.


Balancei a cabeça minimamente recebendo um beijo leve nos lábios. Comecei a respirar alguns segundos depois quando Anahí começou a se movimentar dentro de mim. Gemi mais alto quando um segundo dedo me invadiu acompanhado do polegar brincando com meu clitóris. A pressão em meu ventre parecia se acumular a cada estocada, escorreguei as mãos dos ombros de Anahí para os seios despidos os apertando com força ouvindo um gemido rouco. Nossos corpos se movimentavam na mesma sincronia enquanto o movimento dentro de mim se acelerava. A tensão parecia me preencher a cada segundo, a pressão em meu ventre começando a ficar insuportável, meus gemidos saindo mais altos e constantes. Um arrepio forte me abateu e um grito saiu de minha garganta ao sentir meu ventre se aliviar de uma vez. Tentei me segurar à Anahí enquanto meu corpo sofria tremeliques incontroláveis. Ainda sentia pequenos espasmos quando os dedos me abandonaram devagar e Anahí deitou me colocando em seu colo.


 



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Autor(a): portisavirroni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • fernandaayd Postado em 06/03/2018 - 14:30:21

    Já acabou?? Que pena, pois essa foi uma das melhores histórias que já li. E de alguma forma me ajudou muito. Obrigada pela dedicação e vc escreveu tudo com o coração, pq dar pra sentir isso em casa capítulo. Parabéns por tudo★

  • fernandaayd Postado em 28/02/2018 - 17:41:23

    Será que a Dul, vai falar para Anie sobre a depressão? ?

  • candy1896 Postado em 25/02/2018 - 20:44:37

    Continuaa, que não aconteça nada de ruim com Dul.

  • fernandaayd Postado em 09/02/2018 - 14:16:33

    Estou acompanhando e você escreve muito bem, parabéns! E que bom que você sempre posta.

  • Lorahliz Postado em 31/01/2018 - 21:07:49

    To acompanhando sua fic e to amando!!! Posta mais...o cap 7 tá dando erro!!


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